Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
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sábado, 31 de março de 2018
Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 13: Playland
Atenção! Zona de spoilers abaixo!
Jessica Jones alcançou o clímax de sua segunda temporada em um episódio que manteve o ritmo lento que foi a marca de todos os capítulos anteriores, mas com alguns arroubos de movimentação que serviram pra colocar um fecho sobre a história contada por Melissa Rosenberg nesse segundo ano.
Jessica foi nocauteada e sequestrada por Alisa. O plano da mamãe Jones para Jess é o mesmo que ela tinha com Karl: Fugir para o Uruguai, onde ela e Jessica viveriam juntas longe de todos aqueles que querem feri-las.
Claro, Alisa não leva em conta que quem mais feriu Jessica recentemente foi ela, mas enfim... Jess, como era de se esperar, aceita a oferta.
Se uma coisa ficou clara nessa temporada foi que a investigadora se ressente da falta da família, e parece estar disposta a topar qualquer parada para recuperar o convívio com a mãe, nem que seja necessário quebrar a lei, obter documentos falsos e se tornar uma fugitiva.
Por mais que Jessica esteja disposta a embarcar nessa com sua mãe, acho que todo mundo, inclusive as duas, sabe que isso não duraria muito tempo. A despeito do discurso sobre as Jones serem as mulheres mais poderosas do mundo (a Feiticeira Escarlate manda lembranças), a verdade é que Jess é uma alcoólatra deprimida e Alisa uma psicótica com super-força.
Não há como elas viverem em paz. Não há final feliz possível.
Após um acidente na estrada, Alisa tem um momento de clareza, e percebe isso. Ela percebe que não seria bom para Jessica tentar andar nesse caminho, e as duas partilham um momento de paz e conexão juntas, mas isso é Jessica Jones, e ninguém pode aproveitar um momento tranquilo por muito tempo, ao menos não sem experimentar as amargas consequências de seus atos.
E uma das pessoas com as consequências mais amargas a experimentar é Trish, que à revelia dos desejos de Jessica assume o papel de vigilante que sempre desejou para si, e arrisca toda a relação com a irmã adotiva em nome de sua arrogante busca por justiça, num movimento que certamente terá trevosas consequências para o futuro das duas.
Novamente houve um esforço dos roteiristas para mergulhar fundo na psiquê de todos os personagens garantindo à audiência a chance de ver como todos eram desagradáveis e problemáticos e merecem o fim que lhes foi reservado, mas, ao menos Jessica Jones deixou de ser a perdedora mais patética do próprio seriado (embora tenhamos descoberto ao longo dos últimos capítulos, que seu principal super-poder é choramingar "mom" quando Alisa estava prestes a matar alguém, a própria Jessica, inclusive.).
Sendo bem franco, se Playland tivesse sido o décimo capítulo da temporada, esse segundo ano de Jessica Jones teria sido bom. Talvez até melhor do que o primeiro, apesar da ausência de um antagonista de verdade.
A série tomou uma decisão interessante ao mostrar que alguns monstros não podem ser enfrentados a socos, e que algumas vezes, a melhor das intenções pode ter resultados catastróficos, a última cena entre Jessica e Alisa é particularmente inspirada. Talvez porque seja um dos raros momentos em que a série se despe do cinismo e do miserê habituais e oferece um respiro aos seus personagens. Lhes permitindo agir como seres humanos, imperfeitos, sim, mas não necessariamente abjetos. É pena que a mesma cortesia não tenha sido estendida aos coadjuvantes, que,no final das contas, sempre soaram como uma bagagem à qual os roteiristas e a showrunner não souberam se dirigir adequadamente.
À exceção de Jeri Hogarth, que teve um arco bem definido ao longo da temporada (ainda que, em última análise absolutamente inútil, já que a personagem não evoluiu em nenhum sentido, começando e terminando seu arco sem mover suas convicções nem um milímetro), os demais coadjuvantes foram apenas esculhambados.
Malcolm sempre fora um xarope de carteirinha, e após ser vilipendiado durante treze capítulos, agora é um xarope mau-caráter.
Trish era a conexão de Jessica com a normalidade ao mesmo tempo em que tentava mirar a amiga em direção ao heroísmo, e agora é uma vigilante sanguinária de fazer Frank Castle coçar a cabeça.
Jessica, por sua vez, finalmente evoluiu, e esse final de temporada foi mais agridoce do que a amargura trágica do décimo terceiro capítulo do primeiro ano. Longe de ser um "felizes para sempre", ao menos houve uma sugestão de paz, e, no mundo estabelecido pela série, parece ser o máximo que a audiência pode almejar para a dona da Codinome Investigações.
