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segunda-feira, 17 de julho de 2017

Resenha Série: Game of Thrones, Temporada 7, Episódio 1: Dragonstone


Atenção! Há spoilers de Game of Thrones abaixo!
Parece apropriado que a sétima temporada de Game of Thrones, que teve sua estréia adiada em 2017, tenha retornado justamente no dia em que o inverno, que andava bem elusivo aqui no Rio Grande do Sul, resolveu mostrar a cara derrubando as temperaturas conforme um vento nordeste gelado e uma chuva fina como agulhas de gelo despencava do céu.
Foi com o clima gritando "Inverno" a plenos pulmões que eu me sentei ontem às dez da noite para acompanhar os retornos de Jon, Dany, Tyrion e, bem, de todos os personagens que ainda não morreram na série que, ao longo de sete temporadas, aprendemos a amar tanto quanto a odiar.
Afinal de contas, se os anos quatro e cinco de Game of Thrones haviam sido mornos pra dizer o mínimo (sejamos francos, haviam episódios insuportáveis no meio de episódios chatos onde um ou outro capítulo se salvava), a sexta temporada finalmente deu pinta de que o programa voltaria aos eixos, com dez episódios bons de se assistir onde sempre havia algo interessante acontecendo com um dos nossos personagens favoritos, mesmo que fossem personagens que nem sabíamos que eram favoritos, como Sandor Clegane, por exemplo.
A temporada passada terminou com uma tomada épica de Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) rumando para Westeros com mais de mil navios e o maior exército de que se tinha notícia desde o desembarque de Aegon, também havia mostrado que sim, R+L=J, com Bran Stark (Isaac Hempstead-Wright) descobrindo que seu meio irmão Jon Snow, na verdade é seu primo, Jon Stark-Targaryen, filho de sua tia Lyanna e do irmão de Daenerys, Rhaegar Targaryen. Jon, por sinal, retomara Winterfel com a ajuda de Sansa, a alcateia Stark diminuíra novamente com a morte de Rickon, e tivemos o prazer de ver Ramsey Bolton (Ewan Rheon) ser espancado por Jon e morto por Sansa (Sophie Turner, mais linda a cada temporada), mas, talvez o maior prazer do season finale tenha sido a incursão à Corre Rio engendrada pela agora Mulher sem Rosto, Arya Stark (Maisie Williams), tocando o horror em Walder Frey (David Bradley) de maneira cabulosamente cheia de estilo.
É justamente nos domínios dos Frey que a sétima temporada começa.
Não em Corre Rio, mas nas Gêmeas, onde os Walder reúne toda a sua família de traidores e assassinos, e propõe um brinde à casa Frey. Óbvio, nós vimos o season finale da temporada anterior, nós sabemos que Walder provavelmente foi moído e colocado na torta, e que aquele, na frente da família, é Arya, levando adiante sua vingança, e riscando de sua lista todos os nomes que nela existem. É uma boa forma de retomar a série com um daqueles momentos pra agradar ao fã fiel que vem acompanhando esses personagens há sete anos e precisa ver os vilões se darem mal de quando em quando.
Apesar do que se poderia pensar, porém, Arya não está retornando ao Norte. Ao menos, não de pronto. Seu caminho segue ao sul, para Porto Real, onde ela pretende perseguir seu prêmio final, a rainha Cersei Lannister (Lena Headey). Se por um lado é sensacional ver o quão focada Arya está em sua busca de vingança, a maneira metódica como ela opera e o quão letal ela se tornou após seus apuros, também não é menos verdade que a jornada que Arya segue é terrivelmente perigosa. Ela marcha rumo à toca do leão (literalmente), pronta para se submeter, sozinha, a perigos que podem lhe custar a vida. E, como seu Madruga nos ensinou, a vingança nunca é plena, e não dá pra, considerando a natureza de Game of Thrones, não imaginar que a jovem Stark pode pagar o preço definitivo por sua sede de sangue, especialmente conforme sua confiança a faz admitir, em alto e bom som ao grupo de soldados Lannister que encontra nas Terras Fluviais, que ruma para Porto Real para matar a rainha.
Por sinal, bom encontrar um grupo de soldados inimigos que não é composto por psicopatas, assassinos e estupradores. Os homens que Arya encontra são gente simples, pais de família capazes de partilhar o pão e cantar musicas (com Ed Sheeran no grupo) que sentem falta de suas famílias. Bom saber que, à essa altura do campeonato, podemos ser surpreendidos pela presença de gente decente que não tem sangue Stark.
O ex-companheiro de viagens de Aria, Sandor Clegane (Rory McCann), teve uma bela participação aqui. Seu retorno à choupana que ele roubou na quarta temporada ao fugir com a comida do dono do local foi surpreendente e tocante, mas de uma maneira menos estranha do que sua proposta de redenção anterior, que de tão diametralmente oposta à natureza do personagem quase não parecia Game of Thrones.
