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sexta-feira, 30 de maio de 2014

Rapidinhas do Capita


A Bruna achava que o Vinícius levantava o mindinho quando pegava o copo ou os talheres pra parecer mais refinado.
Dava até dó nela, que sempre se segurava pra não dizer pra ele que levantar o mindinho, ao contrário do que Penn e Teller haviam mostrado em seu antigo programa Bullshi*, não era sinal de refino, mas sim o oposto.
A Bruna entendia que o Vinícius, um rapaz de origem humilde, trabalhador, que estudava e era bom e honesto, jamais tivera tempo pra se aprofundar em pormenores da etiqueta, então, mesmo sendo educado, cometia essas pequenas gafes, que pra ela, a bem da verdade, quase nada importavam.
Ainda assim, ela ficava meio aflita, pensando como seria se, no casamento dos dois, na hora de tomar champanhe com as taças entrelaçadas, ele esticasse aquele dedo mingo... Aquilo afligia a Bruna barbaridade.
Tanto que em mais de uma ocasião ela pensou em falar pra ele que aquilo não era bacana. Mas não queria passar por megera controladora.
Pensou em falar fazendo piada, como que dizendo que aquilo era coisa de boiola... Mas aí seria grosseria.
A Bruna ficava, volta e meia matutando aquilo sempre que via o Vinícius erguer o mindinho antes de beber alguma coisa. Uma hora ela tomava coragem e falava com ele.
Era só descobrir como.
O que a Bruna não percebia era que o Vinícius erguia o mindinho e o indicador. Mas o fura-bolo acabava oculto pela boca do copo.
Não era um falso sinal de refinamento que ele fazia, era o gesto de lançar teias do Homem-Aranha.
O Vinícius podia não ser uma flor de polimento, mas tampouco era afetado, o mal que lhe afligia de verdade era ser nerd até a medula.

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Cinco da manhã. Tocou o celular. Ele atendeu de susto, gosto de baba na boca:
-...Arruam...?
-O inverno está chegando, lorde Stark! - Proferiu a voz jovial do outro lado da linha.
Ele levou alguns segundos pra concatenar de quem era a voz, a referência literária, e o que aquilo tudo significava junto naquele momento específico. Após o período que levou pra entender respondeu:
-Tu não pode tá falando sério...
Mas ela estava.
Ele tem corrido todos os dias de manhã muito, muito cedo. Quando o nevoeiro não deixa enxergar dez metros na frente do rosto, a luz amarela das lâmpadas de mercúrio descreve raios ao deixar o topo dos postes, tão densa é a cerração, o suor que evapora da blusa segunda-pele condensa e esfria dentro do casaco impermeável que ele veste por cima, e uma camada de água gélida se forma sobre sua barba e bigode após o percurso de cinco quilômetros.
Todos os seus músculos doem sábado e domingo inteiros após as séries de abdominais, remo e levantamento de peso da semana, mas ela estava certa:
Ele se sentia bem como não acontecia a muito, muito tempo.

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Ela disse:
-Não se preocupe. Eu já fiz isso antes.
E arrancou o coração dele, ainda pulsando, de dentro do peito. Jogou no chão e pisou em cima até o órgão brilhante, vermelho e vivo ficar parecendo um trapo esfarrapado.
Ele pensou em se atirar no chão dizendo "Por favor, não faça isso! Eu te imploro!", mas a verdade é que ele meio que já estava preparado pra quando aquilo acontecesse.
Disse apenas:
-É. Dá pra ver que tu é boa nisso.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Quadrinhos: Planetary - Arqueologia Espaço-Temporal


E aconteceu. Após longos anos, finalmente uma editora brasileira concluiu a publicação da genial Planetary, brilhante obra de Warren Ellis e John Cassaday para a Wildstorm.
Planetary - Arqueologia Espaço-Temporal compila as edições 19 a 27 do gibi que investigou a história secreta de um mundo estranho repleto de maravilhas ocultas do público por uma trama de conspirações através dos olhos de Jakita Wagner, O Baterista e Elijah Snow.
Na primeira história Mistério no Espaço, Snow, Jakita e o Batera vão até o Zâmbia, onde um posto de monitoramento de Planetary detectou um aparato alienígena vagando nas imediações do sistema solar.
Para investigar a anomalia, Elijah usa os anjos, entidades extraterrestres que se alimentam de informação.
Enquanto Jakita e O Baterista se maravilham com o interior da imensa construção, onde uma civilização inteira se desenvolve em cada seção da espaçonave, Snow espera que o fenômeno atraia a atenção de Jacob Greene.
Na história, Ellis brinca com o conceito sci-fi do Big Dumb Object, e homenageia Galactus, o devorador de mundos.
A história seguinte, Encontro, é uma sequência direta da anterior, e apresenta, finalmente Greene.
Membro dos Quatro a ficar demasiadamente deformado pela anomalia que deu aos vilões seus poderes únicos (qualquer semelhança com o coisa não é, claro, mera coincidência), Jacob Greene vive escondido, seus poderes, uma resistência que o torna "imatável", além de força física absurda e ressentimento infinito contra a humanidade, uma paleta de qualidades que o tornam a mais perigosa arma nas fileiras dos Quatro de Randall Dowling.
Mas Elijah Snow tem um plano para lidar com ele. De preferência, de maneira definitiva.
Um plano tão bem guardado e arquitetado que faz com que Jakita se pergunte o que aconteceu ao líder do Planetary.
A terceira história, Telemetria de Máquina da Morte mostra Elijah Snow buscando a ajuda de uma feiticeira.
Embora Melantcha se considere uma cientista especializada em um ramo muito particular da ciência, ela obviamente segue o estilo Dr. Estranho de expansão da mente e indução à visões.
Na história (que rendeu a John Cassaday o prêmio Eisner de melhor desenhista em 2004), Elijah busca recuperar sua memória, parcialmente apagada por Randall Dowling, com o auxílio de Melantcha ele invade o domínio dos mortos, e desvela segredos envolvendo seu papel no mundo como um dos Bebês do Século.
História sem grandes referências, Telemetria de Máquina da Morte traz boas revelações sobre a função dos Bebês do Século de Ellis, bem como da visão do autor para o papel das pessoas com super-poderes no mundo.
Em A Tortura de William Leather conhecemos a origem e o passado da versão malvada do Tocha Humana de Planetary, o William Leather do título, e como se deu sua longa sociedade com Randall Dowling (num flashback que remonta a O Cavaleiro Solitário, O Sombra, O Besouro Verde e O Aranha).
Com a narrativa de Leather, aprendemos um pouco mais sobre os Bebês do Século, as reais intenções dos Quatro, e a natureza dos super-poderes.
A seguir vem Percussão, onde, durante uma conversa entre O Baterista e Jakita ficamos sabendo mais a respeito da origem do membro mais jovem de Planetary, e de por que ele pode ser a pessoa com mais razões para apoiar a violenta investida de Elijah contra os Quatro.
Percussão talvez seja a primeira história e explorar um pouco mais a fundo O Baterista, dando ao leitor uma chance de entender melhor seus poderes, mas também como esses poderes o fazem se relacionar com o mundo e as outras pessoas.
Mais ainda, a história revela, através do batera, o que de fato é Elijah Snow.
Em Sistemas, a quinta história do livro, Snow abre o jogo com Jakita e O Baterista, deixando claro que entendeu seu papel no multiverso após a consulta com Melantcha e contando o que pretende fazer, e por quê.
A compreensão de Snow gera uma resposta violenta dos Quatro, e prepara o tabuleiro para o começo do jogo.
Fria, a história que se segue mostra Elijah Snow indo ao encontro de seu velho amigo John Stone, em busca de respostas.
Flertando com Nick Fury e a SHIELD na figura de Stone, mas indo em direção à Apokolips d'O Quarto Mundo de Jack Kirby no flashback das revelações do espião, a história de Ellis mostra a verdade sobre como os Quatro conseguiram seus poderes e a que custo.
A sétima história não tem título, mas foi publicada na edição 26 da revista Planetary original, e tem uma capa fodona.
Nessa edição Elijah Snow chama Randall Dowling e Kim Suskind, os membros remanescentes dos Quatro para uma conversa derradeira, o encontro que vai culminar com vinte e cinco edições de ressentimento e tensão de parte a parte.
Elijah tem apenas uma chance de utilizar todo o conhecimento acumulado como arqueólogo do mistério para pôr fim à ameaça dos Quatro e daqueles responsáveis pelos poderes deles.
A última história da edição, na verdade um epílogo, também não tem título.
A Organização Planetary começou a dividir com o mundo as maravilhas da ciência que os Quatro ocultaram da Terra por décadas.
Tratamento anti-câncer, sistemas de levitação elétricos, super impressoras 3-D, estações de vida, dispositivos de comunicação com o espaço profundo, folhas de hiper-colimação... Nada parece impossível para os segredos que os Quatro trancafiaram longe dos olhos da humanidade.
Mas entre todas essas maravilhas, há apenas uma que interessa a Elijah Snow:
Uma forma de salvar Ambrose Chase, antigo terceiro homem da equipe de campo, dado como morto durante uma missão anos antes.
O problema é que a única maneira de salvar Ambrose depende de inúmeras variáveis e pode ter como efeito colateral a destruição do tempo e do espaço. Estará Elijah Snow disposto a enfrentar tais riscos para salvar seu amigo? E se estiver, será que ele entende realmente o que significa fazê-lo?
Mais uma ótima história, onde o Baterista, graças a seus poderes e aos dados secretos dos Quatro assume um papel de liderança em Planetary e onde Jakita Wagner questiona sua utilidade e capacidade de viver em paz após passar tanto tempo lutando.
Em meio à salada de física quântica que envolve o tipo de viagem no tempo imaginada por Ellis, ainda sobra espaço para Elijah Snow mostrar que não é tão frio quanto parece, e que o futuro da organização Planetary permanece brilhante, mesmo que não possamos vê-lo.
Espetacular. A despeito da tristeza de saber que Planetary não vai mais aparecer nas bancas (exceto se resolverem publicar a versão Omnibus por aqui), dá gosto de poder ter na estante, finalmente completa, uma das melhores e mais inteligentes séries de quadrinhos já publicadas.
Planetary tem todos os melhores elementos de um bom gibi, com personagens carismáticos e espertos, tramas cheias de reviravoltas e mistérios, e, de lambuja, uma série de homenagens e referências a marcos da cultura pop do Século XX inteiro, tudo isso ilustrado com o traço único de John Cassaday, facilmente um dos melhores artistas do quadrinhos mainstream norte-americano.
As 228 páginas de Planetary - Arqueologia Espaço-Temporal voam enquanto a gente lê, e quando terminamos, dá vontade de correr pra reler a série inteira de uma vez só.
Por 24,90, com capa cartão e papel LWC no miolo é pra comprar duas. Uma pra deixar na estante e outra pra ler sempre que tiver vontade com os dedos sujos de Doritos.