"'Herói' não é um palavrão."
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quinta-feira, 29 de março de 2018
Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 12: Pray For My Patsy
A busca de Trish por super-poderes cobrou um alto preço da loira. Após passar pelo procedimento não finalizado de Malus a radialista se vê entre a vida e a morte, num coma convulsivo de onde ninguém sabe se ela sairá.
Ao lado de Trish, tudo o que Jess pode fazer é velar a amiga, e torcer por sua recuperação enquanto troca ofensas com Dorothy (Rebecca De Mornay), ao menos até uma ligação do detetive Costa (John Ventimiglia) trazer mais uma preocupação para a investigadora:
A fuga de Alisa.
Mamãe Jones escapa da penitenciária com a pior segurança do mundo (Sério. Uma prisão que, há essa altura do campeonato no universo Marvel, não está preparada pra lidar com uma professora de matemática com super-força deveria ser fechada.) e tem apenas uma coisa em mente, trucidar a responsável pela morte de Karl, no caso, Trish.
Se a situação já não estivesse cabeluda o suficiente, Dorothy ainda vai para a TV dizer onde Trish está internada, praticamente dando um mapa para Alisa cumprir sua vingança, e a única coisa entre a mãe doida varrida e a irmã idiota é Jessica.
Enquanto a investigadora precisa decidir como irá lidar com sua mãe, que em poucas horas acrescenta mais dois cadáveres à sua extensa folha-corrida, Jeri Hogarth cata os cacos de sua honra despedaçada e planeja sua vingança contra Shane e Inez.
O penúltimo capítulo da temporada colocou Jessica contra a parede com uma escolha indigesta:
Matar sua mãe ou mandá-la para a Balsa, a super-prisão de isolamento absoluto.
Eu não creio que alguém fosse precisar de muito tempo para tomar essa decisão. É óbvio que Alisa não pode ficar solta por aí, e é óbvio que Jessica não deveria sequer cogitar a hipótese de matar a própria mãe, ainda assim, o episódio trata a questão toda como um dilema, com Jessica de fato ponderando os méritos do matricídio ao longo de boa parte do episódio.
É uma linha de raciocínio particularmente pobre à medida em que todo o capítulo (e a temporada) parece fazer o possível para garantir que a audiência saiba que Alisa não é o único monstro à solta em Nova York.
Caa personagem teve sua pior faceta mostrada exaustivamente durante os doze capítulos anteriores. Trish se tornou uma viciada inconsequente que só liga pra ter poderes, Malcolm um apedeuta viciado em sexo incapaz de raciocinar, o namorado morto era um escroto que abusava dos poderes de Jess, mesmo Jeri, que havia flertado com alguma espécie de redenção, voltou à sua pior forma nesse episódio numa sequência inspirada, mas que mostra que ninguém tem direito à ser um ser-humano decente no mundo de Jessica Jones.
A série se encaminha para o seu final batendo no peito e gritando que é o programa mais pobre de espírito, egoísta, deprimido e teimoso que uma premissa da Marvel poderia originar.
Eu mantenho que, na minha opinião, o esforço de denegrir a alma de cada personagem da série tinha como objetivo tornar Jessica uma protagonista menos irritante em seu próprio programa.
OK, grande sucesso, após essa temporada, Jessica não é mais a pior pessoa do seriado, mas a que preço? Agora temos uma protagonista rançosa e deprimida sendo orbitada pela nata dos piores seres humanos que um grupo de roteiristas foi capaz de idealizar. Um povo tão asqueroso que, o que quer que aconteça com eles em capítulos vindouros, é mais que merecido.
Vamos ver se o season finale oferece alguma chance de redenção pra essa patota, ou se encerraremos a conta na mesma toada.
"Ir atrás dos seus sonhos pode ser fatal..."
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quarta-feira, 28 de março de 2018
Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 11: Three Lives And Counting
Atenção! Zona de Spoilers adiante!
O último episódio de Jessica Jones havia terminado com Jess matando Dale Holiday, o guarda abusivo que torturara Alisa nos últimos dias. A detetive particular, tendo percebido o tamanho da cagada que fez, resolve maquiar a morte do sujeito, um assassino serial que já havia matado prisioneiros em outras cadeias. Jessica aparentemente faz tudo certo, mas matar acidentalmente Dale tem um efeito bem pior nela do que matar Kilgrave havia tido.
Jessica experimenta uma tremenda crise de consciência e começa a ter alucinações. Nominalmente: Desenvolve um delírio de Kilgrave sobre seu ombro o tempo todo, mais ou menos como acontecera ao Batman no game Arkham Knight.
