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segunda-feira, 24 de julho de 2017
Resenha Série: Game of Thrones, Temporada 7, Episódio 2: Stormborn
Atenção! Há spoilers!
Após seis temporadas, Game of Thrones chegou a um ponto onde nós podemos ver, com resultados agridoces, que o programa está se preparando para o seu encerramento. A sétima temporada, com oito episódios ao invés dos dez habituais, tem sido mais concisa do que as anteriores, e se não está correndo, e não está, também não está nem um pouco interessada em encher linguiça de forma alguma. As coisas têm acontecido em ritmo acelerado, e o episódio de ontem, Stormborn, fechou 25% da temporada num episódio que foi praticamente inteiro destinado a preparar terreno para encontros que queremos ver, e mostrar encontros que não estávamos tão interessados em ver, mas precisavam ser vistos, como a reunião onde Daenerys e sua equipe de conspiradores tramavam a melhor forma de tomar os sete reinos, ou ao menos os três reinos que Cersei tem consigo.
Se o núcleo e Dorne segue sendo o mais chato da série (a culpa, eu suponho, seja do Oberyn Martell de Pedro Pascal, que tinha um carisma simplesmente inalcançável por qualquer outro personagem do reino sulista), ver Ellaria Sand (Indira Varma) à mesa junto com Daenerys, Tyrion, Varys, Olenna, Yara (Gemma Whelan) e Theon Greyjoy (Alfie Allen) certamente deixa as coisas menos xaropes para os membros da casa Martell (apesar de, na verdade, nenhum deles ser Martell de fato, já que Ellaria era uma concubina e as Víboras da Areia são todas bastardas de sobrenome Sand, mas não deixem eu me ater a pormenores literários).
Muito do falatório estratégico do time de conselheiros de Daenerys serviu para mostrar à audiência que Dany teria um caminho incrivelmente fácil a seguir com sua conquista. Jogar hordas de dothrakis e tropas de Imaculados nas casas nobres leais à Cersei, incendiar Porto Real com seus dragões, sentar no Trono de Ferro e reconstruir a porra toda, mas Daenerys não é assim.
Se uma coisa ficou cristalinamente clara ao longo dos últimos seis anos (e foi reforçada pelo diálogo entre Daenerys e Varys que abriu o episódio) foi que a rainha-dragão se preocupa em demasia com o povo para submeter cidades inteiras aos horrores da guerra aberta; é por isso que os planos de Tyrion e Varys são de sitiar Porto Real com tropas westerosis e vencer Cersei e aqueles leais à ela pelo cansaço.
O plano não chega a impressionar Olenna Tyrell, que sugere a Daenerys que seja um dragão e pare de agir como uma ovelha.
Podemos pensar que Olenna tem razão, mas não podemos dizer que a série está criando novos obstáculos para Daenerys de maneira gratuita. Sua personalidade vem sendo moldada há seis anos, e ela definitivamente luta para ser melhor do que seu irmão ou seu pai. Logo, sua decisão de se negar a simplesmente incendiar Porto Real como o Rei Louco teria feito, é plenamente condizente para com a nobreza que a personagem vem cultivando.
Outro personagem que cultiva nobreza há seis temporadas, mas, sejamos honestos, geralmente o faz de maneira mais proativa, é Jon Snow.
O bastardo coroado rei do Norte e senhor de Winterfel segue sendo o norte moral de Game of Thrones ainda mais do que a mãe dos dragões nascida da tormenta, e a despeito de sua ascensão social após matar Ramsey Bolton, a missão de Jon segue sendo apenas uma:
Impedir que a Grande Noite recaia sobre Westeros.
Assim sendo, quando ele recebe um convite de Tyrion para conhecer Daenerys em Pedra do Dragão, e quase imediatamente após isso recebe o aviso de Sam de que Pedra do Dragão está sentada sobre um imenso bloco de Vidro de Dragão, uma das armas capazes de matar tanto os Caminhantes Brancos quanto os Outros, ele imediatamente aceita o convite, apesar dos protestos de seus súditos das casas setentrionais e de Sansa.
Foi bacana ver que a relação de confiança entre Jon e a irmã está amadurecendo, fato que fica comprovado ao vê-lo deixando Winterfel, e o Norte inteiro, nas mãos da ruivona. Sansa pediu para ser ouvida no episódio anterior, e ser feita senhora na ausência do irmão mostra o tamanho da confiança que ele deposita nela.
Se Sansa, de fato, está se tornando a ponte entre a inteligência de malfeitores como Petyr e Cersei e a nobreza e bravura dos Stark, descobriremos no período em que ela estará sozinha à mercê do Mindinho enquanto Jon viaja para o sul.
Jon e Mindinho, por sinal, tiveram uma bela sequência na cripta de Winterfel, com Jon repetindo o gesto de Ned Stark, que na primeira temporada prensou Baelish na parede e o esganou. Torçamos para que o bastardo não tenha o mesmo destino do pai/tio e acabe morto com a cabeça espetada em uma lança.
