Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
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sábado, 1 de outubro de 2016
Rapidinhas do Capita
A Débi chegou cantarolando à mesa da cozinha do escritório na hora do almoço.
Antes de sentar, abraçou a Fabi e deu-lhe um beijo estalado na bochecha.
A Fabi viu que tinha rolado alguma coisa depois da festa na noite anterior já de manhã, quando, ao dar bom dia pra Débi do outro lado do escritório, recebeu uma careta de excitação de volta, e o sinal dos indicadores rolando um sobre o outro de "depois te conto".
Haviam chegado juntas à danceteria. O carinha, troncudo, cabelo desarrumado, cara de bobinho com os óculos e a camisa xadrez, na verdade tinha paquerado a Fabi, que, francamente, achou que daquele mato não sairia coelho, e repassou pra Débi.
A Débi era menos exigente, talvez encontrasse um pouco de prazer dando uns beijos no cara durante a noite.
Mas não é que a Débi não só se beijou com o guri a noite toda, como ainda foi embora com ele, fazendo cara de faceira ao se despedir?
Agora chegava assobiando, animadinha, dando beijo...
A Fabi não aguentou a curiosidade.
Perguntou:
-E aí? Como foi?
A Débi suspirou, sorridente:
-Olha... Apesar daquela pinta de bobo, ele trepa feito um deus.
A Fabi ia fazer um comentário a respeito das implicações teológicas da afirmativa, mas enquanto via a Débi suspirar de satisfação comendo uma tapioca, achou que não valia a pena.
Na verdade, chegou a sentir uma ponta de arrependimento por ter passado o esquisito adiante.
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Foi apenas após três tentativas que o Gervásio atendeu a porta para falar com o vizinho.
Fora um misto de curiosidade com admiração pela perseverança de um homem que tentava mais do que o correio.
Gervásio, não tivesse sido vencido por esses dois sentimentos, provavelmente teria ignorado as batidas na porta.
Não queria ver ninguém. Falar com ninguém. Saber de ninguém.
Pelo menos não desde que Amélia fora embora.
Após dez anos juntos, oito morando sob o mesmo teto, Amélia chegou à súbita conclusão de que ela e o Gervásio não eram compatíveis. Não era feitos um para o outro. Não eram almas gêmeas.
E foi embora.
Deixou Gervásio levando consigo seus sonhos, seu cachorro e seu moletom da Nike.
Agora aparecia o vizinho.
Muito polido, solícito.
Acabara de se mudar pro apartamento de baixo, e informava que havia um vazamento do banheiro de Gervásio para o seu.
Convidava Gervásio para descer com ele e ver os efeitos da infiltração.
Gervásio negou.
Não precisava ver com os próprios olhos.
Acreditava no sujeito.
Aquele banheiro não via uma obra há bons anos. Um vazamento era perfeitamente plausível. Além do mais, por que alguém inventaria algo assim?
Chamou o síndico que indicou um encanador. Gervásio recebeu o sujeito, que foi ao apartamento vizinho dar uma olhada no problema, e depois voltou à casa de Gervásio.
O encanador, um homem baixinho e animado, falava muito e muito rápido.
Parecia otimista:
-Olha só, seu Geraldo-
-Gervásio.
-Isso, o problema ali, é só uma infiltraçãozinha. Não tem ruim. É pra quebrar duas lajotinhas do banheiro, três no máximo, meter um vedante e tá salva a lavoura. Serviço pra dois dias, se tanto. Não se preocupa, vai dar tudo certo.
Gervásio não acreditou nele.
Se tinha sobrado alguma certeza em Gervásio depois de a Amélia ir embora, era a de que tudo nunca dava certo.
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Sim, Seijas. É exatamente essa a situação.
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