Aqui é importante abrir um parêntese:
O programa muda muito com a presença de David Tennant. O ex-Doutor tem uma presença magnética e a versão do vilão projetada por Jessica é repleta das melhores características do personagem, amoral, sarcástico e sádico.
Como se Jessica já não tivesse problemas o suficiente entre homicídio, mãe super-poderosa encarcerada e alucinações, ela ainda descobre que o doutor Malus, peça fundamental do arranjo feito entre Jeri e a promotoria, não está onde ela havia deixado.
Não demora muito para a investigadora descobrir quem foram os responsáveis pelo sumiço do cientista, e começar sua caçada a Malcolm e Trish, cujas reais intenções para com Malus ficam bem claras.
A loirosa não pretende entregar o bom doutor para a polícia. Ao menos não sem antes usar o experimento de redesenho genético de Malus em si própria com consequências trágicas para ela e para o cientista.
E é fácil de imaginar o efeito que qualquer mal que recaia sobre Malus tem sobre Alisa, que, aparentemente está numa prisão onde os guardas se dividem entre sádicos e incompetentes. Que dizer, por que diabos do inferno a guarda entrou na cela com a super-mulher que tem problemas mentais?
Isso não faz nenhum sentido, mas também, depois da conversa de Alisa e Jessica não levantar NENHUMA suspeita a respeito do suicídio de Holiday, acho que ninguém naquela prisão é sequer remotamente qualificado pro seu trabalho.
Novamente a preguiça dos roteiristas presta um desserviço à série, e nem vou entrar no mérito das ações de Trish, que a cada capítulo que passa se torna uma personagem mais intragável em seu comportamento errático embrulhado em hipocrisia.
A personagem não perde uma chance de fazer um discurso a respeito de como quer ser capaz de defender os indefesos e ao mesmo tempo manipula, ameaça e sequestra com a maior desfaçatez do mundo em sua busca por super-poderes.
É até difícil acreditar que é a mesma personagem da temporada anterior.
A despeito desses vícios bem xaropes no roteiro de Jessica Jones, o episódio não foi ruim, óbvio, muito disso se deve à presença de Tennant, que teve alguns minutos pra deixar bem claro por que faz tanta falta ao programa.
"Somos só nós dois, agora. Como sempre deveria ter sido."
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Eu Não Sinto Saudade
Saudade, não.
Não, não, obrigado.
Eu não sinto saudade.
Não quero, obrigado.
Que saudade é pra homens de envergadura moral inferior.
Para aqueles que "supõe' e "esperam", mas não sabem.
Não com certeza.
Saudade é para aqueles que hesitam diante do artífice do sanduíche no Subway.
E tu bem sabes que eu não sou dessa estirpe.
Não senhora...
Quando diante daquele sujeito de avental e touca eu declamo os ingredientes que me aprazem com assertiva galhardia.
Tal e qual Laurence Olivier diante da platéia.
É rápido, rasteiro e convicto.
Certezas firmes como a defesa do Milan dos anos 90.
Saudade é para pessoas de caráter dúbio.
Não, pra mim.
Não, obrigado.
Saudade é pra quem responde que "joga em qualquer uma", antes da pelada.
E eu, eu sou zagueiro.
Se o time precisar muito, faço a lateral ou a volância, mas friso que vai ser improviso.
Convicção, sempre.
Saudade, nunca.
Saudade é pra quem usa reticências e interrogações.
Pra quem se pergunta e aventa.
Eu afirmo.
Meus pontos são finais. Porque esse é o jeito certo.
Saudade, é o errado.
Não, senhora.
Não quero.
Que só sente saudade quem se ressente de ausência.
E pra mim, tu é sempre presença.
terça-feira, 27 de março de 2018
Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 10: Pork Chop
O capítulo anterior da segunda temporada de Jessica Jones, Shark In The BathTub, Monster In The Bed havia terminado com um panorama que poderia perfeitamente ser o ponto de partida para o final da temporada.
Jessica resolvera fazer a coisa certa e entregar sua mãe à polícia. Alisa não está de plena posse de suas faculdades mentais e representa um risco ao público e a si própria por conta de seus poderes e de sua instabilidade mental.
Encarcerá-la era a única decisão segura a se tomar, e, por mais que fosse amargo para Jess concordar com Pryce Cheng, ela sabia que ele estava certo.
Isso, porém, não impede a investigadora de se sentir uma bosta por ter entregue Alisa, ainda mais após perceber que os poderes de sua mãe representam uma série de imbróglios penitenciários (provavelmente um reflexo da Guerra Civil do Capitão-América, já que a Balsa volta a ser mencionada nesse episódio) pesados que não tornarão a passagem da ex-professora pela prisão das mais agradáveis.