"Vamos então passar o resto de nossa longa, longuíssima vida, neste mundo tão estranho que nós amamos. Mantendo-o assim."

sábado, 24 de maio de 2014

Resenha Cinema: X-Men - Dias de um Futuro Esquecido


Bryan Singer e mutantes... Não tem como dar errado.
Essa foi a reação dos fãs de X-Men desde a primeira veiculação da notícia de que Singer assumiria a sequência de Primeira Classe, o melhor filme mutante desde 2003, quando Singer realizara X-2. Singer merecia o voto de confiança não importava o quê. Os melhores filmes com um X no título e um mutante no elenco sempre tiveram envolvimento dele em algum nível, fosse como diretor (X-Men - O Filme, X-2) fosse como produtor(Primeira Classe), de modo que essa confiança permaneceu sendo decantada como um mantra a medida em que surgiam novas informações a respeito do filme.
Adaptação da história Dias de Um Futuro Esquecido, uma intrincada trama envolvendo um futuro apocalíptico para a raça mutante, viagens no tempo e missões de assassinato... Em Bryan "we trust"...
União do elenco clássico e do elenco Primeira Classe... Em Bryan "we trust"...
O retorno de Hugh Jackman após os fiasquentos filmes solo do Wolverine em Bryan "we trust"...
Singer mereceu o voto de confiança, mesmo tendo trocado X-Men por Superman em 2006, o que resultou em, não um, mas dois filmes que não agradaram (X-Men 3 foi lixo puro, Superman - O Retorno jamais decolou sendo incapaz de convencer como reboot, sequência ou sequer como filme, á despeito da qualidade dos envolvidos), tanto por seu talento como cineasta quanto por sua profunda compreensão do universo X.
O diretor sempre demonstrou entender que, para funcionar, X-Men precisa de uma dose de humanidade tão alta quanto a de espetáculo, e que uma coisa não funciona sem a outra quando se trata de X-Men.
É por isso que todos estavam tão ansiosos para ver o filme, e tão confiantes no resultado.
Bryan Singer e mutantes... Não tem como dar errado.
Ontem, um dia depois da estréia oficial, na quinta 22, fui conferir X-Men após uma maratona de X-Filmes durante a semana.
Dias de um Futuro Esquecido abre em 2023 (A série de Singer sempre se passou em um "futuro não muito distante"), um tempo de guerra.
Os mutantes da Terra são caçados, aprisionados ou exterminados por máquinas de matar chamadas Sentinelas.
A imensa maioria dos mutantes do mundo sucumbiu ante a opressão, mas não todos. Escondendo-se nas sombras, lutando por sua sobrevivência, os X-Men permanecem unidos sob o sonho de Xavier.
Blink (Bingbing Fan), Apache (Booboo Stewart), Mancha Solar (Adan Canto), Colossus (Daniel Cudmore), Homem de Gelo (Shaw Ashmore), Bishop (Omar Sy) e Lince Negra (Ellen Page) desenvolveram uma forma de salvaguardar a raça mutante.
Toda a vez que há um ataque, os X-Men lutam, e, quando a derrota é iminente, Kitty envia a consciência de Bishop de volta no tempo para escapar.
É por causa desse curso de ação que Tempestade (Halle Berry), Wolverine (Hugh Jackman), Xavier (Patrick Stewart) e Magneto (Ian McKellen) vão ao encontro de Kitty e dos demais na China.
Eles planejam usar a tática para enviar a mente de Charles Xavier de volta a seu corpo em 1973. O ano em que o assassinato de Bolivar Trask (Peter Dinklage) por Mística (Jennifer Lawrence) iniciou uma cadeia de eventos que transformou os robôs sentinelas nas máquinas de matar indestrutíveis do futuro, liberou o ódio aos mutantes em sua totalidade e, em suma, criou o futuro negro vindouro.
Entretanto, mesmo um cérebro poderoso como o de Xavier é incapaz de suportar uma viagem de cinco décadas ao passado sem sofrer avarias.
Mas e quanto a um cérebro capaz de se regenerar ao mesmo tempo em que se desfaz?
Logan é, então, a melhor alternativa para fazer a viagem, mas o que fazer para unir os jovens Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) quando eles não podiam estar mais separados?
Com Magneto preso cem andares abaixo do Pentágono e Xavier viciado no coquetel de drogas desenvolvido por Fera (Nicholas Hoult) para controlar sua mutação, que lhe garante poder caminhar e suprime sua telepatia, o futuro da raça mutante não parece lá muito promissor.
Enquanto Wolverine lida com esse quebra-cabeças no passado, no futuro é só questão de tempo até que os sentinelas localizem os X-Men remanescentes e os destruam, tornando toda a missão uma corrida contra o tempo e contra a morte.
Genial.
X-Men - Dias de um Futuro Esquecido tem todos os melhores elementos da franquia X-Men no cinema e escapa de todas as arapucas.
A ideia da viagem no tempo ajuda a consertar algumas das incongruências mais berrantes da confusa linha de tempo da franquia, conserta ou ignora coisas de quê ninguém gostava (os filmes de Wolverine e X-Men 3) e entrega um dos melhores filmes-pipoca da temporada.
Com direção pra lá de segura, um ótimo trabalho do grande (em todos os sentidos) elenco, com destaques para McAvoy, Stewart, McKellen e Lawrence (eita, mulher... Tudo de bom, talentosa, raivosa e gostosérrima...), o roteiro de Simon Kindberg, Jane Goldman e Matthew Vaughn encaixa redondinho, dá espaço ao sol pra todos os mutantes do filme (destaque especial para Blink e para o Mercúrio Evan Peters, dono da sequência mais hilária do filme), e entrega o ótimo filme de X-Men de que todo mundo, especialmente Hugh Jackman após Wolverine Imortal, precisava.
Assista no cinema, vale demais a pena, dispense o 3-D.
Que venha X-Men - Apocalipse.
Bryan Singer e mutantes... Não tem como dar errado.

"-Todos esses anos desperdiçados lutando uns contra os outros, Charles..."

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Resenha Filme: X-Men Origens: Wolverine

Retrospectiva X-Men:
Última parada na retrospectiva dos X-Men nos cinemas, o filme solo do Wolverine que todo mundo queria ver e que saiu completamente errado.
Tu pode ler as resenhas de X-Men primeira classe aqui:
http://casadocapita.blogspot.com/2011/06/resenha-cinema-x-men-primeira-classe.html
E de Wolverine Imortal, aqui:
http://casadocapita.blogspot.com/2013/07/resenha-cinema-wolverine-imortal.html

X-Men Origens: Wolverine (Gavin Hood, 2009)


Após o resultado algo decepcionante de X-Men 3, que apesar de fazer mais de 450 milhões de dólares em bilheterias (a um custo de mais de 200 milhões de orçamento) foi vilipendiado pela crítica e achincalhado pela maioria dos fãs, a FOX não iria largar o osso tão fácil.
Se parecia óbvio que o super grupo precisava de um descanso após o cataclismo que fora X-Men 3, também era bastante claro que a franquia era uma mina de ouro. Super-heróis rendiam e rendiam muito.
Os três filmes do Homem Aranha fizeram dois bilhões de dólares só em bilheterias, a Marvel começava seu universo cinemático com um Homem de Ferro que arrancava elogios de todo mundo, o Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan empilhava fortunas e críticas positivas, a FOX havia sentado na graxa com o Quarteto Fantástico e com o Demolidor, então, o que eles tinham para capitalizar, eram os mutantes da Marvel.
Foi quando alguém teve a ideia dos filmes da série X-Men Origens, que seriam filmes solo, estrelados por personagens ligados ao universo mutante sem, necessariamente, envolver o grupo de discípulos de Charles Xavier.
Os primeiros nomes que ganhariam tal tratamento, seriam Magneto (?) e(óbvio) Wolverine.
Se causava algum estranhamento ver um filme solo do maior vilão/aliado/antagonista filosófico dos X-Men, o filme do carcaju canadense era uma boa sacada.
Poucos personagens tem um passado tão misterioso (e extenso) quanto o Wolverine dos quadrinhos. Suas peripécias se estendem por cem anos de aventuras. Suas histórias solo têm encontros com o Capitão-América durante a Segunda Guerra, períodos como espião ao lado de Dentes de Sabre, períodos operando disfarçado na ilha fictícia de Madripoor, o velho oeste... Não faltariam opções de histórias a serem contadas com Logan.
Obviamente que os fãs queriam, mesmo, ver uma adaptação de Arma-X, até hoje um dos maiores clássicos estrelados por Wolverine e talvez a pista mais sólida de seu passado, ao menos até o lançamento de Origem.
A vontade de todo mundo de ver o processo brutal que deu ao herói seu indefectível esqueleto de adamantium só aumentou após Bryan Singer dar vislumbres do episódio em X-Men 2.
Escalado para dirigir Jackman no filme, Gavin Hood, dos bons O Suspeito e Infância Roubada era uma boa ideia. Liev Schreiber foi escalado inicialmente para viver um jovem William Stryker (personagem de Brian Cox em X-Men 2), mas logo foi revelado que ele viveria o vilão Victor Creed, o Dentes de Sabre.
Danny Houston seria Stryker.
A eles juntaram-se a belezura Lynn Collins como Kayle Silverfox, Will.I.Am do Black Eyed Peas, no papel de John Wraith, Kevin Durand como o Blob, Dominic Monaghan como Bolt, e Ryan Reynolds como Deadpool.
Além desses Daniel Henney seria o Agente Zero, Taylor Kitsch como Gambit, e Tim Pocock como Scott Summers.
Essa imensa profusão de mutantes logo deixou a impressão de que havia alguma coisa de errado com X-Men Origens: Wolverine. Essa impressão de confirmaria assim que qualquer pessoa assistisse ao filme.
O longa acompanhava Wolverine desde sua infância, quando era um menino canadense adoentado chamado James Howlett.
Após a família Howlett ser dizimada por uma tragédia, James foge com seu meio-irmão Victor, e ambos crescem em fuga.
Partilhando estranhos poderes de cura, sentidos aguçados como os de um animal, e garras ósseas eles encontram seu caminho na guerra.
Lutam na Guerra civil norte-americana. Na primeira Guerra Mundial, na Segunda Guerra Mundial, no Vietnã... Sempre nas linhas de frente, sendo mortalmente feridos e se recuperando de maneira milagrosa para lutar novamente.
Eles acabam sendo notados por William Stryker, que os convida a se unirem a um grupo especial de mutantes do exército dos EUA.
Eles aceitam e participam de diversas missões até que a selvageria de Victor e a natureza sombria das missões o levam a se afastar.
James, agora conhecido como Logan conhece Kayla, e vive uma vida simples ao lado dela por algum tempo, até que Victor e Stryker voltam a cruzar seu caminho, um encontro que o coloca em uma trilha sangrenta de vingança.
Mais uma vez o que poderia ser um bom filme acabou se diluindo em uma trama bobinha para pegar censura livre. O desenvolvimento dos personagens foi deixado em segundo plano em nome do desfile de super-heróis e da pirotecnia num filme tão medonho que foi solenemente ignorado na hora de fazer a sequência, Wolverine Imortal, outra tremenda porqueira.
Após X-Men 3 e X-Men Origens: Wolverine, só voltaríamos a ver uma participação de Jackman na pele do carcaju canadense em um bom filme numa ponta em X-Men - Primeira Classe.
Vamos torcer para que não tenha sido a última. Hoje eu confiro X-Men - Dias de um Futuro Esquecido, e amanhã conto por aqui como foi.

"-Seu país precisa de você.
-Eu sou canadense."

