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terça-feira, 15 de setembro de 2015
Quadrinhos: Demolidor 8
Na mesma semana em que li que a aclamada fase do Demolidor sob a pena de Mark Waid chega ao fim nos EUA, me deparo na banca com o oitavo volume do gibi do Diabo da Guarda da Cozinha do Inferno.
Eu vou repassar apenas brevemente que Demolidor, por Mark Waid e Chris Samnee é, de longe um dos melhores quadrinhos de super-herói nas bancas, se não for o melhor, e que a abordagem mais leve e divertida do Demo na fase atual, ainda que seja o extremo oposto de momentos marcantes do herói sob a incensada batuta de caras como Frank Miller, Kevin Smith e Brian Bendis, não fica devendo nada em termos de qualidade e inventividade ao devolver o Demolidor ao domínio dos super-heróis em detrimento do reino dos vigilantes soturnos e amargurados.
O volume 8 da série trimestral compila as edições 5, 6 e 7 do gibi Daredevil original, mais as edições 4 e 5 de Daredevil - Dark Knights e o especial Daredevil 1.50., de abril do ano passado, comemorando o cinquentenário do personagem.
A primeira história da edição, escrita por Waid e desenhada por Samnee, mostra como foi que Matt forjou a morte de Foggy após tornar sua identidade pública, um plano feito meio no improviso contando com a ajuda de Hank Pym, o Homem-Formiga, e uma nova versão do vilão conhecido como Sapo.
Contada do ponto de vista de Foggy, a história curtinha é um testemunho tocante da amizade dos dois advogados.
A história seguinte, Pecado Original, dividida em duas partes, é escrita por Waid e desenhada por Javier Rodriguez. Ela mostra o Demolidor lidando com memórias de seu pai desenterradas de seu subconsciente após um confronto com o vilão Orbe.
As memórias fazem Matt questionar seu amor e admiração por seu pai, Jack Murdock, que poderia ser um marido abusivo, o que explicaria a fuga de sua mãe quando ele ainda era um bebê.
Decidido a checar a veracidade de suas memórias, Matt resolve procurar por sua mãe, a freira irmã Maggie, apenas para descobrir que ela foi presa após um protesto contra uma fábrica de armas químicas.
O que Maggie e Matt não sabiam, é que a fábrica era uma instalação Wakandana, e que agora, as freiras responsáveis pelo protesto, serão extraditadas à nação do Pantera Negra, agora controlada pela irmã do herói, Shuri, enredando o vigilante cego em uma delicada trama que se estende do trono da avançada nação africana até os mais altos escalões do exército dos EUA.
Apesar de os desenhos de Javier Rodriguez não estarem no patamar da arte de Samnee, a história é boa, e o passado trágico de Matt sempre rende um tempero adicional.
Na sequência, outra história em duas partes, escrita e desenhada por David Lapham coloca o Demolidor, ainda em Nova York durante seu período como aconselhador legal, ás voltas com um capanga da máfia chamado Rochelle sendo acusado pela morte de uma intendente municipal.
O caso aparentemente simples se complica conforme o capo Milo Cantafore, um diminuto vilão conhecido como Pulgão, e até o bandido chamado Shocker se envolvem no caso, ao mesmo tempo em que os Vingadores enfrentam um monstro gigante que invade a cidade.
Essa história não está no nível das aventuras engendradas por Waid, ainda assim, é uma boa aventura policial estrelada pelo Demolidor.
Na sequência, duas histórias do especial Daredevil 1.50, a primeira, O Rei de Vermelho, escrita por Waid e desenhada por Samnee, mostra um Matt Murdock de 50 anos de idade, ex-prefeito de São Francisco, vigilante aposentado e pai de um filho extremamente frágil e assustadiço, vendo-se ás voltas com uma conspiração que cega 76 por cento da população da cidade, incluindo o filho do herói, numa tentativa de arrastá-lo de volta à ação.
Com um ritmo ligeirinho bem super-heroico, e sem dar muitas pistas do futuro (Como porquê o Demolidor virou prefeito de São Francisco, ou quem é a mãe de Jonathan Franklin Murdoch?), mas deixando claro porque o Demolidor é o homem sem medo.
Fechando a edição, a curtinha O Último Desejo e Testamento de Mike Murdoch, mostrando uma filmagem de Matt interpretando seu "irmão gêmeo", Mike, alter ego do alter ego do herói em uma de suas desesperadas tentativas de manter sua identidade secreta.
Com um ritmo levinho e cômico, Mike desfila os desejos de Matt para Foggy, ele próprio, e Karen Page, chegando à beirar uma nota quase melancólica, mas ao mesmo tempo, esperançosa, por Kurt e Karl Kesel.
140 páginas, lombada quadrada que fica uma boniteza na estante, capa cartão, miolo IWC, por módicos R$ 18,90, mais barato que um almoço naquele buffet executivo cheio de salada azeda.
Vale horrores a pena.
"As coisas estão sombrias? E daí? Você tá acostumado ao escuro! Nunca deixe que isso te detenha! Que te retarde! Ria! Ame! Viva! Seja destemido!"
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