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terça-feira, 12 de abril de 2016
Resenha Cinema: Invasão a Londres
Em 2013 houveram duas produções cinematográficas lançadas com apenas alguns poucos meses de diferença e que tratavam exatamente do mesmo tema:
Invasão à Casa Branca e O Ataque.
Os títulos em inglês eram muito mais similares entre si, e diziam do que se tratava a trama de ambos os longas. O Ataque, originalmente se chamava White House Down, algo como Casa Branca Tomada, enquanto Invasão à Casa Branca se chamava Olympus Has Fallen, era um lance tipo Olympo (nome-código da residência presidencial norte-americana) Tombou.
Em ambas produções, a casa do Barack Obama era alvo de ataques terroristas e a única coisa entre o presidente e os malfeitores era um único homem que precisaria lutar contra todas as chances para salvar o líder mais poderoso do mundo livre enquanto lidava com seus próprios problemas pessoais.
Em O Ataque, dirigido por Roland Emmerich, Channing Tatum protegia o presidente Jamie Foxx de um ataque de terroristas domésticos, enquanto Invasão à Casa Branca, de Antoine Fuqua, tinha Gerard Butler protegendo o presidente Aaron Eckhart de brutais terroristas norte-coreanos.
A exemplo do que aconteceu com os filmes de Robin Hood nos anos noventa, se deu melhor aquele que tinha Morgan Freeman no elenco.
Invasão à Casa Branca foi lançado primeiro, era um filme mais barato (70 milhões de dólares, menos da metade do orçamento do longa de Emmerich), e caiu no gosto do público médio norte-americano, faturando quase 100 milhões só em bilheterias nos EUA com uma trama que não tinha nada de inovadora e poderia ser resumida a Duro de Matar na Casa Branca. O longa tinha de bacana, além de Morgan Freeman, Gerard Butler fazendo o que sabe, sendo um tremendo de um casca grossa, e sua boa química com seu parceiro de tela, Aaron Eckhart (que eu já disse por aqui, achei que teria uma carreira mais rica em frutos após seu trabalho de mestre em Batman: Cavaleiro das Trevas.).
Além disso, o longa abraçava com prazer sádico a violência desproporcionada e crua, que ficava evidente, até mais do que nas facadas no crânio e tiros no olho, na forma como a Secretária de Defesa era brutalmente espancada pelos vilões enquanto estava à mercê de seus captores.
Longe de ser um grande filme, Invasão à Casa Branca tinha uma trama razoável (pra média dos filmes de ação), e uma ideia sólida de exposição:
Um dos lugares mais seguros do mundo sendo visto de dentro durante um ataque.
Era até divertido.
Três anos se passaram e ontem eu fui ao cinema ver o novo filme de invasão com Butler/Eckhart.
Anos após o incidente em Washington o presidente Benjamin Asher (Eckhart) vislumbra tranquilo a metade de seu segundo mandato no comando dos EUA. Seu fiel agente de segurança Mike Banning (Gerard Butler), por sua vez, vislumbra a aposentadoria.
Com sua esposa Leah (Radha Mitchell) esperando um bebê, o sujeito espera ter mais tempo para passar com a criança sem se preocupar com possíveis ataques terroristas e atentados contra a vida do mandatário dos EUA, já que Banning é o tipo de sujeito que está tenso e alarmado mesmo quando tudo vai bem.
A folga de Banning é interrompida quando o primeiro-ministro britânico morre. Seu funeral será atendido por dignatários e chefes-de-estado de todo o mundo, e Asher não pode ser exceção.
Chegando a Londres para o funeral, porém, não tarda para que tudo vá para o inferno, conforme um ataque de múltiplas frentes é executado matando os líderes da França, Canadá, Alemanha, Japão e Itália enquanto diversos pontos turísticos londrinos são destruídos à vista do mundo inteiro.
O inacreditavelmente bem orquestrado atentado é obra de Aamir Barkawi (Alon Aboutboul, o Dr. Pavel de O Cavaleiro das Trevas Ressurge), sexto nome da lista dos mais procurados dos EUA, e que, segundo o vice-presidente Trumbull (Freeman), já matou mais do que a peste.
Barkawi deseja vingança dos líderes do G-8, que, dois anos antes, mataram sua filha durante um ataque contra o terrorista.
Após falhar em matar Asher graças à presteza de Banning, que alterou a agenda de chegada presidencial, os homens de Barkawi, infiltrados na polícia e no MI-6 britânicos, sitiam Londres, transformando a capital inglesa em um Estado sob lei marcial controlado pelos terroristas, cujo plano se torna capturar Asher e matá-lo ao vivo na internet para que o mundo todo veja.
E enquanto os EUA coordenam uma operação de resgate com a Inglaterra, cabe a Mike Banning proteger o presidente contra centenas de terroristas fortemente armados.
É ruim. Mas é bom.
Invasão a Londres é um daqueles guilty pleasures que a gente tem vergonha de admitir que está curtindo. A fórmula re-re-re-reciclada de man x army oitentista do longa é de deixar Stallone e Schwarzenegger orgulhosos.
Sob certa ótica é até estranho que gente do calibre de Freeman, Angela Basset, Melissa Leo e Robert Forster tenham voltado para participar dessa bobagem onde têm alguns minutos em cena e um par de falas num show de pancadaria, facadas e tirambaços absolutamente despropositado, porque, acredite, Invasão a Londres é completamente despropositado.
Se o longa original ainda tinha a premissa de mostrar a Casa Branca enfrentando uma invasão de dentro pra fora, a sequência mais ou menos ambientada em Londres só mostra, de fato, a capital britânica nos primeiros minutos, conforme explode marcos importantes e metralha civis, daí pra frente, o longa se desenrola por túneis, quartos escuros e ruelas mal iluminadas que mascarem o fato de o longa ser filmado na Bulgária.
Os efeitos visuais são absolutamente risíveis, e as atuações simplesmente não importam pra proposta do longa. O diretor iraniano Babak Najafi, egresso do cinema sueco e da série Banshee faz um serviço decente nas cenas de ação, e consegue arrancar alguma tensão de diversas sequências do roteiro escrito a oito (!) mãos por Creighton Rothenberger, Katrin Benedikt, Christian Gudegast e Chad St. John, que intercala uma violenta sequência de ação e uma piadinha ad eterno pelos econômicos 98 minutos de filme.
Em suma, Invasão a Londres é uma tremenda porcaria, repleta de bravado patriótico ianque proferido com insuspeita canastrice pelo escocês Butler, mas cumpre seu papel de distrair por uma hora e meia de reminiscências de um tempo em que torturar um vilão enfiando-lhe uma faca nas costelas meia dúzia de vezes era ser um herói.
"-Tem mais de cem terroristas lá
-É? Bem, eles deviam ter trazido mais homens."
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