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segunda-feira, 31 de julho de 2017

Resenha Série: Game of Thrones, Temporada 7, Episódio 3: The Queen's Justice


Atenção! Há spoilers!
A sétima temporada de Game of Thrones segue em sua marcha acelerada rumo ao oitavo episódio, e o terceiro capítulo do ano foi tão recheado de eventos, tramoias, conversas, reuniões, batalhas e reviravoltas que o reencontro entre dois Stark que não se viam desde a primeira temporada acabou sendo um dos momentos menos significativos da noite.
Bran Stark e Meera Reed (Ellie Kendrick) finalmente cumpriram o longo percurso até Winterfel, mas o reencontro acabou sendo mais frio que o próprio inverno. Bran parece absolutamente desligado do mundo agora que é o Corvo de Três Olhos, e tudo o que o abraço entre Jon e Sansa foi na temporada passada, o abraço entre ela e o caçula não foi na noite passada. Sentado junto ao represeiro branco do bosque sagrado, Bran tentou explicar à irmã como funcionam seus dons, mas talvez o tenha feito de maneira excessivamente insensível, ao deixar claro que viu a irmã sendo estuprada por Ramsey na sua "noite de núpcias".
A ruivona está fazendo um excelente trabalho como líder do Norte na ausência de seu irmão mais velho, mas Mindinho, conforme eu temia após o episódio da semana passada, está ali, buzinando-lhe no ouvido o tempo todo, e eu não posso deixar de temer, considerando o histórico de Sansa, que ela, confrontada com a frieza de Bran e os traumas que ela sofreu e aos quais o jovem Stark trata com tanta frieza, possa acabar se deixando levar pela conversa de Petyr, que ao menos lhe deu uma boa dica ao falar de como aborda seus problemas, imaginando cada cenário possível o tempo todo em qualquer situação, para não ser surpreendido pelo resultado.
Mas não foi o reencontro entre Bran e Sansa que abriu o episódio.
Não, senhor.
Tivemos, antes, o reencontro entre Tyrion e Jon, em Pedra do Dragão, outros dois que não se viam desde a primeira temporada e voltaram a se ver, e, finalmente, o encontro pela qual muita gente ansiava nos últimos sete anos: Jon Snow e Daenerys Targaryen.
A mãe dos dragões e o bastardo do norte dividiram a tela e não foi por um flash como poderia ter acontecido em uma temporada anterior. Os dois estiveram juntos por um bom tempo e em mais de uma cena para deleite da audiência.
Eu gosto da Daenerys e à essa altura já estou convencido de que ela é a melhor e mais interessada pessoa para reger os sete reinos, ainda assim, não posso dizer que não vibrei com o fato de Jon Snow não ter dobrado o joelho diante da khaleesi.
O jogo de ponto e contra-ponto entre Dany, Missandei e Tyrion e Jon e Davos foi um dos momentos mais bacanas da temporada até aqui, com ambos os lados deixando claro que tanto Jon quanto Daenerys são pessoas que se ergueram às suas novas posições através de esforço e luta, e o fizeram, não em nome de interesse próprio, mas para proteger os indefesos e que o rei do Norte é tão merecedor de seu título quanto Daenerys é (da maioria) dos seus (e aqui abro mais um parentese para aplaudir o sor Davos Seaworth de Liam Cunningham, que não deixou os arautos de Dany saírem por cima no confronto de status e feitos).
Nenhum ponto ficou descoberto, nenhum dos dois deu sequer um passo atrás, e ainda assim, não chegaram a hostilizar um ao outro (o que foi bom, já que são dois dos poucos mocinhos ainda vivos em Westeros).
A teimosia da rainha dragão e do rei lobo, por sinal, levou a um dos pontos altos do episódio, pra mim. Uma participação maior e mais ativa de Tyrion Lannister.
Nos momentos mais chatos de Game of Thrones, nominalmente a temporada 4, Peter Dinklage meio que carregou o programa nas costas em diversos momentos, algo que ficou impraticável após ele deixar Porto Real e outras linhas narrativas ganharem corpo. Eu achei o ator subaproveitado nas últimas duas temporadas, e foi bom vê-lo voltar a ter um papel de destaque fazendo o meio campo entre Dany e Jon, e garantindo que o bastardo pudesse extrair a obsidiana que Sam revelou existir sob Pedra do Dragão.
