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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

"What If?"


Nos quadrinhos da Marvel que eu leio desde antes de saber ler, existe uma série extremamente charmosa e dvertida chamada "What If?", que, em terras brasileiras ganhou o título de "O que aconteceria se...?". É um título que dá bem a ideia de que se tratam as revistas da série, reimaginações de histórias clássicas (ou nem tanto...) mostrando como os eventos da trama em questão poderiam ter se desenrolado se aalguma decisão diferente tivesse sido tomada.
As histórias apresentadas pelo Vigia, o alienígena Uatu, encarregado de observar sem jamais intervir, sempre eram introduzidas com uma recapitulação do que havia acontecido na história original, em seguida Uatu dizia algo como "Entretanto, em outra linha temporal...), e nos mostrava como a história podia ter sido diferente se o protagonista tivesse tomado aquela decisão crucial de maneira diferente.
Me lembro de adorar essas histórias quando era moleque. Especialmente se as coisas houvessem transcorido de maneira terrível para o protagonista, como em "O Que Aconteceria Se O Capitão Marvel Não tivesse Morrido? (Sempre fiquei apavorado com o fato de o Marvel ter morrido de câncer, e não enfrentando o Super Skrull ou algo do tipo...)".
Em dias como hoje, em que o calor de mais de quarenta graus te faz ficar inquieto não importa o que tu esteja fazendo, quando até levar o cachorro pra pasear à noite te faz sentir como Nathan Drake no deserto, em que jogar RPG com os amigos é um sacrifício mais do que um prazer, em que tudo parece fora de lugar, errado, triste... Em dias como esse eu gostaria de poder ir até o Uatu e trocar de lugar com uma versão paralela de outra dimensão.
Uatu diria algo como "Na linha narrativa que nós conecemos ele se acovardou, e tomado por medos profundos e sensações de inadequação patológicas ele sumiu. E se ocultou nas sombras envergonhado de si mesmo e de suas dúvidas.".
Aí ele iria se virar, apontar para uma tela, e então diria:
"Mas na linha narrativa que veremos a seguir, ele teve uma súbita epifania, e, percebendo tudo o que estava em jogo, apanhou o telefone, e correu para encontrá-la antes que ela partisse.", e aí, ele veria uma versão sua que estaria feliz, mesmo com os quarenta graus à sombra. Mesmo tendo que sair com o cachorro no calor absurdo da Porto Alegre. Mesmo sem encontrar posição pra dormir.
Uma versão sua que saberia o que é felicidade, pois saberia o que é estar completa.

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