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segunda-feira, 15 de maio de 2017
Resenha Filme: Castelo de Areia
A Netflix, especialmente no Brasil, tem dificuldade em manter um catálogo interessante de filmes. Verdade que, vez que outra, o serviço de streaming aparece com um lançamento fresquinho do cinema, ou que nem deu as caras pelo cinema, fazendo a alegria dos assinantes (no sábado, por exemplo, eu descobri que o excelente Até o Último Homem está na e recomendo fortemente que os amantes de filmes de guerra assistam), mas, no geral, as divergências com as produtoras brasileiras engasgam o cinema na Netflix, e a saída encontrada pelo serviço foi criativa: Produzir conteúdo original.
Além das séries, a Netflix produz longa-metragens como Beasts Of No Nation, e as comédias produzidas em parceria com a Happy Madison de Adam Sandler, e neste final de semana esbarrei com esse Castelo de Areia, drama de guerra dirigido pelo brasileiro Fernando Coimbra, de O Lobo Atrás da Porta e Trópico das Cabras, e resolvi dar uma chance ao filme do patrício.
Catelo de Areia conta a história de Matt Ocre (Nicholas Hoult), um jovem que se alistou no exército para conseguir dinheiro e pagar pela faculdade, mas foi prejudicado pelo timing.
Ele se alistou em julho de 2001, sem saber que dois meses mais tarde o mundo seria virado de cabeça pra baixo e ele estaria em guerra.
Ocre não é um soldado típico, longe disso. Suas razões para se alistar eram terrivelmente práticas e a última coisa que ele quer é entrar em combate. Na verdade, quando conhecemos Ocre, ele está esmigalhando sua própria mão na porta de um Humvee para tentar se livrar do embarque para o Iraque.
Obviamente não funciona.
Não tarda para o reencontrarmos na zona verde de Bagdá, instalado em um dos palácios de Sadam Hussein para onde ele e seus colegas voltam após pequenas incursões e enfrentamentos com insurgentes nas cercanias da cidade.
A rotina está longe de ser confortável, mas Ocre se habitua. Um tiroteio aqui, destruir um prédio ali...
Porém, após três meses em Bagdá, o pelotão de Ocre, liderado pelo sargento Harper (Logan Marshall-Green) é enviado à cidade de Baqubah, cuja estação de bombeamento de água foi destruída e precisa ser consertada para que a população local não morra de sede.
O problema é que a estação de bombeamento foi destruída por um bombardeio americano, e parte da população local não está nem um pouco satisfeita com a presença ianque na cidade, criando um cenário de tensão constante conforme o pelotão de Ocre não sabe em quem confiar ou o que fazer para cumprir sua missão tendo que olhar sobre o ombro vinte e quatro horas por dia.
Castelo de Areia é uma interessante alegoria a respeito das guerras norte-americanas do Século XXI, constantemente entrando em conflitos para limpar a própria sujeira, ainda assim, uma premissa interessante, sozinha, não sustenta um longa metragem, e apesar de Castelo de Areia estar longe de ser um filme ruim, ele também não tem nada de particularmente memorável.
Por vezes aborrecido em sua execução, o longa tem um elenco irregular, especialmente seu protagonista. Nicholas Hoult não é mau ator, nós já o vemos trabalhando desde moleque e ele sabe atuar, infelizmente, ele precisa ser bem dirigido pra alcançar o seu potencial completo, e Fernando Coimbra não é George Miller.
O restante do elenco vai junto com Hoult, apenas OK, Glenn Powell, Beau Knapp, Neil Borwn Jr. e o Superman Henry Cavill, todos estão apenas ali, acessórios da história, e o único ator que consegue algum destaque é Marshall-Green, já que Harper é o único personagem que parece ter mais do que uma única camada de personalidade.
Seria mais fácil perdoar os personagens sendo meros acessórios do roteiro se o longa contasse uma grande história, afinal de contas, o script é baseado em uma história real, das memórias do roteirista Chris Roessner de seu serviço militar na segunda Guerra do Golfo, mas a verdade é que, a exceção de breves momentos de tensão, o roteiro de Castelo de Areia é bastante aborrecido, e o resultado final do longa é um filme de guerra sem grandes desdobramentos filosóficos e nem grandes cenas de ação que vai morrer à sombra de Três Reis e Guerra ao Terror.
Uma bem-intencionada distração de duas horas e pouco, mas nada além disso.
"-Tem uma bala lá fora pra todo mundo. Seu nome escrito bem pequenininho do lado... E está vindo."
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