Resenha filme: X-Men 3 - O Confronto Final

Retrospectiva X-Men:
Bora com mais uma parte da retrospectiva X-Men, vendo como foi a vida mutante nos cinemas pelos últimos 14 anos e sete filmes. Agora, o primeiro tropeço da série na terceira incursão do super-grupo mutante em celuloide:


X-Men 3 - O Confronto Final (Brett Ratner, 2006)

Se tinha uma certeza na vida dos fãs de quadrinhos e de filmes em quadrinhos na primeira década dos anos 2000 era que a série X-Men estava nas melhores mãos possíveis.
Bryan Singer dirigira dois filmes do super grupo que eram praticamente irrepreensíveis (embora alguns, eu incluso, achassem que o Wolverine ganhava sempre as melhores sequências, o que diminuía um pouco a importância de membros clássicos do grupo) , a terceira parte da série estava por vir, e todo mundo estava louco pra ver o que Synger iria tirar da cartola num filme que prometia adaptar a Saga da Fênix e apresentar novos personagens!
Mas, no caminho havia um problema. Um problemão.
A Warner vinha a anos tentando trazer o Superman de volta do limbo cinematográfico, entre idas e vindas, roteiros e diretores, uma fortuna havia sido gasta sem que nenhum metro de filme houvesse sido rodado.
Eis que a Warner achou que, após a boa recepção de seu Batman Begins, era um bom momento para trazer o Superman de volta, e, que o diretor ideal para a empreitada era Bryan Singer.
Singer era jovem, tinha estofo e visão, liderara com êxito um par de adaptações complicadas e tornara X-Men um sucesso. Mais que isso, conseguiu tudo contando abertamente ter-se espelhado na cartilha da verossimilhança de Richard Donner para seu Superman - O Filme de 78, filme do qual era um ardoroso e confesso fã.
Foi o que bastou. Singer largou os mutantes de mão em cima do laço, bandeando-se para o lado da concorrência, e deixando a nau mutante à deriva.
A Fox começou então a procurar pelo substituto de Singer.
Matthew Vaughn chegou a ser contratado, trabalhou sobre o roteiro de Simon Kindberg e Zak Penn, chegou a escalar atores, mas também desistiu, alegando em cima da hora que não conseguiriria passar tanto tempo longe da família (Vaughn fez a mesma coisa após assinar para dirigir Thor, e só foi terminar um trabalho relacionado à Marvel quando dirigiu Kick-Ass, em 2010), com a saída de dois diretores o longa caiu no colo do atroz Brett Ratner, diretor da série A Hora do Rush, Um Homem de Família com Nicolas Cage e de Dragão Vermelho, filme que talvez tenha garantido o emprego em X-Men 3 a Ratner já que foi onde ele demonstrou ser um diretor sem nenhum problema em emular o estilo de outro cineasta.
Por insípido que fosse Ratner, e por mais que tenha tentado emular a forma de filmar de Singer, X-Men 3 não funcionou.
Misturando a Saga da Fênix Negra com o arco inicial de Joss Whedon à frente da série Surpreendentes X-Men, o roteiro de Kindberg e Penn aumentava a Irmandade de Mutantes, acrescentava personagens como o Fanático (o ex-jogador de futebol com a expulsão mais rápida da história do esporte, Vinnie Jones)e Callisto (Dania Ramirez) e o Homem-Múltiplo (Eric Dane) pelo lado do mal, mais Warren Worthington III, o Anjo (Ben Foster), o Fera Henry McCoy (Kelsey Grammer), Kitty Pryde, a Lince Negra (Ellen Page) pelo lado do bem, fora trocentas outras pontas de mutantes famosos que iam de Jubileu à Psylocke, muitos surgindo em vislumbres rápidos em algum ponto do filme.
Na trama, enquanto o magnata Warren Worthington II (Michael Murphy) e a doutora Kavita Rao (Shohreh Agdashloo) alardeavam ter descoberto uma cura mutante, os X-Men ainda tinham que se preocupar com a ressurreição de Jean Grey (Famke Janssen), trazida de volta dos mortos, não pela entidade interdimensional Fênix, como nos quadrinhos, mas sim pelo seu próprio poder, já que, no filme, era a mutante mais poderosa do mundo e eventualmente seria dominada por suas habilidades.
Após matar Ciclope (James Marsden), e voltar à mansão X, Jean era cooptada por Magneto para sua imensa nova Irmandade de Mutantes, e usada pelo vilão para destruir qualquer vestígio da tal cura, colocando os X-Men em uma situação delicada, onde viam-se obrigados a lutar contra outros mutantes para proteger os criadores da "cura" que poderia varrer o homo superior da face da Terra, e, pior ainda, ter de fazer isso contra um grupo mais numeroso, poderoso e que contava, em suas fileiras, com uma amiga querida por todos.
Ainda que a premissa fosse bacana e pudesse até fazer sentido, a verdade é que misturar a cura mutante e a saga da Fênix Negra diluiu demais as duas tramas, mais que suficientes para segurar um filme por conta.
A vontade louca de mostrar dezenas de novos mutantes e dar mais espaço a personagens que haviam feito pouco mais do que pontas antes (Como a Lince Negra que teve em Ellen Page sua terceira intérprete e o Colossus de Daniel Cudmore), também não fez bem ao filme, e nem mesmo a grande batalha campal entre mutantes ao final do longa ou o Arremesso Especial de Wolverine e Colossus no comecinho do filme salvaram X-Men 3 de ser bem porcaria.
Com um inchado orçamento de 210 milhões de dólares (cem milhões a mais do que o anterior), O Confronto Final fez apenas 52 milhões a mais do que X-2 nas bilheterias do mundo, mostrando que forma não agradava sem conteúdo.
Ainda assim, a FOX não aprenderia essa lição rapidamente como veríamos mais adiante...

"Charles Xavier fez mais pelos mutantes do que você jamais saberá. Meu único e maior arrependimento é ele ter que morrer para o nosso sonho viver."

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Resenha filme: X-Men 2

Retrospectiva X-Men:
Seguindo com a retrospectiva da série X-Men no cinema, vamos ver como foi a segunda (e ainda melhor) incursão do super grupo mutante às telonas.


X-Men 2 (Bryan Singer, 2003)

X-Men - O Filme havia sido um filme de sucesso. A crítica gostou bastante e o público compareceu ao cinema de modo que o filme praticamente quadruplicou o investimento financeiro só nas bilheterias. A Marvel entrou no mapa das adaptações cinematográficas, não mais restritas aos filmes do Batman.
A sequência era inevitável, e, mais do que isso, ansiosamente aguardada pelo público. X-Men 2 (X-2: X-Men United no original) teve um desenvolvimento muito mais relaxado do que o filme original, que sofrera com orçamento reduzido, prazos estourados e protagonistas sendo substituídos pouco antes das filmagens. À exceção de alguns desentendimentos entre Allan Cumming (que se juntou ao elenco no papel do mutante Noturno) e o diretor Bryan Singer, tudo correu bem.
Com orçamento mais robusto do que três anos antes (110 milhões de dólares), um diretor mais confortável no comando da brincadeira, e um elenco que sabia o que estava fazendo, X-Men 2 se passava meses após os eventos do "futuro não muito distante" do primeiro filme, e abria com uma sequência de Noturno invadindo a Casa Branca para matar o presidente dos EUA que, sozinha, já valia o ingresso, e se houvesse um prêmio para o melhor começo de um filme, ela certamente seria candidata forte.
Na sequência, descobríamos que a tentativa de assassinato era parte dos planos de William Striker (Brian Cox), um cientista militar norte-americano com conhecimento profundo sobre o Instituto Xavier, para acabar com a raça mutante usando técnicas de controle mental baseadas nos poderes mutantes de seu próprio filho, os dons telepáticos do Professor X (Patrick Stewart) e uma versão deturpada da máquina Cérebro.
Para impedir os planos de Stryker, os X-Men precisariam se juntar ao seu arqui-inimigo, Magneto (Ian McKellen), que escapara de sua prisão de plástico com a ajuda de Mística (Rebeca Romijn) em outra sequência memorável do filme.
Tudo isso enquanto o triangulo amoroso entre Wolverine (Hugh Jackman), Jean Grey (Famke Jansen) e Ciclope (James Marsden) dava um passo adiante, um outro se formava entre Vampira (Anna Paquin), Homem de Gelo (Shaw Ashmore) e Pyro (Aaron Stanford), Jean Grey começava a ter que lidar com a Entidade Fênix, Wolverine descobria pistas a respeito de seu passado com Stryker (em flashbacks que pareciam arrancadas das páginas de Arma X), aprofundava o drama de ser diferente dos mutantes em uma ótima sequência com a família de Bobby Drake, e ainda havia uma sequência de ação espetacular onde a mansão X era invadida pelo exército dos EUA!
Com todos os ingredientes de um ótimo filme, X-Men 2 se aprofundou no cânone quadrinístico com um roteiro escrito à dez(!) mãos por Zak Penn, David Hayter, Michael Dougherty, Dan Harris e Bryan Singer, que novamente mostrou sua competência como cineasta ao equilibrar cérebro e espetáculo numa fita pra fã de quadrinhos nenhum botar defeito, que melhorava em tudo, incluindo no visual dos personagens, em relação ao primeiro filme.
A resposta da crítica foi novamente muito positiva, e o público foi aos cinemas transformando X-Men 2 num gigante de 407 milhões de dólares em bilheterias mundiais. Era só curtir X-Men 2 e esperar, sorridente, por X-Men 3... Pois é...

"-Sabe todos aqueles mutantes perigosos de quem você ouve falar nos noticiários? Eu sou o pior deles."

Resenha filme: X-Men - O Filme

Hoje estréia X-Men - Dias de Um Futuro Esquecido, sétimo filme da franquia mutante (incluindo-se os filmes solos de Wolverine) que vai marcar o encontro das duas gerações de X-Men nas telonas ao unir membros elencos dos filmes de X-Men, X-2 e X-Men 3 e de X-Men - Primeira Classe no que promete ser "Os Vingadores com mutantes".
Antevendo a aguardada estréia do X-Filme do ano, vamos dar uma rápida repassada nos filmes anteriores da série:


X-Men - O Filme (Bryan Singer, 2000)

Blade, filme baseado em um herói de terceira linha da Marvel e estrelado por Wesley Snipes havia sido um sucesso razoável de bilheteria. O Batman da DC, apesar das medonhas adaptações de Joel Schumacher ainda tinha bala na agulha, e dava dinheiro. Por que, então, parecia tão difícil capitalizar em cima dos heróis da Marvel no cinema?
Os produtores Tom DeSanto e Lauren Schuler-Donner devem ter se perguntado a mesma coisa, e resolveram apostar junto com a FOX em personagens queridos do público em geral e que já haviam mostrado que tinham fôlego além dos quadrinhos.
Os X-Men, nascidos de um gibi de super-grupo que traçava paralelos com o preconceito à minorias e as mudanças que a adolescência acarreta, eram estrelas de uma série animada de grande sucesso na TV norte-americana, se alguém, além do Homem-Aranha e do Hulk, tinha demonstrado ser capaz de segurar a peteca além da nova arte, eram os pupilos do professor Xavier.
O problema é que ajuntar os elementos necessários para tornar um filme de X-Men real se mostraria uma tarefa tão desafiadora e cheia de percalços quanto a vida dos mutantes nos gibis.
O primeiro passo, porém, foi muito acertado. O diretor contratado para comandar a adaptação foi Bryan Singer. O jovem cineasta que tinha filmes como Os Suspeitos e O Aprendiz num cartel gritava "Suspense" aos sete ventos era a pessoa mais indicada para tornar o longa metragem mais do que um festival tosco de pirotecnia gratuita. O roteiro de David Hayter foi praticamente reescrito por Singer e DeSanto para tornar o duelo entre os X-Men do Professor X e a Irmandade de Mutantes de Magneto tanto uma luta física quanto um conflito de ideais que emulava Martin Luther King e Malcom X.
Tão trabalhoso quanto escrever o roteiro foi finalizar o elenco. Primeiro grande filme a conviver com o escrutínio constante da internet, X-Men era pichado a cada decisão. Ian McKellen era velho demais para ser Magneto, os uniformes de couro preto eram idiotas, o capacete de Magneto era feio, Ciclope tem cara de bundão, a peruca da Tempestade não convence...
Quando as coisas estavam pra começar a andar, pouco antes do inícios das gravações, Dougray Scott, escalado para interpretar o Wolverine no filme, se lesionou fazendo uma cena em Missão: Impossível III, e não poderia estar no filme.
Bryan Singer queria adiar o início das gravações, mas foi impedido pela produtora, com o relógio correndo, o orçamento apertado e a necessidade de começar logo a gravar, não houve alternativa ao diretor a não ser escalar um substituto.
Surgia Hugh Jackman.
O legendário teste de cena com Anna Paquin (que está no DVD do filme), intérprete de Vampira, deu o papel ao desconhecido ator australiano, que se juntou a Patrick Stewart (professor X, provavelmente a única unanimidade do elenco), Famke Jansen (Jean Grey), Halle Berry (Tempestade) e James Marsden (Ciclope) do lado do bem, e McKellen, Rebecca Romijn-Stamos (Mística), Ray Park (Groxo) e Tyler Mane (Dentes-de-Sabre) para contar a história de como cabia aos X-Men impedir que Magneto transformasse autoridades do mundo todo em mutantes para tornar a causa do homo superior a causa dos líderes das nações da Terra.
Longe de ser um filme perfeito, X-Men contou uma boa história, soube centrar fogo nas interações entre os personagens, e acertou a mão ao usar Wolverine, o mutante mais popular do mundo como os olhos da audiência enquanto entrava no mundo dos pupilos de Xavier.
Com um orçamento de 75 milhões de dólares, X-Men - O Filme faturou mais de 296 milhões mundo afora, garantindo a sequência que chegaria três anos depois...

