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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Resenha Game: Marvel's Spider-Man - The Heist


Marvel's Spider-Man foi como reencontrar a ex-namorada à qual tu nunca teve coragem de chamar de "ex" porque, apesar de vocês não estarem mais juntos, ela ainda era "A guria", e receber um sorriso doce, um abraço apertado, e a garantia reconfortante de que ela ainda pensa em ti com o mesmo carinho de antes.
Foi a maneira que fãs que foram enxovalhados por anos de histórias ruins e filmes que pasteurizaram o personagem para audiências mais amplas e preguiçosas encontraram de se reaproximar de um personagem que ainda era o preferido, mas do qual as escolhas midiáticas haviam nos afastado.
Ao menos foi assim pra mim.
Após um começo onde tudo o que não era o cânone dos quadrinhos ao qual eu estava afeiçoado me incomodava, eu vi que aquele Peter Parker/Homem-Aranha era tão Peter Parker/Homem-Aranha quanto era possível ser. Palmas para a equipe da Insomniac e para o ator/dublador Yuri Lowenthal, que criaram um dos retratos definitivos do personagem.
Marvel's Spider-Man é tão bom que após terminar relativamente rápido a campanha do game eu me coloquei a jogar em busca dos troféus que ainda faltavam para a platina, e após conquistar o troféu de 100% do game me pus a explorar o modo New Game Plus disponibilizado na semana passada.
E, na última terça, fiz algo que havia feito poucas vezes na minha vida:
Reativei minha conta brasileira na PSN apenas para comprar o DLC de história do game, intitulado The City That Never Sleeps, e poder jogar o primeiro dos três capítulos que serão disponibilizados mensalmente.
O primeiro, The Heist, nos leva de volta à Nova York digital do game após os eventos da história principal para ver o Homem-Aranha se envolver com um assalto ao Museu de Arte Contemporânea de Nova York.
Se inicialmente o assalto parece obra de uma das famílias do sindicato criminoso conhecido como a Maggia, não tarda para que o nosso herói descubra que Felicia Hardy, a Gata Negra está na jogada, em uma corrida contra o vilão Cabeça de Martelo para encontrar pen-drives com informações cruciais para as famílias criminosas escondidos em obras de arte por toda a ilha de Manhattan. Imediatamente o Homem-Aranha se vê até o pescoço na coisa toda, lutando para impedir a explosão de uma guerra entre as famílias mafiosas e para ajudar Felícia, mesmo que ela não deseje ajuda.
The Heist abre imediatamente em uma sequência de ação furtiva durante o assalto ao museu.
É basicamente o que nós já havíamos experimentado durante o game, mas fica claro que os inimigos são, desde o início, as versões mais casca-grossa dos antagonistas do game, semelhantes à bandidagem que encontramos nos estágios finais do jogo base. Conforme o estágio avança, o game nos oferece uma novidade na sua jogabilidade básica de decidir entre se manter furtivo ou cair na porrada de modo aberto ao obrigar o jogador a se concentrar em alguns inimigos específicos enquanto luta com a horda de vilões inteira em um segmento que incentiva um uso mais esperto das engenhocas aracnídeas.
O novo conteúdo se divide basicamente em missões stealth e perseguições, além de oferecer uma nova onda de crimes pelos distritos de Manhattan, que incluem a adição de carros-bomba como os pepinos a serem descascados pelo herói, há ainda uma missão secundária curta e fácil mas que tem alguma doçura inerente e está conectada à história do DLC, além de uma nova série de desafios engendrados, não pelo Treinador, mas por Screwball.
Apesar de a personagem ser uma das contribuições mais cretinas de Dan Slott ao legado do Homem-Aranha nos quadrinhos, as missões de desafios do game são interessantes. Os EMP Challenges são variações dos Drone Challenges do Treinador, e os desafios de combate dessa vez oferecem bônus quando inimigos são neutralizados em certas área do mapa. Há ainda um desafio de engenhocas onde devemos neutralizar hordas de adversários utilizando apenas dois aparelhos do arsenal do herói.
Apesar de não serem particularmente inspirados (ou desafiadores) esses desafios dão um respiro ao andamento da trama e oferecem ao jogador que ainda não habilitou todos os trajes do game uma chance de ganhar mais uns emblemas.
Não há grandes novidades no tocante aos antagonistas, exceto um daqueles brutos pesados que carrega uma mini-gun e pode ser um pé no saco quando estamos cercados de inimigos nos níveis de dificuldade mais altos.
No tocante a narrativa, The Heist é obviamente um primeiro capítulo, e como tal fica complicado fazer um juízo definitivo de uma história da qual vimos apenas um terço, seja como for, eu que sou um fã declarado do período em que o Homem-Aranha e a Gata Negra foram um casal, caí novamente de amores pelo game.
A relação dos dois personagens é explorada de maneira brilhantes penas nos diálogos entre os dois personagens. Mais do que isso, a forma como Peter e Felícia tratam o caso de maneiras absolutamente distintas. Ele, todo constrangimento, ela, pura provocação.
A relação entre o Aranha e a Gata Negra, e a forma como essa relação impacta em Mary Jane são testemunho de o quanto a Insomniac conhece o cânone aracnídeo, e como ainda é capaz de personalizar essa história e torná-la atraente para um público que não tem décadas de conhecimento sem afastar os fãs do material-fonte.
O trabalho de dublagem de Lowenthal e de Laura Bailey segue sendo estrelar, e Erica Lindbeck, que já havia deixado seu cartão de visitas nas breves missões secundárias da Gata Negra no game base, não fica devendo em nada aos dois.
A despeito de algumas novas mecânicas de jogo parecerem um pouco truncadas à primeira vista e de o conteúdo ser relativamente curto, com coisa de três horas de história fora missões secundárias, a forma como a Insomniac continua nos oferecendo versões tão sensacionais de personagens que amamos garantem que o retorno a Marvel's Spider-Man seja sempre um deleite.
Que venha novembro e Turf Wars.

"-Precisamos ser silenciosos como um gato...
-Sorrateiros como uma aranha..."

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