Pesquisar este blog

sexta-feira, 23 de março de 2012

Rapidinhas do Capita


Eu não gosto das Panicats.
Panicats, pra quem não sabe, são aquelas dançarinas de biquíni que ficam em volta dos caras do programa Pânico, que passava na RedeTV!, e que, volta e meia, saem nas capas das revistas masculinas.
Essas moças são a última consequência de um padrão que surgiu alguns anos atrás com as ajudantes de palco do Luciano Huck, onde as meninas eram malhadas. A Tiazinha, a Feiticeira, a Dani Bananinha, eram todas moças que a gente via que frequentavam academia. Tinham músculos tonificados, alguma definição, e tal... Conforme o tempo foi passando, esse tipo de beleza foi se tornando mais popular e mais evidente. Mulheres com coxas musculosas, barrigas quebradas em gomos e bíceps salientes se tornaram lugar-comum na mídia em geral até esse tipo de beleza (?) que vemos hoje em dia, com mulheres parrudas que tem coxas mais musculosas que zagueiro central de time ucraniano, músculos abdominais de seis tijolos, nádegas capazes de quebrar nozes e litros de silicone nos seios pra esconder aquele peito achatado de halterofilista.
Eu, francamente, acho que não me sentiria à vontade andando de mãos dadas com uma mulher que tem mais músculos que um boxeador peso-médio, imagine, então, dormir ao lado de uma?
Pode ser um pouco de machismo da minha parte, mas eu não vejo absolutamente nada de atraente em uma mulher marombada.
Beleza feminina tem que ser de delicadeza, suavidade e graça. Quem gosta de apalpar músculos salientes tá jogando no time errado...

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

O Giovani estava estacionando o carro ali na Travessa do Carmo, quase na João Alfredo, quando passou um sujeito. O sujeito, alto, magrão, camiseta preta e calça jeans, vinha andando rápido, parecendo apressado, e quando estava bem ao lado da janela do Giovani, que prestava atenção ao retrovisor enquanto manobrava, peidou.
Isso mesmo. Peidou. Queimou a bota, emitiu gases, disparou um flato...
Não foi nem um desses sorrateiros peidos silenciosos. Não. Foi um traque alto, ruidoso. Praticamente na cara do Giovani, que ainda pensou em recriminar o porcão, mas não o fez, tanto porque o sujeito já havia andado bastante, quanto porque estava manobrando o carro quanto porque não queria criar caso com um desconhecido desagradável na rua.
O problema foi que, no dia seguinte, a cena se repetiu. Giovani manobrando o carro, o sujeito passando do lado e... Pum.
Novo traque.
Dessa vez Giovani ainda protestou:
-Pô, brother! Te liga!
O sujeito se virou surpreso, parecendo muito sem jeito, e balbuciou um pedido de desculpas enquanto retomava sua caminhada.
Giovani se sentiu mal por ter recriminado o peidorrento. Não sabia o que se passava com o sujeito. Talvez tivesse dois empregos e se alimentasse só de comida enlatada. Talvez sofresse de alguma condição clínica que o impedisse de segurar gases, talvez estivesse apenas com uma infecção intestinal, ou passasse em uma rua menos movimentada na esperança de não ser constrangido por ser um flatulento... Enfim, Giovani se sentiu com um peso na consciência durante todo o dia.
Na manhã seguinte, Giovani estava, novamente estacionando na rua, quando percebeu, pelo retrovisor, o flatulento se aproximando. Fechou rapidamente a janela do carro e ligou o ar-condicionado. Quando o sujeito passou, olhou de soslaio para o carro, embaraçado, Giovani acenou e fez um sinal de positivo com o polegar.
É impressionante, mas vivemos em um tempo em que as pessoas fazem qualquer coisa pra evitar confrontações.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

-Eu já sei! - Disse o Valdomiro. -Vou parar de fazer tudo o que me lembra dela. Tudo. Os filmes, as músicas, os livros, os games e quadrinhos, os passeios, os refrigerantes, as comidas, tudinho. Assim vai ser fácil. Assim eu vou esquecer dela rapidinho.
-Maneiro. - Disse o Élton. - Mas... Tu cogitou a possibilidades de ser o contrário?
-Como assim o contrário? - Quis saber Valdomiro, confuso.
-Tu imaginou que, ao invés de essas coisas te lembrarem dela, ela te lembra essas coisas, e que, se for o caso, tu pensa nela o tempo inteiro? - Explicou o amigo.
-Ai, filho da puta... - Suspirou o Valdomiro, deixando os ombros caírem e sentando-se no sofá segurando o queixo com as mãos.
-Ah, que se foda. Eu não ia esquecer dela do mesmo jeito. Liga o video-game aí, então...

Nenhum comentário:

Postar um comentário