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sexta-feira, 28 de abril de 2017

Resenha Cinema: Guardiões da Galáxia: Volume 2


Em 2014 a Marvel deu seu mais audacioso passo enquanto estúdio cinematográfico ao lançar um longa metragem que, ao contrário de seus antecessores, não tinha um nome amplamente reconhecido pelo grande público nem fora alardeado por Hulk, Thor ou Homem-de-Ferro em uma das famosas cenas pós-créditos dos filmes anteriores.
Os Guardiões da Galáxia eram um super grupo obscuro que existia desde os anos sessenta nos quadrinhos sempre composto por personagens de segunda linha que a maioria dos leitores ignorava e cuja escalação mudava com alguma frequência.
Ainda assim, o filme se tornou um inesperado sucesso de público e crítica, fazendo uma robusta bilheteria de mais de setecentos milhões de dólares e colecionando elogios ao mostrar a formação de uma equipe de párias e criminosos espaciais que se uniam pela força das circunstâncias para enfrentar a ameaça de Ronan, o Acusador, e salvar a galáxia.
Funcionou que foi uma beleza.
Adultos e crianças se se afeiçoaram a desconhecidos como o Senhor das Estrelas, Gamora, Drax, o Destruidor, Groot e Rocket Racoon.
Um elenco bem balanceado com Chris Pratt, Zoe Saldaña, Dave Bautista, um econômico trabalho de voz de Vin Diesel e a acertadíssima dublagem de Bradley Cooper, espertíssima direção de James Gunn e um roteiro bem amarradinho de Nicole Perlman construíram um filme de origem tão gostável que ficou fácil até perdoar o vilão raso vivido por Lee Pace e o desfecho com o duelo de danças que causa urticária nos fãs da DC até hoje.
Três anos se passaram desde o sucesso de Guardiões da Galáxia, a equipe retornou para mais uma aventura estelar recheada de boa música e piadas, e eu, nerd que sou, estava lá ontem pra conferir a estréia do longa.
Guardiões da Galáxia: Volume 2 começa alguns meses após o primeiro filme.
A equipe, renomada após derrotar Ronan, vive como um grupo de heróis de aluguel estelares, prestando serviços a seres poderosos que podem pagar o preço certo, como os Soberanos, criaturas douradas de físico perfeito e intelecto avançado que precisam de proteção para as poderosas baterias que alimentam seu império, ameaçadas por um predador interdimensional.
As coisas se complicam quando Rocket resolve roubar algumas dessas baterias que a equipe deveria proteger, causando a ira da imperatriz Ayesha (a lindíssima Elizabeth Debicky, conseguindo se destacar mesmo sem grande tempo em cena ou background) que contrata os Ravagers, a equipe de Yondu Udanta (Michael Rooker), para capturá-los.
Perseguidos pelos Ravagers e pela armada remota dos Soberanos, os Guardiões já tem o suficiente em seu prato, mas eis que surge Ego (Kurt Russell).
Ego é o pai biológico do Senhor das Estrelas, o homem espacial de quem a mãe de Peter Quill falava. Ele é um Celestial, uma entidade de imenso poder, capaz de gerar todo um planeta e habita-lo ao seu bel-prazer, e ele quer a oportunidade de finalmente se conectar com seu filho meio-terráqueo.
Com tudo isso ocorrendo ao mesmo tempo, e com a Milano de Peter tendo sido avariada em combate com os Soberanos, a equipe precisa se separar, e enquanto Peter, Gamora e Drax viajam com Ego, Rocket e Groot ficam encarregados de consertar a Milano e manter guarda sobre Nebulosa (Karen Gillan), a irmã de Gamora, que está sob poder dos Guardiões, mas com tanta gente no encalço da equipe, será que eles conseguirão se reunir novamente?
Guardiões da Galáxia: Volume 2 não é um filme tão redondinho e bem estruturado quanto o primeiro longa da equipe. Ele tem alguns problemas de ritmo e vários novos personagens para apresentar além de aprofundar os veteranos, heróis a quem a audiência já conhece e de quem espera um determinado tipo de comportamento, então tome piadas de Drax e sua falta de traquejo social, o flerte desajeitado entre Peter e Gamora, o jeitão rabugento e nocivo de Rocket e a fofura quase opressiva de baby Groot.
A grande surpresa é que nada disso atrapalha o cerne do longa, uma história sobre amor familiar embrulhada num colorido amontoado de aliens de visual esquisito, piadas, cenas de ação divertidíssimas e uma trilha sonora que é quase um personagem.
Muito dos problemas de ritmo do longa advém do fato de a equipe se separar durante o segundo ato, ainda assim, isso gera espaço para que os personagens cresçam, e novos laços se formem ou sejam fortalecidos.
Se personagens novos como Ayesha e Taserface (Chris Sullivan) têm pouco tempo em cena, e por consequência, pouco desenvolvimento, e outros, como o Stakar Ogord de Sylvester Stallone fazem pouco mais que uma breve figuração (apenas a Mantis de Pom Klementieff ganha mais espaço pra brilhar), em compensação os veteranos são aprofundados com gosto.
Gamora e Nebulosa têm sua difícil relação bem explicada e fortalecida, Rocket e seus problemas de confiança ganham uma luz, aprendemos mais sobre o passado de Drax e sua família assassinada e até Yondu ganha seus momentos sob o holofote, enquanto que a relação entre Peter Quill e Ego é a mola propulsora de toda a trama, conforme o Celestial pode, de muitas maneiras, tomar o lugar da família substituta que o terráqueo encontrou nos Guardiões da Galáxia.
O longa de James Gunn se sustenta com tranquilidade no terreno seguro da Marvel, a leveza, as boas piadas e as cenas de ação (Rocket contra os Ravagers e a fuga da prisão são facilmente as melhores do filme), e ganha corpo graças à grande química compartilhada pelo elenco. É em seu desfecho, porém, que Guardiões da Galáxia: Volume 2 dá um passo adiante, com um encerramento emocional e verdadeiramente tocante, onde toda a relação familiar construída ao longo dos dois filmes culmina com uma sequência que provavelmente é a mais emocionante em um longa da Marvel Studios desde a Fase 1.
Guardiões da Galáxia: Volume 2 naturalmente perdeu um pouco do impacto do primeiro longa, e esbarra em alguns problemas de desenvolvimento ao separar seu grupo e evoluir com linhas narrativas paralelas, mas continua sendo um dos pontos altos da Marvel enquanto estúdio e certamente é uma das franquias com mais potencial da Casa das Ideias no cinema, e a segunda incursão de Drax, Gamora, Groot, Rocket e Peter à telona certamente vale uma visita ao cineplex mais próximo.
Quando for, por sinal, tenha certeza de estar bem acomodado para ver todas as cenas pós-créditos do longa.
São cinco.

"-O que ele disse?
-Ele disse 'Bem vindo à zorra dos Guardiões da Galáxia', só que ele não usou 'zorra'."

3 comentários:

  1. Eu não li tão boa revisão há algum tempo! Amei Guardiões da Galáxia, Chris Pratt tem um grande desempenho! É um ator lindo, carismático e talentoso. ❤️. Passageiros é um dos seus filmes mais recentes. Tem um bom roteiro e visualmente nos limpa os olhos. Para uma tarde de lazer é uma boa opção! :)

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