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terça-feira, 24 de junho de 2014

Resenha Cinema: Vizinhos


Seth Rogen é um ator extremamente limitado. Em todos os seus filmes ele faz o mesmo papel do maconheiro bacana e desajeitado de aparência mediana que é essencialmente um cara de bom coração.
Um amigo me perguntou uma vez como é que o Seth Rogen não cansava de fazer sempre a mesma coisa.
Tá brincando?
Eu entendo Seth Rogen. Quisera eu que me pagassem pra interpretar eu mesmo em filmes e ainda contracenar com mulheres que sempre são areia demais pro meu caminhãozinho. Tá certo ele. Conseguiu se transformar de coadjuvante mudo em O Âncora - A Lenda de Ron Burgundy em um sujeito com estofo cinematográfico suficiente pra cometer coisas como O Besouro Verde, e não passar um ano sem emplacar algum sucesso de bilheteria, como esse Vizinhos, que com um modesto orçamento de 18 milhões de dólares já faturou quase 240 milhões em bilheterias.
Na trama do longa Rogen é Mack Radner, um jovem pai de família que acabou de comprar uma casa para viver com sua esposa Kelly (A bonitona Rose Byrne) e a filha Stella (as fofíssimas gêmeas Elise e Zoey Vargas). Tudo parece tranquilo na vida do casal, até que a casa ao lado é ocupada por uma fraternidade universitária, os Delta Psi Beta, liderados por Teddy (Zac Efron) e Pete (Dave Franco).
Inicialmente tentando parecer descolados e desencanados, os Radner conversam amigavelmente com os universitários da casa ao lado, pedindo que mantenham a música baixa, pedido encarado com naturalidade por Teddy e Pete, que prometem manter as coisas em um patamar aceitável e pedem apenas uma coisa:
Que Mack sempre fale com eles antes, e não chame a polícia.
Com o pacto firmado, os vizinhos selam a paz e até participam de uma festa da rapaziada da casa ao lado (Uma das melhores sequências do filme), mas isso não dura.
Após algumas noites com a música ao lado acordando a bebê e os pedidos de silêncio sendo ignorados pelos Delta Psi, Mack quebra sua promessa e chama a polícia.
Isso desencadeia um festival de peças por parte dos membros da fraternidade (lixo no pátio, churrasco à favor do vento, festas de Robert de Niro, tudo muito barulhento e sem nem sombra da cortesia inicial.).
Enfurecidos com a falta de consideração dos fraternos, ignorados pela polícia, pela associação do bairro e pela universidade dos Delta Psi, Mack e Kelly resolvem contra-atacar, iniciando uma guerra entre vizinhos que rapidamente escala muito além de uma mera implicância conforme as táticas usadas por ambas as partes se tornam mais pesadas (e hilárias).
Vamos aos fatos:
Sim. É engraçado.
É virtualmente impossível assistir uma comédia de uma hora e meia com o Seth Rogen sem rir um pouco. Algumas das piadas do roteiro de Andrew Cohen e Brendan O'Brien são muito boas, Rose Byrne é bonita sem deixar de ser muito engraçada quando a situação permite e ainda tira proveito de um insuspeito sotaque australiano (oculto em todos os outros filmes que vi com ela...) e entra na brincadeira tanto na hora do humor ofensivo com leite materno empedrado, quanto do humor bobo como a (ótima) imitação de Anne Hathaway. Zac Efron já havia provado que, mesmo com suas limitações, consegue ser engraçado, e Dave Franco não é nenhum iniciante em termos de fazer rir.
Mas não, nem tudo funciona.
Como o elenco, em sua maioria, carece de talento, e o filme é uma longa tiração de sarro em cima das desavenças entre vizinhos baseado em referências, há coisas que simplesmente começam a chatear à certa altura.
Também é difícil se relacionar com personagens tão destrambelhados em certos aspectos e tão coxinha em outros, ou ligar pra qualquer acontecimento quando, no final das contas, tudo se resolve com um abraço.
Outro problema, esse exclusivo da versão brasileira, é a bobagem de ficar mascarando palavrões nas legendas dos filmes. Se a censura é dezesseis anos e na tela estamos vendo piadas com picas de borracha de tamanhos variados, tetas, vômito e peido, porque nas legendas "dick" se torna "pênis", "cunt" vira "filha da mãe" e "asshole" se traduz "babaca"?
É irritante e idiota.
De qualquer forma, a despeito de eventuais excessos e de algumas piadas sem graça, o filme não é essa bomba que alguns alardearam na internet e funciona, mas acaba dando a impressão de que se tornará uma ótima sessão de DVD muito mais do que uma daquelas comédias obrigatórias de chorar de rir.
Assista se a única alternativa for Transcendence...

"-Saia daqui. Você é brilhante. No futuro pode ser tipo, o presidente da ONU, ou algo assim
-A ONU não tem um presidente.
-Tá vendo? Você é tão inteligente! Você sabe essas merdas...

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