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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Resenha Cinema: 127 Horas


Qualquer pessoa que estivesse viva em 2003 lembra do caso de Aron Ralston, alpinista que ficou preso sob uma rocha e, após cinco dias, amputou o próprio braço com um canivete vagabundo e andou vários quilômetros, faminto e sedento até receber socorro.
Não me surpreende que tenham feito um filme á respeito, não mesmo, essa é uma daquelas demonstrações de tenacidade e vontade de viver que merece um filme. Me surpreende que não tenha sido um filme meia-boca feito direto pra TV, tipo, O Resgate de Jessica, ou Enchente: Quem Salvará Nossos Filhos (Lembram desses clássicos da Sessão da Tarde e do Cinema em Casa?). Por sorte, isso não aconteceu com 127 Horas, o projeto caiu nas mãos de um talentoso diretor vencedor de Oscar e cheio de filmaços no currículo, Danny Boyle, de Cova Rasa, Trainspotting e Quem Quer Ser Um Milionário foi quem catou o projeto, o que já era promessa de alguma qualidade, a posterior entrada de James Franco (Que desde Homem-Aranha mostrava um talento que não devia ser ignorado) só melhorou a figura do filme, e foi nesse final de semana, fugindo dos bailes pré-carnaval, que encarei uma sessão do filme, e posso afirmar, os bons sinais durante a materialização do projeto, não eram infundados.
127 Horas é um tremendo filme.
Desde o início do filme fica claro que algo vai dar errado, é quando vemos a mão de Aron dançando por um armário alto e passando batida por um canivete suíço. Não que isso pareça fazer diferença pro personagem. Aron é um herói moderno que vive no momento, ele abandona o seu canivete suíço em casa, mas leva filmadora e câmera. Ele quer chegar logo ao cânyon BlueJohn, mas se detém pra passar um tempo com as gatinhas perdidas. Ele quer estar livre, mas admira a pedra que o prende por tê-lo esperado por toda a sua vida.
Uma vez preso sob a rocha, chega o momento de o filme adquirir tintas de mito civilizador, é hora de Aron expiar seus pecados passando por perrengues e aprender sua lição, certo?
Talvez, se fosse aquele filme feito pra TV que eu imaginei, pudesse ter sido assim, aqui, não. Aron se arrepende de algumas coisas, claro, aprende outras, óbvio, mas não deixa de ser quem é. Não encontra nenhuma suprema iluminação, nenhuma epifânia salvadora nas coisas que deixou de fazer, o imediatismo e a gravidade de seu ocaso não permitem, ele apenas agarra-se a vontade de sobrevive, com James Franco fazendo seu show de um homem só auxiliado pelo roteiro e pelas ótimas sacadas visuais de Boyle, que usa recortes de propagandas, câmeras de vigilância, as próprias câmeras de Aron como recurso para que o longa não se torne maçante nas longas sequências em que Aron está preso sob a rocha e lembra das coisas que fez e deixou de fazer.
No final das contas, 127 Horas é um ótimo filme, um drama de superação com alguns dos clichês do gênero (Cinco minutos de música de triunfo no final do filme?), claro, mas com o toque de Danny Boyle, e o talento de Franco. Acho que se perdoam os arroubos.

"Olá pra você, Aron! É verdade que você não contou à ninguém onde estava indo?"

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