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terça-feira, 17 de julho de 2012

"Inha", Não...


Ela entrou na sala, vestia uma camisola bem comprida, até porque quase tudo nela ficava bem comprido, esticou a perna pelo qual ele se apaixonara antes mesmo de conhecê-la e mostrou a pantufa divertidíssima que usava:
-Não fiquei bonitinha com a pantufa?
Ele, sentado no sofá, lendo um livro sobre a trajetória de Winston Churchill, baixou o livro e ergueu os óculos até a testa, como se avaliasse a resposta a dar. Concordava, ou não?
Pigarreou e disse com voz firme e uma expressão muito séria:
-Não achei.
Ela ficou, também séria, e desfez a pose, o olhando com os cabelos caídos sobre os ombros:
-Não?
-Não. - Sustentou ele.
Ela deu de ombros, ainda séria, e se virou para andar de volta até o quarto, quando ele falou, detendo-a:
-Eu nunca te acho bonitinha. Eu nunca te achei bonitinha, e nunca vou te achar bonitinha.
Ela virou de volta, olhando pra ele, que marcava o livro e se livrava dos óculos:
-Porque "bonitinho", pra mim, é um feio alinhado. Filhotes de cachorro são bonitinhos, desenhos feitos por crianças de oito anos são bonitinhos, comédias românticas adolescentes são bonitinhas. Tu não tem nada de bonitinha. Nem "bonita"... Tu é, e sempre foi, linda. Arrasadora. Espetaculosa. - Ele disse pausadamente enquanto andava até ela e a enlaçava com os braços na altura da lombar e a erguia do chão até estarem cara a cara, e então continuou:
-Tu sempre é linda. Arrasadora. Espetaculosa. Desejável e muito, muito, muito atraente. Não importa o que tu vista... - Ele disse antes de beijá-la. E então, colocando a mão nas suas costas nuas sob a camisola completar:
-... Ou, de preferência, o que tu não vista.

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