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quinta-feira, 25 de maio de 2017

Não É Para Nós


Eu lamento imensamente informar que não.
Não estamos diante de uma encruzilhada de onde, escolhendo o caminho correto, chegaremos a um Brasil melhor. Não existe Brasil melhor. Pelo menos não no futuro imediato, e quando uso "imediato" falo em gerações, e não em anos.
Nossos filhos e netos não verão o tal "Brasil melhor", lamento informar; nossos bisnetos, tataranetos, talvez, mas apenas se uma mudança muito forte começasse já.
E não falo de reforma previdenciária, ou trabalhista.
Não ouso nem falar em reforma política.
Isso, só não basta.
Nossa classe política, e é nossa, nós os colocamos lá, ninguém chuta a porta pra entrar nessa vida, enfim, nossa classe política vê política como profissão. Carreira.
Não é.
É serviço público.
É uma coisa que ninguém deveria almejar pra sua vida inteira.
É algo que as pessoas deveria se dispôr a fazer por determinados períodos como forma de retribuir o que obtiveram da vida, e então, voltar a tratar de seus assuntos.
Não devia nem ser remunerada. Deveria ser um serviço social voluntários que as pessoas prestariam por períodos sabáticos.
Se candidatou a um cargo público e se elegeu, vai passar o período do mandato, quatro, cinco, oito anos, recebendo o mesmo salário que tu ganha na tua profissão, pago pelo Estado, e nada mais.
Moradia em Brasília, se for o caso.
Ponto.
A partir do momento em que ser político se torna profissão, o político perde o foco. Ele para de advogar pelas causas do povo e passa a tentar manter o emprego. E isso é péssimo.
E a principal razão pela qual não veremos, nem nós, nem nossos filhos e nem nossos netos, um Brasil melhor, é porque o brasileiro vê política como profissão.
Toda a formação prévia ao mandato desaparece. O sujeito deixa de ser advogado, economista, médico ou torneiro mecânico e passa a ser deputado, vereador, presidente, prefeito... E quando está sem mandato ele vira ex-deputado, ex-senador-, ex-governador...
Enquanto as pessoas que fazem parte da classe política seguirem vendo a política como profissão, nós não vamos ter uma classe política minimamente confiável.
Os escândalos continuarão se empilhando, as desavenças políticas continuarão castigando a população que será mantida num aquário de ignorância porque gente burra é fácil de manobrar, e quem tem mais dinheiro seguirá tendo voz enquanto quem não tem nenhum seguirá mudo.
E, sim.
Eu sigo batendo na tecla de que educação é a única forma de mudar nosso país.
E sim, continuo batendo na tecla de que "educação" é infinitamente mais do que instrução formal.
A imensa maioria dos crápulas que mandam no Brasil são instruídos.
Doutores e bacharéis.
E nenhum vale o preço da gravata que usa ao redor do pescoço.
O que faltou a esses vis homens e mulheres foi educação. Não instrução formal, mas aquela educação que trazemos de casa. A fibra moral que famílias são capazes de construir e que a educação formal apenas polirá durante a vida.
A noção de que devemos respeitar a todos igualmente, de que não devemos pegar o que não nos pertence, e que honestidade é obrigação, e não insígnia.
O tipo de educação cada vez mais rara no mundo em geral, no Brasil em particular, onde a fibra moral é tão nula que aí está nossa classe política, um reflexo dolorosamente honesto de um povo que, no geral, é vagabundo, mal-intencionado e preguiçoso.
A grande encruzilhada que estamos não é prender Lula, Aécio, Jucá ou qualquer outro dos sultões do crime organizado que se tornou a política do Brasil.
Porque ano que vem haverá eleições e todos os candidatos serão larápios vagabundos, mal-intencionados e preguiçosos iguais àqueles que porventura tenham sido presos nesse ano.
Nossa melhor alternativa nas eleições 2018 será eleger bandidos diferentes para ao menos ter um rodízio de crápulas.
A nossa encruzilhada verdadeira é começar a abraçar melhores valores morais e passá-los adiante, para que as futuras gerações possam colher os frutos.
Nós, provavelmente não veremos tais frutos florescerem, nem nossos filhos ou nossos netos, mas se começarmos já, talvez nossos bisnetos e tataranetos vejam.

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