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sexta-feira, 25 de março de 2016

Resenha Cinema: Batman vs. Superman: A Origem da Justiça


Eu sempre disse, e quem quiser conferir, só precisa olhar as postagens de três anos atrás, que eu sou parte de um time restrito:
O das pessoas que gostaram de O Homem de Aço.
Eu realmente gostei. Deixei isso bastante claro na resenha que escrevi do filme logo após assistir à uma sessão de pré-estréia em junho de 2013. Aqui está uma frase minha, tal e qual escrita na manhã seguinte ao filme:
"O Homem de Aço é ótimo.
O longa encontra o tom ao contar a história de um homem desorientado procurando por seu lugar no mundo, e do peso que aceitar esse lugar depositará sobre seus ombros.".
Claro. Eu revi O Homem de Aço uma semana mais tarde, e percebi falhas no filme, mas continuei, essencialmente, gostando do longa. Quando critico o longa por detalhes como a exposição excessiva no roteiro, ou a Lois Lane onipresente, ou o destruction porn que o filme se torna no momento da utilização do Motor Mundo e do confronto entre Superman e Zod, o faço como alguém que, no geral, gostou do filme, mas achava que ele poderia e deveria melhorar em certos aspectos.
Os fanboyolas que eventualmente me agrediram por escrito em redes sociais ao me ouvir falar do filme (quer me ver perder a paciência é estar falando comigo sobre, por exemplo, O Homem de Aço, e retrucar à uma crítica com "Ah, é. Porque bom é o Homem Formiga". Eu me recuso a discutir civilizadamente com gente da categoria sorvete-na-testa.) jamais entenderam que eu estava no time dos que gostaram do filme, e o consideraram um digno embrião para o novíssimo universo cinematográfico compartilhado da DC.
Ao contrário de gurizinhos sensíveis criados pela avó fazendo pintura em porcelana, eu não estou na folha de pagamento nem da Marvel e nem da DC, já tive fases mais Marvete e fases mais DCnauta, e tenho histórias e personagens favoritos em ambas as editoras, então me falta paciência e disposição pra apaziguar Marvecas e DCnildas desvairadas que destilam ódio e dão aulas de como desperdiçar tempo na internet.
Foi por isso que, à certa altura da divulgação de Batman Vs. Superman: A Origem da Justiça, eu simplesmente me abstive de redes sociais. Porque qualquer crítica, observação ou receio para com a condução desse segundo e ambicioso passo da DC/Warner para edificar um universo de cinema nos moldes daquele que a Marvel/Disney começou a edificar oito anos atrás, era alvo de uma enfurecida retaliação de algum nerd tetudo cuja vida girava ao redor dos Novos 52, ou se tornava bengala de algum virgem de 23 anos anos com um retrato do Robert Downey Jr. na carteira pra sustentar uma discussão estilo quinta série no Orkut, Yoble, VK, etc...
De qualquer forma, após uma longa espera, hoje assisti a Batman Vs. Superman: A Origem da Justiça, e simplesmente não consegui decidir se gostei do filme, ou não.
O longa de Zack Snyder abre com uma sequência de sonho onde Bruce Wayne revive o assassinato de seus pais, na saída do cinema, intercalado com o instante onde, após fugir em meio ao funeral de Thomas e Martha Wayne, ele caiu em uma greta, e encontrou uma caverna sob a propriedade Wayne onde viviam milhares de morcegos...
Logo em seguida, somos levados de volta à Metrópolis quando o Motor Mundo Kryptoniano era ativado. Superman e Zod se enfrentam devastando a cidade. Bruce Wayne chega de helicóptero, embarca em um automóvel e ordena, por telefone, que seus funcionários evacuem o prédio da financeira Wayne.
A ordem, porém, chega tarde demais.
Os raios de calor dos dois Kryptonianos cortam o edifício como se fosse feito de margarina, e o prédio rui matando dúzias (ao menos é o que diz em um recorte de jornal. Considerando o tamanho do prédio, acredito que saiu barato termos "dúzias" de vítimas e não "centenas" ou "milhares".).
As mortes na empresa, e na cidade de Metrópolis como um todo são o estopim para que Bruce Wayne, espertamente retratado por Ben Affleck como um irascível e neurótico vigilante calejado, declare uma guerra pessoal contra o último filho de Krypton.
Para isso, Bruce precisa de um mineral recém descoberto nas entranhas do Motor Mundo de Zod:
A kryptonita.
O minério descoberto por pesquisadores de Lex Luthor se revelou capaz de interagir com o DNA kryptoniano, sendo capaz de causar danos mesmo ao corpo preservado de Zod. Luthor (Jesse Eisenberg), planeja tornar esse mineral alienígena radioativo em uma arma. Um elemento dissuasivo na eventualidade de o Superman, ou outro de seus conterrâneos, voltarem a ameaçar a Terra.
E para conseguir o que quer, Luthor não poupa esforços, usando mercenários para simular ataques do Superman na África, ameaçando senadores, manipulando o homem-morcego, e até mesmo fuçando a tecnologia da espaçonave de Zod, tudo isso enquanto a opinião pública se divide a respeito do que o Superman pode, ou não pode, fazer.
Então...
Acredito que o mais justo seria dizer que gostei de determinados elementos, mas, no geral, achei um filme irregular.
Ao contrário do que foi prometido na divulgação, os trailers mostraram tudo o que havia pra se mostrar em Batman Vs. Superman.
