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quarta-feira, 14 de maio de 2014
Resenha DVD: Ajuste de Contas
Que praticamente todo o fã de cinema, em especial de filmes de boxe, já havia imaginado quem venceria uma luta entre Rocky Balboa e Jake LaMotta, todo mundo sabia. O que pouca gente deve ter imaginado é que a onda de colocar cavalheiros de idade avançada a trocar bordoadas renderia a luta entre os dois quando LaMotta (Robert de Niro) já tinha 70 anos e Rocky (Sylvester Stallone) já alcançara os 67.
Pior que isso, descobrir que o filme que uniria essas duas lendas do drama esportivo seria dirigido por Peter Segal, diretor egresso das comédias com Adam Sandler (Como se Fosse a Primeira Vez, Tratamento de Choque, Golpe Baixo). Não me entenda errado, obviamente não se poderia fazer um filme sério sobre dois anciãos boxeadores, não importa em que boa forma estejam Stallone (óbvio) e De Niro (surpreendentemente), mas Segal não é um nome que rescinda pela qualidade de seu trabalho.
No filme somos apresentados à história de Henry "Razor" Sharp (Stallone) e Billy "The Kid" McDonnem, dois boxeadores de Pitsburgh que, nos anos oitenta, tiveram duas lutas épicas. Na primeira, McDonnem nocauteou Sharp após quinze assaltos de combate, na segunda, Sharp venceu seu oponente após quatro rounds, todos estavam ansiosos pela negra, mas, para surpresa de todos, Sharp anunciou sua aposentadoria, privando o mundo, e McDonnem, da grande luta.
Os dois seguiram com suas vidas, Sharp se tornou operário em um estaleiro, e McDonnem continuou lutando até se aposentar, abrindo um restaurante, uma loja de automóveis. As coisas mudam quando Dante Slate Jr. (Kevin Hart), filho do empresário Dante Slate (criado à imagem e semelhança de Don King), promotor das duas lutas entre Razor e Kid, surge tentando se colocar no mercado empresarial.
Ele oferece dinheiro a Razor para que ele realize a captura de movimentos de um game de boxe, o ex-pugilista, precisando de dinheiro para pagar suas contas, incluindo aí o asilo de seu ex-treinador, Lightning (o sempre ótimo Allan Arkin), aceita de maneira relutante com uma condição, não precisar ver Kid.
O problema é que Kid resolve chegar mais cedo à sessão de captura de movimento, os dois se encontram, trocam farpas, e por fim caem na porrada. Filmados por inúmeros celulares, os dois velhotes briguentos viram hit no Youtube, com sua pancadaria se tornando um viral de extremo sucesso, o que faz com que surja, de imediato, um convite para a realização da luta que ficou faltando trinta anos mais cedo.
Kid, ansioso pela contenda há décadas aceita de imediato.
Razor precisa se ver demitido de seu emprego e prestes à falir até decidir, mas eventualmente acaba aceitando tomar parte no espetáculo.
Daí pra frente começam os treinamentos, as piadas de velho, as tirações de sarro com os filmes dos protagonistas, e as participações especiais (L. L. Coll J., Chael Sonnen, e Mike Tyson e Evander Hollyfield, essa, disparado a melhor do filme) nenhuma particularmente engraçada, mas também, nada que chegue a insultar o bom-gosto ou a inteligência da audiência.
Conforme a trama anda, descobrimos que a causa da raiva entre Razor e Kid é uma mulher, Sally (Kim Basinger, ainda bonitona aos sessenta anos de idade), ex-namorada de um, que teve um filho com o outro. O filho também surge, B. J. (Jon Bernthal) que rende algumas boas piadas que, na tradução, perdem toda a graça, e assim o filme vai, sem grandes arroubos para o bem, nem para o mal, até a inevitável luta que encerra o filme.
A luta, por sinal, é bem filmada, tem seus momentos, e a despeito da diferença de porte físico entre os dois combatentes, surge um fator para dar uma equilibrada nas coisas, até o desfecho morno.
E, no fim, Ajuste de Contas é isso, esse banho maria sem sal, que vai em ritmo de terceira-idade sem alarde ou arroubos.
Se Stallone e Kim Basinger têm atuações bem-intencionadas, De Niro brinca no piloto-automático de onde tem saído raramente nos últimos anos. Uma boa surpresa é Kevin Hart, muito menos irritante do que se poderia supôr, garantindo algumas das boas piadas do filme, em especial quando interage com Arkin, esse, nenhuma surpresa, tirando de letra o tipo velho rabugento que não está nem aí pra nada. Jon Bernthal também tem lá seus momentos, e são dele os momentos do filme que tentam ser tocantes, e dependendo do clima da audiência, até funcionam.
Em suma, Ajuste de Contas não ofende, mas se a essas alturas da vida De Niro e Stallone têm direito a rir de si mesmos, LaMotta e Balboa mereciam um pouco mais...
"-Corajoso de sua parte vir sem sutiã.
-Ah, é? Tenho uma surpresa pra você: Dei uma cagada na sua varanda."
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