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terça-feira, 6 de março de 2012

Resenha Cinema: Poder Sem Limites


Quando vi o trailer de Poder Sem Limites eu confesso que achei o filme com a maior cara dessas porcarias tipo O Último Exorcismo, Apollo 18, Atividade Paranormal 2 e todas essas produções capengas que acham que uma câmera tremida vai dar a ideia de estética documental e salvar a lavoura gerando um lucro absurdo. Na verdade, achei que fosse uma mistura desse tipo de filme com aquele O Pacto, um filme de horror meia-boca situado na high school querendo atrair fãs de filmes de horror e da miserável Saga Crepúsculo.
Entretanto a torrente de boas críticas que o filme recebeu me fizeram repensar a minha ideia inicial de ver o filme em DVD e olhe lá, e encarar uma sessão de cinema da produção.
Foi munido do generoso e tradicionalíssimo milk shake de chocolate do Bob's que eu me sentei confortavelmente pra assistir ao filme no Shopping Total, e devo dizer que, se não fosse pelo trio de cretinos sentados na minha frente, e que não conseguiam ficar calados durante o filme (Sério, qual é o problema dessa nova geração? Será que é tão difícil fazer silêncio por oitenta e três minutos enquanto se vê um filme?), teria sido uma sessão de cinema perfeita.
Não que Poder Sem Limites seja um filme perfeito, claro que não, longe disso. Mas é, sim, um ótimo filme.
A trama é centrada no jovem Andrew Detmer (Dane DeHaan), o típico nerd excluído do microverso do ensino médio norte-americano. Andrew é isolado, vítima de bullying na escola e em casa e não tem amigos, exceto pelo primo Matt (Alex Russell), pseudo-filósofo que não chega a ser um exemplo de sociabilidade, mas está anos-luz à frente de Andrew, que não anda com gurias, e, pra piorar, ainda tem a mãe com uma dioença grave.
Um dia, Andrew decide que vai gravar toda a sua vida com uma câmera, e é com essa câmera que, durante uma rave, Andrew e seu primo Matt, mais o atleta popular Steve Montgomery (Michael B. Jordan) encontram uma estranha caverna, e, ao entrar nela, se deparam com alguma coisa que não conseguem explicar. Após esse contato, os três amigos passam a desenvolver habilidades super-humanas, e imediatamente começam a usá-las em prol de... Pregar peças um no outro e de curtição.
Essa honestidade para o que moleques do ensino médio fariam se desenvolvessem super-poderes é um dos pontos altos de Poder Sem Limites. Eu desafio qualquer moleque normal a assistir o filme e dizer, honestamente, que não faria exatamente a mesma coisa com suas habilidades.
Andrew, Matt e Steve não tem nenhuma tragédia na sua vida para direcionar seus grandes poderes ao encontro de grandes responsabilidades, de modo que, pra eles, essas habilidades são apenas novidades para serem aproveitadas.
As sequências em que eles aprendem a usar seus poderes rendem cenas muito divertidas, repletas de boas sacadas e referências sutis (Ou nem tanto) que vão de Star Wars ao trailer do Superman de 1978.
Conforme os três amigos vão desenvolvendo suas habilidades e se tornando melhores no seu uso (é como um músculo, diz Matt à certa altura.), eles amadurecem, também, como ser humano, o que não significa, necessariamente, bons resultados.
Mesmo sendo um filme curto, de 83 minutos, Poder Sem Limites tem como grande trunfo centrar a atenção em seus protagonistas, fazendo com que nos reconheçamos naqueles personagens e nos preocupemos com eles. Ainda oferece uma interessante visão filosófica da trama através de Matt, e vai levando as coisas em um agradável banho-maria até um desfecho literalmente explosivo.
O diretor Josh Trank, co-roteirista ao lado de Max Landis consegue criar um ótimo filme de origem de super-herói, e mostrar que, por mais pirotecnias que se queira usar em um super-filme, nada supera o desenvolvimento de personagens e a honestidade de um bom roteiro.

"É, dessa vez foi o cara negro."

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