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sexta-feira, 28 de março de 2014
Quadrinhos: Magneto - Atos de Terror
Enquanto o Marvel Cinematic Universe vai muito bem, obrigado, transformando os personagens mais humanos e maneiros da Casa das Ideias em filmes e séries que faturam rios de dinheiro e fazem a alegria da nerdaiada mundo afora, o Universo Marvel tradicional, o Universo 616 dos Quadrinhos, não anda tão bem.
Obviamente em falta de bons escritores e de boas ideias, a casa do Homem-Aranha anda fazendo besteiras homéricas na esperança de vender mais alguns gibis. É difícil passar um ano sem ver um mega-evento se espalhar pelas páginas de todos os quadrinhos da editora, sacudir os alicerces da Terra e chacoalhar o próprio firmamento para, depois de uns seis meses, tudo voltar a um status quo mais ou menos igual ao que era antes de "tudo mudar".
Esse desespero da Marvel em vender quadrinhos, não através de histórias, mas de eventos, acabou me afastando dos quadrinhos em série da editora.
Mas volta e meia eu passo na banca procurando por um bom quadrinho pra ler, e volta e meia sou surpreendido por boas reedições de histórias clássicas dos anos setenta, oitenta e até dos anos noventa e da última década.
Ontem, não encontrei nada disso, mas dei de cara com o encadernado de capa dura Magneto - Atos de Terror, originalmente publicado em 2012.
Para entender a história há que se estar minimamente a par dos acontecimentos recentes do Universo Marvel, como a Cisma entre Ciclope e Wolverine, e até a eventos mais antigos, da época de Scott Lobdell e Roger Cruz.
Mas enfim, em Atos de Terror temos Magneto acusado pelo brutal e bastante público homicídio de 40 manifestantes anti-mutantes.
Procurado pelos Vingadores, o mestre do magnetismo, agora aliado dos X-Men de Ciclope, com sede na Ilha Utopia, recebe um prazo para provar que não foi o responsável pelo crime.
Eric Lehnsherr parte para limpar seu nome em uma viagem que o fará revisitar memórias a muito enterradas, e ver-se face a face com suas aspirações, desejos, métodos e objetivos, e, em última instância, com seu verdadeiro eu.
O roteiro, a cargo de Skottie Young, e a arte de Clay Mann (com participação de Grabriel Hernandez Walta) e arte final de Seth Mann, Norman Lee e do próprio Walta são OK e não muito mais que isso.
A história em si, também não tem nada de grandiosa. O universo dos X-Men parece fadado a se repetir, entre personagens que morrem e ressuscitam, grupos que se separam por divergências de filosofia, e Magneto hora mocinho, hora vilão, não há nada de novo no X-Fronte, e a dificuldade dos escritores em sacar que ninguém quer novidades, mas apenas boas histórias, emperra bonito a qualidade dos quadrinhos publicados por Marvel e DC hoje em dia.
O que há de bom em Magneto - Atos de Terror, é poder ler algumas boas páginas com Magneto, um personagem tremendamente interessante, humano e profundo desde sua origem.
O texto do líder mutante inspirado em Malcolm X e Meir Kahane é sempre saboroso, carregado de uma fleuma que nenhum outro personagem tem personalidade ou cacife pra bancar, ainda assim, com reviravoltas óbvias e ação confusa em mais de uma ocasião, há pouco mais do que o vernáculo de Magneto para se aproveitar, de modo que a história resulta descartável, e nada além de uma bela peça decorativa na estante.
A edição, com lombada bonita, capa dura e papel bonito no miolo sai por R$17,90, que podem, ou não, valer a pena de acordo com o teu grau de fanatismo para com os pupilos de Xavier.
"Vejam só, o sr. Stark chegou a ponto de adotar uma armadura especialmente dedicada a mim. Pena que um slogan como "o invencível Homem de Borracha" não tenha o mesmo apelo."
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