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quinta-feira, 24 de março de 2016
Resenha Série: Demolidor Temporada 2: Episódio 13: A Cold Day in Hell's Kitchen
Atenção! Pode haver spoilers.
Demolidor, Elektra e Stick conseguiram escapar do Tentáculo. Ainda assim, os três sabem que a organização criminosa jamais lhes dará sossego agora que sabem que a ninja assassina é o Céu Negro de sua devoção.
Enquanto Stick sabe que a única forma de deter o Tentáculo é matando Elektra, e Elektra sabe que a única forma de deter o tentáculo é matando Nobu, Matt deseja apanhar o imatável cabeça da ordem, despi-lo de seu poder, e expô-lo como um homem comum. O que, para o idealista advogado católico, fará os seguidores de sua liderança debandarem.
É um plano otimista, mas Elektra parece disposta a segui-lo junto com Matt, especialmente depois de o advogado amarrar Stick a uma cadeira para mantê-lo longe dela.
O problema é que enquanto Matt e Elektra planejavam sua jogada no médio prazo, o Tentáculo não perdeu tempo, e imediatamente colocou seus vastos recursos a trabalhar em nome da vingança contra o Demolidor.
Após espancarem o sargento Mahoney e ameaçarem a vida de sua mãe, os agentes da organização conseguem uma lista de todas as pessoas que Matt já salvou, sequestram todos e os fazem reféns para atrair o demônio de Hell's Kitchen até uma armadilha.
A isca se torna particularmente mais eficiente quando Karen Page está entre as pessoas salvas pelo Demolidor.
Com a vida de dezenas de inocentes em risco, não resta alternativa a Matt, senão cair na armadilha para tentar manter todos em segurança.
A despeito de ser um grande combate final de Matt contra Nobu e o Tentáculo, o final da segunda temporada de Demolidor conseguiu a proeza de ser um desfecho muito superior ao bom encerramento da temporada de estreia.
Enquanto o season finale do ano um da série era desenhado ao longo dos doze episódios iniciais culminando numa aguardada luta de Matt contra Fisk, o encerramento do segundo ano é mais orgânico, mais corrido, soando todo mais urgente e improvisado.
Essa correria toda, porém, não faz com que a equipe de Demolidor seja descuidada com as relações entre os personagens, e o peso de cada um dos coadjuvantes na resolução de todo o drama engendrado.
Nós podemos ver Foggy aceitando um emprego na firma de Jeri Hogarth (Carrie Anne-Moss, egressa de Jessica Jones), vemos Melvin Potter fazendo um traje para Elektra e, dando um passo em direção à sua persona dos gibis, o Gladiador, mostrar o seu próprio, tanto na roupa de proteção que usa sob a camisa quanto no poster de gladiadores na parede da oficina e nos designs na mesa onde ele apanha o novo bastão de Matt, aliás, o novo bastão é finalmente a versão do bastão de Matt nos gibis, com o cabo flexível por dentro e o lançador de arpéu. Ainda há espaço para vermos a nobreza do sargento Mahoney, para Karen se mostrar novamente uma mocinha repleta de determinação e recursos, espaço para Stick, para Frank Castle voltar à casa onde foi feliz pela última vez, e então queimá-la e, claro, há espaço para Elektra e Matt se unirem como pareciam estar evitando fazer a todo o pano desde o quinto episódio.
E nada disso é excessivo, tudo ocorre com uma bem-vinda fluidez, e de uma forma que, ao contrário do bom desfecho da primeira temporada, que, sejamos francos, todos sabíamos como terminaria, deixa a audiência sob tensão durante todo o tempo.
A cena em que Matt e Elektra estão encurralados entre dezenas de ninjas e mais Nobu, e Matt diz para ela que eles deveriam fugir juntos, é genuinamente tocante, e nós sabemos que é sincero.
Quando Matt aventa uma existência sem vida civil, ele só pode vê-la ao lado de Elektra. Ela é a única pessoa que o viu por inteiro, e o aceitou e amou sem julgamentos ou melindres.
Por isso é muito mais doloroso quando, em uma cena análoga aos quadrinhos de Frank Miller, Elektra é assassinada com sua própria adaga Sai, brandida por Nobu, mais catártico quando Matt espanca impiedosamente ao ninja, derrotando-o além de qualquer sombra de dúvida (graças à dica de Stick) e muito mais tocante quando, no funeral da Ninja, Matt fala sobre as flores que ela preferia, e confirma a Stick que sim, valeu a pena amá-la.
Com momentos particularmente inspirados, como o Justiceiro oferecendo cobertura à Matt, Stick garantindo que Nobu permaneça morto, e a conversa entre Karen e Ellison sobre bloqueio de escritor, Demolidor encerra sua segunda temporada dando um passo adiante do que fora o excelente ano um, estabelecendo Demolidor como a melhor adaptação de um quadrinho para a TV, e uma das melhores adaptações de super-heróis para qualquer mídia graças à uma equipe de produção que levou seu trabalho à sério, soube entender e desenvolver seus personagens, dar-lhes vida e profundidade e entregar um show que, desde ontem, quando assisti ao desfecho da temporada, já me deixou ansioso pelo ano três.
Com uma nota vagamente melancólica em seu desfecho e promissoras sementes plantadas para o futuro, Demolidor se despede em altíssimo nível, deixando um vazio muito difícil de preencher.
Não demore a voltar, Matt. Acho que falo por todos os fãs de quadrinhos e de bom entretenimento quando digo que sentiremos tua falta.
"Olhe dentro de seus próprios olhos e me diga que não é heroico e que não suportou ou sofreu ou perdeu as coisas que mais lhe importavam. E mesmo assim, aqui está você. Um sobrevivente de Hell's Kitchen, o lugar mais conturbado do mundo. Um lugar onde covardes não duram. Então, você deve ser um herói."
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