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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Resenha Game: Rise of The Tomb Raider


Levou quase um ano para Rise of The Tomb Raider, game que dá sequência às aventuras de Lara Croft após o ótimo Tomb Raider, de 2013, deixasse de ser exclusividade da Microsoft, e fosse lançado para PS4.
A estratégia da empresa do Bill Gates foi muito bem sacada. Os caras precisavam de um jogo de exploração e aventura para fazer frente ao Uncharted da Sony, e lady Croft era a opção óbvia, de modo que os donos do console da Sony tiveram que esperar até o início de outubro para ver como andava a vida de Lara.
Após a aventura de 2013 reimaginar Lara Croft como uma jovem aspirante a arqueóloga de 17 anos lutando para sobreviver durante uma expedição que ia para o inferno no Triângulo dos Dragões, uma jornada que forjava o caráter da nova Lara Croft enquanto testava toda a extensão de seu conhecimento e habilidade e a apresentava a um novo tipo de lesão a cada segundo, uma das coisas mais bacanas de Rise of The Tomb Raider é que, nessa sequência, vemos Lara de fato crescer.
Sua motivação principal na nova aventura não é mais a sobrevivência pura e simples do game anterior, mas sim, a obsessão em concluir o trabalho de seu pai, e fazer as pazes com seu passado.
Lara planeja dar fim à busca de lorde Croft pela Fonte Divina.
Um artefato de uma civilização perdida que teria o dom de oferecer vida eterna àqueles que fossem colocados em sua presença, mas Lara não está sozinha nessa busca.
O conluio secular conhecido como Trindade também está em busca da Fonte Divina, e ao contrário de Lara, conta um uma infinidade de recursos humanos e bélicos capazes de obliterar os Remanescentes, ancestrais do Profeta que descobriu a Fonte, e a mantém protegida há gerações.
Entrar em detalhes sobre os vilões seria estragar uma boa surpresa e revelar alguns plot twists bem interessantes, então só me deixe dizer que os vilões de Tomb Raider são tão sólidos em suas construções quanto a força motriz que impulsiona uma obsessiva Lara Croft em direção ao legado de seu pai.
Conforme descobrimos ao longo do game, lorde Richard Croft foi desgraçado e ridicularizado publicamente por conta de suas pesquisas, que custaram a vida de sua esposa, e o afastaram de Lara enquanto ela crescia.
Toda a bagagem emocional de Lara, e sua relação conflituosa com o pai são um bônus extremamente agradável em um game de uma personagem que, historicamente, era rasa feito um pires...
A atriz britânica Camilla Luddington interpreta a Lara digital com galhardia e inspiração, oferecendo ao player um retrato sólido de uma personagem em busca de paz para com seu passado, enriquecendo profundamente uma narrativa que, outrossim, poderia ser apenas um acessório para a pirotecnia.
E não me entenda errado, há pirotecnia.
Muita!
Rise of The Tomb Raider é composto por tiroteio em terceira pessoa, exploração correndo, escalando, deslizando e subindo por cordas, e resoluções de puzzles embalada por uma trilha sonora bacana e colecionismo de arrancar os cabelos.
Fazendo justiça ao título do game, a parte de explorar tumbas é, de longe a mais divertida do game.
As Tumbas Opcionais espalhadas pelo mundo "semi-aberto" do game são ótimas.
Mais atreladas à narrativa do que no game de 2013, esses puzzles oferecem um nível de desafio crescente conforme avançamos na story line, e por vezes são difíceis o suficiente para garantir uma sessão de jogo inteira dedicada à sua resolução.
Se isso é ótimo, e coerente para com a raiz da série, também cobra seu preço:
O combate acaba sendo um acessório indesejável em certos momentos.
Ao contrário do game anterior, quando Lara era uma mocinha indefesa precisando lutar com unhas e dentes pra sobreviver, em Rise ela é uma mulher forte e cheia de recursos, a quem os operativos para-militares da Trindade simplesmente não compõe ameaça praticamente nunca.
Mesmo no princípio do jogo, armada apenas com o arco mais fuleiro e a piqueta de escalada, na dificuldade normal, Lara é perfeitamente capaz de limpar o chão com os inimigos.
Conforme avançamos no game, Lara vai se tornando mais e mais cheia de truques e habilidades, de modo que em momento algum eu achei que fosse morrer enfrentando os bandidões da Trindade.
Um par de lobos surgindo de dentro de uma caverna escura, ou uma chegada descuidada à beira de um precipício me custaram muito mais vidas do que os inimigos armados e armadurados que brotavam de cada brecha na rocha durante uma invasão que eu simplesmente não me vi, em momento algum, inclinado a usar de furtividade para vencer os inimigos, uma abordagem quase obrigatória no game anterior.
A facilidade de Lara para matar os adversários é tanta, que não raro nos vemos querendo terminar logo um tiroteio para poder começar a exploração da área atrás de caixas-fortes, moedas bizantinas, documentos e relíquias.
A variedade de coisas por encontrar, desafios a cumprir e tumbas por explorar, além de desafios específicos por área e personagens que surgem oferecendo novas missões é tamanha que, se o jogador entrar numas de fazer tudo o que o game proporciona, as, em média quinze horas de gameplay para cumprir o modo história, são esticadas facilmente para coisa de quarenta.
Especialmente porque a versão de PS4 já chegou com as DLCs Blood Ties, onde o jogador explora a Mansão Croft em busca do testamento de lorde Richard, e a ótima Baba Yaga, onde Lara precisa dar um tempo em sua busca pela Fonte Divina para enfrentar a decana das bruxas do folclore leste europeu.
Com gráficos belíssimos, engenharia de fase esperta, cenários grandiosos e bem sacados, que incentivam a exploração, uma personagem central bacana, bons vilões e uma história que aprofunda e aumenta o escopo do game anterior em todos os aspectos, Rise of The Tomb Raider é um jogaço, que valeu a espera de quase um ano para donos de PS4 e absolutamente vale a jogatina.

"Lara, ouça-me... Um dia você deixará sua marca nesse mundo."

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Resenha Série: Luke Cage Temporada 1: Episódio 13: You Know My Steez



Atenção! Há spoilers!
Chegou o momento da verdade. Luke Cage sai no braço com seu meio-irmão, o Cascavel, numa luta pela alma do Harlem.
Mas mesmo que seja capaz de derrotar Willis Stryker, ainda há muito para Luke se preocupar, à medida em que Mariah e Shades continuam à solta tramando seus próximos passos.
Luke Cage chegou ao seu clímax sofrendo de sérios problemas:
Seus vilões.
Cascavel pode ser um sujeito desequilibrado e cruel, mas a verdade é que por mais que tenha um passado em comum com Luke, e um profundo ressentimento de anos para com seu meio irmão, ele é um personagem unidimensional e pouco inspirado com um passado unicamente sugerido, e parcamente mostrado em flashbacks sem um décimo da inspiração daquele de Mariah e Stokes em Manifest.
Cornell Stokes era um personagem infinitamente melhor construído, cheio de camadas e, para seu azar, humano demais para ser um vilão que causasse ojeriza na audiência.
Mariah Dillard chegou a dar pinta de que podia se tornar a força a ser temida no Harlem, inclusive porque seu arco de transformação de vereadora em herdeira de Mama Mabel fora muito bem explorado, mas a verdade é que Mariah não decidiu se queria ser uma chefona do crime ou uma criminosa de colarinho branco, sendo constantemente escanteada pela narrativa.
O único vilão indubitável que permaneceu no programa foi o Shades de Theo Rossi, mas foi tratado apenas como capanga durante a maior parte da temporada, de modo que para a audiência que havia visto o espetacular Wilson Fisk de Vincent D'Onofrio roubar a cena em Demolidor, e o Kilgrave de David Tennant ser a melhor parte de Jessica Jones, não dá pra não pensar que Luke Cage careceu de um bom vilão.
E isso ficou dolorosamente claro no episódio final da primeira temporada.
As lutas de Luke Cage nunca chegaram perto do espetáculo de artes marciais de Demolidor, e esse confronto final entre o herói e Cascavel com seu traje Hammertech talvez tenha sido a pior luta da série inteira, especialmente por um desfecho vago e pouco explicado (como assim "eu parei de alimentar seu ódio"? O traje era movido a ódio?).
Um micro flashback em meio à luta deveria ter dado profundidade à relação de Luke e Willis, mas não funcionou, talvez ter esperado até o último capítulo para fazer isso não tenha sido uma decisão das mais inspiradas.
Pra piorar, nocautear Stryker nem sequer deu fim aos problemas de Luke.
Conforme ficou claro ainda no meio da pancadaria, Mariah estava dois passos à frente de Cage e de Misty Knight o tempo todo, e com a ajuda de Shades e da incompetência da detetive Knight, se livrou rapidamente de Candace e do testemunho da jovem.
Black Mariah sai do armário tomando conta do Harlem's Paradise com Shades ao seu lado, não sem antes alertar os federais do paradeiro de Luke ao se referir a ele como Carl Lucas na TV.
Se Luke foi inocentados das mortes dos policiais e da morte de Cornell (mais ou menos...), ele ainda tinha uma sentença a cumprir em Seagate, o que deixou seu final feliz com Claire pendurado no pincel.
Mesmo a derrota de Cascavel acabou não sendo definitiva, já que o doutor Burnstein ressurgiu no final do capítulo, aparentemente pronto para dar a Willis Stryker o mesmo tratamento recebido por Luke.
O final de Luke Cage deixou a impressão de uma ótima série que não conseguiu se manter em alto nível o tempo todo (Algo que, por sinal, também havia acontecido com Jessica Jones), e que falhou por não ter vilões à altura de suas séries irmãs.
A temporada teve momentos excepcionais, os episódios 4, 7 e 11 foram ótimos, mas no geral, o programa não encosta em Demolidor.
Ainda assim, com bons coadjuvantes e um personagem central maneiro e socialmente relevante, o futuro de Luke Cage pode ser brilhante se os produtores estiverem dispostos a rever algumas questões como a qualidade dos vilões.
O futuro da Marvel na Netflix é muito promissor, basta pegar algumas dicas com Demolidor, que mesmo cego acertou na mosca em duas temporadas.
Que venham Punho de Ferro e Os Defensores.