Não ajudou o fato de Jessica descobrir que a única forma que Jeri Hogarth conseguiu de manter Alisa fora da super-prisão é entregar Karl Malus, e que o chefe de segurança responsável pelo encarceramento de Alisa, Dale Holiday (Brian Hutchinson) é um escroto abusivo.
Tudo isso deixa a heroína em uma tremenda sinuca, e dançando miudinho tentando encontrar uma forma de fazer sua mãe denunciar Malus, a quem ama de paixão, ao mesmo tempo em que tenta garantir que o cientista, que nos final das contas não é um mau sujeito, não caia nas mãos do governo e comece a fabricar super-soldados malucos para um complexo militar maligno.
Não é apenas a família Jones que tem problemas, porém.
A fixação de Trish com a IGH ganha contornos mais profundamente obsessivos cada vez que a ex-radialista esbarra em alguma coisa que lhe pareça um obstáculo.
Se Trish já não estava exatamente normal antes, após fazer lambança na sua chance de conseguir o emprego dos sonhos, descobrir que não tem mais seu precioso inalador e está a dois passos de uma crise de abstinência, após Alisa esfregar na cara da loira que tudo o que ela queria era ter poderes como Jessica Trish entra em modo berserker e resolve fazer qualquer coisa para encontrar Malus e levá-lo à justiça.
E é por aqui que todo o episódio começa a desandar.
Fica bastante claro que os roteiristas resolveram esticar a trama obrigando todos os personagens a tomarem as decisões mais imbecis possíveis porque, afinal de contas, há mais três episódios pra encher.
Tanto com Jessica seguindo Holiday quanto com Trish e Malcolm (que parece ter menos colhões a cada capítulo que passa...) em sua investigação mal ajambrada sobre o paradeiro de Malus, fica fácil perceber a mão dos roteiristas espremendo cada gota de drama gratuito possível nas cenas.
Falando em drama, Jeri faz uma descoberta, e novamente, Carrie Anne-Moss tem a chance de subir à ribalta e dar seu melhor. E, ainda que a eterna Trinity mantenha seu bom nível de atuação, e roube suas cenas, eu percebi uma coisa assistindo esse episódio:
Os escritores fizeram um trabalho tão compenetrado em desenhar cada personagem como um escroto monumental, que quando coisas ruins acontecem com eles, a audiência nem sequer liga. Não há como se compadecer desses personagens. No máximo pensar "Nossa, que chato. Mas ele merecia.".
Definitivamente, a equipe de escritores de Jessica Jones precisa de um filtro. As coisas não são binárias: Um personagem não precisa ser um clichê vazio ou um cretino odioso completo.
No final das contas Pork Chop é provavelmente o episódio mais frustrante da temporada devido à preguiça ou incompetência do roteiro, que coloca personagens idiotas tomando as mais inacreditáveis decisões possíveis.
A série ainda tem três capítulos pela frente. Vamos ver se as coisas se ajeitam.
"Estar dentro da casa de alguém é como entrar na sua cabeça. Podemos encontrar tudo aquilo de que têm orgulho. E tudo o que querem esconder."
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segunda-feira, 26 de março de 2018
Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 9: Shark In The Bathtub, Monster In The Bed
O episódio passado de Jessica Jones havia terminado com uma tentativa de assassinato e a perspectiva de que mamãe Jones fosse desmembrar mais alguém nesse capítulo.
Descobrimos, logo no comecinho de Shark In The Bathtub que o responsável pelos tiros que varreram a sede da Codinome Investigações era Pryce Cheng, que, como todos os outros personagens de Jessica Jones, é um completo escroto buscando vingança pela morte de seu amigo, estraçalhado por Alisa alguns capítulos antes.
Pryce, porém, erra todos os tiros, mostrando que, além de cagalhão, é incompetente, uma péssima combinação que leva à uma luta no corredor (claro), provavelmente a pior luta no corredor da história da Marvel/Netflix, já que é essencialmente apenas Alisa batendo Cheng contra as paredes.
Com o investigador devidamente nocauteado e amarrado numa banheira, chega o momento de Jessica contemplar as possibilidades de futuro ao lado de sua mãe homicida, com direito a Alisa fazendo um curativo na filha com uísque e fita adesiva e Jessica pensando em alguma coisa além da Balsa para a contenção de sua mãe.
As duas provavelmente passariam o capítulo todo nisso se Sônia (Victoria Cartagena), a ex-esposa de Oscar não sequestrasse Vido, o filho do zelador, tentando levá-lo pra fora do país. Isso força Jessica e Alisa a sair da sua sessão de terapia de grupo e rastrear a ex-maluca na rodoviária onde as garotas Jones fazem sua parte para manter a família Jones unida.
