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terça-feira, 31 de março de 2020

Resenha Série: Star Trek: Picard, Temporada 1, Episódio 10: Et In Arcadia Ego parte 2


O derradeiro episódio da primeira temporada de Star Trek: Picard foi, possivelmente, o mais movimentado e repleto de fan service da temporada.
Seguindo os eventos da primeira parte do season finale, Picard está isolado após ser capturado por Sutra e Soong, a quem Agnes parece ter se unido, enquanto, na La Sirena, Rios e Raffi tentam achar uma forma de usar a flauta mágica de Saga para consertar a nave, aleijada pelo ataque das Orquídeas no início do capítulo passado.
Não é tudo o que está acontecendo, porém.
No Cubo Borg, enquanto Sete de Nove e Elnor se tornam bons amigos, Narek se infiltra para ter uma última reunião com Narissa antes de preparar o terreno para a chegada da Zhat Vash enquanto Soji abraça com gosto a causa sintética e passa a trabalhar na construção de um farol que irá sinalizar e abrir um portal para que as poderosas inteligências artificiais dos confins do cosmos cheguem à nossa galáxia e cumpram os sombrios vaticínios que movimentam os fanáticos Romulanos.
As coisas não vão bem para os orgânicos desse setor do universo a menos que algumas disposições não sejam tão sombrias quanto imaginávamos...
Conforme eu disse ali no início, Star Trek: Picard ofereceu um final de temporada sólido, com uma boa mistura de ação, momentos importantes para seus personagens e uma boa dose de fan service polvilhada por cima de tudo.
O tema central da temporada, que girou ao redor do desenvolvimento desse novo momento da vida de Jean Luc Picard e da maneira como ele lidou com suas próprias falhas, conseguiu fechar um círculo que, se não foi totalmente redondinho, também não virou um triângulo escaleno como aconteceu com outras revisitas a personagens clássicos, tampouco ficou no vácuo como alguns arcos secundários dentro da própria série.
A segunda parte de In Arcadia Ego ainda contou com boas atuações de Alison Pill e Isa Briones, além da competência habitual de Stewart, que tem um longo histórico de se comprometer com o roteiro de Star Trek mesmo em momentos onde os escritores parecem ter dormido em cima do teclado.
Falando em dormir no ponto, é difícil não ver as duas metades do Seasons finale e não sentir que a decisão de cortar o capítulo final em dois foi questionável, como se fosse melhor reeditar a coisa toda como um capítulo com tamanho de longa metragem, talvez. Nem todas as pontas soltas foram amarradas, mas elas continuaram existindo para servir à narrativa principal, que sim, foi resolvida de maneira adequada, a despeito de algumas decisões bastante questionáveis (ainda que facilmente previsíveis) dos roteiristas...
A temporada, como um todo, segue sendo terrivelmente irregular, algo que era mais facilmente perdoável em, por exemplo, A Nova Geração, com seus vinte e tantos episódios basicamente isolados por temporada, do que em uma série com dez capítulos pensada para contar uma história só.
Se houve uma coisa que In Arcadia Ego entregou de maneira significativa, foi justamente a conclusão do arco de personagem de Jean Luc Picard.
Como os demais personagens da série, Jean Luc começou a temporada alquebrado, e foi se reconstruindo tijolo por tijolo até voltar a ser o Picard que conhecemos em A Nova Geração, usando as armas que nós sabemos que ele domina em sua tentativa de impedir uma guerra.
Mais importante do que isso, ele foi capaz de se livrar da culpa pelo destino de Data em Nêmesis com a ajuda do próprio (aliás, o rejuvenescimento digital de Brent Spiner nesse episódio só faz a aparição de Data na Premiere parecer mais esquisita. Não podiam ter usado a mesma tecnologia, então?).
A primeira temporada de Star Trek: Picard pode ter falhado em entregar um bocado do que a audiência esperava, mas o que conseguiu entregar em seu desfecho quase compensa pelas más ideias às quais os roteiristas e showrunners quase morreram abracados. A sensação de finalmente enterrar um amigo querido que partiu traz o tipo de sensação de encerramento capaz de nós fazer perdoar as piores transgressões.
Vamos ver o que a segunda temporada nós trará.

"-Medo é um professor incompetente."

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