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terça-feira, 18 de março de 2014

Resenha Game: The Last of Us - Left Behind


Vou confessar que sou um notório desprezador de DLCs. Sério. Pra ser cem por cento honesto, acho o fim da picada as publishers esperarem que, após pagar de cem a duzentos reais por um game, eu ainda esteja disposto a gastar mais dinheiro por add-ons, roupas, fases e outras besteiras que, todo mundo sabe, poderiam perfeitamente vir no disco pelo qual pagamos uma soma considerável.
Os poucos DLCs que eu cheguei a comprar nessa vida foram algumas fases para Star Wars - The Force Unleashed, que durante muito tempo foi meu game preferido, e pacotes de tralha para uma das edições passadas de FIFA. Após isso, minha carteira virtual da PSN ficou vazia por um boooom tempo.
Até algumas semanas atrás, no meio das minhas férias, quando li que a Naughty Dog estava publicando um conteúdo para download de The Last of Us.
Se tu não sabe o que é The Last of Us, então não tinha nada que estar lendo uma resenha de game, muito menos a deste DLC, que, na resenha, terá spoilers da história do game principal.
Mas enfim, The Last of Us foi o melhor game lançado no ano passado. Que me desculpe o ótimo Assassin's Creed IV - Black Flag, e o magnífico Grand Theft Auto V, mas nenhum game era tão bonito, tinha uma trilha sonora tão fabulosa, personagens tão encantadores e nem um roteiro tão bem escrito.
Por mais que seja maneiro abalroar navios ingleses com o Gralha, ou perder as estribeiras com o quase indestrutível Trevor Phillips, a luta desesperada de Joel e Ellie para se manterem e manterem um ao outro vivos, em um mundo pós-apocalíptico infestado de pragas que iam da infecção de cordyceps à própria natureza humana é desses games que dá vontade de aplaudir quando termina.
Mesmo descrente dos DLCs, qualquer coisa que me desse a possibilidade de visitar Joel e Ellie novamente era digna de dar uma olhada, então, no sábado, espanei o pó da minha carteira na Playstation Network, e comprei por módicos R$29,90 o conteúdo "baixável".
A primeira coisa a se saber sobre Left Behind é que está longe de ser uma desnecessária desculpa da Naughty Dog pra capitalizar (ainda mais) em cima do espetaculoso game original (esse é o papel do filme baseado no game que a Sony vai lançar.).
O add-on é um interessante capítulo que mistura um flashback do último encontro de Ellie com sua melhor amiga, Riley, bem como lança uma luz ao hiato que existe, no game principal, entre os capítulos Outono, e Inverno, onde Joel se vê gravemente ferido após enfrentar alguns saqueadores.
Então, a grande estrela do DLC é Ellie.
Em ambos os segmentos a guria é a personagem central, o que garante à jogabilidade um elemento de furtividade quase obrigatório. Como quem já jogou o game bem sabe, Ellie pode ser imune à infecção, mas uma dentada bem dada no pescoço ou um monte de bordoadas ainda a matam rapidamente.
Se com Joel era possível pegar um porrete e quebrar ele na cabeça de alguns estaladores e depois arrebentar perseguidores a socos, com Ellie a coisa muda de figura. Manter-se escondido e em silêncio ainda é a melhor pedida, de modo que encontrar utensílios para fazer coquetéis molotov e bombas de pregos ainda é mais útil do que encontrar meia dúzia de balas para a sua pistola.
Como já foi dito, a parte do game paralela à história central, mostra Ellie tentando manter Joel vivo. Para isso ela procura em um shopping abandonado por medicamentos e suturas para tratá-lo. Essa busca é entrecortada pela lembrança de Ellie da última vez em que esteve com sua amiga, também em um shopping abandonado na zona de quarentena de Boston, logo após Riley ter se unido aos Vaga-Lumes.
Como no game original, Left Behind tem seu ponto alto no roteiro, focado de maneira admirável no desenvolvimento dos personagens.
A relação de Ellie e Riley é tocante. Os momentos que as duas partilham rindo, brincando, contando piadas e dividindo uma cabine de fotos são tão bem escritos que chega a ser irritante como é verossímil e terno, além de tornar a tensão de saber como a brincadeira termina quase palpável.
Os gráficos seguem excelentes, a engenharia das fases é esperta, os infectados assustadores (embora não muito inteligentes), e as notas e bilhetes encontrados pelos cenários ajudam a criar um clima de desolação que só torna a imersão mais profunda e a experiência mais gratificante.
The Last of Us não precisava de um add-on, mas, por Deus, que bom que ele existe.

"Vamos lá. Quando foi que eu te meti em confusão?"

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