"-Vocês saem mesmo vestindo essas coisas?
-Bem, o que você preferiria? Colante amarelo?"

terça-feira, 20 de maio de 2014

Quadrinhos: Demolidor 4


Ontem dei aquela passadinha esperta na minha banca de jornal preferida e lá estava a edição 4 da série trimestral Demolidor, disparado, o melhor quadrinho periódico nas bancas.
Dando sequência à fase escrita por Mark Waid e ilustrada por artistas que sabem o jeito de desenhar o diabo da guarda da Cozinha do Inferno, nessa edição, que compila os números 19 a 25 do original Daredevil, todas as histórias tem arte de Chris Samnee.
Nas primeiras três histórias, o herói segue investigando quem está por trás do assassinato de Victor Hierra, que colocou Adele Santiago no banco dos réus para Franklin Nelson, não bastasse o momento conturbado de sua relação com seu melhor amigo que pensa que ele está louco, o Demo ainda descobre que o crime tem o dedo de um inimigo que o faz perder, de fato, a cabeça, enquanto a promotora Kirsten McDuffie, após saber que o Demolidor pode ter perdido as estribeiras, pede ajuda a um especialista para apanhá-lo.
Na quarta história o Homem sem Medo é salvo do Homem-Aranha Superior pela intervenção do Metaloide (!), e descobre que talvez não haja tempo para retomar sua amizade com Franklin Nelson.
Na quinta parte, enquanto se reaproxima de Foggy e o ajuda a esperar por notícias, Matt se vê ás voltas com um grupo de fugitivos agindo feito loucos pela cidade de Nova York, todos eles com um ponto em comum:
A cegueira e os poderes muito familiares.
A sexta história do volume mostra um homem e uma mulher que parecem estar por trás de todos os problemas que Matt vem enfrentando, na sequência, Matt procura Kirsten e o Homem Formiga, para, em seguida, receber uma entrega feroz em seu escritório.
A última história da edição mostra o que acontece quando o Demolidor conhece Ikari, a arma definitiva de alguém que quer matar o Homem sem Medo a qualquer custo.
Ikari foi treinado para ser tão perigoso em combate quanto Matt, e também recebeu o mesmo banho químico que deu ao Demolidor seus dons especiais.
A história termina com uma promessa indigesta sendo feita ao herói.
Após um segundo e terceiro volumes bons, mas pouco acima da média na comparação com o excelente primeiro número, essa quarta edição eleva novamente o nível.
Os roteiros de Waid seguem ótimos e é bacana perceber que se criou uma tradição na forma de desenhar o Demolidor que vem desde a fase de Brian Bendis à frente do personagem, com quadros anatomicamente corretos e uso profuso de preto nos efeitos de sombra.
Com a trama andando em direção à mais uma tenebrosa conspiração contra o advogado preferido de todos os leitores de gibis, fica até difícil esperar três meses pela próxima edição.
Demolidor R$18,90, 148 páginas do melhor quadrinho do mercado com capa cartão e papel WTC no miolo. Voe pra banca e compre. Não tem arrependimento.

"Nossa amizade possa ser salva com a combinação mágica de cinco palavras que nunca, jamais foram ditas em qualquer idioma nessa ordem: Graças a Deus pelo Metaloide!"

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Resenha Cinema: Godzilla


Ah, o Godzilla... O kaiju definitivo, o deus dos monstros, a besta alegórica que permitia aos japoneses exorcizarem os pavores da destruição nuclear de Hiroshima e Nagazaki sem precisar lembrar da sova de relho que sofreram na guerra, o bicho meio tiranossauro, meio estegossauro, meio qualquer coisa que destruía Tóquio massacrando outros monstros gigantes enquanto vomitava chamas atômicas e lembrava ao mundo que a aurora da fissão do átomo transformara a balança de poder do planeta Terra que poderia, por qualquer fagulha de animosidade, tornar-se em um deserto radioativo de proporções cataclísmicas.
Tudo isso numa boa sessão de matinê.
Não vou nem falar da crise criativa de Hollywood (mentira, já falei), mas só pode ser ela a responsável por Godzilla voltar aos cinemas em uma nova produção norte-americana, desta vez, pelas mãos da Warner/Legendary, (anteriormente, em 1998, a TriStar havia cometido o Godzilla de Roland Emmerich) mesma parceria de Círculo de Fogo.
Nas mãos de Gareth Edwards, do interessante Monstros (seu único outro longa metragem como diretor), muita coisa muda desde o "Gojira" original dos anos cinquenta.
Estamos em 1999. O engenheiro Joe Brody (Bryan Cranston, que mesmo tendo a cabeça forrada de cabelo sempre me dá a impressão de estar de peruca) vive no Japão com sua esposa Sandra (Juliette Binoche, numa ponta inexplicável) e seu filho Ford.
CDF absoluto, Joe controla a usina nuclear pela qual é responsável com esmero digno de monge budista, atento às menores alterações no status quo.
Alterações como a atividade sísmica que destrói a usina onde ele e Sandra trabalhavam, tragédia que abala a vida de Joe, o arremessando em quinze anos vivendo como um pária, bitolado por uma teoria conspiratória que o faz crer que o desastre que acabou com sua vida não foi um terremoto, mas sim alguma outra coisa, algo que as autoridades lutam para ocultar da opinião pública.
Nesses quinze anos o filho de Joe, Ford, cresceu, virou soldado, casou, se tornou pai, e ganhou a cara e os músculos volumosos de Aaron Taylor-Johnson (O Kick-Ass).
Ford virou um homem que jamais foi capaz de perdoar o pai por não ter assimilado a morte da esposa e lhe dado uma infância normal.
Voltando pra casa após quinze meses trabalhando no oriente-médio, Ford só quer ficar com o filho Sam e com a esposa Elle (Elizabeth Olsen), mas a notícia de que seu pai foi preso no Japão o obriga a se afastar novamente da família.
Na Terra do Sol Nascente, Joe e Ford acabam encontrando a conspiração à qual Joe dedicou os últimos anos na forma do doutor Ishiro Serizawa (Um subaproveitado Ken Watanabe), especialista em tenebrosas formas de vida pré-históricas anteriores aos dinossauros que se alimentam de radiação.
Justamente enquanto Joe e Ford estão nas instalações de Serizawa, uma dessas criaturas, que passou os últimos anos dormente, desperta!
Não é o Godzilla, no entanto, é um massivo organismo terrestre não-identificado, ou, em inglês, MUTO (Mothra?), uma mistura de arraia, borboleta, aranha e alguma outra coisa, que sai voando do Japão rumo aos EUA, onde existe outro MUTO! Ainda maior, (mas não alado) que aguarda o primeiro monstro para ter filhotes e devastar o mundo.
Enquanto os militares americanos tomam as rédeas da ação de Serizawa, uma outra força emerge das profundezas do anel de fogo do Pacífico:
Godzilla!
Outro representante dessa raça de imensas bestas ante-diluvianas que se alimentam de radiação (é... não são alteradas pela radiação, apenas a comem), mas, diferente dos MUTOs, um ultra-predador, no zênite absoluto de todas as cadeias alimentares!
Enquanto o cientista japonês, como bom fã de tokusatsu quer ver os monstros brigarem entre si, e tomara que Zilla esteja do nosso lado, os obtusos militares americanos (encabeçados por David Strathairn) planejam atrair as criaturas à costa oeste dos EUA e destruí-los com uma bomba nuclear (apesar de Godzilla ter sobrevivido à vários bombardeios nucleares na década de 50 e se alimentar de radiação, assim como os MUTOs).
Enquanto a humanidade se vê entre a cruz e a caldeirinha, obrigada a decidir se usa as bombas atômicas ou se sai de lado e deixa os monstros se comerem entre si, Godzilla e Ford percorrem jornadas paralelas para cumprirem seus respectivos destinos.
Francamente?
Não sei por que a crítica está incensando tanto esse Godzilla. Em que se pese que é sempre divertido ver monstros gigantes trocando bordoadas e devastando cidades no processo, esse Godzilla é apenas OK.
Ao remover todo o elemento de sátira do original, onde a humanidade é diretamente responsável pelo próprio flagelo ao despertar e alterar o Godzilla com a energia atômica, e criar um protagonista humano para ser o herói em paralelo ao monstro, Gareth Edwards tornaria o Zilla apenas mais um monstro, não fosse o gigantesco réptil japonês um ícone tão poderoso.
As boas ideias do longa, em especial a abordagem estilo "discovery chanell", com Godzilla e os MUTOs agindo como animais, não são suficientes para fazê-lo se destacar entre outras filmes de brigas colossais (como Transformers), seus protagonistas humanos não tem estofo para carregar a história (como em Cloverfield), e nem a inocência da ação é honesta o suficiente pra dar a sensação de recompensa imediata que a audiência espera quando vai ver um filme com essa premissa (como Círculo de Fogo).
O elenco é cheio de bons nomes, mas nenhum tem muito tempo de tela, ou muito o que fazer, Elizabeth Olsen, por exemplo, só olha pra TV e faz cara de sofrimento a maior parte do tempo (pior sorte têm Juliette Binoche e Sally Hawkins, que mal tem tempo de fazer isso...) e Johnson, um ator que se mostrou bacana em Kick-Ass e O Garoto de Liverpool, aqui poderia facilmente ser substituído por algum outro sujeito parrudo, já que seu papel exige muito pouco, o que, aliás, é natural em um filme que todo mundo foi ver por causa do monstro, que, pra piorar, passa metade do longa sendo identificado apenas pelas protusões ósseas das costas e relances em meio à fumaça, aos escombros, à poeira, às sombras... Menos mal que, quando finalmente surge em toda a sua glória, Zilla entrega aquilo que todos esperavam, se não em cérebro e malícia, ao menos em termos de rosnados e destruição gratuita.
É bom, assista no cinema, dispense o 3-D.

"O erro do Homem é achar que controla a natureza, e não o contrário..."

