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segunda-feira, 18 de julho de 2016

Resenha DVD: Zoolander 2


Em 2001 o mundo conheceu Derek Zoolander, o modelo masculino interpretado por Ben Stiller.
Derek Zoolander era um completo e absoluto idiota, egocêntrico e alienado, que após ver seu mundo ruir ao ser superado pelo rival Hansel (Owen Wilson), era cooptado por um perverso senhor da moda, e sofria uma lavagem cerebral para ser usado como arma no assassinato do primeiro ministro da Malásia.
Zoolander era um filme OK. Longe dos melhores trabalhos de Stiller atrás das câmeras, notadamente O Pentelho e Trovão Tropical, o longa tinha seus momentos tanto pelo absurdo de escalar Wilson e o próprio Stiller como bem-sucedidos personagens do mundo da moda, quanto pela crítica aberta e hilária que fazia desse mundo ao mostrá-lo como algo tão superficial e bobo, que apenas as pessoas mais envolvidas poderiam lhe dignar alguma importância.
Zoolander, senão o filme, o personagem, ganhou alguma notoriedade com o passar dos anos, e encontrou seu público no home-video, sendo frequentemente lembrado como um dos personagens icônicos da moderna comédia americana.
Quinze anos se passaram, e talvez por conta do sucesso da sequência tardia de O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy, outro filme que não fez sucesso no cinema mas ganhou o coração de sua audiência no DVD, a Paramount resolveu liberar verba para que, quinze anos após o primeiro filme, Zoolander voltasse aos cinemas.
Eu não fui assistir Zoolander na telona. Ao contrário de Ron Burgundy e sua turba de jornalistas imbecis de O Âncora, Zoolander não fora um filme que eu lamentei não ter visto no cinema. Via de regra, não acho Stiller um grande comediante, de modo que ignorei a passagem da sequência até o sábado, quando passei na locadora e resolvi dar uma chance ao filme.
Zoolander 2 abre com uma sequência de perseguição em Roma, onde após um breve jogo de gato e rato, Justin Bieber é encurralado diante da mansão de Sting, e metralhado.
Com seus últimos suspiros, ele tira uma selfie, emulando uma das centenas de expressões aparentemente iguais de Zoolander, e a publica no instagram.
Após uma breve sequência de abertura onde somos informados do que aconteceu com Zoolander nos últimos quinze anos, incluindo o desmoronamento do seu Centro Derek Zoolander Para Crianças que Não Conseguem Ler Bom, desastre que culminou com a morte de sua amada Matilda (Christine Taylor), desfigurou Hansel (Owen Wilson) e fez com que perdesse a guarda de seu filho, Derek Jr.
Assombrado pela tragédia, Zoolander vai viver numa região remota e gélida (de Nova Jérsei), até ser procurado por Billy Zane (interpretando a si próprio), que o convence a sair da aposentadoria para desfilar em Roma para um grande estilista em uma tentativa de se mostrar produtivo e recuperar a guarda do filho.
Quase ao mesmo tempo, vemos que Hansel, que agora usa uma máscara dourada para esconder seu rosto desfigurado, está vivendo no deserto (de Malibu) com um consórcio que chama de Orgia, um grupo formado por sábios de vilas chinesas, guerreiros maoris, elfas em miniatura, escravas núbias e Kiefer Sutherland.
Apavorado após descobrir que estão todos grávidos dele, Hansel não resiste muito após ser convidado por Zane para desfilar, também.
Uma vez na Itália, os dois são procurados por Valentina Valencia (Penélope Cruz), agente do setor de moda da Interpol, que precisa da ajuda de Derek para decifrar o mistério por trás da última publicação de Bieber no Instagram, apenas o último astro pop a morrer deixando como última mensagem uma expressão do cartel de Zoolander, após Madonna, Bruce Springsteen, Demi Lovatto e Lenny Kravitz.
Não tarda para que os dois idiotas e a agente descubram que a morte das celebridades está ligada a um antigo conclave de defensores da linhagem de Steve, que dividiu a Terra com Adão e Eva, e cujo sangue é a fonte da eterna juventude, e que essa linhagem termina, claro, no filho de Zoolander, Derek Jr. (Cyrus Arnold).
O jovem Derek Jr., então, se torna alvo dos planos de Alexyana Atoz (Kristen Wiig, fazendo uma versão sinistra da Donatella Versace de Maya Rudolph em SNL), que podem estar ligados ao antigo inimigo de Derek, Mugatu (Will Ferrell).
Como se pode ver, pra um filme que deveria ser apenas uma grande bobagem, Zoolander 2 tem trama demais.
Pra piorar, a trama não é boa. As piadas são forçadas e o que funcionou no filme de 2001 não necessariamente funciona nessa inchada sequência.
Na verdade, pouca coisa funciona no filme, que aposta na fórmula da repetição com mais escopo. Então, atores mais famosos no elenco de poio, mais celebridades fazendo pontas desnecessárias num festival de participações que vai de Mark Jacobs e Valentino a Neil DeGrasse Tyson e John Malkovich passando por dezenas de modelos e estilistas além de Katy Perry, Susan Sarandon, Sting, Alexander Skarsgard, e Benedict Cumberbatch no que soa como uma desesperada tentativa de que o fan-service e a purpurina escondam o fato de que o filme não é engraçado e que o roteiro de Stiller, Justin Theroux, John Hamburg e Nicholas Stoller simplesmente perde aquela qualidade idiótica e simplória do longa de 2001 em nome de um plot cheio de reviravoltas inúteis e chatas refletidas na cena em que Mugato tira uma máscara, então tira o macacão, então rasga os músculos e finalmente remove a careca falsa para chegar ao visual do primeiro longa (Ferrell, por sinal, é um dos poucos que se salva no filme, mantendo a saborosa abordagem histérica de Mugatu, que a despeito de sua maldade e excessos, ainda se surpreende com a burrice de sua nêmese.).
Ademais, Zoolander 2 é um subproduto totalmente esquecível do desespero dos estúdios em tentar driblar o risco apostando em uma fórmula conhecida do público, e tentar fazer com que qualquer coisa se transforme em franquia.
Espere passar na TV a cabo.

"-Eu senti falta de não entender as coisas com você."

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