Pesquisar este blog

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Resenha Cinema: O Agente da U.N.C.L.E.


Crise criativa de Hollywood e talicoisa... Missão: Impossível faz muita grana, e tudo mais... E com esses dois comentários re-re-repetidos nós sabemos porque existe O Agente da U.N.C.L.E., filme baseado em um seriado que, entre 1964 e 1968, colocou do mesmo lado os agentes da CIA Napoleon Solo, e da KGB, Illya Kuryakin, para enfrentar as forças do mal do pérfido consórcio THRUSH.
Levando-se em conta a quantidade de grana que Missão: Impossível faz nas bilheterias, é fácil entender as esperanças da Warner ao dar carta branca para o diretor Guy Ritchie, dos ótimos Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, Snatch - Porcos e Diamantes, Rock'n Rolla e dos dois divertidíssimos Sherlock Holmes com Robert Downey Jr. e Jude Law.
Ritchie tem ótima mão para ação, já provou que sabe lidar com grandes orçamentos, com grandes estrelas, e que é mestre em criar relações que camaradagem genuínas entre homens sem cair no bromance forçado.
Quem melhor que o ex-marido da Madonna pra conduzir as aventuras de Solo e Kuryakin, então?
O Agente da U.N.C.L.E. se passa em 1963. O presidente Kennedy dá seus discursos contra os ideais comunistas da União Soviética, o mundo está polarizado entre capitalismo e socialismo, a Alemanha dividida entre Ocidental e Oriental e Berlim é separada pelo muro.
O agente da CIA Napoleon Solo (um bem-vestido Henry Cavill) chega ao outro lado da cortina de ferro com a missão de contatar a jovem Gaby (Alicia Vikander), tirá-la da Alemanha Oriental, e usá-la para descobrir o paradeiro de seu pai, o ex-cientista de foguetes favorito de Hitler, agora desaparecido, e de posse de uma nova e perigosa tecnologia.
Ao extrair a jovem de Berlim Oriental, porém, o caminho de Napoleon se cruza com o do agente especial da KGB Illya Kuryakin (Armie Hammer), um obstinado quase super-homem a serviço da União Soviética que por pouco não frustra a audaciosa escapada do agente Solo e Gaby por sobre o muro.
Após cumprir sua missão, Napoleon descobre através de seu chefe, o agente Sanders (Jared Harris), que o pai de Gaby pode ter desenvolvido uma forma extremamente barata e eficaz de enriquecer Urânio, tornando virtualmente qualquer bomba em um artefato nuclear. Descobre também, que ele pode estar sendo forçado a trabalhar para a família Vinciguerra, um grupo de prósperos fundamentalistas fascistas italianos que fizeram fortuna no ramo do transporte marítimo sem jamais abandonar os ideais de Mussolini, e que agora buscam sua própria bomba atômica. O que mais o agente Solo descobre, é que a invenção do pai de Gaby é perigosa demais, e que em um impensável esforço de cooperação, ele irá unir forças com o agente Kuryakin para, junto com Gaby, viajar disfarçado até Roma e encontrar o pai da jovem, e desmantelar os planos vilanescos dos Vinciguerra e salvar o mundo, sem que um mate o outro no processo.
O Agente da U.N.C.L.E. não é, nem de longe, capaz de competir com o hype de Missão: Impossível.
Ainda que tenha uma produção esmerada, boas cenas de ação, e aquele descarado flerte com a comédia que é caro ao trabalho de Ritchie (e muito bem vindo), faltou alguma coisa para o filme encontrar seu equilíbrio, e talvez possa ser carisma aos protagonistas.
Embora Cavill e Hammer sejam dois rapagões boa-pinta, sejam divertidos em diversos momentos do longa, além de levarem jeito pra ação e não serem atores atrozes de modo algum, também não é menos verdade que nenhum dos dois é lá uma estrela de primeiríssima grandeza em Hollywood, e até juntos, parecem ter dificuldade pra segurar um filme nas costas.
Mesmo que se esforcem, falta aos dois alguma química (e nem me refiro ao quase caso de amor entre os Holmes e Watson de Downey Jr. e Law, mas alguma coisa mais sarcástica como o que tinham o Turco (Jason Statham) e o Tommy (Stephen Graham) de Snatch), e não ajuda as alterações de background criadas por Ritchie e Lionel Ingram, que tornaram Solo um charmoso (e por vezes meio canastrão) ex-ladrão, e Kuryakin um psicótico com complexo de Édipo e rompantes de ira destrutiva.
Posto isso, cabe dizer, porém, que O Agente da U.N.C.L.E. não é um mau filme.
Se eu fosse de dar notas, daria ao longa uma sólida nota sete, que só não é mais alta devido aos problemas já mencionados, e à uma chata sequência de mini-flashbacks que cortam a ação em determinados momentos.
Ainda assim, o longa tem momentos realmente engraçados, cenas de ação que são, de fato, tensas, e, no geral, é muito divertido.
O elenco, que ainda conta com Hugh Grant, como o agente da inteligência britânica Weaverly, Sylvester Groth, como tio Uri, Luca Calvani como Alexander Vinciguerra, e a desgraçadamente linda Elizabeth Debicki como Victoria Vinciguerra, se segura, e no final das contas, o longa-metragem funciona a contento dentro do que é proposto, embora a ambientação anos sessenta se ressinta de um pouco mais de cor e "groovy", restrito à uma divertida cena entre Gaby e Illya no quarto do hotel.
Eu não posso negar que fiquei curioso pra saber o que acontece em Istambul.

"-Não é muito bom nessa coisa toda de sutileza, não é?"

Nenhum comentário:

Postar um comentário