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Resenha DVD: Ajuste de Contas


Que praticamente todo o fã de cinema, em especial de filmes de boxe, já havia imaginado quem venceria uma luta entre Rocky Balboa e Jake LaMotta, todo mundo sabia. O que pouca gente deve ter imaginado é que a onda de colocar cavalheiros de idade avançada a trocar bordoadas renderia a luta entre os dois quando LaMotta (Robert de Niro) já tinha 70 anos e Rocky (Sylvester Stallone) já alcançara os 67.
Pior que isso, descobrir que o filme que uniria essas duas lendas do drama esportivo seria dirigido por Peter Segal, diretor egresso das comédias com Adam Sandler (Como se Fosse a Primeira Vez, Tratamento de Choque, Golpe Baixo). Não me entenda errado, obviamente não se poderia fazer um filme sério sobre dois anciãos boxeadores, não importa em que boa forma estejam Stallone (óbvio) e De Niro (surpreendentemente), mas Segal não é um nome que rescinda pela qualidade de seu trabalho.
No filme somos apresentados à história de Henry "Razor" Sharp (Stallone) e Billy "The Kid" McDonnem, dois boxeadores de Pitsburgh que, nos anos oitenta, tiveram duas lutas épicas. Na primeira, McDonnem nocauteou Sharp após quinze assaltos de combate, na segunda, Sharp venceu seu oponente após quatro rounds, todos estavam ansiosos pela negra, mas, para surpresa de todos, Sharp anunciou sua aposentadoria, privando o mundo, e McDonnem, da grande luta.
Os dois seguiram com suas vidas, Sharp se tornou operário em um estaleiro, e McDonnem continuou lutando até se aposentar, abrindo um restaurante, uma loja de automóveis. As coisas mudam quando Dante Slate Jr. (Kevin Hart), filho do empresário Dante Slate (criado à imagem e semelhança de Don King), promotor das duas lutas entre Razor e Kid, surge tentando se colocar no mercado empresarial.
Ele oferece dinheiro a Razor para que ele realize a captura de movimentos de um game de boxe, o ex-pugilista, precisando de dinheiro para pagar suas contas, incluindo aí o asilo de seu ex-treinador, Lightning (o sempre ótimo Allan Arkin), aceita de maneira relutante com uma condição, não precisar ver Kid.
O problema é que Kid resolve chegar mais cedo à sessão de captura de movimento, os dois se encontram, trocam farpas, e por fim caem na porrada. Filmados por inúmeros celulares, os dois velhotes briguentos viram hit no Youtube, com sua pancadaria se tornando um viral de extremo sucesso, o que faz com que surja, de imediato, um convite para a realização da luta que ficou faltando trinta anos mais cedo.
Kid, ansioso pela contenda há décadas aceita de imediato.
Razor precisa se ver demitido de seu emprego e prestes à falir até decidir, mas eventualmente acaba aceitando tomar parte no espetáculo.
Daí pra frente começam os treinamentos, as piadas de velho, as tirações de sarro com os filmes dos protagonistas, e as participações especiais (L. L. Coll J., Chael Sonnen, e Mike Tyson e Evander Hollyfield, essa, disparado a melhor do filme) nenhuma particularmente engraçada, mas também, nada que chegue a insultar o bom-gosto ou a inteligência da audiência.
Conforme a trama anda, descobrimos que a causa da raiva entre Razor e Kid é uma mulher, Sally (Kim Basinger, ainda bonitona aos sessenta anos de idade), ex-namorada de um, que teve um filho com o outro. O filho também surge, B. J. (Jon Bernthal) que rende algumas boas piadas que, na tradução, perdem toda a graça, e assim o filme vai, sem grandes arroubos para o bem, nem para o mal, até a inevitável luta que encerra o filme.
A luta, por sinal, é bem filmada, tem seus momentos, e a despeito da diferença de porte físico entre os dois combatentes, surge um fator para dar uma equilibrada nas coisas, até o desfecho morno.
E, no fim, Ajuste de Contas é isso, esse banho maria sem sal, que vai em ritmo de terceira-idade sem alarde ou arroubos.
Se Stallone e Kim Basinger têm atuações bem-intencionadas, De Niro brinca no piloto-automático de onde tem saído raramente nos últimos anos. Uma boa surpresa é Kevin Hart, muito menos irritante do que se poderia supôr, garantindo algumas das boas piadas do filme, em especial quando interage com Arkin, esse, nenhuma surpresa, tirando de letra o tipo velho rabugento que não está nem aí pra nada. Jon Bernthal também tem lá seus momentos, e são dele os momentos do filme que tentam ser tocantes, e dependendo do clima da audiência, até funcionam.
Em suma, Ajuste de Contas não ofende, mas se a essas alturas da vida De Niro e Stallone têm direito a rir de si mesmos, LaMotta e Balboa mereciam um pouco mais...

"-Corajoso de sua parte vir sem sutiã.
-Ah, é? Tenho uma surpresa pra você: Dei uma cagada na sua varanda."

terça-feira, 13 de maio de 2014

Rapidinhas do Capita


E não faz muito, foi ali pela uma e vinte da tarde, que saiu a primeira imagem de Ben Affleck vestido de Batman para o vindouro filme de Superman vs Batman que deve ser lançado em dois anos.
O retrato em preto em branco foi tuitada pelo diretor do longa, Zack Snyder, sem mais delongas:
O novo traje do novo Batman


E aí? Maneiro?

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Ontem havia sido divulgada uma foto parcial do novo Batmóvel, um pouco mais do veículo foi mostrado ao fundo da foto de hoje, deixando claro que, além do visual do morcegão, o do carro mais icônico do mundo também está puxando muito mais pros quadrinhos do que pra realidade:


A promessa é de que o visual da Mulher Maravilha, a ser vivida por Gal Gadot, também seja divulgado em breve.

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O visual do Homem Morcego deu uma ótima ideia a respeito de ao menos uma sacada brilhante da produção.
O novo Batman se afasta totalmente da versão pé-no-chão de Christopher Nolan e Christian Bale, com a qual Zack Snyder e Ben Affleck claramente não têm como competir.
Ao invés disso, eles oferecem um visual orgânico, feroz, e que alude claramente aos quadrinhos, em especial a versão de Frank Miller para o Batman de O Cavaleiro das Trevas, e que parece casca-grossa o suficiente pra que a audiência esqueça que é o Ben Affleck ali dentro pelo menos até o filme começar.
Outro ponto importante é que, a exemplo do que a Marvel fez com os trajes do Homem de Ferro, do Thor e do Capitão-América em seus filmes solo antes de Os Vingadores, o novo traje do Batman dialoga bonito com o uniforme de Henry Cavill em O Homem de Aço.
Nessa toada, de mostrar que esse é um novo Batman e que as comparações são desnecessárias, Superman vs Batman dá seu primeiro passo para ser mais um bom filme de super-herói na generosa safra de experimentamos nos últimos anos.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Resenha Game: The Amazing Spider-Man 2


Já disse isso antes, e volto a repetir: Games baseados em filmes baseados em quadrinhos geralmente não são lá muito bons, e isso pra dizer o mínimo.
Uma prova bastante cabal disso é que o game que resultou na melhor série de super heróis nos consoles, os Batman Arkham, surgiu após uma tentativa fracassada de criar um game sandbox do morcegão baseado em Batman - O Cavaleiro das Trevas, o que, diga-se de passagem, foi excelente, já que baseado tanto na qualidade de Arkham Asylum quanto na falta de qualidade do game de Batman Begins, nada se perdeu, apenas se ganhou.
É aquele problema de se fazer um produto rapidamente tentando pegar carona no sucesso de outro.
Todo mundo viu a porcaria que foram todos os games que a SEGA fez para os heróis da Marvel. O único que se salva, Captain America - Supersoldier, deve muito de seu relativo êxito à descarada chupada que o game deu, ora, veja, na série Arkham.
Entretanto, se há um super-herói que não pode se queixar das suas adaptações cinema/game, é o Homem-Aranha.
Se Ultimate Spider-Man ainda é meu game favorito do herói aracnídeo, não podemos esquecer que Spider-Man 2, e Spider-Man 3, jogos que aludiam aos filmes de mesmo título lançados em 2004 e 2007, estavam longe de serem produtos descartáveis. Em especial o primeiro game, que, se não me engano, foi o primeiro sandbox estrelado pelo cabeça de teia, e que era divertidíssimo mesmo que fosse um jogo que que não primava pela parte gráfica e tivesse alguns segmentos quase constrangedores em sua storyline (O duelo de prender bandidos com Mysterio, por exemplo...).
A boa sorte do amigão da vizinhança com games derivados de suas incursões cinematográficas se seguiu em 2012.
The Amazing Spider-Man se localizava no universo do filme de mesmo título, mas mostrava uma sequência alternativa à trama do filme, onde o herói precisava da ajuda de Curt Connors para combater uma infecção viral proveniente dos experimentos genéticos da Oscorp, bem como os robôs esmaga-aranha do doutor Alistair Smythe.
O game misturava elementos de exploração de mundo aberto com pequenas missões que surgiam no mapa com missões que focavam mais nas capacidades de stealth do Homem-Aranha. Longe de ser uma maravilha, o game tinha seus bons momentos. Algumas ótimas ideias e outras nem tão boas, e, por aí, se salvava como um produto bacana pra fãs e palatável pra audiência em geral.
Com a aproximação do novo filme, era de se esperar que um novo videogame fosse lançado para aproveitar o embalo do cabeça de teia nas telonas.
Semana passada eu comprei o game, e após seis dias de intensa jogatina turbinada por um conveniente resfriado, pude experimentar praticamente tudo que O Espetacular Homem-Aranha 2 tem a oferecer.
O game começa antes dos eventos mostrados no filme, com uma história paralela e alternativa e que começa antes do longa metragem.
A trama, que envolve os vilões do filme, Electro e o Duende Verde, mas também o Rei do Crime, Shocker, Kraven o Caçador, a Gata Negra, o Camaleão e o Carnificina, começa com o Homem-Aranha procurando pelo assassino do tio Ben, numa investigação que o coloca em meio à uma guerra de gangues de criminosos pelo comando do submundo de Nova York, mais a queda de braço entre Wilson Fisk e Harry Osborn pelo comando da Oscorp, ao mesmo tempo em que todos os bandidos estão se borrando de medo do "assassino carnificina", um serial killer que está matando membros de gangues e apavorando a cidade.
Embora o plot do game seja bastante bagunçado, e nem de perto um exemplo de inspiração, The Amazing Spider-Man tem algumas novidades interessantes.
A mais alardeada, o sistema "Herói ou Ameaça" é bacana. A ilha de Manhattan do game é palco de diversos tipos de emergências que necessitam da intervenção de um super-herói. Problemas que vão de meras perturbações da paz pública até impasses da polícia com gangues armadas, passando por perseguições automobilísticas, incêndios, arrombamentos e bombas plantadas por terroristas podem ser encontrados por todo o mapa praticamente o tempo inteiro.
Quanto mais sucesso o player tem em impedir que tais crimes e catástrofes se desenvolvam, mais a opinião pública toma partido do herói, isolando J. Jonah Jameson como detrator do cabeça de teia.
No entanto, se o jogador não for rápido e eficaz em sua missão de salvar os habitantes de NY, seu nível heroico diminui, e o coloca no radar da má imprensa, e da Força Tarefa patrocinada por Wilson Fisk e a Oscorp para policiar as ruas, um grupo de policiais escolhidos a dedo pelo Rei do Crime para receber armamento pesado de alta tecnologia.
Por bacana que o sistema Herói ou Ameaça seja, outra novidade me chamou muito mais a atenção:
O novo sistema de balanço de teias do game.
Se poder se balançar pela cidade sempre foi um dos pontos altos dos jogos do Homem-Aranha, não é menos verdade que coisas como as teias se grudarem nas nuvens e a movimentação do balanço não levar em conta nenhuma leia da física causavam algum estranhamento aos jogadores mais cri-cri (entre os quais me incluo).
Em O Espetacular Homem-Aranha 2, o jogador precisa ter onde colar sua teia, de outro modo, simplesmente cai.
Mais bacana que isso, cada um dos gatilhos 2R e L2 do controle (de PS3), responde pela respectiva mão do Aranha enquanto ele se balança. Então, no momento de grudar a teia, é importante saber onde se está mirando, e se há algo lá para a teia ancorar. Leva poucos minutos pra dominar a técnica, e se ela parece bobagem, experimente se atirar do Empire State e disparar sua teia com o braço certo no prédio adequado pra ver o ganho que isso gera em termos de física.
Nem tão inspirado é o sistema de combate, bastante repetitivo, e, embora tão eficiente quanto no game anterior, peca pela falta de variedade. Se surrar os vagabundos das ruas deveria, mesmo, ser fácil, os duelos contra os chefes poderiam ter recebido mais atenção.
As intermináveis telas estáticas após cada resgate, irritam após algum tempo (tanto porque se estendem além da conta, quanto por serem repetitivas demais), e há alguns tilts e quebras de polígonos capazes de acabar com a calma de qualquer cabeça de teia.
A música é apenas OK, o trabalho de dublagem é bom, embora em algumas sequências cinemáticas a falta de sincronização entre a dublagem, e a animação seja quase irritante, e os atores do filme façam falta, em especial Emma Stone e Andrew Garfield, os gráficos são maneiros, e algumas das coisas mais bacanas do game anterior, os gibis pra ler no jogo, continuam espalhados pela cidade, podendo ser lidas na comic shop de Stan Lee (ele mesmo), em Times Square.
As missões do game estão mais abertas ao estilo de jogo do player, não sendo mais tão voltadas ao elemento da furtividade como no jogo anterior, embora, em algumas delas essa abordagem seja a mais aconselhável (Nos esconderijos russos, que por sinal são bem maneiros, com uniformes alternativos como recompensa, o "stealth" é quase obrigatório), e trazem vários objetivos secundários como registros de áudio e fotografias para o Clarim que aumentam (sensivelmente) o desafio e o fator replay.
No final das contas, O Espetacular Homem-Aranha 2 é um game que fica devendo ao filme em que é baseado, mas mantém o Homem-Aranha com sorte acima da média pra heróis cujos filmes viraram games.
Particularmente recompensador para os fãs do herói, mas pouco pra fazer não-fãs se coçarem em 200 reais.