"-Obrigado por manter o Harlem seguro, baby"

Resenha Série: Luke Cage Temporada 1: Episódio 12: Soliloquy of Chaos


Cuidado, há spoilers!
O episódio 11 de Luke Cage havia terminado com Misty prestes a perder o braço, Luke encarcerado e Kid Cascavel à solta.
A audiência sabia que a grande maioria dessas situações não iriam continuar assim por muito tempo faltando apenas dois capítulos para o fim da temporada. Infelizmente para os fãs puristas que esperavam ver Misty com um braço biônico, o penúltimo episódio deixou claro que nenhuma das posibilidades iria adiante...
Não demorou dez minutos para Luke se libertar e contar com a ajuda de um dos tiras que acreditam em sua inocência para desaparecer.
Não levou vinte para Misty tirar até a tipoia, dizendo que seu dedo do gatilho funciona muito bem, e não levou meia hora para descobrirmos que a forma como Cascavel faz seus negócios não o tornou um chefão do crime dos mais populares entre seus pares.
Após o bom Now You're Mine, Soliloquy of Chaos precisou respirar a ajeitar as coisas para seu capítulo final, com isso, tivemos um episódio que seria, por necessidade, em ritmo mais baixo, e que ainda foi prejudicado pela decisão contestável de termos uma montagem musical no meio da coisa toda.
Não me entenda errado, eu inclusive gostava das inserções musicais de episódios anteriores no Harlem's Paradise, que geralmente emolduravam algum desdobramento da história, mas a participação do ex-Wu Tang Clan Method Man fazendo o rap sobre Cage "Bullet Proof Love" em um programa de rádio durante uma montagem a respeito de como a comunidade do Harlem se une para ajudar a proteger Luke usando agasalhos com furos de bala nas ruas, além de meio brega, ficou absolutamente deslocada na trama de um capítulo corrido.
Menos deslocada ficou a decisão de Cascavel de eliminar Shades após o capanga ter sido preso por Misty e Claire no episódio anterior, e aqui cabe o parêntese de que Shades é o vilão que está se saindo melhor ao longo de toda a temporada.
A forma como ele lida com a traição de Cascavel na ótima cena do elevador é muito maneira, e sua busca por uma aliança com Mariah e com Cage(!), mostram um bandido com visão.
De qualquer forma, as lambanças aprontadas por Stryker nos capítulos anteriores surgiram para cobrar seu preço.
O plano do vilão de desaparecer após matar Luke é apressado tanto por sua falha em eliminar Shades quanto por um inesperado troco de Domingo e os demais cubanos. Isso obriga Willis a partir para a ofensiva usando seu próprio super-traje (uma releitura bastante fiel do uniforme do vilão nos gibis).
Enquanto isso, Misty parece ter encontrado a peça que faltava no quebra-cabeça da morte de Cornell para inocentar Luke:
A garçonete Candace, que tem uma crise de consciência após ser salva por Luke no episódio anterior, e procura a detetive confessando que mentiu em seu depoimento a mando de Mariah.
Agora, com cerca de uma hora para o fim do ano um de Luke Cage, resta saber como a coisa toda vai terminar.
Soliloquy of Chaos foi um episódio satisfatório, na média desse primeiro ano de Luke Cage que teve picos eventuais. Resta saber se You Know My Steez, o episódio que encerra a temporada, terá algo de novo a oferecer, ou será mais do mesmo.

"-O que você é? Um tipo de Stormtrooper cafetão?"

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Resenha Cinema: O Contador


Não dá pra dizer que Ben Affleck começou a dirigir filmes pra poder parar de fazer porcarias... A guinada que a carreira de Affleck deu após o sujeito ter começado a trabalhar atrás das câmeras, tendo colecionado elogios e prêmios como o Oscar de Melhor Filme para o excelente Argo não chegou a se refletir na mesma medida em sua vida diante das câmeras, onde Affleck melhorou sua média, mas continuou intercalando filmes bons e outros nem tanto.
Claro, ele esteve no excelente Garota Exemplar, e foi um dos pontos altos de Batman vs Superman, mas também esteve no atroz Aposta Máxima e no chatíssimo Amor Pleno, de modo que, baseado no eletrocardiograma dos filmes recentes do Affleck ator, eu tinha minhas dúvidas quanto a esse O Contador.
O filme dirigido pelo irregular Gavin O'Connor (de Guerreiro e Força Policial) parecia, em sua sinopse, uma mistura de Rain Man com Busca Implacável, e eu francamente não consigo pensar em nada mais discrepante...
Na trama, após um tenso flashback revivendo um tiroteio em um bar da máfia, conhecemos o contador Christian Wolff (Affleck).
Através de flashbacks sabemos que Christian foi diagnosticado autista na infância, e sua família procurou por especialistas capazes de ajudá-lo por algum tempo, mas eventualmente seu pai, um coronel do exército, resolveu que deveria tentar prepará-lo para o mundo real, e não deixá-lo em um ambiente amigável e controlado.
O Wolff adulto tem um pequeno escritório de contabilidade num centro comercial em Illynois ajudando fazendeiros a se manter nos negócios usando todos os artifícios possíveis para ajudá-los a deduzir impostos daqui e dali.
Mas isso é apenas uma fachada.
Na verdade Wolff trabalha para alguns dos mais perigosos clientes do mundo. Cartéis de drogas, traficantes de armas, mafiosos... Criminosos endinheirados incapazes de procurar por um contador certificado comum para fazer a auditoria forense de seus livros-caixa.
Enquanto crescia, Christian viajou pelo mundo com sua família, pulando de uma base militar para a próxima seguindo a carreira de seu pai, e treinando artes marciais, tiro, e qualquer tipo de prodígio físico que garantisse que ele estivesse preparado se alguém tentasse tirar vantagem dele.
Christian trabalha de maneira discreta, mas seus clientes são notórios de modo que logo sabemos que o cabeça do departamento de investigações do Tesouro Federal, Raymond King (J. K. Simmons), está procurando pelo misterioso contador que trabalha com os clientes mais tenebrosos da Terra.
Para encontrar o contador, King chama uma de suas melhores analistas, Marybeth Medina (Cynthia Addai-Robinson), que imediatamente começa a cavar em busca da verdade por trás desse analista financeiro com dezenas de identidades.
Com essa investigação em curso, Christian é aconselhado por sua assistente a pegar um grande cliente legítimo para esfriar as coisas.
Isso o leva à empresa de tenologia Living Robotics, que trabalha com próteses mecânicas de última geração.
A empresa, chefiada por Lamar Black (John Lithgow), precisa de auditoria após a contadora da companhia, Dana Cummings (Anna Kendrick), ter encontrado algumas discrepâncias nas finanças.
Não demora para Christian descobrir que 61 milhões de dólares foram desviados dos rendimentos da Living Robotics, mas antes que consiga descobrir quem está pegando o dinheiro, entra em cena o mercenário Braxton (Jon Bernthal), que junto com uma equipe de assassinos de aluguel começa a apagar os rastros dos desvios da Living Robotics matando todas as pessoas que sabem dos desvios, uma lista que também inclui Dana, e Christian.
E embora ele pudesse simplesmente entrar em seu trailer e partir para uma vida nova com um novo nome, Wolff se vê incapaz de abandonar Dana para morrer, dando início a uma brutal escalada de violência para descobrir o responsável pela fraude e pelos assassinatos, obrigando o Contador a usar toda a extensão de suas habilidades.
Sabe o que é mais estranho do que misturar Busca Implacável e Rain Man?
É fazer isso funcionar.
E ainda que tenha vários defeitos, O Contador funciona muito bem.
O longa tem a qualidade bruta dos filmes de O'Connor, que sempre transita bem nas sequências mais violentas, mas também sucede nos momentos em que mostra a rotina metódica e controlada de Christian, além dos frequentes flashbacks que nos dão um pouco mais de profundidade no background do protagonista.
Não me entenda errado, O Contador não é o melhor filme do ano, nem uma grande obra cinematográfica, mas é um filme de ação competente que tenta ser mais do que pancadaria e tiros.
Ajuda ter um elenco acima da média apoiando Affleck.
Anna Kendrick enche uma personagem que poderia ser vazia e chata com uma fofura hiperativa que é toda dela, J. K. Simmons é ótimo, e parece já estar praticando seu comissário Gordon, Jon Bernthal escapa do papel recorrente de caipira grosseiro, e ainda tempos participações de John Lithgow e de Jeffrey Tambor, todos atores acima da média.
Claro, Affleck é o centro do filme em um papel que não demanda nenhuma expressão facial e um tom de voz monocórdico, mas ele se esforça para parecer humano em sua atuação, e convence nas cenas de ação.
O roteiro de Bill Dubuque é coeso, e, no final, cheio de reviravoltas dos quais ao menos uma funciona muito bem.
Em tempos onde os filmes de ação são apenas pancadaria e pirotecnia, o simples fato de O Contador tentar ir além disso já o torna um filme digno de nota, mas ao fazê-lo tentando encontrar espaço para um drama familiar, um pseudo-romance tratado com delicadeza, e uma mensagem positiva sobre uma condição que afeta mais de 150 mil pessoas por ano só no Brasil, e de forma divertida, envolvente e por vezes surpreendente, já garante seu lugar ao sol.
Ótimo thriller, obrigatório para os fãs de ação.

"Você é diferente. E mais cedo ou mais tarde as pessoas temem o diferente."

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Resenha Série: Luke Cage Temporada 1: Episódio 11: Now You're Mine


Atenção, pode haver spoilers!
O episódio 10 de Luke Cage terminou em um violento tiroteio no Harlem's Paradise, com Misty sendo atingida após confrontar Willis Striker, e precisando ser salva por Luke, que se viu ilhado atrás de um balcão enquanto toda a gangue do Cascavel esvaziava suas armas nele.
O episódio 11, Now You're Mine retoma daí. Luke tentando proteger uma ferida Misty Knight com toda a bandidagem entre eles e a saída.
Se a situação de Luke já não é complicada o suficiente, a polícia cerca o clube, com dezenas de policiais ansiosos por pegar Cage após os ataques incriminadores de Cascavel, colocando em risco absoluto a já fragilizada paz no Harlem.
A partir do tiroteio no Harlem's Paradise a coisa escala para o que talvez seja o episódio mais movimentado de Luke Cage na temporada.
Uma tensa hora de aventura, onde Luke precisa, com a ajuda de Claire, salvar Misty antes que Cascavel e seus asseclas os encontrem e matem a policial, e antes que Mariah Dillard convença a prefeitura de Nova York a usar a Judas 2.0 contra o herói, num capítulo recheado de referências aos quadrinhos e à cultura pop, que vão desde a primeira vez que Claire é referida como "Enfermeira Noturna", até o momento em que Shades encarna Arnold e pergunta a Cascavel "What you talkin' about, Willis?".
Finalmente os personagens parecem ter tomado tendência, e vemos todos trabalhando juntos em um mesmo lugar. Tanto heróis quanto vilões, à exceção de Mariah Dillard, que é referida mas não aparece no episódio.
Isso permite que o núcleo de mocinhos formado por Luke, Misty e Claire finalmente trabalhe junto contra Cascavel, que resolve arriscar toda a sua operação atirando em policiais, mantendo reféns e explodindo granadas para apanhar Cage a qualquer custo.
Striker finalmente conta sua história de vida e revela a razão pela qual deseja tão ardentemente destruir a vida de Luke:
Os dois cresceram juntos e na adolescência, após roubarem um carro para dar umas voltas, foram presos.
Luke se livrou da prisão graças ao seu pai, mas Willis, filho ilegítimo do mesmo homem, foi para o reformatório.
Lá, após ser atacado, esfaqueou outro interno e acabou sendo enviado para a prisão, e não pôde estar ao lado de sua mãe quando ela morreu de câncer (Aqui cabe um parentese, eu entendo o ressentimento de Willis para com Luke, mas o ódio de Cascavel não deveria ser contra seu pai, o reverendo Lucas? Enfim...), incendiando o ódio perene de Stryker.
Quem também tem um momento de clareza é Misty, que finalmente confirma que Luke não é culpado de nenhum dos crimes pelos quais está sendo incriminado (Aliás, incriminar Luke Cage virou modalidade olímpica na série. Ele foi incriminado para ser preso em Seagate, incriminado por Mariah na morte de Boca de Algodão, incriminado na morte do policial e agora incriminado pelo tiroteio e situação com reféns em Harlem's Paradise), e enquato a detetive promete que vai fazer o possível para limpar seu nome, a chefe Ridley parece mais propensa a acreditar que há algo estranho em toda a situação.
Encerrando o episódio de maneira sombria, com Luke sendo encarcerado e Misty prestes a perder o braço (alguém falou em um braço protético da Stark Enterprises?), Luke Cage segue seu caminho rumo ao final da temporada resolvendo algumas situações e complicando violentamente outras tantas, como a aparente inundação do mercado de armas com as balas Judas 2.0, tornando a pele impenetrável de Cage cada vez mais irrelevante, e faltando dois episódios para o fim do ano um, fica a espera para ver se o programa conseguirá amarrar todas as pontas soltas e entregar um season finale competente.

