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segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Resenha Game: FIFA 17
Conforme eu havia dito no breve review da versão Demo de FIFA 17, sou FIFeiro de carteirinha.
A série da EA Sports, pra mim, é uma experiência de futebol virtual muito mais completa do que o Pro Evolution Soccer da Konami, que, mesmo em seus melhores momentos, perde na comparação, e falo isso com a consciência tranquila de alguém que não é um fanático e frequentemente compra os dois games.
É com a mesma consciência não-fanática que eu admito que FIFA, a exemplo de PES, tem sua cota de defeitos:
O game não consegue conciliar de maneira satisfatória velocidade e cadência, de modo que ano após ano nós experimentamos um rodízio entre jogos de mais toque de bola, e jogos mais rápidos.
Outro senão recorrente na série da EA é o fato de que, após o advento do modo FIFA Ultimate Team, um modo de jogo online com microtransações muito rentável para a desenvolvedora, nos últimos anos o modo carreira foi meio que escanteado pela EA, deixando os jogadores ocasionais que não curtem partidas online um tanto marginalizados.
Mas acima de tudo, a sensação inegável de que, ano após ano, estamos gastando um bom dinheiro com jogos que aparentemente caberiam numa atualização.
As diferenças sutis entre as versões 14, 15 e 16 de FIFA podiam ser evidentes para os fãs hardcore da série, mas eram nuances demasiado sutis tanto para atrair novos consumidores quanto para justificar mais 250 reais investidos em um jogo que era praticamente um patch de atualização para a versão do ano anterior.
As coisas, porém, fora diferentes esse ano.
O FIFA 17 que chegou às lojas na semana passada é, finalmente, um jogo novo, mais do que uma atualização dos elencos e uniformes da versão do ano passado.
A questão do ritmo do game, não se engane, segue o rodízio, e dessa vez o jogo é veloz, conforme sugeria a demo, mas há mais.
A nova engine gráfica de FIFA, a mesma Frostbite de Battlefield cumpriu o prometido já na demo, na versão finalizada, então, nem se fala.
FIFA 17 é um colírio.
Os jogadores que tem feições digitalizadas são um desplante em termos de semelhança com as contrapartes reais, cabelos, feições, movimentação corporal, é tudo muito bem feito. Detalhes como a forma que o uniforme se movimenta sobre o corpo dos jogadores é sensacional, e eu não consigo deixar de frisar o suor no rosto dos bonecos ao final de cada jogo.
Mais do que isso, é bacana notar que houve o cuidado de não repetir o problema gráfico do PES, que tem jogadores top renderizados de maneira quase perfeita, com texturas e sombras, destoando desconfortavelmente dos jogadores menos famosos.
Em FIFA, os jogadores com feições digitalizadas parecem viver no mesmo mundo que os jogadores "comuns", que, apesar de tudo, ainda guardam semelhanças com suas versões do mundo real, e não parecem manequins no meio de pessoas de verdade, algo que aconteceu nas últimas duas versões de FIFA com os treinadores.
Quem não se lembra de receber um troféu das mãos sem dedos de um boneco poligonal que parecia um fugitivo de Goldeneye do Nintendo 64?
Isso acabou.
Além de os treinadores dos vinte clubes da Premier League serem renderizados com o mesmo cuidado dos principais jogadores do game, no modo carreira há seis modelos de treinadores para serem escolhidos e funcionarem como avatar do player durante as partidas.
O sonho de poder montar seu treinador à sua imagem e semelhança ficou pra mais adiante, mas não se pode negar o avanço.
A física do game recebeu uma recauchutada, permitindo maior controle na hora de proteger a bola com o corpo. Os chutes estão bem dosados, e não existem foguetes descontrolados no jogo.
O sistema de bolas paradas foi renovado, os escanteios ganharam uma mira, e a força aplicada no botão altera apenas o arco que a bola faz para chegar lá. As faltas sofreram poucas alterações, mas os pênaltis receberam uma reforma geral, e agora utilizam a alavanca da direita, que posiciona o jogador para a bola, a alavanca da esquerda, que controla sua corrida e a direção do chute, e o botão de chute, que controla a força da batida.
Desnecessário dizer que muitos pênaltis são perdidos até se pegar o jeito, e que a salada de comandos aumenta exponencialmente a pressão quando se está na marca da cal.