"...Eu precisei me tornar um homem. Homem-Aranha."

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Einherjar


O Serapião estava morrendo.
Morrendo de câncer. Um tumor agressivo que lhe surgiu no cérebro, logo acima do olho esquerdo. Quando procurou o oftalmologista para reclamar da gradual perda de visão, o médico o aconselhou a procurar um neurologista. Ele levou tempo pra fazer isso, já que era meio relapso com a própria saúde, mesmo.
Quando as dores de cabeça começaram a aparecer mais frequentes e seu olho esquerdo estava quase cego, Serapião finalmente foi ao neurologista.
Ele encomendou inúmeros exames que o Serapião ficou fulo por ter que pagar, mas fez.
Quando saíram os resultados, o Serapião foi encaminhado pelo neurologista a um oncologista.
O oncologista explicou que ele precisaria fazer novos exames, culturas, biopsias e o escambau. Que era difícil julgar qualquer coisa, mas que deveria ser tudo rápido, muito, muito rápido.
Foi o "rápido, muito, muito rápido" que fez o Serapião entender que estava, e essa foi a forma como ele compreendeu tudo, fodido.
Fez os exames mesmo sabendo o que ouviria. Astrocitoma difuso em estágio avançado. Devido ao estágio de crescimento, as células malignas e o tecido saudável do cérebro já não eram lá muito fáceis de limitar o que tornava uma cirurgia particularmente arriscada.
Os médicos (eram três, um que falava bastante, muito atencioso, outro que dava pitacos com menos sutileza, mas de maneira bastante direta, o que Serapião gostava, e outro, mais velho, cabeça raspada e cavanhaque grisalho, que só olhava pro Serapião com uma expressão de gelo no rosto.) lhe recomendaram fazer os tratamentos de praxe, radioterapia, quimioterapia, lhe recomendaram que conversasse com uma terapeuta e lhe recomendaram, em última instância, que colocasse sua vida em ordem.
Serapião saiu do hospital sabendo o que faria.
Andou até a ponte sobre o arroio dilúvio na Azenha, debruçou-se sobre o para-peito e ficou olhando o lixo correr em direção ao Guaíba por vários minutos.
Não fez tratamento algum.
Passou os últimos dez meses de sua vida seguindo sua rotina como se nada tivesse acontecido.
Trabalhou, leu, foi ao cinema, pagou suas contas, contraiu outras tantas, jogou bola, jogou videogame, saiu com seu cachorro e fez tudo praticamente sem problemas.
Eventualmente a visão do olho esquerdo tornou-se quase nula. As dores de cabeça mais frequentes. Mas ele não ligou. Seguiu fazendo tudo o que sempre fez até morrer em casa, assistindo TV no canto do sofá perto de suas coisas.
Não tinha muitos grandes arrependimentos, o Serapião.
Dois... Talvez três momentos de sua vida em que gostaria de ter agido com mais sabedoria... Menos teimosia e pequenez... Dois envolvendo mulheres a quem tinha amado profundamente, outro, envolvendo um amigo que lhe era muito caro e a quem desapontou.
De resto, apenas bobagens. Pecadilho comezinhos que não fariam diferença alguma pro andamento do cosmos.
Serapião não era religioso. Não tinha medo da morte. Achava que seria como pegar no sono olhando TV, e simplesmente se desligar como um rádio velho. Nas últimas semanas de sua vida (e após a cegueira do olho esquerdo tê-lo levado a pensar em usar um tapa-olho ao estilo Nick Fury todas as semanas pareciam a última para Serapião), porém, Serapião se viu desejando que houvesse algo mais...
Ele ficou pensando em qual era a ideia de vida após a morte que mais o agradava... Não o Céu cheio de anjos, harpas e louvor dos cristãos, tampouco a Krypton/Brasília dos espíritas... Não... Serapião se agradava da vida após a morte dos nórdicos. Não o Valhalla... Mais particularmente o Folkvang dos vikings. Um céu de guerreiros que namoravam Valkírias, banqueteavam-se com mesas fartas e podiam ir até a beira da bifrost para chamar seus animais de estimação em vida para que se juntassem a ele e aos seus no tempo de glória que se seguiriam até o ragnarok... Para ir ao Folkvang bastavam três coisas, ter tido uma vida honrada, ter morrido em combate, e comprometer-se a proteger o castelo de Freyja.
Serapião sabia que se comprometeria a proteger o castelo... Estava morrendo combatendo sozinho e desarmado ao caranguejo que lhe devorava as temporas... Mas não sabia se havia levado uma vida honrada...
Antes de morrer, pensou em ligar para as três pessoas a quem achava que tinha desapontado na sua vida, e perguntado se elas o poderiam perdoar. Parecia a coisa honrada a se fazer... Mas Serapião morreu antes de tomar coragem para fazer isso.
E nós nunca soubemos se ele poderia ter-se unido aos Einherjar.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

No Semáforo


Ele parou do lado dela no meio-fio da calçada, pediu licença e apertou o botão do sinal de pedestres e ficou esperando que o semáforo mudasse de fase e garantisse a segurança no atravessar a rua.
Ela notou de imediato que ele a observava quando ele farejou o ar duas vezes, e então virou-se para ela.
Mesmo gripado como estava, ele sentiu o perfume dela. Um cheiro doce muito gostoso.
Ela estava acostumada à tal atenção.
Bonita, loira, destacava-se mesmo baixinha. E sabia tirar proveito de seus atributos aos quais sabia realçar na hora de se vestir. O traje daquele dia era testemunho dessa habilidade:
Calças pretas bem justas, dando ênfase às pernas bem torneadas e à bunda, bonita e redonda. Blusa azul-marinho larga o suficiente para esconder o eventual pneuzinho da lasanha comida cheia de culpa na noite anterior, mas não larga o suficiente para esconder os seios empinados, nem grandes nem pequenos.
Ele estava à direita dela, ambos olhando para a esquerda. Ela, esperando que o tráfego desse trégua e o sinal fechasse para os veículos, ele, aproveitando-se da estatura consideravelmente maior para observar-lhe o decote de ângulo privilegiado.
Ela notou, olhando de esguelha, e suspirou.
Como eram vis os homens.
Ele não era um sujeito feio. Altão, magricela, meio desengonçado. Mas não feio. Estava vestido de maneira sóbria e despojada, tinha cara de inteligente, parecia ser boa pessoa,capaz de manter um lar estruturado. Não fosse idiota e infantil como são todos os homens, e seria alguém que, mesmo sem ser nenhum Jason Momoa, ela poderia levar em consideração.
Mas como levar em consideração um infantiloide que ficava tentando olhar os peitos de uma mulher por cima enquanto esperava o sinal fechar?
Como dar abertura a uma criatura tão insegura?
Se aquele sujeito insuspeito fosse capaz de vociferar alguma coisa remotamente excitante ou estimulante, nem que fosse unicamente pela novidade de ver um homem com alguma atitude, ela na certa iria pra cama com ele.
Um relâmpago cortou o céu, o ribombar do trovão que se seguiu, a tirou de seu devaneio.
Quase ao mesmo tempo o sujeito ao lado dela disse:
-Tu vai ficar toda molhada.
Ela estacou olhando pra frente uma fração de segundo. Tanto pela ousadia da frase quanto pela telepatia implícita na declaração do vivente.
Será que, imersa em pensamentos, pensara alto encorajando o sujeito a ser tão saidinho?
O que faria? Explicaria que fora mal interpretada, que não tencionava fazer sexo casual com um completo estranho e que lamentava o mal-entendido?
Lamentava o caramba. Aquele sem-vergonha que abria uma conversa avisando que a mulher ficaria molhada merecia era uma descompustura, não um pedido de desculpa.
Virou-se pra ele, que sorria, casual. Até que tinha um sorriso bonito...
-O que foi que tu disse?
-Tu vai ficar toda molhada. - Ele repetiu. E reforçou: -E eu, também.
Ao mesmo tempo em que aquilo era um disparate, um absurdo e uma completa falta de respeito, ela não pôde deixar de ficar admirada com tamanha confiança. Ah, mas que vontade de fazer um teste só pra ver se ele era capaz de sustentar tal falácia entre quatro paredes.
Mas não, peraí... Ela tinha que se apegar à parte da falta de respeito, e talicoisa...
-Com que é que o senhor pensa que tá falando?
O sorriso dele se desmanchou... Ele enrubesceu, e gaguejou apontando pro céu plúmbeo :
-Hã... A... Nós... Nós dois... estamos sem guarda-chuva... E vem um caldo, aí...
Disse, e, ao constatar o sinal aberto à travessia de pedestres, pôs-se em movimento em marcha acelerada com suas pernas compridas.
Ela ficou parada, deixou o sinal abrir e fechar de novo, com uma expressão confusa estampada no rosto bonito, sentiu-se mal por ter interpretado mal ao pobre rapaz.
Paciência, pensou.
Mais tarde, naquele mesmo dia, riria tomando um iogurte natural com mel e assistindo Fox Life na TV a cabo. Todo o caso se tornaria uma anedota que dividiria com as colegas de trabalho.
"Mas tu te lembra daquela vez do 'Tu vai ficar toda molhada'? Pois ora veja..."
Mas ainda assim, que ficou pensando nas vantagens de verificar se uma declaração daquelas tinha ou não tinha lastro para sustentá-la na alcova... Ah, ficou...

segunda-feira, 5 de maio de 2014

O Espetacular Homem-Aranha 2: A Segunda Vez é Ainda Melhor


Conforme havia prometido quando vi o trailer do filme no começo do ano, sábado fui ver O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro uma segunda vez.
Acho que é sempre positivo rever filmes que te empolgam demais na estréia. Te dá uma nova perspectiva e a possibilidade de sair do embasbacamento de fã e ser mais objetivo na hora de notar eventuais defeitos.
Nesse review, podem haver spoilers, então, se ainda não viu o filme, e não quer informações sobre o enredo, pare de ler.