"Você e a sua família são problemáticos..."

O trailer de Logan

Depois de X-Men Origens: Wolverine e Wolverine: Imortal, fica até difícil de acreditar em qualquer coisa envolvendo o carcaju canadense em aventuras solo vindo da Fox, mas, rapaz... Que baita trailer é esse?



Dirigido por James Mangold, mesmo de Wolverine: Imortal, Logan estréia em março do ano que vem e deve ser o último filme de Hugh Jackman no papel que o lançou ao estrelato.
O longa deve se passar em 2024, os mutantes estão praticamente extintos, e Logan, com seu fator de cura falhando, cuida do professor Xavier, que sofre de uma crescente demência senil após a perda dos X-Men.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

O teaser de Guardiões da Galáxia: Vol. 2

E paulatinamente foi divulgado o primeiro teaser de Guardiões da Galáxia volume 2, sequência direta do inesperado sucesso de 2014.
Ao som da já antológica Hooked On A Feeling, de Blue Swede o grupo de super-heróis mais improvável da Marvel adverte:
A Galáxia não vai se salvar sozinha.
A prévia curtinha, de pouco menos de um minuto e meio mostra Drax, Yondu, Peter Quill, Gamora, Nebula além de Rocket e um vislumbre de Baby Groot.
Confira.



Retornam o diretor James Gunn e a imensa maioria do elenco original que conta Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Michael Rooker, Karen Gillian, mais Vin Diesel como a voz de Groot, e Bradley Cooper como a voz de Rocket, a eles se juntam Kurt Russel, Sylvester Stallone, Elizabeth Debicki, e outros.
Guardiões da Galáxia Volume 2 estréia em maio de 2017.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Resenha DVD: As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras


Eu vou confessar que a nostalgia teve um papel importantíssimo no fato que eu, apesar de reconhecer todos os defeitos do As Tartarugas Ninja de 2014, não ter achado o filme horrível... Nostalgia e, claro, a presença da Megan Fox, a mulher mais linda nesse quadrante da galáxia, mais o bom timming cômico de Will Arnet e as referências nerds que o filme jamais se furtava de fazer.
Além disso, pesou o fato de que, ao contrário de outros blockbusters de verão que acenam com densidade e estofo mas são apenas filmes pra criança, as Tartarugas Ninja era um longa produzido pela Nickelodeon assumidamente infantil.
Então, era um filme que surgia praticamente de joelhos implorando para não ser levado a sério.
E eu não levei.
Na verdade, a maioria das pessoas não deve ter levado. O filme, orçado em 215 milhões de dólares acumulou quase 500 milhões em bilheterias e garantiu uma sequência, esse Tartarugas Ninja: Fora das Sombras, novamente produzido por Michael Bay, e roteirizado por André Nemec e Joshua Appelbaum, mas com Jonathan Liebesman sendo substituído na cadeira do diretor por Dave Green.
No longa, após derrotar o Destruidor e impedir seu plano de... O que era, mesmo? Eu não lembro, mas acho que envolvia destruir Nova York... Enfim, o Destruidor foi derrotado, e enquanto Vernon Fenwick (Will Arnet) colheu os frutos da derrota do vilão e April O'Neil (OhmeuDeus-OhmeuDeus-OhmeuDeus, Megan Fox) continuou sua carreira agora como uma (mais ou menos) respeitável repórter investigativa, Leonardo (Pete Ploszek), Donatello (Jeremy Howard), Michelangelo (Noel Fischer) e Raphael (Alan Ritchson) seguem escondidos nos esgotos, ocultando sua existência da humanidade.
Mas quando o nefasto Destruidor (agora com a cara de Brian Tee) consegue escapar da prisão com a ajuda do cientista Baxter Stockman (Tyler Perry) e do conquistador interdimensional Krang (voz de Brad Garrett).
Krang tem planos para dominar a Terra, mas precisa da ajuda do Destruidor para encontrar fragmentos do artefato que torna possível a materialização de sua estação de combate, o Tecnódromo, em nossa dimensão.
Para ajudar o Destruidor a cumprir seu objetivo, Krang o presenteia com um composto químico que transforma os capangas Bebop (Gary Anthony Williams) e Rocksteady (Stephen "Sheamus" Farrelly) em dois poderosos mutantes, um javali, e um rinoceronte.
Com a aproximação de Krang de nosso mundo, a única esperança da humanidade é que as Tartarugas Ninja, contando com a ajuda de April, Vernom e dos policiais Casey Jones (Stephen Amell, o carinha de Arrow) e Rebecca Vincent (Laura Linney), sejam capazes de encontrar uma forma de impedir que o Tecnódromo destrua a Terra, mas após descobrirem que o composto que transformou Bebop e Rocksteady em mutantes pode transformá-los em humanos, será que os quatro heróis ainda serão capazes de lutar unidos?
Então...
Vale paras As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras a mesma lógica que valia para o primeiro longa:
É um filme para crianças e não deve ser levado a sério.
Isso ficou terrivelmente claro quando do lançamento do filme nos cinemas brasileiros, quando as cópias legendadas do filme nas salas de exibição eram artigo raríssimo.
Novamente o roteiro de Appelbaum e Nemec é um festival de piadas e hiper exposição de fazer corar de vergonha, mas isso se justifica quando levamos em conta o público alvo:
Crianças pequenas e adolescentes apedeutas.
O longa não é nada além da versão de um episódio da série animada dos anos oitenta tão anabolizada quanto essas novas tartarugas imensas (mas consideravelmente menores do que no filme de 2014), da música tema à Força de Tartaruga, passando pelo Cowabunga só faltou o Michelangelo dizer "Santa Tartaruga" em algum momento do filme para eu ter revisitado todos os momentos obrigatórios do desenho da minha infância.
Ainda assim, o Destruidor não luta com ninguém, o momento de desunião dos irmãos é re-re-repetido desde os filmes dos anos noventa com as fantasias animatrônicas, mestre Splinter mal aparece, a adição de Casey Jones ao elenco é a mais infundada de todas (poderia ser a de Laura Linney, mas ela é bonita e sabe atuar), há apenas uma luta dos protagonistas com Bebop e Rocksteady, e as piadas do filme caíram de qualidade conforme o longa passou a kirar em crianças mais jovens ou adultos mais burros.
De qualquer forma, vale ressaltar que os efeitos visuais estão sensacionais, a sequência onde as tartarugas enfrentam Bebop e Rocksteady em um avião sobre a floresta amazônica é muito boa, e Megan Fox é uma deusa feita mulher em meio aos monstros pixelizados com quem divide a cena.
Com tudo isso em mente, eu cheguei à conclusão de que, para o seu público alvo, As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras, deve ser um programa divertido, barulhento e colorido, infelizmente, eu não faço parte da audiência mirada.
Ainda assim, não consigo odiar o filme. Pode ser por causa da nostalgia infantil que os quelônios marciais de Eastman e Laird despertam em mim, ou da presença de Megan Fox, que sempre coloca um sorriso no meu rosto...


"Quando alguma coisa ruim acontece você quer estar com as tartarugas!"

Resenha DVD: Alice Através do Espelho


Alice Através do Espelho foi um dos grandes fracassos de bilheteria desse ano. Com orçamento de cento e setenta milhões de dólares não chegou sequer aos trezentos milhões em bilheteria mundo afora, o que, considerando-se produção e marketing, não foi suficiente nem pra pagar as contas da Disney com o filme, algo que pegou a indústria de surpresa já que Alice no País das Maravilhas, o filme do qual Através do Espelho é sequência direta, faturou mais de um bilhão de dólares em bilheteria.
Mas a verdade e que o mistério aqui não é por que Alice Através do Espelho foi um fracasso de bilheteria tão retumbante, mas sim por que Alice no País das Maravilhas foi um sucesso bilionário, já que os dois filmes são basicamente iguais, e igualmente ruins.
Através do Espelho abre com Alice (novamente Mia Wasikowska) capitaneando o Wonder, navio que pertenceu a seu pai pelos mares da China.
Ela é perseguida por três naus piratas mongóis, e usando toda a sua categoria, habilidade e destreza faz uma manobra arriscada para despistá-los declarando claramente e com todas as letras que ALICE NÃO PRECISA DA AJUDA DE HOMENS.
De volta a Londres, ao entregar o relatório de sua missão marítima que se estendeu por três anos além do período estimado, Alice descobre que seu ex-chefe morreu, e a empresa mercante para a qual ela trabalha, agora, é chefiada por Hamish Ascot, o noivo a quem ela abandonou no altar.
Hamish planeja tomar o Wonder de Alice, já que o navio foi dado como garantia da hipoteca da casa de sua família, e sua mãe, Hellen (Lindsay Duncan) não teve condições de fazer os pagamentos enquanto Alice esteve fora.
Pior do que isso, Hamish diz que a empresa não irá mais suportar mulheres capitãs, e a única posição vaga para Alice é a de secretária, declarando claramente e com todas as letras que TODOS OS HOMENS SÃO PORCOS.
Em desespero por ter sido traída por sua mãe e prestes a perder o navio do pai a quem amava Alice acaba sendo atraída por uma borboleta azul a quem reconhece como Absolem, a ex-lagarta azul (voz do finado Alan Rickman).
Absolem leva Alice através do espelho, levando-a de volta até o País das Maravilhas (agora Submundo, já que Wonderland virou Underland no filme de 2010).
Lá, a jovem reencontra Mirana, a Rainha Branca (Anne Hathaway), Twidledee e Twidledum (Matt Lucas), o coelho branco, o gato de Cheshire, o perdigueiro, a lebre de março e todos os seus amigos exceto o Chapeleiro Louco (Johnny Depp).
Tarrant Cartola, lhe dizem os demais, está estranho... sorumbático, diferente de seu antigo eu, confinado em sua casa precisando de ajuda.
Alice, claro, não tarda em oferecê-la, e descobre que o Chapeleiro quer de volta sua família, morta pelo Jaguadarte anos antes, durante o reinado da Rainha Vermelha (Helena Boham-Carter).
Para realizar tal tarefa, Alice precisa da Cronosfera, um artefato usado pelo Tempo em pessoa (Sasha Baron-Cohen) para manter o fluxo dos dias.
Alice consegue chegar ao palácio do tempo e roubar a Cronosfera, viajando cada vez mais profundamente ao passado, revisitando a vida do Chapeleiro, mas também a das rainhas Branca e Vermelha, numa corrida contra o Tempo que pode comprometer a própria existência do País das Maravilhas.
Muto ruim.
Mas muito ruim, mesmo, em todos os aspectos.
As únicas interpretações dignas de nota são de Bohan-Carter e Baron-Cohen, que pouco têm a fazer com um roteiro que parece ter sido escrito com giz de cera no papel higiênico, os dois tentam oferecer alguma cor e fúria aos seus personagens enquanto Mia Wasikowska vê sua capacidade de projetar ingenuidade aventuresca ser esticada além do limite, Johnny Depp se resume a ser estranho ou vagamente furioso e os demais são meros acessórios para uma trama desencontrada e aborrecida passada num cenário que parece ter sido pintado por um fã daltônico de Salvador Dalí sob o efeito de ácido lisérgico.
O roteiro de Linda Woolverton (mesma do Alice anterior e do igualmente chato Maleficente) é pouco mais que uma desculpa esfarrapada para passear por cenários de CGI que não impressionam enquanto a fantasia pedófila de Lewis Carrol é pasteurizada num veículo para o diretor James Bobin emular o pior momento da carreira de Tim Burton em duas horas de bocejos, ajeitadas da bunda no sofá e olhares pro relógio imaginando se falta muito pra acabar.
Se há alguma coisa positiva em Alice Através do Espelho é o fato de que o longa realmente parece ter encerrado as aventuras no País das Maravilhas, impedindo que a Disney tivesse a tentação de transformar os contos de Carrol em uma franquia que já tem dois filmes além do que era aceitável.
Passe longe, a menos que tu tenha gostado do primeiro filme. Se foi o caso, assista.
Os dois são absolutamente iguais.

