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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Resenha DVD: Questão de Tempo


E se tu pudesse voltar no tempo?
Se pudesse reviver momentos chave da tua vida, retocá-los, refazê-los, ou simplesmente aproveitá-los mais uma vez, sem compromisso. Só de curtição?
Parece brilhante, não é?
Pois é exatamente o que Tim (Domhnall Greeson) descobre, quando, após uma festa de ano novo, seu pai (Bill Nighy) lhe explica que os homens de sua família, têm o dom de viajar de volta ao passado.
É tremendamente simples. Basta se entocar em um lugar escuro e isolado, como um armário, cerrar os punhos, e pensar no momento que deseja revisitar.
Voilá.
O viajante do tempo retorna ao passado e tem a chance de refazer seu passado conforme desejar.
Para Tim, um jovem de 21 anos esquisito, magrelo e ruivo, essa extraordinária habilidade é a chance perfeita de encontrar aquilo que mais deseja:
O amor.
E embora suas habilidades de viajante do tempo não sirvam para conquistar a deliciosa Charlotte (Margot Robbie, de O Lobo de Wall Street), amiga de sua irmã Kit Kat (Lydia Wilson), ao menos lhe permitem consertar eventuais papelões a que ele se sujeite ao tentar fazê-lo.
Quando deixa a casa dos pais e vai para Londres trabalhar como advogado ele conhece a adorável Mary (Rachel McAdams, nerd e adorável como nunca antes), e imediatamente percebe que ela é o amor de sua vida.
Infelizmente, ao voltar no tempo e salvar seu amigo Harry (Tom Hollander) do fracasso profissional, ele acaba gerando uma linha de tempo onde os dois não se conhecem.
Tim, porém, é pertinaz, e através de suas habilidades, consegue ordenar as coisas de modo a que ele e Mary se apaixonem.
E aí, começa a verdadeira beleza de Questão de Tempo.
Se o pôster, o trailer e o nome do diretor/roteirista Richard Curtis (o mesmo escritor de Quatro Casamentos e Um Funeral, Um Lugar Chamado Nothing Hill e Simplesmente Amor) nos leva a crêr que estamos vendo um "boy meets girls" clássico com um temperinho diferente por conta das viagens no tempo dos Lake, a partir do segundo ato, quando Tim age ao contrário do que qualquer homem agiria em uma comédia romântica comum, nós descobrimos, o que, de fato, é Questão de Tempo:
Uma linda obra sobre o amor entre pai e filho.
A partir do momento em que entendemos isso, é difícil parar de chorar enquanto assistimos ao terceiro ato do filme. Cada cena, cada quadro, cada ida e volta no tempo é um mar de lágrimas como eu não derramava desde os minutos finais de Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo (E eu me debulhei em lágrimas naquele filme como se fosse uma adolescente gordinha deprimida), e não é porque Questão de Tempo se torne um filme dramático, ou excessivamente feliz, é apenas pela epifania de perceber que estamos diante de uma lição sobre aproveitar o máximo possível o tempo com aqueles que amamos, pois, no final das contas, esses são os momentos que sempre iremos querer reviver de novo e de novo.
Ao disfarçar seu filme de pai e filho como uma comédia romântica britânica com todos os elementos da cartilha "Richard Curtisiana" (Está tudo lá, o protagonista masculino tímido com quem todos podemos nos identificar, o amigo porra-louca, a irmã espevitada, a adorável estrangeira por quem todos nos apaixonamos, o sujeito mais velho que é o nosso pai/avô/tio preferido, todos orbitando Londres e arredores numa vida de classe média/alta onde as pessoas podem se dar ao luxo de permitir que os problemas do coração sejam os mais graves e imediatos da vida), Curtis nos enfia no núcleo familiar de Tim de uma maneira tão completa que nós ansiamos por mais tempo com cada um deles, com a mãe que começa uma conversa perguntando "quais são seus defeitos?" ao tio D, tão maluco e desligado quanto adorável em sua tolice, a irmã maluca, os amigos inapropriados... Com o roteiro mais doce do mundo, direção tranquila, e um trabalho de elenco absolutamente fabuloso em sua fofura, com destaque especial para Domhnall Gleeson, Tom Hollander e especialmente para Bill Nighy, senhor absoluto do filme, Questão de tempo "ruleia".
Se eu pudesse voltar no tempo, é possível que eu tivesse feito escolhas diferentes aqui e ali. Feito melhor papel em momentos em que fui particularmente escroto. Talvez ganhado um pouco mais de dinheiro... Mas aprendi a minha lição.
Basicamente, passaria mais tempo com as pessoas que amo. Que amei.
E teria visto Questão de Tempo no cinema.
Duas vezes.
Ou três.
Assista. É excelente.

"-O que você achou dela?
-Eu já gosto mais dela do que de você."

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