A coisa toda é meio boba, mas, no final das contas ajudou a estabelecer a conexão entre as Jones remanescentes e mostrar que Alisa está disposta a ficar com Jessica e fazer o que a filha faz, exceto quando ela se descontrola e quebra tudo ao seu redor, incluindo Jessica.
Enquanto isso, Trish se enterra mais e mais fundo em seu vício no inalador misterioso de Simpson. A cada novo teco na substância desenvolvida por Kozlov, a radialista fica mais obcecada com a ideia de prender "a assassina" e levar os responsáveis pelo IGH à justiça, chegando à jogar fora seu emprego no Trish Talk, que lhe parece mais e mais fútil (e é, mesmo. Quer dizer, a entrevista com a mulher que tem medo de glúten não podia vir em dia pior...).
Enquanto Trish joga sua carreira no lixo, Jeri Hogarth mostra que não aceita não como resposta, e, após soltar Shane, o curandeiro de Inez, o coage a acompanhá-la até sua casa e curá-la de sua moléstia. A verdade é que, após nove episódios, essa trama paralela de Jeri e sua doença já deu uma cansada, entretanto é importante notar que Carrie Anne-Moss está fazendo um trabalho de primeiríssima linha no espaço que lhe é concedido. Ainda assim, em um capítulo onde Jessica se mexeu e a trama toda andou, a saga de Hogarth contra ELA foi bastante aborrecida, embora não dê pra não se perguntar, caso o toque curativo de Shane funcione, será que J-Money vai deixar de ser uma das maiores vacas manipuladoras de Nova York?
Talvez o episódio mais movimentado da segunda temporada de Jessica Jones, Shark In The Bathtub, Monster In The Bed me fez pensar se parte dos flagrantes problemas de ritmo narrativo do programa não passam por falta de conteúdo pra encher treze capítulos por ano. O nono episódio da temporada preparou terreno para o que poderia perfeitamente ser um season finale muito bem ajustado, mas sabendo que ainda há mais ou menos quatro horas pela frente, é fácil antever que teremos muito filler e encheção de linguiça adiante.
Pena.
"-Trish... Você está chapada?
-Você está bêbada?
-Eu estou sempre bêbada, mas não sou cega."
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sexta-feira, 23 de março de 2018
Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 8: Ain't We Got Fun
Jessica Jones havia alcançado seu pico na temporada em I Want Your Cray Cray, sétimo episódio do segundo ano. Não havia, de fato muita ação no capítulo, mas ao menos o falatório levava a algum lugar, no caso, uma interessante viagem ao passado de Jessica Jones e de sua mãe no período após o acidente que vitimou os Jones.
Nesse oitavo episódio, Jessica desperta após ser drogada pelo doutor Karl no capítulo anterior, e, após ver sua mãe lutar feito uma fera para garantir a fuga do cientista e passar alguns minutos presa com ela no porão da casa que os dois dividiam, resolve fugir com a mãe homicida após chamar a polícia, e, no decorrer de Ain't We Got Fun nós vemos as duas passando um tempo de qualidade juntas.
O que fica bastante claro ao longo do período compartilhado por Jessica e Alisa é que a detetive beberrona está em uma tremenda sinuca com relação à volta dos mortos de sua mãe.
Ao mesmo tempo em que Jess sabe que a coisa certa a fazer é entregar Alisa, que já matou quatro pessoas (se eu não perdi a conta), por outro, ela está louquinha para se reconectar à mãe. O comportamento nocivo de Jessica desde que a conhecemos era frequentemente explicado pelo período que ela passou nas mãos de Kilgrave, mas conforme o episódio passado mostrou, Jessica já era insuportável, tinha uma queda pela bebida e tendência a ser manipulada por homens muito antes do advento do Homem Púrpura em sua vida. Aparentemente todas essas facetas da investigadora eram fruto da falta de uma família, e, com sua mãe ao alcance das mãos, fica fácil entender por que Jessica parece hesitante em fazer a coisa certa e entregar a maluca pros tiras.
O capítulo deixa esse conflito tremendamente claro ao explorar as similaridades entre filha e mãe em cada oportunidade, mostrando de onde Jessica tirou a maioria dos traços mais marcantes de sua personalidade, ao mesmo tempo em que Krysten Ritter faz um ótimo trabalho equilibrando o ar blasé habitual de Jessica com um fundo de esperança de quando em quando.
