Pesquisar este blog

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Trailer de O Espetacular Homem-Aranha


Minha relação com os quadrinhos sempre foi especial. Como fedelho anti social e solitário que eu era, pra mim os quadrinhos eram uma forma de arte que se transformava em refúgio. Uma válvula de escapa aos inúmeros problemas pelos quais eu passava quando era piá.
Minha relação com os quadrinhos do Homem-Aranha, em particular, era vista até com curiosidade pelos adultos da minha família. Como eu podia gostar tanto do personagem. Vou confessar que, inicialmente, não sei porque gostava tanto do Aranha. Meus contatos mais antigos com o personagem foram através do desenho animado Homem-Aranha e Seus Incríveis Amigos. Se você não tem idade pra lembrar disso, era um desenho animado onde o Aranha atuava em conjunto com o Homem-de-Gelo, dos X-Men, e com a Flama, dos Novos Guerreiros. Eu tenho uma lembrança bastante vívida de chamarem a Flama de Estrela de Fogo no desenho, mas pode ser a minha memória me pregando uma peça.
De qualquer forma, esse desenho animado foi provavelmente o desenho menos fiel que o Aranha já teve. Ele, Flama e o Homem de Gelo viviam na casa da tia May, e tinha todo um aparato de rastreamento oculto no quarto... Não fazia nenhum sentido, logo, é estranho pensar que esse desenho tenha feito com que eu gostasse do personagem.
Certamente não foi, também, por conta da série estrelada por Nicholas Hammond, que eu me tornei fã do herói.
O programa que surgiu na esteira do sucesso de O Incrível Hulk, com Bill Bixby e Lou Ferrigno era tão ou mais equivocada do que a animação. O Aranha nunca falava, nenhum dos inimigos clássicos jamais apareceu, nem tampouco os coadjuvantes dos gibis. A série teve vida curta e não deixou saudades.
Não... Não foram nem as animações e nem o seriado que me tornaram fã do personagem. Foram, mesmo, os gibis. Lembro de, aos oito ou nove anos, saindo de um supermercado, pedir que minha mãe comprasse pra mim um gibi do Aranha. Era A Teia do Aranha, série genial da editora Abril que republicava histórias das décadas de setenta e sessenta. Na capa, o Doutor Octopus continha um Homem-Aranha indefeso com seus tentáculos.
Li aquele gibi, e viciei.
Viciei em um personagem com quem eu sempre pude me identificar. Peter Parker era um moleque de aparência mediana, tímido, introspectivo, que tinha uma tia super-protetora, e tinha que conciliar sua vida de vigilante, o trabalho e os estudos, e que arcava com mais responsabilidades do que uma pessoa de sua idade deveria arcar. Conforme crescia o Aranha se transformava em um sujeito menos tímido, e tinha que lidar com problemas financeiros, conflitos familiares atrapalhando sua vida de super-herói e seus problemas de super-herói gerando conflitos na sua vida pessoal.
Não tinha como eu não me identificar com Peter Parker e me tornar fã.
Tirando breves interlúdios, como no início da fase mais farrista da minha adolescência ou a época em que a Saga do Clone me afastou dos quadrinhos, segui acompanhando o personagem de uma forma ou de outra.
Meu maior hiato sem ler nenhum quadrinho do Aranha durou pouco menos de dois anos, entre o momento em que a Abril começou a publicar os gibis em versão Premium e o momento em que a Panini assumiu as publicações no Brasil.
E logo após veio o filme.
Homem-Aranha, de 2002, dirigido por Sam Raimi e estrelado por Tobey Maguire, Kirsten Dunst e Willem Dafoe foi o sonho de muito fã de quadrinhos. Eu assisti ao filme três vezes no cinema. Uma com meu irmão, um com um amigo, e outra sozinho. Quando comprei meu primeiro DVD, foi, especificamente com o intuito de assistir Homem-Aranha. Cheguei em casa da minha peregrinação pelo Centro de Porto Alegre com um DVD player meia boca da SVA e a versão dupla de Homem-Aranha.
Quando saiu Homem-Aranha 2, em 2004, uma vez mais eu fui ao cinema. Vi o filme em pré-estréia, na estréia, e em mais duas ocasiões no cinema, e gastei o DVD de tanto assistir.
Quando, em 2007 foi lançado Homem-Aranha 3, mais uma vez eu vi o filme em uma pré-estréia para a qual eu consegui o ingresso de última hora, e no dia seguinte, na estréia. Também comprei em DVD, mas não cheguei a assistir Muitas vezes. Entre DVD, cinema, TV aberta e fechada, assisti Homem-Aranha cerca de setenta vezes. Devo ter visto Homem-Aranha 2 mais do que isso. E, mesmo achando Homem-Aranha 3 um filme menor, eu devo ter visto pelo menos umas dez vezes.
Sou fã do personagem e da trilogia que ele rendeu nas telas. Mas jamais achei que Homem-Aranha e suas sequências fossem filmes perfeitos.
