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segunda-feira, 23 de outubro de 2017
Resenha DVD: Baywatch - S.O.S. Malibu
Eu me lembro quando Baywatch passava nas tardes da Sessão Aventura da Globo, uma antiga sessão de seriados entre a sessão da tarde e a novela das seis onde, a cada dia da semana, um seriado diferente era transmitido. Claro, com o advento das TVs a cabo e internet, a Globo resolveu abolir de vez os seriados e apostar no que tem hegemonia, as novelinhas, e daí Malhação tomou o espaço que outrora pertencera a Baywatch, aqui chamada de S.O.S. Malibu, Barrados no Baile, Thundercats, Gêmeos de Outro Mundo (Eu acho que esse era o nome da série "They Came from Outer Space, quando passou por aqui), M.A.N.T.I.S, e outras...
Mas a verdade é que eu nunca fui fã de S.O.S. Malibu, quando a série estreou eu era muito pequeno para entender a graça de ver gurias peitudas correndo em câmera lenta, e David Hasselhoff era só o Michael da Supermáquina sem o carro legal, então, era um programa que, para meu eu de onze anos, não tinha grandes atrativos.
Mesmo mais velho, já tendo tomado consciência da importância dos peitos de Pamela Anderson para o imaginário coletivo masculino, e ficado particularmente impressionado com uma cena dela no filme Desejo Fatal num Domingo Maior na minha adolescência, eu havia desenvolvido um gosto por bundas e pernas femininas, de modo que não era particularmente atraído pelo sutiã XXG da loira, e pulava tranquilamente S.O.S. Malibu quando esbarrava com o programa no canal Sony.
Por jamais ter tido nenhum tipo de ligação com o programa, eu realmente não liguei nem um pouco quando anunciaram que seria produzido um longa sobre a série.
Pra mim, era apenas mais uma tentativa frustrada de repetir o sucesso de Missão: Impossível, o que é, com o perdão do trocadilho, uma missão impossível pra maioria dos filmes. Na melhor das hipóteses, o longa conseguiria ser um As Panteras, na pior, um S.W.A.T.: Comando Especial, então, não era algo que eu estava particularmente ansioso pra ver no cinema, mesmo quando o elenco ganhou o carisma de Dwayne "The Rock" Johnson e a beleza peituda de Alexandra Daddario.
Considerando a recepção morna do longa por parte de público e crítica, eu francamente, não achava ter perdido muita coisa, mas, ao passar na locadora e não encontrar nenhum filme que eu quisesse assistir, resolvi, por curiosidade, experimentar a versão cinematográfica de Baywatch, e tirar a prova.
No longa conhecemos o tenente Mitch Buchannon (The Rock), salva-vidas chefe do Posto 1 da praia Emerald Bay.
Sujeito com mais de 500 salvamentos no currículo, Mitch tem água salgada correndo nas veias dilatadas de seus braços de ferro e leva seu trabalho extremamente a sério, mantendo-se em constante estado de alerta e reforçando seu papel de dono da faixa de areia em suas longas corridas onde reencontra pessoas que tirou das garras da morte no oceano.
Apesar da sua vigília incansável, Mitch está vendo o tráfico de drogas avançar sobre seus domínios, em especial o comércio da novíssima droga sintética conhecida como Flakka, e procura por uma forma de reverter essa situação na exata época em que começa a seleção de novos recrutas para se juntarem à sua equipe, formada por C. J. Parker (a gatíssima Kelly Rohrbach) e Stephanie Holden (a bela Ilfenesh Hadera).
Após a bateria de testes, três novos membros são aceitos para um período de treinamento: O nerd Ronnie Greenbaum (Jon Bass), que é absolutamente caído por C. J., a morena Summer (Daddario), e, quase que por imposição dos superiores de Mitch, o nadador olímpico detentor de duas medalhas de ouro, Matt Brody (Zac Efron), um tremendo idiota conhecido por seus excessos que caiu em desgraça após comprometer a participação da equipe de revezamento americana nas Olimpíadas do Rio.
Isso coloca Mitch sendo obrigado a lidar com Matt ao mesmo tempo em que tenta se opor à tentativa de domínio de Victoria Leeds (Pryanka Chopra), uma empreendedora fazendo tudo ao seu alcance para privatizar a praia.
Eu precisei me conter para não terminar essa sinopse com "Agora, esse bando de malucos, vai aprontar as maiores confusões para proteger a praia de Emerald Bay", e espero que isso deixe claro o quanto Baywatch é material de sessão da tarde. Aliás, seria, se não fosse a quantidade de piadas de piroca e tetas que dominam o humor do longa por quase duas horas.
Não me entenda errado, eu sou capaz de rir de escatologia tanto quanto qualquer outra pessoa, talvez mais do que muitas, mas escatologia não pode ser a única muleta de um filme.
Colocar Zac Efron pra mexer no pau de um defunto não é uma piada apenas porque tem um pau na tela e ele não quer tocar, reciclar a piada de pau entalado de Quem Vai Ficar com Mary em um cenário diferente, também, não.
Uma boa piada é ressaltar o quanto é estranho que os salva-vidas fiquem fazendo investigações criminais ao invés de tratar queimadura de água-viva, aconselhar o uso de filtro solar e tirar banhistas da água antes que se afoguem, mas aí os roteiristas Demian Shannon e Mark Swift aparentemente percebem que essa é sua única piada forte (junto com os apelidos que Mitch dá a Matt, mas que foram descaradamente chupados de Scrubs), e a espremem até secar.
O diretor Seth Gordon, o mesmo do OK Quero Matar Meu Chefe e do xaropão Uma Ladra Sem Limites parece ter dirigido uma série de esquetes protagonizados pelos mesmos personagens e os costurado da maneira mais ordenada que foi capaz (não foi um esforço particularmente bem sucedido, já que o filme é tão cheio de erros de continuidade que à certa altura a gente tem que escolher se tenta acompanhar o fiapo de história ou ver se as roupas e cabelos dos personagens estão nas posições que deveriam).
O resultado é que se poderia esperar, mesmo as piadas que, nos trailers, pareciam bacanas, enfraquecem no contexto do filme, já que a edição é totalmente tosca.
Com isso, O longa jamais funciona a contento, reduzindo o que poderiam ter sido eventuais gargalhadas a risinhos, sorrisos e olhe lá.
Por mais que se possa argumentar que quem assiste um filme como Baywatch precisa entender sua proposta de humor pueril, há que se concordar que humor pueril não precisa (em tese) ser absolutamente descerebrado, há comédias pastelão com cérebro por aí, que sirvam de exemplo filmes como Os Outros Caras, O Âncora, O Virgem de 40 Anos, Se Beber Não Case, e outros exemplares de cinema piadista, exagerado e escatológico que não pareciam produto de viagem no ácido.
No final das contas, Baywatch: S.O.S. Malibu é uma lição0 de que nem os músculos e sorriso avantajados de The Rock, o corpo de Atlas visual do corpo humano de Zac Efron, ou as curvas generosas de Daddario, Rohrbach e Hadera em maiôs e biquínis cavados são capazes de tornar um filme ruim um bom programa.
Pode-se perdoar muitas coisas nessa vida, mas uma comédia sem risadas é dessas coisas que deveriam ter seu próprio círculo no inferno.
Assista apenas se for um grande fã da série original e quiser ver as pontas de um acabado David Hasselhoff e de uma repuxada Pamela Anderson, outrossim, passe longe.
"-Eu sou oceânico, filha da puta."
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