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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Resenha Cinema: Transformers 3 - O Lado Oculto da Lua


Ontem fui ver a última empreitada de Michael Bay e seus amigos Autobots no cinema. Uma semana depois da estréia, encarei uma sessão em 3-D de Transformers 3, último capítulo da (Inevitável) trilogia dos robôs que estrelaram algumas das brincadeiras infantis que guardo com mais carinho na minha memória oitentista.
Se no primeiro filme Bay conseguiu mesclar com competência comédia e ação e ainda contar uma história obtendo um sucesso de público (Familiar) e (um estranho) de crítica, no segundo longa, o injustiçado A Vingança dos Fallen, ele foi achincalhado além de todos os limites. Transformers 2 era tão divertido e competente quanto o primeiro filme. Ainda havia um fiapo de história (Ou alguém quer me convencer de que a história do primeiro longa era assim tão superior?) servindo pra que Bay, um diretor tremendamente limitado, fizesse a única coisa que sabe fazer direito: Mostrar espetaculares cenas de ação intercaladas com piadinhas por vezes infames e deixar a platéia de queixo no chão com os embates entre Decepticons e Autobots e as corridas de Megan Fox em câmera lenta.
Porém, mesmo com todo o sucesso de bilheteria do segundo longa, as críticas magoaram o esquentadinho e vaidoso Bay, e ele prometeu que, na terceira incursão ao mundo dos aliens de organismo cibernético, ele iria "acertar a mão".
Se em um primeiro momento parecia uma boa ideia, afinal, um bom roteiro nunca fez mal pra filme nenhum, as coisas foram começando a soar estranhas conforme a produção caminhava.
Enquanto John Malkovich, Frances McDormand e Ken Jeong eram contratados, Megan Fox, após trocar picuinhas com Bay via internet era demitida. Skids e Mudflap, robôs "negros" do segundo longa eram limados, também, enquanto Bay não parava de dizer que as coisas seriam diferentes do segundo longa que taxou como "lixo".
Rosie Huntington-Whiteley, modelo da Victoria's Secret entrou no lugar de Fox, deixando claro que, pra Michael Bay, Mikaela era uma personagem descartável, cenas de A Ilha foram usadas no filme, que teve problemas durante as filmagens por conta das câmeras de Avatar, e, alguns meses, vários milhões de dólares e muita fofoca depois, o filme estreava.
E, depois de assistir, dá pra dizer que, embora ainda seja um ótimo e divertido filme de ação, que o 3-D seja espetacular e que os caras da Industrial Light & Magic só melhoraram depois que a WETA entrou no mercado, Transformers 3 - O Lado Oculto da Lua, mantém a maldição hollywodiana das trilogias, e é o pior dos três longas.
Na história de como os habitantes de Cybertron influenciaram a corrida espacial na aurora da Guerra-Fria (O que criou situações como o medonho dublê digital de John Kennedy), e como os Autobots resolveram que deviam visitar a nave abatida na lua e ressuscitar o Sentinel Prime, antecessor de Optimus como líder dos Autobots (dublado com estilo por Leonard Nimoy), e como isso faz com que uma guerra entre Decepticons e a humanidade seja travada, muita coisa desnecesária acontece e aparece.
Começamos com o elenco.
Por quê John Malkovich está no longa? Malkovich é ótimo ator, mas se era para colocá-lo no papel de um afetado dublê de Steve Jobs que tem, quando muito, dez minutos em cena, que chamassem outro cara.
Frances McDormand. Ela repete um papel que já havia sido feito por outros atores no primeiro e no segundo filmes, o do político burocrata que não gosta nem confia nos transformers, não vê nada demais em Sam Witwicky, e que quer as coisas da sua maneira. Então, pra quê Frances McDormand? Por que, não um rosto desconhecido?
Ken Jeong. O afetado Mr. Chou de Se Beber, Não Case dá as caras como um funcionário de uma empresa de software que sabe alguns segredos da ligação Decepticon com a humanidade. Aparece fazendo caretas e envolvido em situações de cunho sexual que não fazem o menor sentido, nem têm lá grande função pra trama. Por que, então, Ken Jeong?
Bay foi colocando bons e conhecidos atores em papéis reciclados dos longas anteriores ou escritos com giz-de-cera pra ver se eles fariam um milagre com o roteiro meia-boca? Bem, não fizeram, os personagens desses intérpretes, assim como praticamente todo o núcleo humano, permanece sendo nada além de acessório pra que as verdadeiras estrelas brilhem:
Os robôs gigantes!
Quem vai ao cinema ver Transformers 3 em 3-D, não espera muito além de robôs gigantes lutando com uma desculpa plausível (Plausível em um mundo onde um cara com a estampa de Shia LaBeouf troca Megan Fox por Rosie Huntington-Whiteley, e existem robôs gigantes alienígenas.), quem diz o contrário não manja nada de cinema nem sabe o que a audiência quer. Quem quer um mega-roteiro, atuações de luxo, e ideias criativas assiste outro tipo de filme, e não Transformers. É por isso que apenas quando finalmente entrega o que a audiência quer, Transformers apresenta as qualidades de um excelente exemplar de seu gênero.
Bumblebee, Ratchet, Ironhide, e, claro, Optimus Prime quebrando o pau contra as forças de Megatron, Soundwave, e companhia valem o ingresso. As espetaculares sequências de ação em câmera lenta ficam lindas, as explosões digitais e de verdade são magníficas e ver uma megalópole ser engolida por uma robô-lula-gigante em três dimensões não tem preço (Na verdade, tem, vinte e um reais, no sábado.).
Os Transformers transformam (rá-rá, entendeu o trocadilho?) um longa que se arrastava chafurdando em falta de ritmo e más escolhas de roteiro e elenco em um filme espetacular nos quarenta minutos finais, quando o pau canta em Chicago, e o combate entre Decepticons e Autobots alcança todos os limites da película. Alguém devia avisar a Michael Bay que, no caso dele, pensar demais faz mal, e, quando se trata de Transformers, todos os humanos são tão descartáveis quanto Megan Fox (Só esse filhote de Hitler pra achar Megan Fox descartável.), inclusive ele próprio.
Que venha Transformers 4, Optimus Prime e companhia nasceram pro cinema, só não vê quem é frutinha.

"-O que seria de você sem mim, Optimus?
-Vamos descobrir..."

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