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segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Resenha DVD: A Múmia


Quando a Universal anunciou seus planos de criar um universo compartilhado de monstros do cinema, eu achei a ideia idiota.
Isso, claro, foi na época de Drácula: A História Nunca Contada, um filme que, longe de ser horrível, estava longe de ser bom o suficiente para gerar sequer uma continuação, que dirá uma franquia.
Ledo e Ivo engano o meu.
A Universal, aparentemente, descartaria o Drácula de Luke Evans, o lobisomem de Benicio DelToro e tudo o mais, pra recomeçar do zero. Pra recomeçar de A Múmia.
Não A Múmia de Arnold Vosloo e Brendan Fraser, mas uma nova múmia, que seria o primeiro passo de um novo universo compartilhado.
O Dark Universe.
Sério.
Tem até um logo que aparece depois do logo da Universal no filme, juro.
A Múmia chegou a ser imaginada, lá atrás, como um longa mais puxado pro terror, mesmo. Menos aventureiro e cômico do que os três filmes dirigidos por Stephen Sommers na virada do milênio. Essa ideia, aparentemente, ficou pelo caminho.
A Múmia ganhou o rosto narigudo de Tom Cruise, a beleza exótica de Sofia Boutella, e a direção de Alex Kurtzman (cujo currículo como roteirista me faz pensar que ele é o responsável pelas partes que eu não gosto em vários filmes do tipo "poderia-ser-ótimo-se-não-fosse-por-isso-aqui").
No longa, conhecemos a história de Ahmanet (Boutela), princesa do Egito destinada a se tornar a rainha que se vê traída por seu pai, o Faraó, que se casa novamente e tem um filho homem que a escanteia na linha sucessória.
Ahmanet não é de deixar barato, tendo dedicado toda a sua vida a se tornar uma rainha, ela não está disposta a abrir mão do poder, e, para conseguir seu trono, se envolve com as artes ocultas e firma um pacto sombrio com Set, deus egípcio da morte.
Ela consegue que seu pai, madrasta e irmão caçula morram, mas não se satisfaz apenas com isso. Ela arma o tabuleiro para trazer Set ao mundo dos homens como um deus vivo e imortal, que regerá o Egito e o mundo ao seu lado por toda a eternidade.
Seus planos porém, são frustrados.
Ahmanet é condenada à pior de todas as punições por seus crimes, é embalsamada viva, e levada muito além das fronteiras do Egito, até a Mesopotâmia, onde é sepultada em uma prisão espiritual por mais de cinco mil anos.
Corta para os dias de hoje.
No Iraque, o sargento Nick Morton (Cruise) e seu companheiro, o cabo Vail (Jake Johnson) são batedores do exército dos EUA na região.
Eles se aproveitam de sua posição privilegiada para andar nos calcanhares dos insurgentes e roubar todas as antiguidades que conseguem e vender por grandes quantias no mercado negro dos colecionadores.
De posse de um mapa roubado da arqueóloga Jennyfer Halsey (Annabelle Wallis), Nick e Vail conseguem chegar à uma antiga cripta onde encontram o sepulcro de Ahmanet, e não tarda para que, após a chegada de reforços, todos estejam a bordo de um avião com destino a Londres de posse do sarcófago da antiga princesa.
Obviamente, é uma péssima ideia.
Ahmanet, livre de seu sepulcro, usa seus poderes místicos para derrubar o avião, e iniciar seus planos de domínio global ao lado da encarnação de Set.
Seu escolhido para ser o recipiente da essência do deus da morte?
Nick.
Começa, então, mais uma aventura do agente Ethan Hunt para impedir o fim do mundo, mas usando outro nome, e, tipo, tem uma múmia ali, e tal.
É difícil ir muito além disso.
O longa é mal escrito assim, mesmo. O roteiro de David Koepp, Christopher McQuarrie, Dylan Kussman, Jon Spaiths, Jenny Lumet, e do diretor Alex Kurtzman é simplesmente horrível. Uma aberração tão grande que poderíamos definir como um filme de super-herói sem super-heróis, usando monstros, mas sem terror, emprestando pedaços de dezenas de outros filmes de terror existentes, de Um Lobisomem Americano em Londres até A Noiva de Frankenstein (que vai virar filme no Dark Universe, estrelado por Angelina Jolie), mas tentando equilibrar isso com um filme de ação estrelado por Tom Cruise.
O resultado é tão ruim quanto parece.
Pra piorar, ainda existe uma super organização secreta responsável por vigiar os monstros do mundo, e ela é chefiada pelo doutor Henry Jakyll (Russell Crowe), que passa a maior parte do tempo em seu escritório tentando não se transformar em Edward Hyde, e quando falha e se transforma dá início a uma sequência quase constrangedora para ele e Cruise.
O longa obviamente não funciona, o roteiro tipo colcha de retalhos somado à direção de Kurtzman, que parece pouco mais do que apenas ter alguém coordenando o produto que o estúdio acha que o público deseja, gera um resultado que é absolutamente canhestro, deixando todo mundo sem pai e nem mãe no final do desastre.
O final do filme, obviamente, acena com a possibilidade de uma sequência, já que, A Múmia é apenas a pedra fundamental do Dark Universe, a questão é:
Será que depois de ver A Múmia, nós queremos ver mais alguma coisa do Dark Universe?
Assista apenas se tiver muita curiosidade mórbida, mas não pague por isso.
Espere passar na Tela Quente.

"-Onde está seu senso de aventura?"

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