Falando em lanças, também tivemos uma breve visita a Porto Real, com Cersei reunindo as casas que seguem leais à sua coroa. É estranho ver Jaime do lado errado dos conflitos após termos tido uma espécie de redenção pro personagem no período em que ele andou com Brienne. É difícil, quando se tem noção do caminho que o personagem toma nos livros, não vê-lo como um corpo estranho entre os aliados de Cersei, ainda assim, isso serve para manter o esquema um pouco mais coerente com o padrão de Game of Thrones, onde, ao menos no início, nenhum personagem era totalmente bom, ou mal. Com Jaime ao lado de Cersei, ao menos o entourage da rainha não fica absolutamente desprezível, com figuras como ela própria e meistre Qyburn (Anton Lesser), o sujeito desenvolvendo balestras de grande potência, capazes de perfurar o crânio dos dragões de Daenerys.
Entrando no assunto de meistres, por sinal, Sam segue sua rotina em Vila Velha, aprendendo tudo o que pode na Cidadela, inclusive coisas que, talvez, ainda não devesse aprender.
Pesquisando por conta própria na biblioteca, ele descobre uma forma de tentar salvar sor Jorah (Iain Glenn) da escamagris que se espalha por todo o corpo do súdito mais devotado da khaleesi.
Aqui, é importante registrar que dá gosto de ver Sam tendo sua curiosidade recompensada. É bom ver que podemos ter um reflexo de Qyburn do lado dos mocinhos na forma de Sam, um sujeito que não está com medo de tentar dar um passo além do conhecimento convencional dos meistres em nome do bem. E fica cada vez mais claro que Jorah pode ser a chave para reunir Sam e Jon, talvez em Pedra do Dragão, onde o exilado Mormont pode tentar se reunir à Daenerys, mesmo que o preço para isso seja Sam deixar de estar atolado em bosta para se atolar em pus.
Enquanto esses reencontros não acontecem, tivemos Arya em, não um, mas dois reencontros, um, por sinal, pela qual vários membros da audiência ansiavam.
Se o reencontro dela com Torta Quente (Ben Hawkey), o garoto padeiro a quem ela conheceu em seus dias de Arry, o menino a caminho da Muralha serviu para oferecer a ela a informação de que Jon está vivo e é agora o Senhor de Winterfel.
Essa informação aparentemente foi capaz de soprar algum calor na frieza da jovem Stark (que relembrou, casualmente, que até andava fazendo algumas tortas ela própria), e, talvez, colocá-la na estrada para o norte, e não para o sul, não sabemos com certeza, até, porque, o segundo reencontro de Arya, com Nymeria, sua loba, solta nas Terras Fluviais após um chilique de Joffrey, ainda na primeira temporada, pareceu ter um efeito contrário na sua decisão prévia...
Enquanto Lady, a loba de Sansa foi sacrificada, Nymeria foi expulsa por Arya para não sofrer o mesmo destino, e Arya a encontrou reinando soberana em uma alcateia que assola a região. Ao tentar se aproximar da loba gigante, porém, a fera a rejeita, e dá-lhe as costas, fazendo com que Arya experimente algum tipo de epifania.
Não fica claro para nós se não ser reconhecida por Nymeria fez Arya se decidir em seguir seu caminho rumo a Porto Real, abrindo mão de vez de sua identidade como Stark em nome da vingança, ou a fez perceber que já não é mais quem costumava ser e precisa ir pra casa para reencontrar sua família e a si mesma.
Ainda que a narrativa não deixe isso claro, o simples fato de lançar tais dúvidas sobre nós, já mostra o quão tocante foi a sequência.
Falando em sequências tocantes, a cena de amor entre Missandei e Verme Cinzento foi bastante bonita, e nos deu a chance apreciar novamente a nudez de Nathalie Emmanuel, que além de talentosa é uma das mulheres mais bonitas na TV.
Pra fechar o capítulo, uma grande cena de ação, o confronto entre as frotas de ferro de Yara e Euron Greyjoy. Euron, conforme eu havia suspeitado, vai se juntar a Cersei como o personagem a ser odiado em Game of Thrones na temporada seis. Ao contrário do Rei da Noite, que é uma criatura maléfica, seres humanos desprezíveis como Joffrey, Ramsey e Cersei são mais fáceis de odiar, e Euron parece estar se esforçando para chegar ao rol dos outros citados.
O grande presente prometido por ele no capítulo anterior, aparentemente era Ellaria, a mulher que matou Myrcella, e, nesse caso, podemos esperar uma morte lenta e dolorosa para a dornesa nos episódios vindouros, afinal, como nós descobrimos através da septã Unella, Cersei Lannister não é de esquecer as afrontas contra si.
Com Danenerys em Westeros a guerra é iminente, e Cersei não está brincando e pretende descontar de todas as formas possíveis sua aparente desvantagem. Uma hora de TV de qualidade, tão enxuta que ao final do capítulo nós nos pegamos pensando "Mas já?!!".
Será outra semana longa até domingo.
"-Eu não vim até aqui para ser a rainha das cinzas."
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