E enquanto a protagonista e sua "babãe" passam o capítulo discutindo as possibilidades que o futuro reserva e os perigos de dirigir usando o celular, Malcolm, após dar um passa-fora em Trish ao perceber que o comportamento errático da radialista é um óbvio sinal de uso de drogas, resolve arregaçar as mangas e tomar uma atitude com relação à investigação para Jeri Hogarth, que Jessica aparentemente abandonou.
Em sua investigação Malcolm descobre que Benowitz é um gay no armário, mas, em um primeiro momento, parece envergonhado de usar essa informação contra o enrustido. Como nessa série nenhum ato gentil passa sem punição, Malcolm é atacado por um bando de homofóbicos do lado de fora da boate gay, e teria levado uma tremenda surra se Trish não aparecesse em modo Gata do Inferno total para salvá-lo.
O problema é que Trish não apenas está usando um bagulho que nem mesmo sabe como funciona, mas ainda leva o viciado em recuperação a experimentar o inalador. É incrível como Trish foi de personagem essencialmente gente-boa e porto seguro de Jessica na temporada passada para porra-louca completa e irresponsável nessa.
Falando em porra-louquice, Jeri Hogarth, resolve ir atrás de Shane Ryback (Eden Marryshow), o curandeiro da IGH revelado por Inez. O sujeito está preso, mas, para sua sorte, a advogada mais fodona de Manhattan aparece na porta de sua cela com uma proposta inegável. Apesar das negativas iniciais, Jeri sabe que pode manipular ou coagir o sujeito a curá-la, e, após encontrá-lo, volta pra casa e resolve comer Inez, a quem havia expulsado um pouco antes... Vá entender. Como diria Kilgrave na temporada anterior "bitches, right?".
Uma coisa que segue me impressionando nessa segunda temporada de Jessica Jones é como os roteiros parecem fazer todo o possível pra colocar todos os personagens em uma posição detestável. Todos estão se transformando em pessoas essencialmente ruins e cheias de falhas de caráter no que me parece um esforço para fazer a protagonista um destaque menos negativo do que na temporada anterior.
Tudo bem querer criar personagens que pareçam andar e respirar como pessoas de verdade, com nuances e camadas. O problema é que num esforço para escapar dos clichês e dos personagens unidimensionais a série cria um mundo habitado apenas pelas piores pessoas de Nova York. E é difícil se importar com um grupo onde é necessário fazer um esforço hercúleo pra gostar de alguém.
Enfim, Ain't We Got Fun usou seus cinquenta minutos para aproximar Jessica e Alisa, e fazê-las se conectarem, não como as memórias que tinham uma da outra, mas como quem de fato são.
Não é uma má premissa, nem de longe, especialmente considerando o ritmo que a série escolheu para si.
"-Sério? O monstro furioso me pedindo pra manter a calma?"
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quinta-feira, 22 de março de 2018
O Segundo trailer de Deadpool 2
Eu nem sabia que era hoje, mas a Fox disponibilizou na rede o segundo trailer de Deadpool 2 e, francamente, é bem melhor que as prévias anteriores.
Confira abaixo o mercenário tagarela unindo seu novo grupo para enfrentar a ameaça de Cable (Josh Brolin).
Novamente estrelado por Ryan Reynolds no papel de sua vida, Deadpool dois é dirigido por David Leitch e escrito por Drew Goddard.
O longa estréia em 17 de maio.
Confira abaixo o mercenário tagarela unindo seu novo grupo para enfrentar a ameaça de Cable (Josh Brolin).
Novamente estrelado por Ryan Reynolds no papel de sua vida, Deadpool dois é dirigido por David Leitch e escrito por Drew Goddard.
O longa estréia em 17 de maio.
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Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 7: I Want You Cray Cray
Atenção! Zona de spoilers abaixo!
De longe o episódio mais interessante da temporada I Want You Cray Cray foi um mergulho no passado de Alisa e Jessica (e Trish) após o acidente automobilístico que acometeu a família Jones. O episódio foi, novamente, regado a muita conversa, mas esse falatório todo serviu para dar profundidade às jornadas dessas pessoas tão insuportavelmente ferradas da cabeça. Ao longo de 54 minutos nós descobrimos o que aconteceu com Alisa após ela despertar no laboratório do doutor Karl Malus na IGH e descobrir que tudo em sua vida havia mudado.
Após cinco anos em coma, Alisa Jones descobriu que havia passado cinco anos em coma, e passado por extensivas cirurgias plásticas e tratamento de redesenho de DNA que mudaram totalmente a sua aparência ao mesmo tempo em que lhe fizeram desenvolver super-força e surtos psicóticos.