Vê-lo viajando com a Irmandade sem Bandeiras de Thoros de Myr (Paul Kaye) e Beric Dondarrion (Richard Dormer) e chegando à um local simples que ele arruinou, sentir seu remorso e arrependimento... Bem, agora a mudança de disposições do Cão de Caça tem mais razão de ser, e seu caminho de redenção parece mais claro e plausível.
Enquanto Arya marcha para sul, seu alvo principal começa a fazer seus movimentos oficiais. A família Lannister vem sendo sistematicamente reduzida em temporadas recentes. Tywin, Kevan, lancel, Joffrey, Myrcella, Tommen... Todos foram comer capim pela raiz, e os últimos Lannisters vivos são Tyrion (Peter Dinklage), que assumiu a causa de Daenerys como a sua própria, e os gêmeos Cersei (Lena Headey) e Jaime (Nicolaj Coster Waldau).
Após mandar seus inimigos mais próximos pro espaço junto com o Grande Septo de Baelor Cersei senta no trono de ferro para descobrir que a cadeira mais desconfortável do mundo vem ainda mais espinhos do que parece. Os inimigos dos Lannister vêm de todos os lados e sua lista de aliados é menos do que magra, é esquálida.
Jaime faz questão de lembrar sua irmã, que se recusa a lamentar a morte dos filhos já que precisa assertar seu domínio sobre Porto Real e os Sete Reinos (ou três, no máximo, conforme lembra o regicida), e pretende fazê-lo através de alianças, e qual sua maior chance de aliança bem-sucedida?
Os Homens de Ferro de Pike, liderados por Euron Greyjoy (Johan Philip Asbæk), que procura por uma rainha.
A cena com Euron, Cersei e Jaime na sala do trono, carregada de provocações de parte à parte deixaram claro que Euron deve ser o grande antagonista humano dessa temporada, assumindo o posto que já pertenceu a Joffrey e a Ramsey.
De fato, a sequência com Euron não foi particularmente inspirada, especialmente depois da ótima discussão entre os gêmeos incestuosos, mas já pudemos ver pra onde as coisas devem andar daí por diante.
Falando em andar, ninguém andou mais no episódio do que Samwell Tarly (John Bradley-West), encarcerado em uma rotina de organização, bosta e sopa na Cidadela dos Meistres em Vila Velha sob a tutela de Meistre Marwyn (Jim Broadbent), e, através dele, nós descobrimos que a maior fonte de vidro de dragão em Westeros está em Pedra do Dragão, uma informação que pode ser vital para Jon Snow (Kit Harrington), o novo Rei do Norte, que se prepara para a maior das guerras.
Falando em Jon Snow e em Pedra do Dragão...
Os Stark retomaram Winterfel, e Jon Snow foi aclamado Rei do Norte mesmo pelas famílias que, inicialmente, se opuseram a ele. Divergindo da opinião de Sansa a respeito dos Carstark e dos Umber, Jon não tomou as fortalezas ancestrais das duas famílias, apenas exigiu dos novos chefes das respectivas linhagens um voto de fidelidade. Foi interessante ver Sansa notar que Jon parece ter uma vocação natural para a liderança e mantém a mesma nobreza teimosa de Ned e de Robb, e ainda mais interessante vê-la dizer que o irmão/primo não pode cometer os mesmos erros dos últimos cabeças da casa Stark. Sansa chama a atenção de Jon e o lembra de que ele deve ser mais esperto que seu pai e irmão. Se Jon for capaz de ouvir Sansa e ela não se deixar levar pelas maquinações de Mindinho (Aidan Gillen) e pela própria urgência em ver as coisas sendo feitas a audiência pode estar diante de uma nova Casa Stark, nobre e heroica como Jon, mas temperada com a astúcia que Sansa colheu de suas desventuras com Cersei e Petyr. Outra boa sacada do episódio foi garantir que a audiência tivesse acesso aos pontos de vista de Jon e de Sansa sobre nenhum dos dois está absolutamente certo ou errado a respeito de nada, e que o meio-termo entre as vontades de um e de outro parece o caminho mais provável para o sucesso.
Eu francamente espero que Jon não seja teimoso demais para ouvir Sansa e que ela não fique enciumada pelo novo status do bastardo, pois a dupla parece ter muita lenha pra queimar ao longo da temporada.
E, pra fechar o capítulo, Daenerys chegou, em uma sequência silenciosa, a Westeros.
Finalmente.
Esse provavelmente era o momento mais antecipado da série nos últimos sete anos, e ver a rainha dos dragões alcançar as praias do continente foi bacana. Seu andar silencioso, acompanhada de Missandei (Nathalie Emmanuel), Verme Cinzento (Jacob Anderson), Varys (Conleth Hill) e Tyrion Lannister à morada ancestral dos Targaryen em Westeros foi tratada com a solenidade merecida na sequência que encerrou o capítulo, para que os espectadores soubessem que aquele era o pináculo do programa e, talvez, simbolizando que finalmente entramos na reta final de Game of Thrones.
Agora é hora de aguardarmos ansiosamente até o próximo domingo, e ver pra onde as coisas andam.

"-Diga que o Norte se lembra. E diga que o Inverno chegou para os Frey."

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