Sam, por sinal, apareceu em uma breve cena com meistre Marwyn e sor Jorah, totalmente curado da escamagris graças ao tratamento que o aspirante a meistre realizou clandestinamente. Agora saudável, Jorah pode reassumir seu lugar ao lado da khaleesi e se tornar, novamente, o senhor da friendzone, enquanto Sam cresceu aos olhos do arqui-meistre e foi premiado não sendo punido por seu audacioso movimento.
Punição, aliás, foi o que não faltou em The Queen's Justice. Euron Greyjoy curtiu um raro momento de adoração em Porto Real, chegando à capital de Westeros com três presentões para Cersei Lannister: Yara Greyjoy, Ellaria e sua filha, Tyene Sand (Rosabell Laurenti Sellers).
Todos nós já vimos o quanto Cersei pode ser cruel ao longo dos últimos sete anos. Cersei é tão vaca que conseguiu transformar sexo oral em uma forma de maldade (nos livros ela assume que preferia fazer sexo oral em Robert para poder devorar os herdeiros do rei, uma declaração que eu não me lembro se chegou à TV), imagine se ela não encontraria uma forma absolutamente tenebrosa de devolver a perda de Myrcella à Ellaria com todos os juros e correção monetária que sua mente psicopata poderia imaginar?
Aqui, porém, cabe um novo parentese, essa pode ser a primeira vingança de Cersei que é totalmente justificada, afinal de contas, Myrcella, ao contrário de Joffrey, era uma criança inocente e indefesa, e foi uma tremenda sacanagem Ellaria matá-la da maneira que fez. Óbvio, a forma que Cersei encontrou de retribuir foi consideravelmente mais cruel, ainda assim, esse é um daqueles momentos em que quase podíamos entendê-la e até simpatizar com ela.
Ao menos até ela se sentir tão extasiada por ter tocado o horror em Ellaria que saiu correndo para dar pro irmão e até deixou que a criadagem da Fortaleza Vermelha visse Jaime em sua cama.
Jaime, aliás, é outro personagem por quem andamos tendo sentimentos conflitantes nessa temporada tamanha a quantidade de camadas que ele vem desenvolvendo desde que deixou de ser apenas o escroto com cara de príncipe encantado do Shrek.
Foi legal ver que as provocações de Euron na sala do trono o afetaram, e também que, no desfecho do episódio, quando aconteciam simultaneamente os ataques dos Imaculados à Rochedo Casterly, com uma estratégia criada por Tyrion, e o ataque de Jaime à Jardim de Cima, usando uma estratégia que Jaime aprendeu com Robb Stark (apesar da desvantagem inicial, Cersei, Jaime e Euron estão dando um banho em Dany, Tyrion e Varys, o placar agora está em 2 x 0 fora o baile), foi o regicida quem resolveu apresentar misericórdia à Olenna Tyrell.
A cena com o Lannister e a última Tyrell viva, por sinal foi muito boa. Enquanto ele escolhia o caminho magnânimo, oferecendo uma morte rápida e indolor à Olenna, ela meteu o pé na garganta dele ao assumir a autoria pela morte agonizante que Joffrey sofreu nas suas bodas. Resta saber se Jaime vai contar isso à Cersei, já que a rainha culpa Tyrion pelo assassinato, e Jaime parecia ainda nutrir afeto pelo irmão...
Estamos chegando à metade da temporada de Game of Thrones e o placar da guerra começa a favorecer Cersei de maneira bastante clara à essa altura. Com os esforços de Daenerys e companhia sendo sistematicamente arruinados e a lista de aliados da rainha dos dragões diminuindo rapidamente a necessidade que ela tem de que Jon Snow se una à sua causa começa a ficar tão desesperadora quanto a necessidade que ele tem de dragões em seu fronte contra o Rei da Noite.
A cada semana os episódios parecem mais curtos.
É esse o nível de excelência da atual temporada.

"-Você está na presença de Daenerys nascida da tormenta, da Casa Targaryen, legítima herdeira do trono de ferro, rainha legítima dos ândalos e dos primeiros-homens, protetora dos sete reinos, a mãe de dragões, a khaleesi do grande mar de grama, a não queimada, a quebradora de correntes.
-Este é Jon Snow. ... Ele é rei do Norte."

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