Como se não bastasse, Alisa descobriu que seu marido e filho estavam mortos, e que sua filha havia sido adotada por outra família e pensava que ela estava morta...
Quando feriu gravemente Inez e matou a outra enfermeira do IGH, Alisa estava tentando fazer contato com sua filha perdida.
E Jessica estava, mesmo, bem perdida.
Uma aluna meia-boca e desinteressada na faculdade, Jessica orbitava, com a cara de enfaro habitual, o mundo de Patsy Walker, que fazia a transição de estrela infantil para pseudo cantora rebolativa.
O clipe de I Want You Cray Cray é tão dolorosamente Britney Spears anos 2000, com direito a franjinha e tomadas de dançarinas com pouca roupa que chega a ser risível. Aliás, fica a pergunta de como Trish conseguiu deixar pra trás toda aquela bazófia e se tornar uma apresentadora de rádio razoavelmente respeitável, chegando ao ponto de almejar uma carreira no jornalismo de verdade... O flashback deixa bem claro que Patsy era uma fedelha mimada e uma completa junkie, o que ajuda a entender a sua completa escorregada com relação ao inalador de Simpson (mas deixa a dúvida de por que o mesmo não aconteceu com as pílulas vermelhas da última temporada...).
De qualquer forma, talvez a grande revelação do flashback seja a de que a relação de Jessica e Trish nem sempre foi tão boa. Que as duas chegaram a passar meses sem se falar na época de estrelinha junkie de Patsy, e que Jess teve um primeiro amor, no caso, o bartender Stirling Adams (o genérico Mat Vairo). Um rapaz ambicioso que sonhava em abrir sua própria boate e que não se importava nem um pouco em ter uma namorada com super-poderes. Na verdade, Stirling gostava de ter uma garota que pudesse abrir caixas eletrônicos com as mãos, roubar relógios caros de dentro de joalherias, e afugentar agiotas que levaram um calote.
Adams tratava Jessica como uma mistura de investimento e animal de estimação, e a relação do casal deixa claro que Jessica já tinha tendência a ser manipulada por homens quando conheceu Kilgrave. Não há outra forma de enxergar a relação do casal quando Stirling facilmente a convencia a arrombar uma loja e roubar uma jaqueta de couro para ele presenteá-la.
A despeito de Stirling ser obviamente um escroto do caralho, Jessica o amava, e estava disposta a fazer tudo o que ele pedisse contanto que ouvisse umas palavras doces antes e depois.
Se não fosse pela fuga assassina de Alisa do IGH, provavelmente Jessica teria se tornado uma super-criminosa pra ser presa pelo Demolidor.
Em sua tentativa de retomar o contato com a filha, Alisa inadvertidamente flagra Stirling planejando prostituir os poderes de Jessica para um grupo de bandidos em troca do perdão de sua dívida e 25% dos lucros dos crimes onde os poderes dela forem utilizados.
Não é necessário conhecer muito sobre mães ou surtos psicóticos para saber que Alisa não gostou nada de ouvir isso, e que a coisa toda acabou muito mal para Stirling, e que essa revelação não é lá muito saudável para a relação de Jessica com sua mãe.
Uma interessante jornada à uma parte nova da história de origem de Jessica, I Want You Cray Cray mostra que Jessica já era uma personagem profundamente perdida e problemática muito antes de Kilgrave surgir em sua vida, e que muito mais do que os abusos do vilão, todas as escolhas de vida de Jess moldaram a sua personalidade destrutiva. O capítulo também deixou claro que Jessica e Trish se dão muito melhor juntas do que separadas, e o afastamento das personagens até aqui pode ter sérias consequências para a dupla nos episódios vindouros.
"-Todos ao meu redor morrem.
-Não eu. Eu vou viver pra sempre.
-Não se não conseguir ajuda."
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quarta-feira, 21 de março de 2018
Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 6: Facetime
Atenção para pesados spoilers adiante!
Jessica Jones vinha fazendo um trabalho bastante competente em manter sua verdadeira trama oculta, a série, afinal de contas, tinha apenas o fiapo de investigação a respeito do IGH como sua mola propulsora e, todo o resto, era apenas purpurina e falatório sem destino.
A segunda temporada do programa estava chegando à metade com uma sensível sugestão a respeito de um antagonista no que parecia unicamente um esforço de roteiro para garantir que todos os personagens se tornassem insuportáveis como a protagonista a qualquer custo ao longo dos arrastados capítulos.
Nesse sexto episódio as coisas mudaram sensivelmente.
Não me entenda errado, os coadjuvantes seguem se esforçando para se tornarem menos e menos gostáveis, e o falatório é intenso, mas finalmente nós temos alguma reviravolta e um elemento que faz a trama andar.