O modo FUT ganhou novidades como uma série de desafios temáticos e um Modo Campeões que oferece a possibilidade de se qualificar para um torneio de final de semana que rende prêmios in-game aos vencedores, enquanto o modo carreira ganhou uma série de novas exigências por parte da diretoria que fazem total sentido dentro do universo do game (aumentar as vendas de camisas, utilizar jogadores da base...) e aumentam o grau de exigência do jogo.
Mas não tem outra, o carro chefe da edição é, mesmo o The Journey, o inédito Modo História de FIFA que faz um debute de derreter o cérebro.
A saga do jovem Alex Hunter em busca do estrelato na Premier League é sensacional e viciante.
A jornada do jovem Alex Hunter das ligas amadoras infantis ao maior campeonato nacional de futebol no mundo é contada de maneira bastante convencional, e é difícil não lembrar do filme Gol, ao jogar.
Ainda assim, a história é conduzida de maneira efetiva, de modo que mesmo a censura livre que rouba um pouco do realismo da coisa (qual é? Uma vida de jogador profissional sem palavrões, álcool ou prostitutas?), ainda há qualidades de sobra pra fazer a diversão alcançar níveis estratosféricos no modo.
No comando de Alex Hunter The Journey intercala sessões de treino, jogos e sequências cinemáticas.
Nos treinos, Alex passa por circuitos que vão desde fundamentos como passe e chute à insanas séries de dribles e obstáculos que rendem o aumento das suas habilidades. As sessões de treino podem ser jogadas ou simuladas, a simulação, porém reduz a evolução dos atributos de Alex (deixando claro que não há sucesso sem trabalho duro, "mate".), os jogos podem ser experimentados apenas pela perspectiva de Alex, o que dá mais trabalho mas compensa em termos de imersão, ou com o player controlando os onze jogadores.
Como as exigências do treinador e as "missões" encomendadas a cada partida precisam servir ao modo History, por vezes encontramos paradas indigestas pela frente, como virar um marcador perdendo a partida por 2 x o, ou conseguir cinco chutes a gol com menos de trinta minutos de jogo pela frente, ou obter uma nota 8.0 quando os companheiros de jogo digitais nem sempre são os mais altruístas e o sistema de avaliação do jogo, por vezes, sacaneia o player, como quando tu pede um passe, ele é mal executado pelo companheiro, e Alex é avaliado com um "má pedida de passe".
E não se engane, ser apenas um jogador do time, e um reserva, é bem mais complicado do que aparenta, especialmente quando se tem a missão de virar um resultado, e o adversário resolve amarrar o jogo segurando a bola na frente e matando tempo.
Mas aí entra uma das vantagens do ritmo acelerado do game nesse ano. Na hora do um contra um, Alex sempre pode levar vantagem simplesmente jogando a bola na frente e deixando os marcadores pra trás (ouça seu treinador. Na primeira vez que entrei em campo num jogo da Premier League, foi exatamente o que ele me disse).
Se os meias adversários são difíceis de desarmar, o mesmo não pode ser dito dos zagueiros, que, por melhor que seja sua I.A., ainda fazem umas burradas que, bem aproveitadas, ajudam Alex Hunter a encontrar o rumo do gol, e a dificuldade que nós enfrentamos para ajudar Alex a superar as adversidades, da relação com a família à relação estremecida com o melhor amigo, passando pelo bullying dos jogadores veteranos, e a pressão da torcida nas redes sociais, apenas tornam cada pequeno sucesso mais saboroso.
Conforme eu disse na review da demo, The Journey faz tanto sentido e é tão bem executado, que é até estranho que ninguém ainda tivesse pensado em um modo história em um game de esportes até agora.
Eu sempre preferi FIFA ao PES, no qual também sou capaz de encontrar uma boa dose de diversão, esse ano, porém, além de todos os fatores que geralmente me puxam para a série futebolística da EA, ainda tivemos a primeira inovação de fato visível em anos, e um modo de jogo inovador e encantador na mesma medida.
Mas fique esperto, a EA disponibilizou o modo The Journey, cereja do bolo dessa edição, apenas para os consoles de última geração, então pese bem prós e contras se tiver um PS3 ou X-Box 360. Entretanto, se for o feliz proprietário de um Playstation 4 ou X-Box ONE, e é um verdadeiro amante do esporte bretão, FIFA 17 se tornou item obrigatório na tua estante, mesmo que que tu seja um PESistas de quatro costados.
"-Meu nome é Alex Hunter. Vocês ainda não ouviram falar de mim... Mas ouvirão."
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