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sábado, 10 de março de 2012
Resenha Cinema: John Carter - Entre Dois Mundos
Não é de hoje que John Carter, personagem criado por Edgar Rice Burroughs em uma série de contos publicados em revistas pulp cem anos atrás flerta com o cinema.
O filme já teve diversos nomes, conceitos, e diretores ligados ao projeto.
Quase decolou como A Princesa de Marte nas mãos de Robert Rodriguez algum tempo atrás. Já esteve sendo entregue a John Favreau, pouco depois, e isso só pra ficar no passado mais recente, depois que a Paramount comeu bola e perdeu os direitos sobre o filme.
A questão foi que, após essa bobeada da Paramount, John Carter caiu nas mãos da Disney. E a casa do Mickey, abraçou John, e lhe deu um novo protetor, Andrew Stanton, diretor da Pixar que ganhou o Oscar por Wall-E e dirigiu Toy Story e Procurando Nemo. Foi quando John finalmente decolou, e ganhou uma cara.
Na trama que adapta o primeiro dos onze(!) livros de Burroughs conhecemos um planeta Marte diferente do que estamos acostumados. Barsoom, o nome local do planeta, já foi repleto de vida, mas vem sendo sistematicamente destruído pela guerra.
O embate entre Helium e Zodanga vem devastando Marte, em especial depois que o Jeddak de Zodanga, Sab Than (Dominic West), recebe uma arma de grande poder dos Therns.
E o que o tal do John Carter (Taylor Kitsch), um capitão veterano da Guerra Civil norte-americana no fim do século XIX tem a ver com isso?
Nada.
Ao menos até ele, acidentalmente encontrar um alienígena Thern em uma caverna na terra e, após um grave mal entendido, ser transportado para Marte.
Lá, John se vê mais forte e rápido do que os locais e capaz de saltar sobre montanhas graças ao campo gravitacional, isso não o impede, porém, de ser feito prisioneiro pelos Tharks, uma raça de bárbaros marcianos com quatro braços e três metros de altura. Entre os Tharks John é acolhido como "braços direitos" do regente Tars Tarkas e, mais adiante, ve-se em um papel decisivo na guerra entre Helium e Zodanga, em especial depois de conhecer a princesa de Helium, Dejah Thoris (Lynn Collins, recheando com graça os trajes não tão sumários quanto gostaríamos da princesa marciana).
John Carter é um bom filme, tem um roteiro coeso e sem furos, cortesia do próprio Stanton, de Mark Andrews e de Michael Chabon. O elenco cheio de nomes reconhecíveis (Willem Dafoe, Samanta Morton e Thomas Haden Church, cobertos de pixels, Ciarán Hinds, James Purefoy, Mark Strong, Bryan Cranston e Daril Sabara) segura bem a peteca, e as sequências de ação, em sua maioria, não são gratuitas.
John Carter, porém, sofre por ficar com a cara de mais um filme repleto de efeitos visuais e herói com abdôme à mostra. As qualidades do filme, e há várias, não parecem suficientes para manter sua cabeça acima de outros espetáculos visuais sem o mesmo conteúdo.
Quando John Carter - Entre Dois Mundos termina, percebe-se que os produtores estão babando pra seguir contando as histórias da Saga de Barsoom de Burroughs, mas há audiência para mais um filme desses, por melhor que seja quando comparado à maioria?
John Carter é uma aventura competente e divertida, mas não tem o cacife de Matrix, A Sociedade do Anel ou Uma Nova Esperança.
Se surgir uma nova viagem a Marte, certamente comprarei minha passagem e irei ao cinema para acompanhá-la, mas não vou roer as unhas de antecipação e não sei se alguém o fará.
"-Eu já cheguei atrasado uma vez. Não vou deixar isso acontecer novamente."
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