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sábado, 14 de novembro de 2009

Eu e os gibis


É uma relação antiga, essa. Eu leio gibis desde antes de saber ler. Lembro de ter gibis do Superman nas mãos e de me meravilhar com os desenhos enquanto podia apenas imaginar o que diziam os balões e os recordatórios nas páginas repletas de figuras ágeis e coloridas.
Foi só depois das séries iniciais que eu pude, enfim, descobrir o prazer de ler uma história. Aos nove anos de idade eu lia vorazmente os gibis do Conan que meu pai comprava. Estavam longe de ser a leitura ideal pra fedelhos de terceira série, mas eu adorava o bárbaro cimério em histórias escritas por Roy Thomas e desenhadas por John Buscema, vibrava quando ele decapitava inimigos usando sua espada de aço hirkaniano, quando bradava por seu deus, Crom, ou quando arrastava uma mulher relutante para seu leito.
Lia Batman, Superman, Hulk, Demolidor... Flertei com a DC do Superman, do Flash, do Batman e do Lanterna-Verde, entretanto fui fisgado pela Marvel de X-Men, Quarteto Fantástico, Motoqueiro-Fantasma, onde mesmo os personagens mais estranhos tinham, em sua essência, problemas normais, de pessoas normais.
E o personagem de gibis que viria a me converter no apaixonado por quadrinhos que sou hoje era um jovem nerd, não muito diferente de mim á época.
Ele não tinha sorte com as gurias, não tinha muito dinheiro, não era o sujeito mais bonito da sua turma, nem o mais descolado, embora fosse o mais inteligente. Ele tinha uma tia idosa que mandava ele vestir uma blusa, ou pegar um guarda-chuva, ele tinha, por ter sido arrogante, perdido um tio que lhe era muito caro, e aprendeu á duras penas que grandes poderes conferiam grandes responsabilidades.
Foi lendo o Homem-Aranha que eu aprendi muitas coisas que, ainda hoje, adulto, descrente e muito chato, emprego na minha vida.
Não digo com isso que eu seja um super-herói, nem em poderes e muito menos em conduta, sou repleto de falhas assim como a maioria, talvez até mais. Mas ás vezes, quando me dou a oportunidade de pensar antes de mandar tudo lá pra casa do Capita e fazer uma bobagem, penso nas minhas responsabilidades.
Ás vezes é o suficiente pra me livrar de olhar pra trás envergonhado com alguma atitude mal pensada. Ás vezes.
Seria bom se nós (E quando digo nós me refiro á todos, não apenas ao leitor e á mim.) fôssemos capazes de extrair alguma sabedoria de toda a parte. Eu tento fazer isso. Há quem leve a vida de acordo com um livro (A Bíblia, o Corão, o Talmud.), eu tento levar de acordo com vários, livros, gibis, filmes... Se não sou perfeito, e nem nutriria tais pretensões, ao menos tenho noção de o quanto sou imperfeito. É uma perspectiva bem interessante.

"-Com grandes poderes vem grandes responsabilidades.
-E...?
-E o quê?
-E? Falta uma parte da sentença. Está incompleta. O que vem com as grandes responsabilidades?
-Todo o resto."

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