OK, daqui pra frente é por tua conta e risco:

A "História Jamais Contada:

Um dos grandes defeitos do primeiro filme era a insistência na linha narrativa que mostrava Peter tentando descobrir o que acontecera a seus pais após o abandonarem.
Essa insistência chegou a gerar a suspeita de que o roteiro de James Vanderbilt estivesse tentando mostrar uma predisposição de Peter a ser o Homem-Aranha, como se Richard Parker houvesse usado seu filho como cobaia de sua experiência.
De tão descabida, essa linha de história foi eliminada do corte final do filme (se é que existiu de fato), o que deixou inúmeras arestas por aparar.
Elas foram aparadas no novo filme, e talvez, seja essa a linha da história que mais incomoda.
Peter, com seu tio morto, com a tia endividada, Gwen indo pra Inglaterra (Sem contar todos os problemas super-heroicos), continua mais preocupado com seus pais mortos mais de dez anos atrás do que com os problemas imediatos que o assolam no presente.
Ainda assim, a forma como Alex Kurtzman e Roberto Orci fecharam a conta de Richard e Mary Parker no filme é bacana. Fiel aos quadrinhos e sem apelar ao absurdo de eles serem espiões (é, no gibi é assim).
Até a predisposição genética é confirmada de uma maneira mais... Elegante, digamos. Embora uma que demande muito mais suspensão de descrença e conforto com coincidências fortuitas.
Então, esse ponto, que é o mais baixo do filme, é superado antes do desfecho.

Harry Osborn, o melhor amigo que ninguém conhecia:

O Harry Osborn de Dane DeHaan ficou excelente. A interpretação do ator para o melhor amigo de Peter Parker foi ótima, quando eles conversam e sacaneiam um ao outro, há fluência e camaradagem crível na tela, e quando Harry se torna perverso, ele é muito mais convincente do que o "meigo" James Franco.
Mas mesmo tendo gostado muito do filme, a amizade duradoura dos dois soa forçada. Se eles não se viam desde os doze anos, como é que, tendo passado toda a adolescência afastados, os dois se encontram e ainda são melhores amigos?
Talvez se possa especular que Peter, sendo um jovem tímido e excluído, guardasse boas lembranças de quem foi seu melhor amigo na infância, quando os pais dos dois trabalhavam juntos, mas e Harry? Sedo um jovem bilionário revoltado com o mundo, porque ele ainda guardaria boas lembranças de Peter?
Poderíamos acreditar que seria pelas mesmas razões, mas é uma "melhor amizade" que exige um pouco de malabarismo de quem tenta justificá-la.

Electro, o vilão vítima:

Ninguém mais, e me incluo aí, aguentava os vilões vítima dos filmes de Sam Raimi. Raimi, gente boa até a medula, parecia incapaz de conceber um vilão malvado de verdade, de modo que todos os antagonistas do Homem-Aranha de Tobey Maguire eram bons sujeitos que acabavam sendo vítimas de experimentos.
Aí, na hora de recomeçar a franquia, colocam quem, de vilão principal?
Curt Connors, o Lagarto. Uma vítima do próprio experimento.
Podemos relevar que o Lagarto, ao contrário do Dr. Octopus e do Homem-Areia, era vítima de sua personalidade reptiliana já nos gibis, e funcionou bem na telona, criando um inimigo cascudo e um aliado interessante para o herói numa versão mais leve da relação pai/filho que Peter teve com Norman Osborn em Homem-Aranha.
No novo filme, Max Dillon aparece como uma nova vítima, mas apenas até se tornar o vilão.
Um nerd excluído e achincalhado, ao se ver cheio de poder, resolve dar vazão à raiva e à vaidade de um ego pisoteado ao longo dos anos.
Embora não seja o Electro do quadrinho, um escroto de carteirinha que se torna um vilão dos mais calhordas, a versão de Jamie Foxx é muito bem sacada pois é vítima até certo ponto, mas ao se tornar vilão, não rompe totalmente com o personagem que havíamos conhecido no início do filme: Um otário carente que era uma bomba relógio, não muito diferente dos atiradores solitários tão comuns nos EUA, mas turbinado por super-poderes elétricos.

Rino, o acessório:

Aleksei Sytsevich, o mafioso russo que se torna o Rino, aparece duas vezes no longa. A versão rinoceronte mecânico do vilão, aparece por cerca de três minutos, e olhe lá.
Está longe de ser um show de atuação de Paul Giamatti, o ótimo ator que vive o vilão no longa entrou na brincadeira e surtou total no papel. Sua interpretação é o mais estereotipada possível, mas a questão é:
Quem liga pra fidelidade quando se fala no Rino?
Pra tu ver como ninguém está muito preocupado, o vilão nem sempre foi russo. Em sua origem, ele era algo irlandês, e chamava-se Alex O'Hirn. A versão russa é mais recente, ligada ao Camaleão e a Kraven o caçador, por aí se vê que a origem do Rino e sua personalidade não necessariamente importam.
O Rino do longa é um amálgama entre a versão tradicional 616 e a Ultimate (que usa o traje mecânico), e serve muito mais pra emoldurar o longa do herói com um personagem a quem os fãs conhecem e que os espectadores do cinema, com sorte, verão de novo mais adiante.

A trilha sonora de Hans Zimmer:

Não se pode dizer muita coisa sobre Hans Zimmer exceto que o sujeito é o John Williams de uma geração, e esse é o melhor elogio que eu posso fazer a um compositor de trilhas sonoras.
Se seus temas para O Espetacular Homem-Aranha 2 não são tão chiclete quanto os de Danny Elfman para os filmes de Raimi, e nem são tão executados quanto a partitura de James Horner (da qual eu tinha gostado bastante), a trilha é muito bem sacada.
O tema do Aranha tem metais como toda a trilha de super-herói deveria ter, pra ficar com cara de fanfarra, mas ganha guitarras e um ritmo mais ágil que mostra que Peter Parker é jovem e se diverte sendo super-herói, espertíssimo.
O tema do Electro, então, está sensacional, criando um clima de tensão pra cada explosão do vilão.

As queixas infundadas:

Electro conserta os dentes ao se transformar?
Vi gente se queixando que o "gap", o vão estilo Madonna entre os dentes do Max Dillon desaparece quando ele sofre seu acidente. As pessoas perguntam que porcaria de vilão é esse que conserta os dentes ao se transformar. Mas não. Ele não vira um ortodontista elétrico.
Os dentes dele derretem.
Se tu prestar atenção às cenas subsequentes dele após a transformação, vai ver que seus dentes estão todos deformados, derretidos devido à eletrocussão dentro do tanque de enguias.

O Povo se junta pra ver as batalhas do Aranha!
Sim. Todo mundo se acotovela pra ver as brigas do Aranha junto aos cordões de isolamento da polícia.
Alguém acha isso estranho?
Pensa comigo: Se no nosso mundo real, onde qualquer um pode ser vítima de bala perdida sem fantasiados com super-poderes pra te levar pro hospital, situações de refém com marginal armado e vítima com arma na cabeça, tem mundos de gente olhando em volta, com a polícia sendo obrigada a montar cordão de isolamento ao redor do crime, será que alguém acha que num mundo onde super-heróis e super-vilões existissem e se engalfinhassem na rua, ninguém iria querer assistir in loco?

A "Mãozinha" de teia.
Eu nem sei como explicar isso pras pessoas sem sentir um pouco de dó de quem não entendeu...
A certa altura do filme, Gwen está caindo, e o Aranha lança sua teia para pegá-la. É um momento tenso, e, conforme a câmera lenta (muito bem utilizada) acompanha o fio em seu mergulho, na ponta do feixe, surge um formato de mão.
OK... Não. O Homem-Aranha não faz teias em forma de mão (nos filmes, nos quadrinhos já fez até coisas mais elaboradas), aquele também não é o formato habitual das teias. É apenas um recurso visual usado pra mostrar a teia como uma extensão do herói, bem como seu desespero para alcançar a namorada enquanto ela cai.
Esses festival de queixas quanto à presença da "mãozinha" é um depoimento bastante forte com relação ao retardo mental de uma geração incapaz de entender alguma coisa sem que ela seja explicada.
E depois eu reclamo quando os filmes são excessivamente expositivos.

O que há de positivo que fica mais evidente na segunda vista:

-Gwen Stacy. A namorada de todos nós.
Duvido que algum leitor que quadrinhos que conheceu a Gwen não se sentisse meio namorado dela. A loirinha era tudo aquilo que uma namorada deveria ser: Bonita, inteligente, divertida, compreensiva...
Emma Stone conseguiu mostrar tudo isso nos filmes, e mais. É descolada, engraçada, meiga. Se as atuações de Garfield e DeHaan merecem aplausos, a da senhorita Stone não fica atrás. Ela colocou Kirsten Dunst, Bryce Dallas Howard, Elizabeth Banks e a filha do senhor Ditkovic todas juntas, embaixo do salto de sua bota.
-O Relacionamento mais maneiro dos filmes de super-heróis.
Peter e Gwen conseguiram superar, e com folga, os melhores relacionamentos de filmes de super-heróis. Não tem Tony Stark/Pepper Potts, nem Steve Rogers/Peggy Carter, nem ninguém. A química entre Emma Stone e Andrew Garfield, namorados na vida real, é genial! Os dois, sacaneando um ao outro cheios de ternura, indo e voltando em seu relacionamento, fazendo planos apaixonados, comandam. Se tivesse um derivado estrelado apenas pelos dois, sem uniformes ou super-vilões, eu provavelmente iria assistir, porque eles são ótimos em cena.

-Peter Parker, fotógrafo.
Com dois vilões, o relacionamento Peter e Gwen, o conflito em casa com a tia May, e a obrigatória resolução da trama paralela dos pais de Peter Parker, o filme ficou tão curto que a participação de Shailene Woodley como Mary Jane foi cortada, e a de Felicity Jones como Felicia (Hardy?) foi brutalmente reduzida, ainda assim, houve espaço pra colocar uma breve menção (na verdade são três) ao fato de que Peter Parker complementa seu orçamento com fotos do Homem-Aranha vendidas ao Clarim Diário de J. Jonah Jameson.
-Problemas financeiros da família Parker.
Um elemento importante das histórias do Homem-Aranha é a pobreza. Nos filmes de Sam Raimi essa questão foi levada muito ao extremo, com um Peter Parker incapaz até de alugar um apartamento, vivendo em um quarto mequetrefe de uma pensão fuleira.
No longa anterior, não havia dado tempo de mostrar os problemas financeiros da família Parker, mas, ainda que de forma tímida, eles dão as caras na nova aventura, com May tendo que se virar para manter a casa e pagar os estudos de Peter Parker.
-Filme gibi.
Tantas referências aos quadrinhos, algumas inspiradíssimas, como a sequência em que vemos o dia a dia de Peter como Homem-Aranha, incluindo uniformes manchados de tinta, sujos de peixe, parcialmente destruídos, cobertos de fuligem, e ensopados, o que termina numa clássica cena do Homem-Aranha sofrendo de um violento resfriado comprando remédios na farmácia (I'm sbider-ban".