"-Todos se despedem de tudo eventualmente, minha querida."

sábado, 15 de outubro de 2016

Resenha Série: Luke Cage Temporada 1: Episódio 10: Take It Personal


Atenção! Spoilers do episódio abaixo.
O episódio anterior de Luke Cage havia terminado em um cliffhanger bastante bobo... O personagem central da trama tomando durante o experimento que tentava salvar sua vida era uma daquelas trapaças óbvias.
Todo mundo sabia que que o herói que da nome à série não morreria faltando quatro episódios para o fim da temporada, de modo que Take It Personal partiu daí, com Claire e o doutor Burstein tentando salvar a vida de Luke removendo os estilhaços do tiro que quase o mataram.
Aqui, deixe-me abrir um parêntese.
Primeiro, o doutor Burstein é o pior cientista maluco e o pior médico que eu já vi trabalhando.
Quem decifra o segredo da ciência por trás dos experimentos de Bustein é Claire, e quem remove os estilhaços do corpo de Luke, também.
Aliás, Luke foi baleado duas vezes, e Claire se dá por satisfeita após ter removido os estilhaços de apenas um dos tiros... Um pouco imprudente de parte da enfermeira noturna...
Ou dos roteirista e diretor do episódio.
Enquanto Luke se recupera da operação, Cascavel e Mariah chegam a um acordo sobre a melhor maneira de transformar o Judas em um sucesso comercial visando como cliente a polícia de Nova York.
Espalhando o medo entre os tiras e incriminando Luke Cage ao mesmo tempo.
Isso lança uma onda de violência policial nas ruas do Harlem que cai como uma luva Mariah Dillard bancar o reverendo Al Sharpton e transformar a situação em palanque eleitoral e balcão de vendas da Judas.
Quem não cai nessa conversa é Misty, que logo percebe algo errado com toda a situação, e decide centrar seu foco em descobrir quem é o homem que a atacou.
O grande ponto em Take It Personal, porém, é a descoberta de Luke a respeito da verdadeira disposição de Reva com relação a Carl Lucas.
Descobrir que Reva mentiu para ele na prisão apenas para descobrir se ele se encaixava no experimento acaba com Luke e com seu amor pela ex-esposa.
Aqui, porém, cabe outro parêntese...
Luke sabia que Reva estava envolvida com os experimentos de Burstein em Seagate antes de fugir da prisão. Reva pediu que Noah fizesse o processo em Luke para tentar salvá-lo... Isso não se enquadraria no que ele vê no pendrive decodificado?
A situação toda pareceu, pra mim, uma forma de pôr um ponto final no romance Reva/Luke para abrir caminho para um romance Misty/Luke ou Claire/Luke... E, considerando o peso de Reva para Luke durante Jessica Jones e o início de Luke Cage, me pareceu uma forçação de barra...
Enquanto Luke lida com sua descoberta, Mirty descobre quem é o Cascavel, e que seu alter ego Willis Striker tem uma relação passada com Luke.
Relação que Luke descobre ao revisitar seu passado e constatar que Stryker é, de fato, seu meio-irmão. Fruto de um relacionamento extra-conjugal de seu pai e a secretária.
Essa confluência de descobertas acaba juntando Luke, Misty e Cascavel no Harlem's Paradise.
Novamente misturando temas sociais importantes e atuais em meio à pirotecnia da ciência maluca dos super-heróis Take It Personal Take It Personal é um episódio com potencial que escorrega na pressa, mas começa a montar o tabuleiro para o fim da temporada de Luke Cage nos três episódios que restam.

"Cascavel está atrás de tudo e de todos com quem eu já me importei..."

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Resenha Série: Luke Cage Temporada 1: Episódio 9: DWYCK


Com Luke ferido e em fuga, enquanto isso, Misty, Após atacar Claire durante o interrogatório, se vê sendo interrogada por um psicólogo, e forçada a revelar muito de sua personalidade e Cascavel começa seu processo de reorganizar a pirâmide de poder do Harlem.
Cascavel, aliás, aparece como um dos pontos altos do episódio.
É bastante claro que o roteiro está tentando equilibrar a desvantagem do vilão na comparação com Boca de Algodão, e especialmente Mariah Dillard.
Cascavel aparece limpando a competição, fazendo ameaças e realmente tomando o espaço de Cornell Stokes, aparecendo coroado diante do retrato de Biggie e observando a banda no mezanino da boate, além de colocar Shades em seu devido lugar como capanga.
Shades, por sua vez, é um personagem intrigante.
O capanga vivido por Theo Rossi frequentemente dá a impressão de ter planos maiores, mas tem pouco tempo de desenvolvimento para sabermos se isso é apenas pela forma como o intérprete atua, ou se o seriado tem maiores planos para ele.
Quem não sofre do mesmo problema é Mariah, que segue seu caminho rumo ao crime a passos cada vez mais largos.
A transformação da vereadora em uma criminosa talvez seja uma das facetas melhores trabalhadas na série até o momento, e seu diálogo com Cascavel após a malfadada reunião dos chefões do crime no Harlem é testemunho dessa transformação.
Mas nem só das movimentações dos vilões é feita Luke Cage.
O herói foi baleado duas vezes por Cascavel com a Judas, e, entre a vida e a morte, só existe um médico capaz de ajudá-lo.
É por isso que Claire leva Luke até a Georgia, onde eles reencontram o homem por trás do experimento que transformou Carl Lucas em Luke Cage, o doutor Noah Burstein (Michael Kostroff).
O problema, para Luke, é que a única forma de curá-lo pode ser passando por uma verdadeira tortura, que inclui ser escaldado em ácido fervente, algo que mesmo os superpoderes de Luke podem ser insuficientes para suportar.
DWYCK é um bom episódio, pouco abaixo dos picos da temporada até aqui (os episódios 4 e 7, especificamente), talvez o mais interessante nesse nono episódio sejam as questões sociais abordadas paulatinamente.
Do machismo e corporativismo identificados por Misty na polícia, ao fato de Luke Cage ser abordado e baleado por policiais na melhor tradição dos tempos atuais nos EUA, a série não se furta de abordar temas atuais e polêmicos e ainda que o faça de maneira algo leviana, já que se trata de um programa de super-herói onde essas questões sociais dividem espaço com banhos de ácido e peles indestrutíveis, a coragem em trazer tais questões à luz merece crédito.

"-Eu não ligo, e eu não desisto(...) Ou você compra, ou você morre."

