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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Meio Assim...


A Fernanda era uma loira alta de quase um metro e noventa de altura. Era bonita, a Fernanda, não era linda, mas era bonita, como uma versão 2.0 da deputada Manoela D'avila. E, claro, chamava a atenção, com seus cabelos loiros bem claros, olhos muito azuis e pernas quilométricas. E eram quilométricas as pernas da Fernanda. A Fernanda tinha de perna o que muitas outras moças têm de altura.
Era moderna e antenada, a Fernanda. Lia muito, livros, revistas, jornais. Não se fixava a nenhum estilo. Não era dessas pessoas a quem se recomenda um livro e entorta a boca fazendo uma careta e dizendo "Ah, não... Não é bem o meu estilo...". Não. A Fernanda não se importava de ler coisas que não lhe eram de gosto se achasse que podiam lhe acrescentar algo. Costumava dizer que até lendo O Segredo aprendeu alguma coisa. Aprendeu a valorizar mais o tempo após cinco dias lendo aquela besteira toda.
Via muitos filmes a Fernanda, também. Não era fã de blockbusters, preferia cinema europeu, mas não excluía nada. Seu filme preferido era Sonhos, do Akira Kurosawa, mas ela foi assistir Homem-Aranha no cinema porque era filme-evento, e ela achava que eventos merecem platéia.
Bonita e com conteúdo, a Fernanda.
Se formara cedo na faculdade e foi trabalhar com relações públicas, área de que gostava e que pagava bem àqueles que eram pertinazes o suficiente para alcançarem excelência no campo.
Fernanda ainda não alcançara a excelência, mas era pertinaz e sabia que alcançaria.
Não era lá muito bem humorada, mas sabia rir de gracejos, de piadas e da vida, que muitas vezes é uma piada.
Com seus vinte e seis anos, a Fernanda, bonita, inteligente e resolvida trabalhava como relações públicas em uma agência de publicidade e estava mirando uma pós graduação ou um MBA. Estava guardando dinheiro para comprar um carro ou para viajar pela Europa no próximo verão, ainda não havia decidido, mas precavida que era, já começara a economizar.
Não estava preocupada em encontrar um marido, namorado nem nenhuma espécie de relacionamento, naquele momento não era prático, além do mais, a imensa maioria das pessoas não parecia ter pique pra acompanhar Fernanda no momento em que ela vivia, e, sendo assim, paciência...
Fernanda era assim, prezava a eficiência, prezava a praticidade, o conteúdo sobre a forma, e, entendendo que não se podia ter tudo, estava feliz assim.
Bom... Feliz é um exagero, mas ela não estava infeliz... Não muito, de qualquer forma.

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