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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Velho amor... Novo amor...
Será que sabemos? Será que percebemos quando o amor acaba?
Pois o amor, igual á tudo na vida tem seu início, algum momento especial que nenhum de nós percebe quando acontece. Quando percebemos, estamos apaixonados. Não sabemos desde quando, não sabemos quando aquela excitação, aquela sensação na boca do estômago, aquele turbilhão de novidades que se manifestam nos cinco sentidos, um movimento captado pela visão, um timbre diferente durante uma brincadeira, a temperatura da pele durante um abaço, um cheiro enquanto se acariciam, ou o sabor de um beijo, tudo isso... Não temos nem a mais remota ideia de quando isso se tornou amor.
Sabemos porém, precisamente quando o amor acaba. Temos o instante exato. Um momento de definição, uma fronteira ou divisa que o amor não consegue superar. Pode ser o tom de voz em um comentário. Um gesto feito com desdém... Na verdade, é igualmente difícil saber quando o amor acaba, mas é fácil lembrar quando percebemos isso pela primeira vez...
Ele sabia qual era esse momento. Estava apaixonado haviam mais de dois anos. Obviamente não sabia quando o amor começara. Fora um namoro nascido à fórceps. Todos insistiam, todos lhe avisavam, a guria mais bonita da rua estava "na dele", ele, de certa forma, já sabia. Conversava com ela com fingido desinteresse, á despeito de seus braços, nariz, cabelos, e todo o resto, á despeito das sardas, dos dentes assimétricos de forma simétrica na arcada inferior, ele mantinha uma distância algo cavalheiresca, algo desinteressada. Era proposital, era o jeito dele flertar. Alguns eram gentis demais, outros gentis de menos. Ele se mantinha entre a educação e o desdém, tentando de forma intuitiva não exagerar nem pra um lado nem para o outro. Mas sabia que ela gostava dele, fosse e outro modo ela não ligaria pra sua casa todo dia de noite pra que se encontrassem em frente ao prédio e conversassem, então, á despeito da imagem de inocente que ele lutava pra passar aos seus amigos, ele sabia.
Duas coisas o impediam de tomar uma atitude mais drástica: Primeiro, ele ainda não havia escolhido um momento para seu "ataque", embora não gostasse de chamar assim. E, mais imortante: Ele era muito, muito, muito tímido.
De modo que as coisas seguiram em banho maria até que ela tomou uma atitude e finalmente a relação alçou voo.
Foi um namoro de altos e baixos. Ele, imediatamente passou a tratar a relação como um namoro. Ela, por outro lado, pareceu precisar da "aprovação" de vários amigos, e amigas e parentes. Como se ele, por si só, não justificasse a atração que ela lhe dirigia, e ela precisasse da confirmação de outrem.
Ele não se magoou. Ali ainda não a amava. Era apenas uma garota bonita, pouco mais que um símbolo de status. Além do que, ela o afastava, o repelia, de modo que ele não tinha certeza se as coisas engrenariam. Ela o tratava de um modo que parecia que era interessante estar com ele em certos momentos, e não tanto em outros.
Ela tinha muitos amigos, muitos compromissos, muitos programas, ele era fechado, sisudo, ensimesmado... E ele sabia, era alguém de convívio difícil.
Mas, á despeito disso, fosse por que sentimentos iam sendo nutridos naquela toada torta, fosse por que o namoro deles era conveniente, as coisas seguiram seu rumo.
Seguiram juntos, subitamente o relacionamento virou namoro, nem tudo melhorou, o sexo, por exemplo, era complicado, ele não fazia ideia do porque, saíra, pouco antes, de um relacionamento onde o sexo era fácil e aparentemente satisfatório para a outra parte, e cósmico para ele. No recém nascido novo namoro, porém, faltava entendimento, faltava diálogo, faltava interesse mútuo, de certa forma. Mas uma relação se baseia em mais do que atividades de alcova, e o namoro seguiu.
Ele aprendeu á admirar as qualidades dela, ela, aparentemente, aprendeu á conviver com os defeitos dele.
Haviam brigas, discussões, ela ficava furiosa, ele se vestia com tanta ironia e sarcasmo que ela provavelmente o mataria se estivesse armada... Mas, por estranho que pareça, áquela altura, eles se amavam. Ele, pelo menos, a amava muito. Tivera chances de traí-la, de encontrar a satisfação física que aquela relação não lhe trazia (exceto uma vez, em que ambos fizeram amor de comum acordo num quarto na casa da praia. Aquela vez fora sublime, e tudo que ele queria que fossem todas as manhãs.), mas sepre optara por ser fiel, embora nem sempre fosse honesto, afinal, não verbalizava suas frustrações, nem tentava conversar á respeito.
Seguiria naquela vida pra sempre, se imaginava casado, se imaginava pai dos filhos dela, e, por estranho que pareça, era um pensamento agradável.
Ele não sabia quando começara, mas a amava, e amava, como já foi dito, muito.
Uma vez, porém, estava na aula, se preparava para o vestibular, não estudava muito, estava estudando mais para manter a proximidade com o ambiente acadêmico, sabia que passaria nas provas. Ainda era fiel, embora nem sempre fosse devotado, e os problemas da relação persistissem. Ele ainda a amava.
Eis que houve um dia, um dia em que chegou á sala de aula uma moça. Ela era linda, era atraente. Era diferente.
Ele se encantou com ela. Claro, a primeira coisa que vemos é o físico, e foi isso que o atraiu primeiro. Ela sentava á sua frente, um pouco mais á direita, e durante as aulas mais chatas, tudo á que ele prestava atenção era à sua cabeleira ruiva na fileira ádiante. Ele queria se aproximar, gostava de desfrutar da companhia de uma bela mulher, podia ser amigo de uma, já o fora diversas vezes na vida.
A proximação não foi fácil, na primeira vez em que tentara contato, agira sem pensar, e percebeu que ela não gostara.
Mas insistiu, estava curioso, gostava dela, de seu jeito. Ela era tão diferente das mulheres que conhecia.
Entretanto, conforme aprendia sobre aquela estranha, e ela se tornava uma amiga familiar, ele foi percebendo o quanto ela o atraía, e não só fisicamente. O quanto ansiava pelas ligações dela, por vê-la novamente no dia seguinte, e o quanto desejava estar perto dela, e não via nada de errado nisso.
Foi nesse instante, quando percebeu que estar perto dela parecia certo, que ele notou que o amor antigo acabara.
Ele não sabia se o que sentia naquela hora era amor, por Deus, ele sequer sabia o que aconteceria á seguir, ela tinha namorado, parecia amá-lo muito, ele tinha apenas uma certeza em seu mar de dúvidas. Se ele se sentia daquela forma, o antigo amor acabara.
Foi com o coação partido que ele terminou o namoro que vivia já haviam dois anos, á despeito da proposta de um "tempo", ele achou que não seria justo deixar alguém com quem se importava na reserva de suas afeições enquanto esperava pelo que considerava algo melhor.
Ele a deixou, com o coração partido, com a alma em farrapos, mas feliz, feliz pois ela estava livre pra encontrar alguém que amasse de fato, e ele estava livre, senão para ser amado por aquela nova e admirável mulher, ao menos para amá-la, em silêncio se fosse o caso.
Ele não sabia quando seu amor acabara, mas sabia quando percebeu isso:
Foi quando sentiu outro aflorar.
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