-Peter Parker, o espetacular Homem-Aranha.
É chover no molhado, mas é preciso dizer novamente: Andrew Garfield é sensacional no papel título. Ele dá a Peter Parker personalidade, espinha, caráter. Ao Homem-Aranha ele oferece verve, bom-humor, agilidade, carisma. Em segundos de tela ele já faz a audiência esquecer que existiu outro Homem-Aranha antes dele. Compará-lo a Tobey Maguire é como comparar Christian Bale a Michael Keaton no papel de Batman. Um é o artigo genuíno, o outro servia para aqueles filmes.
Não se deixe levar pelas críticas das viúvas ensandecidas, não se apegue à amargura de quem não suporta a novidade, assista ao filme e tire suas próprias conclusões, apenas tenha boa vontade. Não se prive de finalmente ver o Homem-Aranha nas telonas.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Resenha Cinema: O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro


Eu sou um dos amantes de cinema e de Homem-Aranha que realmente gostaram de O Espetacular Homem-Aranha.
Não somos uma maioria, devo dizer. A despeito do resultado razoável nas bilheterias, mais de setecentos milhões de dólares, a resposta da crítica especializada ao longa foi morna. Nerds neófitos e viúvas de Sam Raimi e Tobey Maguire, então, formaram rapidamente uma tribo de devotos odiadores do reboot, dispostos a bradar aos sete ventos tudo o que havia de errado com o filme e fechar os olhos com Super-Bonder a tudo o que existe de certo na adaptação.
Por sorte, a grana entrou nos cofres da Sony em profusão suficiente para dar seguimento à aventura aracnídea capitaneada por Mark Webb.
Após um curto período de espera, a sequência do filme andava em direção à luz como a Carol-Anne de Poltergeist.
As notícias a respeito do longa, porém, não eram lá das mais animadoras.
Se Jamie Foxx na pele de Electro acenava com um ótimo intérprete no papel do vilão, as mudanças na etnia de personagens de quadrinhos não são exatamente bem vindas... Ao anunciarem Paul Giamatti como Rino, e Dane DeHaan como Norman Osborn, todo mundo logo teve calafrios ao lembrar da trinca de antagonistas formada por Homem-Areia, Venom e Duende Jr. no malfadado Homem-Aranha 3 de Sam Raimi.
Chris Cooper foi escalado no papel de Harry Osborn, e Colm Feore, habitué do lado sombrio de personagens do cinema (recentemente ele foi o Laufey em Thor) além de B. J. Novak como Alistair Smythe, tudo começavam a soar como um funesto saladão de vilões.
Somando-se ainda a necessidade de contar uma "história não contada" e dar espaço a Peter Parker, Gwen Stacy, tia May e mais Mary Jane, que seria vivida por Shailene Woodley, e nós tínhamos um medonho festival de personagens que, para serem desenvolvidos a contento, necessitariam de um filme de quatro horas e meia.
A exemplo do primeiro filme, porém novamente, a tesoura comeu na edição, cortando tanto e com tanto vigor que Shailene e sua MJ sumiram do filme.
Após alguns trailers espetaculares que prometiam, ao menos, ação super-heroica de altíssima qualidade, era difícil não estar ao menos curioso com relação ao filme.
Algumas horas atrás, encarei uma sessão com uma hora de atraso e sem ar-condicionado no Cinemark Barra Shopping Sul, e conferi o filme.
O Espetacular Homem-Aranha 2 mostra Peter Parker (Andrew Garfield, coração e alma) em conflito.
De um lado, suas obrigações mundanas como um jovem estudante prestes a começar a faculdade, tentando ajudar sua tia May (Sally Field) a manter as finanças da casa em ordem e sustentar sua relação com Gwen Stacy (Emma Stone), do outro as grandes responsabilidades trazidas como brinde com os grandes poderes que a picada da aranha geneticamente modificada da Oscorp lhe conferiram.
Não bastasse o tormento que quebrar a promessa feita ao pai moribundo de sua amada lhe causa, o jovem herói segue tentando entender o que aconteceu a seus pais, mortos anos antes, após abandoná-lo às portas dos tios.
Enquanto Peter divide seus dias entre suas dúvidas e aspirações e o combate ao crime, a Oscorp segue em ebulição.
Enquanto o jovem Harry Osborn (DeHaan, ótimo, sepultando James Franco) assume o comando da companhia de seu pai moribundo, Norman (Chris Cooper, em ponta de luxo), gerando dúvidas na junta diretora, nos porões da companhia, o carente engenheiro elétrico Max Dillon (Foxx), sofre um acidente que mudará sua vida.
Exposto à enguias geneticamente modificadas da empresa após uma violenta descarga elétrica, Max desperta de um breve coma transformado numa entidade de imenso poder, o Electro.
Se a ira elétrica do vilão já não fosse problema suficiente para o aracnídeo, Harry descobre que sofre da mesma doença degenerativa que está matando seu pai, e acredita que o Homem-Aranha pode ser a chave para encontrar sua cura.
Tudo isso após Gwen, cansada das idas e vindas de sua relação com Peter, resolver aceitar uma bolsa de estudos em Oxford, na Inglaterra, e tentar deixar que a distância se encarregue de apagar as mazelas do romance malfadado.
Há problemas de roteiro em O Espetacular Homem-Aranha 2, a maioria deles advindos das más decisões de James Vanderbilt no script do primeiro filme.
Quando tenta pingar todos os "is" deixados na primeira parte da franquia, o texto de Alex Kurtzman e Roberto Orci acaba se enrolando um pouco, mas ainda assim, encontra algumas saídas interessantes pra salada de referências e pontas soltas herdadas do primeiro longa.
O grande acerto do roteiro, é investir em Peter Parker e Gwen Stacy, o melhor romance de filmes de quadrinhos da história do cinema, e tornar a ação do filme um espetáculo pirotécnico de arrancar mandíbulas tornando o Homem-Aranha o herói mais sensacional do cinema.
Não é exagero.
Esqueça o herói mudo dos filmes anteriores, que não era capaz de passar uma luta sem tirar a máscara e chorar na frente de seus inimigos.
Da mesma forma que Peter Parker perdeu a aura de looser autista criada por Raimi e Maguire (e que funcionava naqueles filmes) sob a batuta de um Mark Webb muito mais à vontade no comando do blockbuster, o Homem-Aranha se torna um Pernalonga V-12, fazendo piadinhas com a mesma velocidade em que dá baile em seus inimigos usando sua agilidade super-humana (novamente uso do bullet time para demonstrar a percepção acurada do Homem-Aranha e a forma como o sentido de aranha o torna alerta a todos os elementos a seu redor rende cenas lindas e sensacionais!).
O filme tem bom ritmo, apara arestas, investe certinho onde colocar seus holofotes, e deixa gostinho de quero mais na boca da audiência ao mostrar o que deve ser um longa de quadrinho.
No elenco Emma Stone é a namorada que todo mundo gostaria de ter, bonita, inteligente, esperta... Jamie Foxx interpreta um vilão vítima de um experimento, sim, mas acima de tudo, de sua própria vaidade e carência, além de ser dono dos poderes de uma espécie de divindade elétrica. Dane deHaan está excelente como Harry, revivendo seus melhores momentos de Poder sem Limites. Sally Field deixa o papel de acessório, e se torna a voz da razão e a mãe de que Peter desesperadamente precisa, mas Andrew Garfield faz trabalho de aplaudir de pé.
O ator toma o Homem-Aranha e Peter Parker pra si com tanta paixão e entusiasmo que quem não se convencer de que ele É o Homem-Aranha agora, precisa procurar ajuda profissional, seja de psiquiatra ou exorcista.
Assista.
Assista no cinema. Assista em 3-D.
Tu, e o verdadeiro Homem-Aranha, merecem o prazer.

"-Eu vou me tornar seu Deus!
-Um deus chamado faíscas?"

TODOS SAÚDEM AO REI


Em 2002 os filmes de quadrinhos engatinhavam.
X-Men e Blade haviam feito carreiras decentes e nada mais nas bilheterias. Haviam acenado com a possibilidade de vida inteligente além do sublime Superman de Richard Donner e do histérico Batman - O Retorno de Tim Burton.
Parecia que podia haver mais, mas quem se arriscaria a colocar nas telas um super-herói para segurar um filme inteiro sozinho sobre os ombros correndo o risco de virar um pastiche histriônico como o Batman de Kilmer ou (que Odin nos perdoe) de Clooney e Schumacher?
O Homem-Aranha foi esse herói.
O Homem-Aranha foi o pioneiro a quem todos seguiriam depois, incluindo os X-Men de Singer, o Batman de Nolan, e os coloridos heróis bilionários da Marvel.
O herói com quem toda a audiência podia se identificar foi a estrela polar dos filmes de quadrinhos ao unir coração, cérebro, pixels e humor na medida certa em um evento que marcaria uma geração de fãs de maneira tão indelével que todos os equívocos do filme seriam perdoados.
Quando a segunda parte foi lançada, dois anos depois, um novo patamar foi atingido, e isso apenas tornou o tombo do terceiro longa mais doloroso.
Essa mágoa permaneceu, e foi tão profunda que aqueles que conheceram o Homem-Aranha através dos filmes de Sam Raimi acreditavam piamente que Tobey Maguire era Peter Parker e que Mary Jane fora seu primeiro amor. Era o poder de uma história bem contada.
Tão bem contada que levou leitores de gibi como eu e outros que conheço a quase perderem as estribeiras apontando que, por melhores que os filmes de Raimi fossem, o VERDADEIRO Peter Parker, o VERDADEIRO Homem-Aranha ainda não haviam sido realmente encarnados na telona.
Ele seguia inédito, escondido dos olhos do grande público por trás das capas dos gibis dos anos sessenta, setenta e oitenta da Marvel.
Quando tivemos um vislumbre dele em O Espetacular Homem-Aranha, o filme de origem que nasceu odiado por legiões de fervorosos membros do "team tobey", não pareceu o suficiente.
Haviam desvios de rota demais em O Espetacular Homem-Aranha para que uma audiência rancorosa com o fim da série anterior e a partida de Maguire, Raimi, Franco e Dunst percebessem a possibilidade que existia ali.
Na magreza atlética do desengonçado Andrew Garfield, havia uma paixão inédita num intérprete de super-herói no cinema:
Um fã.
No filme de 2012, Garfield encarnou o Peter Parker/Homem-Aranha que todos os fãs de quadrinhos reconheceriam. Um jovem inteligente, introspectivo, capaz de grande ironia, e com um coração de um herói.
O Espetacular Homem-Aranha talvez tenha feito apostas erradas com sua "história jamais contada", mas TAMBÉM EXISTIAM EQUÍVOCOS NOS FILMES ANTERIORES!!!!!
E ao relevar os óbvios equívocos de O Espetacular Homem-Aranha, podia-se ver o potencial que existia ali.
Dois anos mais tarde, eu me sentei numa sala apinhada de gente do Cinemark, com uma hora de atraso, o ar-condicionado sonegado dos tenazes fãs que resolveram encarar a sessão até além das três da madrugada, e todas as mazelas desapareceram.
O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro é tudo o que o Homem-Aranha deveria ser nas telonas. Nunca, nem mesmo nos coloridos e descompromissados filmes dos estúdios Marvel/Disney, tampouco no fetiche sombrio e realista da DC Warner, um filme foi tão quadrinho.
O Homem-Aranha de Andrew Garfield é uma insana mistura de vigilante e cartoon, que não sonega acrobacias, atos de justiça ou as piadinhas que todos gostariam de ver.
Quando ele age, o ESPETACULAR tem que ser escrito com todas as letras maiúsculas para fazer justiça ao que acontece na tela.
Na pele de Peter Parker, Garfield continua mantendo o nível alto, enterrando a versão de Tobey Maguire com talento e atitude pra justificar cada ato do personagem.
As lágrimas, os suspiros e os sorrisos são são em vão.
O romance com Gwen Stacy, uma luminosa Emma Stone, a namorada de cada fã do herói, é brilhante, terno, honesto, vivo.
A amizade com o Harry Osborn de Dane deHaan tem fluência, por súbita que seja.
A relação com a tia May de Sally Field é tão conflituosa e cheia de amor quanto qualquer relação mãe e filho, e a necessidade de descobrir o que aconteceu com seus pais, é tão humana que nós nos apressamos em perdoá-la.
Vou fazer o costumaz review do filme logo ali adiante, não se preocupe.
Mas por hora, quero apenas dizer que o rei está de volta.
Saúde-mo-lo, todos.