Resenha Cinema: Kóblic


Que na comparação com o cinema Argentino o cinema brasileiro engatinha todo mundo já sabe. A razão para isso acontecer é que é o grande mistério.
Tudo bem que se a gente for medir o cinema brasileiro por coisas como os filmes do Casseta & Planeta, do Porta dos Fundos, do Leandro Hassum e dos humorísticos da Globo, a comparação fica indigesta, a mesma coisa vale pros favela movie e pros filmes de sertão... São todas ambientações desgastadas que acabam inevitavelmente se sobressaindo ao filme em si... No geral, o cinema brasileiro parece mais interessado em oferecer um veículo para um "ator" ou criar um retrato de alguma coisa do que em contar uma história, e já que cinema é, em seus melhore momentos, narrativa, talvez isso explique porque o nosso cinema, salvo algumas exceções, é tão ruim.
Já os Argentinos não parecem tão preocupados com isso. Seu cinema é, fundamentalmente, usado pra contar histórias, e a ambientação é secundária. Suas tramas poderiam ser transportadas de Buenos Aires para qualquer outra cidade do mundo e não faria nenhuma diferença, salvo, também, algumas exceções.
Um exemplo recente é O Segredo dos Seus Olhos, que ano passado virou Os Olhos da Justiça nos EUA e se provou uma violenta porcaria quando despido da ambientação durante a ditadura militar argentina, parte fundamental da trama.
O caso de O Segredo dos Seus Olhos provavelmente é o mesmo de Kóblic, que usa o mesmo pano de fundo da ditadura militar argentina em seu mais sanguinário período.
Entre mil novecentos e setenta e seis e mil novecentos e oitenta e três, os militares assassinaram cerca de trinta mil civis, muitos dos quais os corpos jamais foram encontrados, em grande parte por conta da criatividade dos militares para as execuções, que além dos prosaicos fuzilamentos e torturas até a morte, praticavam modalidades de assassínio como amarrar um grupo de prisioneiros e dinamitá-los, ou os voos da morte, onde arremessavam as pessoas vivas de dentro de aviões sobre o Rio da Prata ou o Oceano Atlântico.
O ano é 1977, e Tomáz Kóblic (Ricardo Darín) é um oficial da Marinha e piloto de avião que participa de uma missão do tipo, mas vê-se incapaz de completá-la.
Hostilizado por agentes do regime, Kóblic foge para o interior da Argentina, no vilarejo de Colônia Elena, onde se esconde com a ajuda de um amigo trabalhando com pulverização de lavouras.
O problema para Kóblic é que em uma cidade tão pequena, sua presença não passa despercebida, e logo o corrupto delegado local Velarde (Oscar Martínez, de Relatos Selvagens) começa a ficar intrigado com a presença de Kóblic, especialmente após descobrir que ele é um militar.
A presença do misterioso forasteiro não passa despercebida, também, para Nancy (Inma Cuesta), funcionária do posto de gasolina local que vê em Kóblic uma chance de escapar de um relacionamento abusivo.
Não tarda para que Kóblic se veja acossado por Velarde, envolvido com Nancy, e precisando lidar com os próprios demônios em uma estrada inexorável rumo à violência que o capitão tentava deixar para trás.
Embora o filme de Sebastian Borensztein (de Um Conto Chinês) tenha sérios problemas de edição, e incômodas lacunas no roteiro (Co-escrito por Borensztein e Alejandro Ocon), Kóblic também tem sua leva de acertos.
Darín é um tremendo ator, e sua abordagem para o atormentado capitão Kóblic é acertadamente contida, como caberia a um militar de carreira às portas da aposentadoria.
O modo como o ator retrata o sofrimento e a culpa de Kóblic é cirúrgico, baseando-se em olhares vazios e pequenos gestos para retratar seu tormento interior de maneira discreta e crível.
Outro que se dá bem é Oscar Martinez interpretando Velarde. Usando uma peruca e dentes postiços aliados à uma postura curvada e voz suja o ator que interpretou um milionário em Relatos Selvagens está irreconhecível, interpretando uma das mais abjetas facetas da lei, baseada no amiguismo e no apego às próprias vantagens, mas conseguindo ir além da mera caricatura em certos momentos, como ao descobrir a verdadeira natureza da relação entre Nancy e o dono do posto de gasolina.
Nancy, por sua vez, é uma personagem prejudicada. Inma Cuesta não tem muito com o que trabalhar, já que é pouco mais que um acessório do roteiro no papel da típica mocinha.
Apesar de tratar de elementos tão distintos quanto abuso de poder, a ditadura militar, direitos humanos e os demônios e desejos pessoais de um homem, e misturar gêneros como faroeste, suspense e filme de guerra Kóblic consegue a proeza de, por vezes, ser arrastado em seus 97 minutos de projeção.
Há furos inexplicáveis no roteiro (qual era o "esquema" de Vilarde com o coronel do exército?), e a edição, por vezes é atabalhoada, ainda assim, Kóblic é um filme interessante, abordando por um viés diferente uma das mais negras manchas da história da Argentina (e da América do Sul como um todo), infelizmente é difícil não imaginar que, nas mãos certas, o longa poderia ter alçado voos bem mais altos.

"-Achei que já não me considerassem mais uma pessoa honorável..."

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Resenha Série: Luke Cage Temporada 1: Episódio 8: Blowin'up The Spot


Atenção! Há spoilers!
Demorou sete capítulos para que o grande vilão de Luke Cage saísse das sombras, e quando finalmente o fez, Kid Cascavel (Erik LaRay Harvey) o fez de maneira bastante marcante:
Baleando o herói à prova de balas.
Mais do que isso, descobrimos que o vilão oculto da série tem um passado em comum com o herói, já que Kid Cascavel é Willis Stryker, um amigo de infância de Luke, e talvez até mesmo seu irmão!
Não bastasse ter um irmão desequilibrado e homicida na sua cola, Luke ainda tem mais sarna pra se coçar.
Enquanto ele e Claire se escondem em uma clínica onde a enfermeira tenta descobrir como uma bala foi capaz de penetrar a pele de Cage, Mariah Dillard, apoiada por Shades, arma um cenário para incriminar Luke pela morte de Cornell, passo a passo trilhando o caminho para se tornar quem Mama Mabel foi para o Harlem (algo que Mariah vinha tentando evitar).
A trama de Mariah coloca toda a polícia no encalço de Luke, incluindo Misty, que, apesar de saber que Luke é inocente, precisa levá-lo para depôr, entretanto, encontrar o herói de pele impenetrável é só metade do problema já que Misty não é a única capaz de fazê-lo, e ficar cara a cara com Kid Cascavel pode ser uma experiência deveras desagradável.
Nem de longe um episódio tão inspirado quanto Manifest, Blowin'up The Spot deu uma reduzida de ritmo considerável após o pico do capítulo 7.
Ao menos termos Luke debilitado pelo tiro de Stryker durante a maior parte do episódio abriu espaço para que a mulherada brilhasse, com Alfre Woodard, Rosario Dawson e Simone Missick aproveitando bem seu tempo de tela.
Enquanto Mariah Dillard reluta em se tornar Mama Mabel ao mesmo tempo em que sabe que seu legado pode depender disso, Misty se encontra entre o martelo e a bigorna tentando entender todos os meandros da chegada dos super-seres ao Harlem, vendo-se no limite de seu auto-controle conforme é afogada por toda a situação.
Quem tem menos com o que trabalhar é Dawson, apesar de ter bastante tempo em cena ela praticamente só aparece como a enfermeira particular de Cage, felizmente a cena do interrogatório deu um respiro à personagem, oferecendo um momento para ir um pouco além da rotina da profissional de saúde ajudando um super-herói arrebentado.
Quanto à revelação de que Kid Cascavel é Willis Stryker, francamente, não foi grande coisa...
O personagem surgiu para ocupar o vácuo deixado por Boca de Algodão, e embora Erik LaRay Harvey faça o possível para tornar Cascavel um sujeito ameaçador, citando a Bíblia e Selvagens da Noite enquanto atira em Luke e ameaça Misty, não dá pra deixar de notar que faltam cinco episódios para a temporada acabar, e, ao contrário de Cornell, Mariah e até Shades, que foram desenvolvidos ao longos de vários episódios, Stryker acaba de chegar apenas com vagas pistas a respeito de seu passado e uma tênue sugestão do porquê de todo o seu rancor para com Luke, de modo que, ao invés de um "Ah, então esse é o Cascavel", nós pensamos "Hã, então esse é o Cascavel?", tornando a revelação da identidade do vilão muito menos impactante do que poderia ter sido.
Episódio OK, com boas sacadas e um cliffhanger robusto em seu final, mas abaixo da promessa de Manifest.

"-Eu achei que balas não pudessem te ferir!
-Bem-vinda ao clube."

O Novo Trailer de Rogue One: Uma História Star Wars

conforme prometido, a Disney divulgou hoje o trailer 2 de Rogue One: A Star Wars Story, filme que mostrará a luta da Aliança Rebelde para obter os planos da Estrela da Morte em eventos anteriores a Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança,
Veja a prévia épica cheia de momentos inéditos, incluindo breves aparições de Darth Vader:



Agora, isso é um trailer, meus amigos...
Dirigido por Gareth Edwards, de Godzilla, Rogue One é estrelado por Felicity Jones, Diego Luna, Forrest Withaker, Ben Mendelsohn, Alan Tudik, Riz Ahmed, Donnie Yen, Mads Mikkelsen, Wen Jiang entre outros, e estréia em 15 de dezembro, data na qual eu já não terei mais unhas.

Resenha Série: Luke Cage Temporada 1: Episódio7: Manifest


Atenção! Há spoilers!
Conforme eu disse no review de Suckas Nedd Bodyguards, a prisão de Cornell e a ameaça à carreira política de Mariah não eram, necessariamente, fechos para a trama da primeira temporada de Luke Cage.
Havia um bocado de coisas acontecendo nas sombras e peças sem encaixe no tabuleiro. Outra coisa, uma da qual eu havia me esquecido, era a eficiência dos advogados.
A prisão de Cornell dura apenas alguns minutos no início do episódio, e ele logo está de volta ao Harlem's Paradise tramando seu próximo movimento, e relembrando seu caminho até ali.
Da mesma forma como Step In The Arena fora um longo flashback de como Carl Lucas se tornou Luke Cage, Manifest mostra o caminho de Cornell Stokes até se tornar o Boca de Algodão que conhecemos no início da série.
Cornell era um músico. Um jovem com aspirações artísticas que sonhava em estudar no reformatório Juilliard e se tornar um pianista, afastado de seu sonho por Mama Mabel (LaTanya Richardson Jackson), que precisava mantê-lo nos negócios criminosos da família.
O fato de Cornell não ter entrado na carreira criminosa por vontade própria talvez seja a razão pela qual ele sempre pareceu um vilão ineficiente, embora um personagem interessante.
Boca de Algodão estava tentando criar um império criminoso diferente do de Mabel, gerenciado de dentro de um clube noturno com boa música e com um pé na influência política de Mariah, mas escorregou no fato de que, talvez, não fosse talhado para uma vida de crime.
Embora seu último ato vilanesco tenha sido uma boa jogada, revelando a Luke que conhecia sua identidade verdadeira e poderia mandá-lo de volta para a prisão, Cornell esbarra nos problemas que sua desavença com o herói de pele impenetrável causou à carreira de Mariah, e no fato de que, sob a superfície tranquila, a vereadora Dillard talvez seja a herdeira de fato e de direito de Mama Mabel.
Enquanto Luke estava pronto para fugir do Harlem para evitar voltar para a prisão sendo aconselhado por Claire a encarar a justiça (ela inclusive conhece um advogado que pode ajudar), a trágica história de Cornell Stokes chega a um fim abrupto.
E se os problemas de Luke pareciam ter chegado ao fim junto com a vida de Boca de Algodão, olhe de novo.
Misty Knight e o departamento de polícia parecem ter encontrado uma pista sobre a verdadeira identidade de Luke, e, um misterioso atirador surge armado com o Judas, a bala fabricada pelas indústrias Hammer usando tecnologia Chitauri, e mostrando que o herói à prova de balas não é à prova de todas as balas.
Demorou um pouco para Luke Cage alcançar um pico de excelência comparável ao de Demolidor, mas no sétimo episódio de sua primeira temporada isso finalmente aconteceu.
Muito do que funciona em Manifest vem das atuações de Mahershala Ali e Alfre Woodard, e do uso inteligente do passado de Cornell e Mariah.
Era bastante claro que, a despeito do ótimo trabalho de Mahershala Ali, Cornell não poderia ser o grande vilão da série, o mesmo vale para Mariah, e com Stokes morto, Dillard escanteada, e Shades saindo das sombras, talvez Kid Cascavel finalmente mostre a cara e assuma o manto de antagonista da série.

"-Fez um discurso na igreja, derrubou umas portas nos complexos habitacionais e agora é o Capitão América do Harlem."

