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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Comigo na Madrugada


Eu me peguei te querendo do meu lado.
Querendo conversar contigo... Que tu estivesse ali, comigo, naquela madrugada...
Foi algo súbito, no meio da noite. Me imaginei conversando contigo, deitado do teu lado, contigo nua, enrolada nas cobertas. Eu sei, é estranho, tu dormiu nua comigo poucas, pouquíssimas vezes... Mas eu acho bonito quando a mulher dorme nua com o homem. Eu vejo, além, claro, da beleza que é uma mulher, especialmente uma como tu, nua, um lance de confiança... De cumplicidade... Um negócio de ausência de temores e pudores que requer um determinado grau de intimidade que, pra mim, é crachá de amor verdadeiro.
E eu me flagrei pensando nisso... Em ti, nua do meu lado, e na gente conversando... Não formulei todo o cenário... Não sei se essa conversa hipotética se deu depois de uma sessão de sexo suado, barulhento e resfolegante, ou antes de uma sessão de sexo íntimo e silencioso, bem estilo namoradinhos, com os dois abraçadinhos e arfando baixo... Não sei nem se tinha sexo envolvido, ou se tu apenas teria saído do banho, e estando um dia de temperatura mais amena, e tu, antevendo o calor que sentiria quando eu, dormindo, colasse meu corpanzil no teu, resolveu se precaver e se livrar do pijama para que não ficasse suado... Nada disso eu formulei...
O que eu pensei, é que tu estaria nua, vagamente coberta por uma colcha, deitada do meu lado, e eu estaria deitado de barriga pra cima, segurando a tua mão, e nós estaríamos conversando.
Eu não sei se eu estaria, também, nu. Provavelmente não... Tu sabe como eu sou tímido. Até banho junto contigo eu tinha vergonha de tomar embora a possibilidade de estar sob o chuveiro contigo sempre me excitasse demais, ou talvez por isso...
Mas eu seguraria tua mão... A ponta dos teus dedos, e nós conversaríamos. E vez que outra, eu puxaria tua mão até os meus lábios e sapecaria um beijo estalado nas costas e na palma da tua mão.
E falaríamos de amenidades... De bobagens... Curiosidades e até algumas graves ponderações...
Eu te diria que tem um velhinho que faz compras no Zaffari da Fernando Machado todo o dia perto do meio-dia que é tão igual ao Grand Moff Wilhuff Tarkin que eu já quis tirar foto com ele, e tu me entenderia. Eu te diria que no domingo eu não saio de casa, e tu não entenderia. Eu te diria que existe uma ordem certa pra assistir aos filmes do Indiana Jones que não é a ordem em que foram lançados, e tu quereria assistir nessa ordem pra ver se notava diferença. Eu te diria que uma mulher usando o perfume que eu te dei apareceu no meu trabalho, e ainda que ela não fosse atraente ou sequer simpática, a presença de um cheiro que eu associo a ti, meu deixou inebriado, e tu sorriria. Eu te diria que eu te amo, que tu me ensinou a ser um homem na acepção da palavra, e que, sem ti, eu me vejo desnorteado, despreparado, desprevenido, e que era ótimo não precisar sentir isso, de de lambuja, ainda poder sentir teu cheiro nas minhas mãos, e aí, viria a calhar tu estar despida, pois eu iria querer demonstrar o quanto eu te quero, beijando cada milímetro cúbico de pele descoberta que eu encontrasse entre o teu cabelo e os dedos dos teus pés... Ali... Comigo naquela madrugada... E em todas as madrugadas por vir...
Mas tu estava longe... Sabe Deus quão longe, e o silêncio reinou a madrugada toda...

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