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segunda-feira, 1 de outubro de 2018
Resenha DVD: Rampage: Destruição Total
Filmes de monstros gigantes são, provavelmente, o mais poderoso pilar do cinema enquanto "cinemão". A variedade da sétima arte que é menos "arte" e mais produto de consumo de massa. É o momento onde o cinema como forma de contar histórias se separa de vez de outros formatos visuais, como o teatro e TV por permitir o senso de grandiloquência que esse tipo de história precisa.
Desde as criaturas de stop-motion de Ray Harryhausen e Willis O'Brien, passando pelas trucagens com animais desproporcionados de filmes como Um Milhão de Anos Antes de Cristo até os dinossauros de CGI de Jurassic Park e o King Kong de Peter Jackson, nenhuma mídia além do cinema foi capaz de criar o espetáculo visual que um monstro gigante pede, e, ao mesmo tempo, pouquíssimos filmes conseguiram ser um longa de monstro gigante com mais do que... Bem, monstros gigantes.
Esses filmes normalmente têm mensagens, King-Kong tinha uma mensagem, sobre como o homem rouba o espaço da natureza e depois a destrói. Godzilla era o destino na forma de um lagarto atômico que vinha punir a humanidade por suas transgressões nucleares. Os dinossauros de Jurassic Park (ao menos do primeiro...) eram o lembrete da natureza de que as coisas extintas provavelmente estavam extintas por uma razão... Rampage não é exceção. Em algum lugar ali há um amálgama de todas essas mensagens e, também, uma a respeito de usar animais como cobaias... Eu acho... De qualquer forma, não é a falta de mensagens que pode causar problemas a esse tipo de filme (Círculo de Fogo não tinha nenhuma e é épico), mas a falta de personagens minimamente relacionáveis, e esse é um problemão em Rampage.
No longa, o primatologista Davis Okoye (Dwayne "The Rock" Johnson) é o responsável pelos gorilas em um retiro de animais em San Diego. Lá, a menina de seus olhos é o gorila albino George, um silverback particularmente inteligente, capaz de compreender e se comunicar através de linguagem de sinais.
As coisas se complicam quando um experimento de engenharia genética levado a cabo pelos gananciosos irmãos Wyden, Brett (Jake Lacy) e Claire (Malin Ackerman), sai de controle, expondo George e outros animais a um composto mutagênico que os altera transformando-os em agressivos monstros gigantes que destroem tudo em seu caminho enquanto são atraídas à cidade de Chicago.
Lutando para impedir que seu amigo símio machuque alguém ou seja morto pelas autoridades, Davis se junta à geneticista Kate Caldwell (Naomie Harris) e ao agente governamental Harvey Russel (Jeffrey Dean Morgan) em uma corrida contra o tempo para chegar a Chicago antes das criaturas e impedir um massacre.
Um filme idiota desde a cena de abertura, onde uma astronauta tenta escapar de uma estação espacial em chamas sendo perseguida por um rato gigante, Rampage é nada mais do que um recorte de sequências de ação envolvendo monstros gigantes entremeada por uma história boba com um fiapo de roteiro.
Enquanto eu entendo que Dwayne Johnson é um astro de cinema, e não um ator, e vai emprestar seu carisma a qualquer um que pague seu cachê, é difícil entender porque Naomie Harris achou que essa era uma boa ideia após as indicações ao Oscar no ano passado. Os dois personagens centrais são mal e porcamente escritos. Enquanto o herói recebe um vago background do tipo "gosto mais de animais do que de gente", a geneticista/acessório do roteiro tem uma história trágica envolvendo a morte do irmão durante o experimento que criou os monstros... Nenhum dos dois consegue superar o gorila albino George em interesse da audiência.
Os vilões, oh céus, são duas das mais tristonhas caricaturas que um filme lançado nos cinemas já viu. O personagem de Lacy é um imbecil completo, enquanto à executiva malvada de Ackerman falta apenas um bigode cujas pontas ela pudesse revirar enquanto planeja suas maldades. À certa altura um dos dois realmente diz que "esses experimentos eram feitos na órbita da Terra, e não era pelo bem da humanidade".
Melhor sorte tem Jeffrey Dean Morgan. Seu oficial de "Outra Agência Governamental" sulista é desgraçadamente clichê, mas o Negan de The Walking Dead abraça o ridículo e o absurdo com gosto, e parece estar ao menos tentando rir da coisa toda. Outro que se salva é o militar vivido por Joe Manganiello, que em sua breve participação consegue manter a dignidade.
O diretor Brad Peyton, o mesmo de Terremoto: A Falha de San Andreas mantém seu trabalho praticamente invisível em termos de estilo, parecendo estar ali apenas pra traduzir o "roteiro" de Ryan Engle, Carlton Cuse, Ryan Condal e Adam Sztykiel em imagens mais sem personalidade ou assinatura possível, com efeitos visuais OK e algumas boas cenas de pancadaria entre monstros gigantes.
Eu sei, que quem vai ao cinema assistir a um longa como Rampage: Destruição Total não pode, em sã consciência, esperar um filme de arte, esperar realismo, ou esperar muito mais do que cem minutos de escapismo descerebrado, eu sei. OK. Mas um mínimo de estilo, de estofo aos protagonistas, e talvez, apenas talvez, um script que não parecesse ter sido escrito em vinte minutos numa mesa de bar seriam bem-vindos.
Mais um filme menor na carreira de Dwayne Johnson, Rampage: Destruição Total é um tremendo desperdício de tempo e talento, e não fosse a presença do gorila e sua luta final contra o crocodilo Lizzie, não valeria sequer a locação.
"-Se animais gostam de você, eles te lambem. Se animais não gostam de você, eles te comem. Você sempre sabe em que pé as coisas estão."
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