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Resenha Série: Luke Cage Temporada 1: Episódio 6: Suckas Need Bodyguards


Atenção! Há spoilers!
Surpresa ótima no sexto episódio de Luke Cage.
O capítulo abriu com o áudio de Trish Talk, o programa de rádio apresentado por Trish Walker (A linda Rachel Taylor), oferecendo um pouco de informação sobre como o povo da cidade vê os esforços de Luke.
Esforços, aliás, que precisam de um upgrade.
Após encontrar Claire no restaurante de Soledad, Luke descobre que após seu sangrento encontro com Boca de Algodão, Rafael Scarfe foi se esconder na barbearia do Pop.
Scarfe precisa de proteção, e está disposto a oferecer evidências dos crimes de Stokes a Luke em troca de ajuda.
Isso coloca todo o episódio em movimento, e coloca Luke e Claire, por consequência em rota de colisão direta com Cornell e sua gangue, com direito a saltos do quarto andar, perseguições automobilísticas e tiroteios.
Não faltou ação no episódio, e nem drama.
Misty se despedindo de seu parceiro, por mais sujo que ele fosse, foi uma cena tocante, houve também momentos de tensão, conforme Mariah Dillard foi confrontada tanto por Luke quanto por uma jornalista a respeito de suas conexões criminosas.
Aliás, palmas para Alfre Woodard, conforme Cornell foi sendo sistematicamente sabotado pelo roteiro e se tornando um personagem menos interessante, Black Mariah foi na contramão.
Em Suckas Need Bodyguards houve um pico nessa direção, com uma vereadora Dillard mostrando uma nova faceta raivosa e vingativa.
Mariah, na melhor tradição de bons vilões, se vê como a heroína de sua história, acreditando firmemente que quaisquer meios se justificam já que seu objetivo é nobre, e ela se mostra o tipo de pessoa que vai chutar e gritar antes de entregar seu sonho nas mãos de quem quer que seja, nem que, para isso, precisa finalmente sair das sombras e sujar as mãos.
Com isso em mente, fica uma pequena torcida para vermos mais de Black Mariah, embora o nome de Cascavel (Kid Cascavel) apareça com cada vez mais força como O antagonista da série.
Sim, especialmente porque, com apenas seis episódios, menos da metade da temporada, Boca de Algodão foi grampeado após a morte de Scarfe.
Com as conexões de Cornell expostas pela morte do detetive, Misty e o departamento de polícia precisam lidar com a profundidade da corrupção na delegacia.
Mas não se engane.
Apesar de parecer que está tudo resolvido porque Cornell está preso e a reputação de Mariah na lama, ainda resta descobrir quem é Cascavel, por que Luke foi preso, o que Reva fazia em Seagate...
Shades continua à solta, conhecendo a verdadeira identidade de Cage, e Domingo estava louco para tomar o Harlem de Cornell, não estará disposto a fazer o mesmo com Luke?
Enfim, Suckas Need Bodyguards foi um bom episódio, prejudicado pelo timming pobre.
Foi um pouco anti-climático ver a trama apresentada nos primeiros episódios ser resolvida tão rápida e facilmente, e a atitude de Luke de "meu trabalho está terminado, eu vou cair fora" não ajuda. Ainda assim, há coisas por fazer na temporada, vamos ver o que ainda há na manga de Luke para a segunda metade do seu ano um.

"-Agora vocês estão só me incomodando..."

Resenha Série: Luke Cage Temporada 1: Episódio 5: Just to Get a Rep


Atenção! Pode haver spoilers.
O final do quarto episódio da temporada, que havia jogado um holofote sobre Luke Cage em sua própria série, meio que... Bom... Jogou um holofote em Luke.
Se o quarto capítulo foi aquele onde pudemos ver mais do protagonista da série sem que outros personagens mais interessantes aparecessem no caminho, o episódio também se encerrou com Luke sendo visto como um herói por boa parte do povo do Harlem.
O início de Just to Get a Rep, quinto episódio, vai pela mesma vertente.
Luke abre o capítulo remexendo os escombros de sua antiga casa procurando pelo pote dos palavrões de Pop enquanto curiosos o gravam com seus celulares.
Luke Cage não está mais se escondendo.
E agora que Cornell Stokes descobriu quem Luke realmente é, a guerra que os dois travam pelo Harlem se torna aberta.
Os dois estão cientes um do outro, e o povo do bairro está ciente de ambos.
E o episódio se trata justamente do povo do bairro, e de como Boca de Algodão planeja jogar as pessoas contra Luke.
Um plano que não sai exatamente conforme o planejado.
Aliás, Boca de Algodão, interpretado com vontade por Mahershala Ali, está se mostrando um vilão bastante ineficiente.
Seus planos e esquemas esbarram na pele impenetrável de Luke de maneira recorrente, colocando-o à sombra de Kilgrave e especialmente de Wilson Fisk, o que é uma pena, já que, enquanto personagem, Stokes é interessantíssimo.
Além de ter exposto os dois inimigos ao público, o episódio também serviu para revelar a Shades que Luke Cage é Carl Lucas, e, principalmente, para deixar claro que Luke é quem está levando a melhor, algo que fica claro na sequência dos discursos durante o funeral de Pop.
No fim das contas, nem sequer o fato de Boca de Algodão descobrir as balas de origem Chitauri capazes de matar super-heróis faz com que pensemos que ele será capaz de derrotar Luke.
Quem apareceu novamente foi Claire Temple (Rosario Dawson), visitando o restaurante de sua mãe, Soledad (Sônia Braga em pessoa).
Embora já tivéssemos três fortes presenças femininas na série (Misty, Mariah e Reva), foi legal reencontrar a personagem e ver que os eventos de Jessica Jones e especialmente de Demolidor causaram uma forte impressão em Claire e, mais legal ainda, descobrir que ela decidiu que quer ser uma enfermeira para pessoas com super-poderes (se ela aparecesse no filme do Homem-Aranha eu acharia épico.).
E, além de tudo isso, Misty descobre que a corregedoria suspeita que Scarfe seja um policial corrupto (o que nós sabemos, ele é) em um péssimo momento para o detetive, que tem um encontro com Boca de Algodão que não acaba como ele esperava.
Em seus quinto episódio Luke Cage finalmente engata a segunda marcha, e acelera um pouco as coisas.
A série segue não sendo perfeita, mas a trama está evoluindo. Tirar Luke e seu super-heroísmo do armário foi uma decisão esperta já que o conflito aberto entre o protagonista e Boca de Algodão é mais interessante que a guerra fria que se anunciara nos primeiros capítulos.
Agora é ver como o programa seguirá seu caminho.

"-Eu não vou a lugar nenhum."

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Resenha Série: Luke Cage Temporada 1: Episódio 4: Step In The Arena


O violento ataque de Boca de Algodão no episódio 3 se mostrou particularmente ineficiente contra Luke Cage e até mesmo contra a senhora Connie.
Quando o episódio 4 começa, nós descobrimos que Luke obviamente sobreviveu, e também a proprietária do restaurante Genghis Connie, protegida pelo herói.
Enquanto os bombeiros e a polícia, na forma dos detetives Misty Knight e Rafael Scarfe investigam a explosão do prédio, sob os escombros, nós somos levados em uma viagem ao passado de Luke Cage...
Ou melhor, de Carl Lucas.
Um ex-policial (ao menos é o que é dito ao longo do episódio, mudando diametralmente a história original do personagem, que deixa de ser um membro de gangue para se tornar um agente da lei preso injustamente...) encarcerado na prisão de Seagate, na Geórgia, onde planeja de manter ao largo de toda a escória de prisioneiros e cumprir sua pena de maneira contrita e silenciosa.
O único sopro de esperança para Lucas na prisão é a psicóloga Reeva Connors (a bela Parisa Fitz-Henley).
Infelizmente, Seagate não é apenas Reva.
O chefe dos carcereiros Albert Reckham (Chance Kelly) organiza uma arena de lutas no porão da penitenciária, e logo percebe que Luke é o tipo de prisioneiro de que ele precisa:
Um gladiador.
Sob ameaças contra si próprio, seu amigo Pavio Curto (Craig MuMs Grant, de OZ), e Reva, Lucas não tem alternativa, exceto aceitar a chantagem do guarda e participar da arena.
Quando finalmente decide parar de lutar, Carl é brutalmente espancado pelos capangas de Rakham (Shades, é um deles).
Com a vida de Lucas pendendo por um fio, Reva implora que o médico da prisão, doutor Noah Burstein o salve de qualquer maneira.
O banho de imersão química que deveria salvá-lo, porém, dá errado após uma visita inesperada, e o resultado é a pele impenetrável e a força ampliada que conhecemos em Jessica Jones.
Com seus novos poderes, Lucas escapa da prisão, reencontra Reva, e formula sua nova identidade disposto a deixar o passado para trás.
Repleto de easter eggs que vão da roupa clássica de Luke Cage até o pen-drive que causou a morte de Reva em Jessica Jones, o episódio teve, como ponto alto, o fato de se focar mais em Luke Cage.
No review do episódio 3 eu havia dito que Luke era o personagem menos interessante de seu próprio programa, e Step In The Arena, se não consegue mudar isso, ao menos demonstra esforço nessa direção.
Mike Colter se esforça para tornar Luke um personagem crível e com amplo espectro emocional. Nem sempre sucede, porém, suas cenas de desespero na prisão, por exemplo, não são nem remotamente convincentes, entretanto ele demonstra genuína química com Parisa Fitz-Henley, e é a relação dos dois o ponto alto do capítulo.
Mais do que isso, é interessante notar que, embora tenha feito o bê-a-bá da origem super-heroica através de hiper-exposição, o episódio ofereceu algumas questões interessantes que permaneceram sem respostas:
O que havia no pen-drive que causou a morte de Reva?
O que ela fazia antes de ser psiquiatra e o quão inteirada das experiências em Seagate ela estava? De que modo Luke foi incriminado, e por que?
Todos esses cliffhangers se empilham ao fim do episódio que mostra que o período sob os escombros de Genghis Connie (eu adorei o nome desse restaurante) solidificaram ainda mais os propósitos de Luke, dando um passo adiante em sua jornada heroica.
Um respiro bem-vindo em meio à confusão com Boca de Algodão, Mariah Drillard, Misty e companhia, Step In The Arena deu um insight bacana na personalidade de Luke Cage, e pôs o holofote sobre o protagonista para variar um pouco.

"-Obrigado por salvar minha vida.
-Obrigada por mudar a minha."

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Resenha Série: Luke Cage Temporada 1: Episódio 3: Who's Gonna Take The Weight?


