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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Sem Vencedores


Viram essa?
Segundo o site Hitfix, a Warner estabeleceu uma regra mandatória para sua nova produção cinematográfica que deve culminar com a criação de um universo cinemático à imagem e semelhança do criado pela Marvel em seus super-filmes:
Sem piadas.
Isso mesmo. De acordo com o repórter Drew McWeeny, embora ninguém tenha assumido tal normativa de maneira pública, ele já ouviu pelo menos cinco vezes a resolução da Warner com relação aos filmes de super-heróis da DC.
Sem Piadas é o mantra da hora com relação ao universo cinematográfico que deve culminar com o filme da Liga da Justiça.
Considerando o que se viu em O Homem de Aço, um filme sem nenhum único momento de leveza, é difícil não acreditar, especialmente após o violento fiasco que foi a tentativa da DC de fazer um filme de super-herói mais leve e divertido com o Lanterna Verde estrelado por Ryan Reynolds.
A questão é que a pegada grave demais de O Homem de Aço não chegou a ser unanimidade. Eu sou uma das pessoas que gostou do filme, já disse, inclusive, que achei O Homem de Aço o segundo melhor filme de Superman já feito perdendo apenas para o Superman - O Filme de Richard Donner. Mas as bilheterias não mentem. Um filme do maior herói de todos os tempos, com uma produção caprichada, cheia de cobras, um bom elenco, e em 3-D, fazendo menos de 700 milhões de dólares em bilheterias, é um sinal bastante óbvio de que nem todo mundo curtiu a ideia.
Se a resolução da DC/Warner for pensando em abraçar o tom sombrio e realista dos Batman de Christopher Nolan, é um equívoco. Os filmes das trilogia Cavaleiro das Trevas eram soturnos e dramáticos mas não abriam mão das piadas e dos alívios cômicos. Não bastassem as tiradas sarcásticas de Alfred e de Gordon, o próprio Bruce Wayne era dono da melhor piada da trilogia (Quando prestes a revelar sua identidade para impedir a onda de assassinatos do Coringa, é confrontado com a pergunta de Alfred "Suponho que eu também serei preso como cúmplice?".), provando que se pode fazer um filme que se leve a sério sem torná-lo um dramalhão mexicano ou uma tragédia grega.
Se a decisão de deixar as piadas de fora é apenas uma contrapartida ao cinema dos estúdios Marvel, composto praticamente de comédias de ação, a DC dá um tiro no próprio pé, pois a Marvel já demonstrou em Capitão América - O Soldado Invernal, que é capaz de fazer blockbusters de qualidade sem a muleta da piada a cada dois minutos, que, diga-se de passagem, foi assumida de vez em Guardiões da Galáxia e funcionou que foi uma beleza, novamente.
Enquanto se preocupa demais com o que a Marvel faz ou deixa de fazer, a DC se apequena num duelo que não precisa ter perdedores.
A Marvel começou a edificar seu universo cinemático dividindo espaço com os espetaculares filmes do Batman do Nolan sem que ninguém precisasse abrir mão de nada no processo.
Se a DC/Warner apenas se preocupar em fazer os melhores filmes possíveis com seus personagens, vai faturar uma grana federal, e dividir o mercado com a Marvel como fazem nos quadrinhos desde os anos trinta.
Se continuar abrindo mão da alma para ver "quem pisca primeiro" nesse duelo besta com a Marvel, todo mundo perde.
A Marvel, que sem competidores pode se estagnar.
A DC/Warer, que não conseguirá emplacar seus heróis além do Batman nas telonas.
E especialmente o público, que não poderá curtir filmes qualificados com todos os heróis que aprendeu a amar nas páginas dos quadrinhos.

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