Não existe nenhum desdobramento no filme que não possa ser antevisto por quem assistiu os três principais trailers do longa (que eu acho que a gente encontra aqui no Blog se procurar direitinho).
Zack Snyder tem ótima mão pra ação, mas não é um diretor sutil, ele desenvolve o roteiro de Chris Terrio e David Goyer cheio de confiança e garbo, mas o faz de maneira atabalhoada, confusa, e, por vezes, arrastada.
Apesar de o filme ser Batman Vs. Superman, o que nós realmente vemos é Snyder tentando fazer um filme do Batman onde o Superman eventualmente aparece, e a despeito de ter um protagonista surpreendentemente seguro no papel, ele claudica à sombra da trilogia das Trevas de Christopher Nolan.
Eu sei, a comparação é injusta, mas é inevitável.
O Batman de Affleck tem qualidades, mas é obtuso, descuidado, e mata indiscriminadamente, de maneira direta e indireta, quebrando pescoços, disparando tiros em tanques de combustível, esmagando carros com o Batmóvel ou marcando pedófilos com um morcego em brasa para que eles sejam reconhecidos por seus crimes dentro do presídio e punidos por outros detentos, e por mais maneiro que seja um Batman envelhecido e rabugento com voz de Darth Vader deitando a porrada em deus e todo mundo, diabos... Esse não é o Batman que eu conheci nos quadrinhos e que, mesmo com todas as licenças tomadas por Nolan, fui capaz de reconhecer em Christian Bale.
Henry Cavill, maduro e tranquilo em seu papel de Superman, é relegado á "coadjuvância", o que também acontece com Amy Adams, quase um acessório, Laurence Fishburne e Diane Lane.
O Alfred de Jeremy Irons tem seus momentos mas não dá pra largada com Michael Caine, enquanto que o Lex Luthor de Jesse Eisenberg é uma estranha mistura de Mark Zuckerberg, Woody Allen e Coringa de Heath Ledger, constantemente se remexendo, resmungando e invadindo o espaço pessoal alheio. Sua tentativa de emular um psicopata é quase risível, e uma única cena de Kevin Spacey em Superman - O Retorno, o diálogo com Lois Lane no Iate, é infinitamente mais ameaçadora e memorável que todo o espalhafato reciclado de Eisenberg.
A Mulher-Maravilha de Gal Gadot é apresentada como uma mulher misteriosa, uma bobagem já que entregaram a presença dela como a amazona ainda na segunda prévia do longa, mas ela tem presença e uma interessante nota perdida entre o musical e o seco em sua voz, além de uma trilha sonora muito fodona. O que ela não tem, é uma função dentro do filme fora participar da luta final e interromper um momento em que o longa se tornava mais interessante pra apresentar Aquaman (Jason Momoa), Flash (Ezra Miller) e Ciborgue (Ray Fisher) e plantar o embrião do filme da Liga sem apelar para uma cena pós-créditos (não há nenhuma).
O longa, apesar dos problemas, funcionava quando se apoiava nas diferenças entre os protagonistas. Uma interessante e promissora queda de braço ideológica tomava forma, até Snyder entrar em modo Rocky Balboa e começar a preparação para a "luta de gladiadores definitiva" com, eu juro, uma training montage do Batman se preparando para lutar com o Superman separando armamento de Kryptonita, mísseis, bombas, uma armadura e... Levantando pesos.
Ainda assim, a luta entre os dois heróis é divertida, tem bons momentos, é ação competente, mas isso não satisfaz Snyder, e logo, surge Apocalypse, o medonho híbrido do DNA de Zod e Luthor (eu não sei qual dos dois é parente do Abomínavel de O Incrível Hulk, mas é a única explicação que encontrei para um híbrido de Zod e Luthor se parecer com um gigantesco monstro cinzento) com a única intenção de causar destruição.
Com uma ameaça desse tamanho, será que o homem de aço e o cruzado encapuzado serão capazes de deixar suas desavenças de lado para salvar Metrópolis, e, mesmo que o façam, será o suficiente?
O que eu posso garantir, é que nem toda a megalomania do grande duelo final, e todas as referências a O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller são o suficiente para tornar Batman Vs. Superman: A Origem da Justiça o filme que ele poderia, merecia e deveria ser.
O longa ainda será um grande sucesso de bilheteria, se Transformers - A Era da Extinção chegou ao bilhão de dólares, Batman e Superman não devem ter problemas para superar a marca, mas se esse longa for o modelo do universo cinematográfico da DC, então, francamente, eu fico com os dois pés atrás com relação ao que vem por aí.

"-Por que você acha que precisaremos lutar?
-Só um pressentimento."

2 comentários:

  1. Ben Affleck é um ótimo ator, é muito talentoso e bonito, não há filme que não me surpreenda. Eu gostei e você? Me surpreendeu o ator. seu trabalho é excelente como neste filme. Sigo muito os filmes com ben affleck, sempre me deixa impressionada em cada nova produção. O vi recentemente em Liga de Justiça, e recomendo, o êxito do filme se deve muito ao grande elenco que é bastante conhecido pelo seu grande trabalho. Foi o meu filme preferido.

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    1. Gosto do Batman do Affleck, de modo geral, Paulina, e gosto do filme até o terceiro ato.
      Pra mim, Batman V Superman seria um GRANDE filme sem Lex Luthor e sem o Apocalypse.

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