Atenção, pode haver spoilers!
No terceiro episódio de Luke Cage na Netflix alcançamos o que parecia ser o grande problema da série desde seu conceito:
Os poderes de Luke Cage.
Luke não é exatamente o Superman, e nós vimos em Jessica Jones que um tiro de espingarda bem no meio da cara pode ser fatal até mesmo para Luke, a questão é que, em Jessica Jones, o herói do Harlem estava enfrentando outra pessoa com super-poderes quando foi baleado.
Na sua série própria, Luke simplesmente não tem motivo pra deixar alguém carregando uma espingarda calibre .12 chegar perto o bastante para lhe dar um tiro no queixo.
O episódio que mostra Luke decidindo atacar Boca de Algodão onde mais dói, seu bolso, expondo Mariah Drillard no processo tem altos e baixos.
É bacana ver que Luke é um herói que tem cérebro além dos músculos, e que sua integridade é pétrea, mas não cega, conforme ele resolve usar dinheiro de Cornell e Mariah para reconstruir a barbearia do Pop e pagar seu aluguel atrasado.
O que Luke não parece perceber é que, ao jogar Cornell contra Domingo, ele pode estar causando mais mal do que bem à sua vizinhança, conforme o conflito escala para uma declaração de guerra quase formal (e o nome de Cascavel volta a ser mencionado).
Outro conflito que começa a tomar forma é entre Boca de Algodão e sua prima (não me chame de Black) Mariah Drillard, a família que odeia apelidos tem sua relação estremecida conforme as operações de Cornell ameaçam colocá-la sob os holofotes ameaçando seus planos de tornar o Harlem grande novamente e colocando a vereadora à beira de um ataque de nervos.
Muito mais tranquilo está o detetive Rafael Scarfe (Frank Whaley), que faz um interessante discurso sobre como policiais comuns como Misty e ele se tornaram inúteis após o Incidente (a maneira como os nova yorkinos das séries da Netflix se referem à invasão Chitauri é uma atenuação pra dizer o mínimo) é um lastro perfeito para a revelação que vem a seguir, após termos um pouco mais de Misty contando seu passado e mostrando seus dotes detetivescos.
Mas o ponto alto do episódio, de fato, são os ataques de Luke às operações de Cornell.
O herói de pele impenetrável bota pra foder e toca o horror na bandidagem de Boca de Algodão, e a grande sequência de ação até o momento é a invasão de Luke ao "Forte Knox", o quartel general da New Harlem Renaissance de Maria onde Cornell guarda sua grana, um lugar fortemente guardado onde Luke simplesmente entra sob uma chuva de balas que ele simplesmente ignora enquanto distribui sopapos e bordoadas para garantir um forte golpe nas operações de Boca de Algodão.
O sucesso de Luke, porém, não vem se custos, como vemos ao final do capítulo, quando Cornell Stokes dá o troco de maneira explosiva.
Conforme eu disse, há altos e baixos no episódio, e, ainda que seja cedo, apenas três capítulos, esse início de série está tendo, para Luke, o mesmo problema de que Jessica Jones sofria em sua série própria:
O protagonista por vezes é menos interessante do que os coadjuvantes.
Trish Wlker e Kilgrave eram personagens mais gostosos de acompanhar do que a amuada protagonista de Krysten Ritter, e, da mesma forma, Boca de Algodão, Mariah Drillard e Misty Knight parecem personagens mais interessantes do que Luke, ao menos nesse início.
Não ajuda o fato de que os poderes de Luke tornam as sequências de ação algo maçantes (um problema que já havia se feito notar, em menor escala, em Jessica Jones), e que aquele ritmo lento do primeiro capítulo segue sendo a regra no segundo episódio, e nesse terceiro.
Ainda assim, não há nada de ruim em Luke Cage até aqui, apenas pontos mais baixos aqui e ali, pontos que seriam facilmente resolvidos com uma pequena mudança de ritmo da série, que pode estar virando a esquina após o final desse episódio.
Vamos aguardar.

"-Eu estou só começando."

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Resenha Série: Luke Cage Temporada 1: Episódio 2: Code of The Streets


Atenção! Spoilers do episódio.
A série solo de Luke Cage começou devagar.
Seu episódio de estréia Moment of Truth colocou todas as peças no lugar, aproveitando cada minuto para estabelecer o cenário onde encontramos o ex-coadjuvante de Jessica Jones após o fim da série estrelada por Kristen Ritter.
O ex-presidiário de pele impenetrável só queria ficar na moita, mas sua vidinha tranquila e cheia de percalços acabava sendo atrapalhada pelo plano atabalhoado dos jovens Chico, Dante e Shameek em roubar o chefão do crime Cornell Stokes, o Boca de Algodão.
Conforme visto no episódio anterior, as coisas não acabaram bem para Dante e Shameek, e Boca de Algodão, precisando devolver o investimento de sua prima Mariah Dillard, já havia começado a recuperar sua grana o que deixava Chico com a ficha 2 para a disciplina do Rei do Harlem.
Interessado apenas em proteger os meninos da região, Pop resolve cobrar seus favores a Luke, e lhe pede que encontre Chico, para impedir que o moleque tenha o mesmo fim de Shameek, empurrando Luke ainda mais fundo na luta para proteger o Harlem.
Era óbvio que alguma coisa catalisaria Luke a sair da moita e se tornar o herói de pele à prova de balas que o programa promete, e infelizmente, isso foi a morte de Pop.
Sem sua bússola moral e seu local de refúgio, sedento por vingança, Luke vai ter que deixar a letargia e assumir um papel mais proativo conforme a abertura do episódio deixa bem claro:
Luke não está disposto a entregar o Harlem nas mãos de Boca de Algodão, Shades e Mariah Drillard.
E conforme ele próprio confidencia a Pop no início do episódio, ajudar sua senhoria no final do primeiro episódio foi a melhor sensação que Luke sentiu em muito tempo, de modo que, ser um herói é uma vocação para ele.
Mas não apenas Luke aparece de maneira heroica nesse episódio.
Misty Knight também volta a dar as caras e o faz muito bem, obrigado.
A personagem ganha um pouco de espaço para mostrar quem é, e o faz com graça e talento, seja com seus dotes investigativos, ou sua capacidade de transitar entre a malandragem do Harlem com propriedade, Simone Missick aprofunda sua personagem de manaiera bastante satisfatória.
Aprofundada, também, é a relação entre Boca de Algodão e Mariah Drillard. A vereadora parece ter aceitado que precisa da ajuda do primo gângster para alcançar seus objetivos, ainda assim, não parece se sentir cem por cento à vontade com os métodos de Cornell, especialmente ao vê-los em primeiríssima mão na sequência no telhado da boate, onde Mahershala Ali faz um belo trabalho mostrando que, embora Cornell seja um bandido, ele ainda parece indeciso quanto ao tipo de bandido que quer ser, procurando, talvez, o lado certo da vida errada, já que acredita não haver nenhum outro caminho para trilhar.
Quem também parece não ter outro caminho para trilhar é Luke, resta saber se o "Poderoso" vai conseguir distinguir sua trilha entre justiça e vingança, e quais serão seus próximos passos agora que ele parece ter decidido seu rumo.
Após um primeiro episódio competente, mas lento, Luke Cage engata a segunda marcha, e acena com uma entrada em território mais volátil.
Vejamos com o que a série nos presenteia a seguir.

"-Tá fazendo o que aqui, crioulo?
-Filho... Eu tive um dia muito longo, e eu estou muito cansado, mas não cansado o suficiente para deixar ninguém me chamar dessa palavra."

Resenha Game: FIFA 17


Conforme eu havia dito no breve review da versão Demo de FIFA 17, sou FIFeiro de carteirinha.
A série da EA Sports, pra mim, é uma experiência de futebol virtual muito mais completa do que o Pro Evolution Soccer da Konami, que, mesmo em seus melhores momentos, perde na comparação, e falo isso com a consciência tranquila de alguém que não é um fanático e frequentemente compra os dois games.
É com a mesma consciência não-fanática que eu admito que FIFA, a exemplo de PES, tem sua cota de defeitos:
O game não consegue conciliar de maneira satisfatória velocidade e cadência, de modo que ano após ano nós experimentamos um rodízio entre jogos de mais toque de bola, e jogos mais rápidos.
Outro senão recorrente na série da EA é o fato de que, após o advento do modo FIFA Ultimate Team, um modo de jogo online com microtransações muito rentável para a desenvolvedora, nos últimos anos o modo carreira foi meio que escanteado pela EA, deixando os jogadores ocasionais que não curtem partidas online um tanto marginalizados.
Mas acima de tudo, a sensação inegável de que, ano após ano, estamos gastando um bom dinheiro com jogos que aparentemente caberiam numa atualização.
As diferenças sutis entre as versões 14, 15 e 16 de FIFA podiam ser evidentes para os fãs hardcore da série, mas eram nuances demasiado sutis tanto para atrair novos consumidores quanto para justificar mais 250 reais investidos em um jogo que era praticamente um patch de atualização para a versão do ano anterior.
As coisas, porém, fora diferentes esse ano.
O FIFA 17 que chegou às lojas na semana passada é, finalmente, um jogo novo, mais do que uma atualização dos elencos e uniformes da versão do ano passado.
A questão do ritmo do game, não se engane, segue o rodízio, e dessa vez o jogo é veloz, conforme sugeria a demo, mas há mais.
A nova engine gráfica de FIFA, a mesma Frostbite de Battlefield cumpriu o prometido já na demo, na versão finalizada, então, nem se fala.
FIFA 17 é um colírio.
Os jogadores que tem feições digitalizadas são um desplante em termos de semelhança com as contrapartes reais, cabelos, feições, movimentação corporal, é tudo muito bem feito. Detalhes como a forma que o uniforme se movimenta sobre o corpo dos jogadores é sensacional, e eu não consigo deixar de frisar o suor no rosto dos bonecos ao final de cada jogo.
Mais do que isso, é bacana notar que houve o cuidado de não repetir o problema gráfico do PES, que tem jogadores top renderizados de maneira quase perfeita, com texturas e sombras, destoando desconfortavelmente dos jogadores menos famosos.
Em FIFA, os jogadores com feições digitalizadas parecem viver no mesmo mundo que os jogadores "comuns", que, apesar de tudo, ainda guardam semelhanças com suas versões do mundo real, e não parecem manequins no meio de pessoas de verdade, algo que aconteceu nas últimas duas versões de FIFA com os treinadores.
Quem não se lembra de receber um troféu das mãos sem dedos de um boneco poligonal que parecia um fugitivo de Goldeneye do Nintendo 64?
Isso acabou.
Além de os treinadores dos vinte clubes da Premier League serem renderizados com o mesmo cuidado dos principais jogadores do game, no modo carreira há seis modelos de treinadores para serem escolhidos e funcionarem como avatar do player durante as partidas.
O sonho de poder montar seu treinador à sua imagem e semelhança ficou pra mais adiante, mas não se pode negar o avanço.
A física do game recebeu uma recauchutada, permitindo maior controle na hora de proteger a bola com o corpo. Os chutes estão bem dosados, e não existem foguetes descontrolados no jogo.
O sistema de bolas paradas foi renovado, os escanteios ganharam uma mira, e a força aplicada no botão altera apenas o arco que a bola faz para chegar lá. As faltas sofreram poucas alterações, mas os pênaltis receberam uma reforma geral, e agora utilizam a alavanca da direita, que posiciona o jogador para a bola, a alavanca da esquerda, que controla sua corrida e a direção do chute, e o botão de chute, que controla a força da batida.
Desnecessário dizer que muitos pênaltis são perdidos até se pegar o jeito, e que a salada de comandos aumenta exponencialmente a pressão quando se está na marca da cal.
O modo FUT ganhou novidades como uma série de desafios temáticos e um Modo Campeões que oferece a possibilidade de se qualificar para um torneio de final de semana que rende prêmios in-game aos vencedores, enquanto o modo carreira ganhou uma série de novas exigências por parte da diretoria que fazem total sentido dentro do universo do game (aumentar as vendas de camisas, utilizar jogadores da base...) e aumentam o grau de exigência do jogo.
Mas não tem outra, o carro chefe da edição é, mesmo o The Journey, o inédito Modo História de FIFA que faz um debute de derreter o cérebro.
A saga do jovem Alex Hunter em busca do estrelato na Premier League é sensacional e viciante.
A jornada do jovem Alex Hunter das ligas amadoras infantis ao maior campeonato nacional de futebol no mundo é contada de maneira bastante convencional, e é difícil não lembrar do filme Gol, ao jogar.
Ainda assim, a história é conduzida de maneira efetiva, de modo que mesmo a censura livre que rouba um pouco do realismo da coisa (qual é? Uma vida de jogador profissional sem palavrões, álcool ou prostitutas?), ainda há qualidades de sobra pra fazer a diversão alcançar níveis estratosféricos no modo.
No comando de Alex Hunter The Journey intercala sessões de treino, jogos e sequências cinemáticas.
Nos treinos, Alex passa por circuitos que vão desde fundamentos como passe e chute à insanas séries de dribles e obstáculos que rendem o aumento das suas habilidades. As sessões de treino podem ser jogadas ou simuladas, a simulação, porém reduz a evolução dos atributos de Alex (deixando claro que não há sucesso sem trabalho duro, "mate".), os jogos podem ser experimentados apenas pela perspectiva de Alex, o que dá mais trabalho mas compensa em termos de imersão, ou com o player controlando os onze jogadores.
Como as exigências do treinador e as "missões" encomendadas a cada partida precisam servir ao modo History, por vezes encontramos paradas indigestas pela frente, como virar um marcador perdendo a partida por 2 x o, ou conseguir cinco chutes a gol com menos de trinta minutos de jogo pela frente, ou obter uma nota 8.0 quando os companheiros de jogo digitais nem sempre são os mais altruístas e o sistema de avaliação do jogo, por vezes, sacaneia o player, como quando tu pede um passe, ele é mal executado pelo companheiro, e Alex é avaliado com um "má pedida de passe".
E não se engane, ser apenas um jogador do time, e um reserva, é bem mais complicado do que aparenta, especialmente quando se tem a missão de virar um resultado, e o adversário resolve amarrar o jogo segurando a bola na frente e matando tempo.
Mas aí entra uma das vantagens do ritmo acelerado do game nesse ano. Na hora do um contra um, Alex sempre pode levar vantagem simplesmente jogando a bola na frente e deixando os marcadores pra trás (ouça seu treinador. Na primeira vez que entrei em campo num jogo da Premier League, foi exatamente o que ele me disse).
Se os meias adversários são difíceis de desarmar, o mesmo não pode ser dito dos zagueiros, que, por melhor que seja sua I.A., ainda fazem umas burradas que, bem aproveitadas, ajudam Alex Hunter a encontrar o rumo do gol, e a dificuldade que nós enfrentamos para ajudar Alex a superar as adversidades, da relação com a família à relação estremecida com o melhor amigo, passando pelo bullying dos jogadores veteranos, e a pressão da torcida nas redes sociais, apenas tornam cada pequeno sucesso mais saboroso.
Conforme eu disse na review da demo, The Journey faz tanto sentido e é tão bem executado, que é até estranho que ninguém ainda tivesse pensado em um modo história em um game de esportes até agora.
Eu sempre preferi FIFA ao PES, no qual também sou capaz de encontrar uma boa dose de diversão, esse ano, porém, além de todos os fatores que geralmente me puxam para a série futebolística da EA, ainda tivemos a primeira inovação de fato visível em anos, e um modo de jogo inovador e encantador na mesma medida.
Mas fique esperto, a EA disponibilizou o modo The Journey, cereja do bolo dessa edição, apenas para os consoles de última geração, então pese bem prós e contras se tiver um PS3 ou X-Box 360. Entretanto, se for o feliz proprietário de um Playstation 4 ou X-Box ONE, e é um verdadeiro amante do esporte bretão, FIFA 17 se tornou item obrigatório na tua estante, mesmo que que tu seja um PESistas de quatro costados.

