Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
Pesquisar este blog
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Resenha Cinema: O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro
Eu sou um dos amantes de cinema e de Homem-Aranha que realmente gostaram de O Espetacular Homem-Aranha.
Não somos uma maioria, devo dizer. A despeito do resultado razoável nas bilheterias, mais de setecentos milhões de dólares, a resposta da crítica especializada ao longa foi morna. Nerds neófitos e viúvas de Sam Raimi e Tobey Maguire, então, formaram rapidamente uma tribo de devotos odiadores do reboot, dispostos a bradar aos sete ventos tudo o que havia de errado com o filme e fechar os olhos com Super-Bonder a tudo o que existe de certo na adaptação.
Por sorte, a grana entrou nos cofres da Sony em profusão suficiente para dar seguimento à aventura aracnídea capitaneada por Mark Webb.
Após um curto período de espera, a sequência do filme andava em direção à luz como a Carol-Anne de Poltergeist.
As notícias a respeito do longa, porém, não eram lá das mais animadoras.
Se Jamie Foxx na pele de Electro acenava com um ótimo intérprete no papel do vilão, as mudanças na etnia de personagens de quadrinhos não são exatamente bem vindas... Ao anunciarem Paul Giamatti como Rino, e Dane DeHaan como Norman Osborn, todo mundo logo teve calafrios ao lembrar da trinca de antagonistas formada por Homem-Areia, Venom e Duende Jr. no malfadado Homem-Aranha 3 de Sam Raimi.
Chris Cooper foi escalado no papel de Harry Osborn, e Colm Feore, habitué do lado sombrio de personagens do cinema (recentemente ele foi o Laufey em Thor) além de B. J. Novak como Alistair Smythe, tudo começavam a soar como um funesto saladão de vilões.
Somando-se ainda a necessidade de contar uma "história não contada" e dar espaço a Peter Parker, Gwen Stacy, tia May e mais Mary Jane, que seria vivida por Shailene Woodley, e nós tínhamos um medonho festival de personagens que, para serem desenvolvidos a contento, necessitariam de um filme de quatro horas e meia.
A exemplo do primeiro filme, porém novamente, a tesoura comeu na edição, cortando tanto e com tanto vigor que Shailene e sua MJ sumiram do filme.
Após alguns trailers espetaculares que prometiam, ao menos, ação super-heroica de altíssima qualidade, era difícil não estar ao menos curioso com relação ao filme.
Algumas horas atrás, encarei uma sessão com uma hora de atraso e sem ar-condicionado no Cinemark Barra Shopping Sul, e conferi o filme.
O Espetacular Homem-Aranha 2 mostra Peter Parker (Andrew Garfield, coração e alma) em conflito.
De um lado, suas obrigações mundanas como um jovem estudante prestes a começar a faculdade, tentando ajudar sua tia May (Sally Field) a manter as finanças da casa em ordem e sustentar sua relação com Gwen Stacy (Emma Stone), do outro as grandes responsabilidades trazidas como brinde com os grandes poderes que a picada da aranha geneticamente modificada da Oscorp lhe conferiram.
Não bastasse o tormento que quebrar a promessa feita ao pai moribundo de sua amada lhe causa, o jovem herói segue tentando entender o que aconteceu a seus pais, mortos anos antes, após abandoná-lo às portas dos tios.
Enquanto Peter divide seus dias entre suas dúvidas e aspirações e o combate ao crime, a Oscorp segue em ebulição.
Enquanto o jovem Harry Osborn (DeHaan, ótimo, sepultando James Franco) assume o comando da companhia de seu pai moribundo, Norman (Chris Cooper, em ponta de luxo), gerando dúvidas na junta diretora, nos porões da companhia, o carente engenheiro elétrico Max Dillon (Foxx), sofre um acidente que mudará sua vida.
Exposto à enguias geneticamente modificadas da empresa após uma violenta descarga elétrica, Max desperta de um breve coma transformado numa entidade de imenso poder, o Electro.
Se a ira elétrica do vilão já não fosse problema suficiente para o aracnídeo, Harry descobre que sofre da mesma doença degenerativa que está matando seu pai, e acredita que o Homem-Aranha pode ser a chave para encontrar sua cura.
Tudo isso após Gwen, cansada das idas e vindas de sua relação com Peter, resolver aceitar uma bolsa de estudos em Oxford, na Inglaterra, e tentar deixar que a distância se encarregue de apagar as mazelas do romance malfadado.
Há problemas de roteiro em O Espetacular Homem-Aranha 2, a maioria deles advindos das más decisões de James Vanderbilt no script do primeiro filme.
Quando tenta pingar todos os "is" deixados na primeira parte da franquia, o texto de Alex Kurtzman e Roberto Orci acaba se enrolando um pouco, mas ainda assim, encontra algumas saídas interessantes pra salada de referências e pontas soltas herdadas do primeiro longa.
O grande acerto do roteiro, é investir em Peter Parker e Gwen Stacy, o melhor romance de filmes de quadrinhos da história do cinema, e tornar a ação do filme um espetáculo pirotécnico de arrancar mandíbulas tornando o Homem-Aranha o herói mais sensacional do cinema.
Não é exagero.
Esqueça o herói mudo dos filmes anteriores, que não era capaz de passar uma luta sem tirar a máscara e chorar na frente de seus inimigos.
Da mesma forma que Peter Parker perdeu a aura de looser autista criada por Raimi e Maguire (e que funcionava naqueles filmes) sob a batuta de um Mark Webb muito mais à vontade no comando do blockbuster, o Homem-Aranha se torna um Pernalonga V-12, fazendo piadinhas com a mesma velocidade em que dá baile em seus inimigos usando sua agilidade super-humana (novamente uso do bullet time para demonstrar a percepção acurada do Homem-Aranha e a forma como o sentido de aranha o torna alerta a todos os elementos a seu redor rende cenas lindas e sensacionais!).
O filme tem bom ritmo, apara arestas, investe certinho onde colocar seus holofotes, e deixa gostinho de quero mais na boca da audiência ao mostrar o que deve ser um longa de quadrinho.
No elenco Emma Stone é a namorada que todo mundo gostaria de ter, bonita, inteligente, esperta... Jamie Foxx interpreta um vilão vítima de um experimento, sim, mas acima de tudo, de sua própria vaidade e carência, além de ser dono dos poderes de uma espécie de divindade elétrica. Dane deHaan está excelente como Harry, revivendo seus melhores momentos de Poder sem Limites. Sally Field deixa o papel de acessório, e se torna a voz da razão e a mãe de que Peter desesperadamente precisa, mas Andrew Garfield faz trabalho de aplaudir de pé.
O ator toma o Homem-Aranha e Peter Parker pra si com tanta paixão e entusiasmo que quem não se convencer de que ele É o Homem-Aranha agora, precisa procurar ajuda profissional, seja de psiquiatra ou exorcista.
Assista.
Assista no cinema. Assista em 3-D.
Tu, e o verdadeiro Homem-Aranha, merecem o prazer.
"-Eu vou me tornar seu Deus!
-Um deus chamado faíscas?"
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário