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segunda-feira, 30 de outubro de 2017
Resenha DVD: Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar
Foi em 2003 que a Disney conseguiu uma proeza que poderia parecer impossível:
Transformar um brinquedo de parque temático em um filme.
Mais do que isso, em um bom filme.
Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra era um deleite. Leve, divertido, descompromissado, o longa transformou Johnny Depp em astro, e o brinquedo da Disneylândia em franquia cinematográfica bilionária.
Juntos, os quatro primeiros filmes da saga, somaram quase quatro bilhões de dólares em bilheterias pelo mundo inteiro, garantindo que a casa do Mickey não sossegaria sem colocar um novo Piratas nas salas de exibição de quando em quando.
Após um hiato de seis anos desde Navegando em Águas Misteriosas, o capitão Jack Sparrow, criação máxima da carreira de Depp ressurge para mais uma aventura.
Henry Turner (Brenton Thwaites), filho de Will Turner (Orlando Bloom) e Elizabeth Swann (Keira Knightley), está viajando pelo mar há anos estudando cada lenda e procurando por cada segredo dos sete mares, tudo para tentar descobrir uma forma de acabar com a maldição que liga seu pai ao Holandês Voador.
Ele procura pelo Tridente de Poseidon, o artefato mais poderoso dos sete mares, com domínio sobre todas as maldições do oceano. Em suas buscas, ele acaba encontrando, na Caverna do Diabo, pelo capitão Salazar (Javier Bardem), antigo caçador de piratas a serviço da coroa espanhola que foi ludibriado por Jack e aprisionado na caverna anos atrás.
Salazar deseja vingança, e ele poderá deixar a caverna e buscá-la assim que Jack se separar de sua bússola mágica que sempre aponta para o que ele mais deseja.
Pode parecer estranho que Jack se desfaça de um artefato tão incrível, mas, após falhar miseravelmente em um assalto, e ser abandonado por sua tripulação, Jack está disposto a qualquer coisa por uma garrafa de rum, até mesmo trocar uma pelo seu mais precioso bem.
Como desgraça pouca é bobagem, Jack sequer consegue beber o rum, já que é aprisionado quase que imediatamente após fazer a troca.
Isso o leva à prisão, a mesma onde está Carina Smyth (Kaya Scodelario), uma jovem astrônoma e horologista autodidata cuja sapiência a fez ser acusada de bruxaria e condenada à morte.
Quando Jack e Carina estão prestes a serem executados simultaneamente, Henry surge para um audacioso plano de fuga, pois apenas com a ajuda de Jack e Carina, ele tem alguma chance de encontrar o tridente e salvar Will da maldição, entretanto, salvar o pirata mais notório do Caribe da morte é apenas um pequeno passo no caminho, já que Salazar está livre para navegar pelos sete mares com sua tripulação de fantasmas e levar destruição a todos os piratas do mar enquanto procura por Jack.
É onde surge o capitão Hector Barbossa (Geoffrey Rush), cuja frota está sendo açoitada por Salazar, e barganha com o capitão fantasma a captura de Jack pela manutenção de seus navios.
Começa então um jogo de gato e rato pelo oceano, com os grupos tentando chegar primeiro ao tridente, que dará domínio sobre o oceano a quem quer que o empunhe.
Conforme eu disse lá em cima, A Maldição do Pérola Negra era um filme muito, muito divertido.
E, dali pra frente, cada longa foi pior que o anterior.
O Baú da Morte foi um filme com bons momentos, mas, no geral, bem inferior ao primeiro. No Fim do Mundo ao menos tinha o Davey Jones de Bill Nighy, e Navegando em Águas Misteriosas tinha Penélope Cruz e Ian McShane, e meio que era só isso.
C ada longa foi parecendo mais e mais com o brinquedo do parque de diversões que originou a franquia, muito divertido para quem está dentro, no caso Johnny Depp, não tanto para quem está só assistindo.
A Vingança de Salazar consegue a proeza de ser consideravelmente pior do que seus quatro antecessores, a despeito da óbvia qualidade da produção, repleta de efeitos visuais (a tripulação de Salazar é muito bem feita, com fantasmas com pinta de afogados em diferentes estágios de decomposição, mas os tubarões que eles usam como cães de caça deixam um pouco a desejar, e o jovem Jack que aparece em um flashback é bem esquisito), cenários e figurinos claramente qualificados, a direção de Joachim Rønning e Espen Sandberg é bastante estéril, e o roteiro de Ted Elliot, Terry Rossio, Stuart Beattie e Jay Wolpert é pouco mais que uma desculpa pra costurar uma série de sequências de ação algo aborrecidas, e Brenton Thwaites é provavelmente o pior coadjuvante que Depp já teve na série, ainda que Scodelario seja muito boa (num sentido amplo) e Geoffrey Rush continue sendo bom demais pra essa franquia.
Bardem, por sua vez, tem pouco o que fazer, exceto sumir sob a máscara de pixels e o vômito escuro que volta e meia lhe escorre da boca enquanto ele amaldiçoa Sparrow. A trilha sonora de Hans Zimmer segue empolgante, e há uma ou outra boa tirada com a ignorância dos bucaneiros, no plano geral, porém, Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar é um produto pra crianças assistirem no domingo de tarde muito pálido na comparação com a excepcional matiné que deu origem à série.
O grande acerto do longa, talvez, tenha sido da Disney do Brasil na hora de batizar o filme para o nosso mercado. O título original, Homens Mortos Não Contam Histórias era bom demais para um filme tão genérico. A Vingança de Salazar, raso, direto, e vazio, faz, com certeza, muito mais justiça ao conteúdo do longa.
Se as crianças gostarem de piratas, alugue para deixá-las ocupadas por umas duas horas, outrossim, espere passar na TV a cabo.
"-Eu não estou procurando por confusão.
-Que maneira terrível de se viver..."
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