"-Meu nome é Alex Hunter. Vocês ainda não ouviram falar de mim... Mas ouvirão."

sábado, 1 de outubro de 2016

Resenha Série: Luke Cage Temporada 1: Episódio 1: Moment of Truth


Após uma ótima temporada de estréia de Jessica Jones e duas excelentes temporadas de Demolidor a parceria Marvel/Netflix rende mais uma cria.
Ontem assisti ao primeiro episódio de Luke Cage, série que vai mostrar as aventuras solo do personagem apresentado em Jessica Jones, e, se ainda não tinha ficado bem claro, vamos confirmar que, a Netflix não dá ponto sem nó:
Moment of Truth mostra Luke Cage (Mike Colter) após os eventos de Jessica Jones.
Após ter seu bar destruído, Luke tenta se manter na moita.
Ele trabalha em dois empregos, um na barbearia de Pop Hunter (Frankie Faison), um bom homem que faz o possível para manter a gurizada do Harlem fora das ruas, e outro no clube de Cornell "Boca de Algodão" Stokes (Mahershala Ali, de House of Cards), um homem que não partilha das mesmas preocupações de Pop.
Luke se esforça para pagar o aluguel do quarto onde mora sobre o restaurante Ghengis Connie, mas as coisas são difíceis quando se trabalha por fora e não se está interessado em carregar uma arma.
Luke não quer ser um capanga para Stokes e nem tampouco ser o herói que Pop o encoraja a ser "como aquele pessoal do centro".
Luke só quer ficar na sua.
A resolução de Luke se complica conforme Boca de Algodão planeja usar suas conexões com sua prima, a vereadora Mariah Dillard (Alfre Woodard), para expandir seu domínio sobre o Harlem enquanto ajuda Mariah a levar adiante seus planos de revitalização da região, e os planos de ambos esbarram nas ações de dois moleques a quem Luke conhece, Shameek e Chico, que atravessam uma negociação de Boca de Algodão, atraindo a atenção da policial Misty Knight (Simone Missick), e do misterioso chefão conhecido como Cascavel, que imediatamente surge sobre o ombro de Stokes na forma do capanga Shades Alvarez, que partilha um passado conturbado com Luke.
Com a tensão crescendo rapidamente nas ruas do Harlem, Luke precisa decidir se vai conseguir se manter à margem do conflito que se anuncia.
Moment of Truth foi um bom primeiro episódio para Luke Cage. Acenou um uma pletora de novos e interessantes personagens, com destaque para o Boca de Algodão de Mahershala Ali, e mostrou um tom inédito e muito bem vindo ao Universo Cinemático Marvel, com o qual estabelece relações, seja através de Jessica Jones, mencionada por Pop, seja nas filmagens do "incidente" vendidas nas ruas com participação de "Tony Stark, do cara loiro com o martelo, o velho com o escudo e o cara verde", seja nas armas com tecnologia das indústrias Hammer que Boca de Algodão está negociando.
O primeiro capítulo da temporada, aliás, vai na contramão de Jessica Jones e Demolidor, e não se apressa na hora de se apresentar. Na comparação com os outros dois serias, Luke Cage parece ter um ritmo consideravelmente mais lento, apesar de uma cena de ação bacana no fecho do episódio.
Ainda assim, com um ótimo elenco, uma ambientação nova e excitante e um gancho intrigante para seu primeiro ano, a série surge como uma ótima promessa.
Vamos ver se continua assim.

"-Eu quero contratá-lo.
-Eu não estou pra alugar, mas prometo, dona. Eu vou cuidar de vocês."


Rapidinhas do Capita


A Débi chegou cantarolando à mesa da cozinha do escritório na hora do almoço.
Antes de sentar, abraçou a Fabi e deu-lhe um beijo estalado na bochecha.
A Fabi viu que tinha rolado alguma coisa depois da festa na noite anterior já de manhã, quando, ao dar bom dia pra Débi do outro lado do escritório, recebeu uma careta de excitação de volta, e o sinal dos indicadores rolando um sobre o outro de "depois te conto".
Haviam chegado juntas à danceteria. O carinha, troncudo, cabelo desarrumado, cara de bobinho com os óculos e a camisa xadrez, na verdade tinha paquerado a Fabi, que, francamente, achou que daquele mato não sairia coelho, e repassou pra Débi.
A Débi era menos exigente, talvez encontrasse um pouco de prazer dando uns beijos no cara durante a noite.
Mas não é que a Débi não só se beijou com o guri a noite toda, como ainda foi embora com ele, fazendo cara de faceira ao se despedir?
Agora chegava assobiando, animadinha, dando beijo...
A Fabi não aguentou a curiosidade.
Perguntou:
-E aí? Como foi?
A Débi suspirou, sorridente:
-Olha... Apesar daquela pinta de bobo, ele trepa feito um deus.
A Fabi ia fazer um comentário a respeito das implicações teológicas da afirmativa, mas enquanto via a Débi suspirar de satisfação comendo uma tapioca, achou que não valia a pena.
Na verdade, chegou a sentir uma ponta de arrependimento por ter passado o esquisito adiante.

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Foi apenas após três tentativas que o Gervásio atendeu a porta para falar com o vizinho.
Fora um misto de curiosidade com admiração pela perseverança de um homem que tentava mais do que o correio.
Gervásio, não tivesse sido vencido por esses dois sentimentos, provavelmente teria ignorado as batidas na porta.
Não queria ver ninguém. Falar com ninguém. Saber de ninguém.
Pelo menos não desde que Amélia fora embora.
Após dez anos juntos, oito morando sob o mesmo teto, Amélia chegou à súbita conclusão de que ela e o Gervásio não eram compatíveis. Não era feitos um para o outro. Não eram almas gêmeas.
E foi embora.
Deixou Gervásio levando consigo seus sonhos, seu cachorro e seu moletom da Nike.
Agora aparecia o vizinho.
Muito polido, solícito.
Acabara de se mudar pro apartamento de baixo, e informava que havia um vazamento do banheiro de Gervásio para o seu.
Convidava Gervásio para descer com ele e ver os efeitos da infiltração.
Gervásio negou.
Não precisava ver com os próprios olhos.
Acreditava no sujeito.
Aquele banheiro não via uma obra há bons anos. Um vazamento era perfeitamente plausível. Além do mais, por que alguém inventaria algo assim?
Chamou o síndico que indicou um encanador. Gervásio recebeu o sujeito, que foi ao apartamento vizinho dar uma olhada no problema, e depois voltou à casa de Gervásio.
O encanador, um homem baixinho e animado, falava muito e muito rápido.
Parecia otimista:
-Olha só, seu Geraldo-
-Gervásio.
-Isso, o problema ali, é só uma infiltraçãozinha. Não tem ruim. É pra quebrar duas lajotinhas do banheiro, três no máximo, meter um vedante e tá salva a lavoura. Serviço pra dois dias, se tanto. Não se preocupa, vai dar tudo certo.
Gervásio não acreditou nele.
Se tinha sobrado alguma certeza em Gervásio depois de a Amélia ir embora, era a de que tudo nunca dava certo.

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Sim, Seijas. É exatamente essa a situação.