Eram filmes excelentes, sim, divertidíssimos, dirigidos por um fã de Homem-Aranha, claro. Mas repletos de defeitos que incomodavam ao meu lado mais purista. Eu sentia falta das piadinhas do Homem-Aranha. Não me agradava o fato de ele permanecer praticamente mudo quando vestia o uniforme. Não me agradava o fato de o primeiro amor do personagem ser Mary Jane (uma herança da série Ultimate, assim como a aranha geneticamente modificada, e o fato de Peter e Harry Osborn serem melhores amigos já no ensino médio), nem, claro, o medonho traje de duende utilizado por Defoe.
Mas o principal, talvez fosse o fato de que eu jamais vi Peter Parker / Homem-Aranha em Tobey Maguire. Eu nem coloco em dúvida o talento do ator. Acho Maguire um ótimo intérprete. Mas acredito que o viés escolhido pra retratar o personagem tenha sido equivocado. O Peter Parker de Tobey Maguire praticamente não cresce ao longo dos três filmes. Ele acena com um grande amadurecimento no final do primeiro longa e nunca entrega esse amadurecimento nos filmes subsequentes. Isso sem contar a forma passiva como ele reage a tudo o que acontece ao seu redor... Não, definitivamente o Peter Parker de Tobey Maguire nunca me convenceu, e seu Homem-Aranha, tampouco.
Ainda assim, haviam elementos no filme que eu adorava. Um certo ar de inocência que evocava as HQs de Stan Lee, Steve Ditko e John Romita. Em alguns momentos tinha também um tom de novelão que fazia lembrar Gerry Conway e Roy Thomas, de modo que, no final das contas, ainda era uma tremenda experiência de fã assistir aos longas de Raimi, que, por mais defeitos que tivessem, ainda eram cheios de coração.
Não tive, entretanto, nenhum grande desgosto quando anunciaram o cancelamento de Homem-Aranha 4, que seria novamente dirigido por Sam Raimi e estrelado por Maguire e que acenava com um Abutre interpretado por John Malkovich como vilão. Na verdade, vi o fim da série do Aranha nas mãos de Sam Raimi justamente como uma possibilidade para que outros cineastas dessem a sua visão do herói.
Não que eu estivesse louco pra ver uma versão como a que James Cameron escreveu nos anos noventa, não... Mas, quem sabe um Homem-Aranha dirigido por David Fincher? Isso era algo em que se pensar com um sorriso.
No entanto, o escolhido pela Sony para capitanear o filme foi Marc Webb, clipeiro de carreira e que tinha apenas (500) Dias Com Ela no currículo cinematográfico. Por promissor que fosse Webb, ele era apenas uma aposta. E seu único filme falava muito mais sobre romance intimista do que sobre filme em quadrinhos. Restava, porém, a esperança de que ele repetisse Bryan Singer, diretor que nada tinha a ver com filmes de super-herói mas que fez, "apenas", X-Men e X-Men 2.
O elenco que se formou na esteira da escolha do diretor era bacana. O Eduardo Saverin de A Rede Social, Andrew Garfield foi escolhido pra viver o novo Peter Parker/Homem-Aranha, Emma Stone, de Zumbilândia viveria, não Mary Jane, mas Gwen Stacy. E o vilão do longa, o geneticista Curtis Connors que inadvertidamente se transforma no Lagarto ganharia a cara de Rhys Ifans, o eterno Spyke de Um Lugar Chamado Nothing Hill.
Claro, um bom elenco, sozinho, não faz um filme. Mesmo com um bom diretor. Há que se ter um ótimo roteiro. E recontar a origem do Homem-Aranha apenas dez anos depois de a termos visto no cinema, e nem cinco anos depois da última incursão do teioso nas telas eram grandes riscos.
A promessa do filme em 3-D e o primeiro trailer com uma sequência em primeira pessoa não chegaram a empolgar.
Foi apenas no dia 6, com o lançamento do segundo trailer do filme em um evento pelo mundo inteiro, que os fãs do cabeça de teia finalmente ficaram empolgados.
Finalmente Peter Parker parece Peter Parker, finalmente Homem-Aranha parece o Homem-Aranha. Gwen parece a namorada dos sonhos de qualquer nerd, Curt Connors parece o vilão vítima definitivo (Por alguma razão, na trilogia anterior todo o bandido tinha um "lado bom"), George Stacy, mesmo em uma versão rejuvenescida tem ecos do personagem que víamos nos gibis dos anos sessenta, o Homem-Aranha matraqueia de uniforme, e não parece um autista em sua identidade civil.
Claro, dois minutos e meio é uma amostragem muito exígua para se julgar um filme. O trailer de Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado também era muito bacana e empolgante, e o filme acabou sendo aquele horror.
Ainda assim, nesses dois minutos e meio, deu pra quem é fã de longa data do personagem ter a impressão de que, dessa vez, vai ver um retrato mais fiel do herói nas telonas.
Quem sabe vem mais um clássico por aí?

Nenhum comentário:

Postar um comentário