A mulher misteriosa que Jessica vinha perseguindo é, na verdade, sua mãe!
Alisa Jones foi retirada dos escombros do acidente que ceifou a vida da família de Jessica da mesma forma que a protagonista, mas com lesões muito mais graves, necessitou de um período mais longo de tratamento nas mãos do doutor Karl Malus e teve sequelas consideravelmente mais graves, nominalmente, as explosões de ira descontrolada que acompanham sua super-força, um par de problemas curiosos pra quem tem DNA de polvo em si. Talvez Alisa devesse apenas disparar jatos de tinta do umbigo, ou algo que o valha... Enfim, conhecendo essa surpreendente revelação, Jessica, inicialmente, não está impressionada. Ela não vê a revelação de Alisa e Karl como uma chance de reclamar sua família perdida. Como poderia, afinal?
Pra uma pessoa normal já seria estranho reencontrar um parente dado como morto há vinte anos, imagine pra uma pessoa tão mentalmente perturbada quanto Jessica, que afasta tudo e todos de maneira quase patológica, reencontrando uma mãe que mudou de rosto e agora é uma homicida super-poderosa?
Nesse caso, especificamente, devo dizer que entendo as reservas de Jess totalmente.
A personagem-título, por sinal, tem tanta coisa em seu prato nesse momento, que está completamente ignorante ao fato de que todas aquelas pessoas aparentemente normais que orbitavam ao seu redor, subitamente estão se tornando ainda mais fodidas do que ela própria.
Jeri Hogarth começa a manipular de maneira descarada o sistema legal ao tomar conhecimento de um paciente do IGH que pode curar com as mãos (que raio de efeitos colaterais de tratamento são esses?), o que seria uma grande conquista para a advogada prestes a perder tudo em sua luta contra a esclerose lateral amiotrófica, enquanto Trish...
Bem, Trish foi da personagem mais bacana da primeira temporada (atrás de Kilgrave, claro.) à viciada problemática bem rapidamente.
A obsessão da ex-estrela infantil com o inalador de Simpson andou ligeirinho até a nóia pura e simples, com a personagem cheia de tiques nervosos e crises de abstinência bem óbvias além de nenhum constrangimento em mentir e manipular seus amigos para dar mais um teco no bagulho. Com Jessica enterrada até o pescoço na sua própria merda, talvez seja impossível para a investigadora se dar conta dos sinais do naufrágio de sua amiga, e caiba a Malcolm juntar os cacos de Trish, já que, aparentemente, os dois têm a chance de se tornarem um casal.
Jessica Jones chegou ao sexto capítulo e, após seis horas de falatório impiedoso, finalmente fez a trama caminhar reorientando todo o set up estabelecido na temporada até o momento.
"Peixes foram assassinados, cidadãos aterrorizados..."
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terça-feira, 20 de março de 2018
Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 5: The Octopus
O quinto episódio da temporada de Jessica Jones chegou para deixar claro que a falta de um antagonista forte traz miséria para qualquer série de super-herói. Após cinco horas de sofrimento e conversa-fiada sem um vilão de respeito, a segunda temporada do seriado começa a escorregar no aborrecimento deixando difícil acompanhar o programa sem piscadas mais longas de quando em quando.
Enquanto Jessica segue investigando o paradeiro da misteriosa mulher com super-poderes que quase a incriminou na morte do investigador a serviço de Pryce Cheng, o que a leva a passar-se por terapeuta em um manicômio judiciário com a ajuda dos dotes artísticos de Oscar, o zelador, Trish Walker e Jeri Hogarth começam a escorregar nas suas ambições, dramas e neuras pessoais.
A radialista assume que estar com Griffin não é o suficiente para ela. Ela deseja mais: Ela quer ser Griffin.
Trish almeja abandonar seu passado de estrela infantil abusada e viciada em drogas e ser uma jornalista respeitada e intrépida que entra em zonas de guerra e expõe a verdade doa a quem doer exatamente como seu namorado faz.
Alias, Griffin, no final das contas, era um bom sujeito. Suas incursões escusas ao computador e celular de Trish não tinham nenhuma agenda maliciosa, eram apenas formas de o jornalista boa-pinta encontrar contatos antigos da ex-Patsy e planejar um pedido de casamento com a pompa e a circunstância que a ocasião merecem.
O problema é que, no momento, o grande barato de Trish é usar o inalador de Simpson e se sentir a pica das galáxias enquanto mete a porrada em todo mundo o que, sejamos francos, não chega a ser material de excelência jornalística...
Enquanto isso Jeri Hogarth resolveu acolher a enfermeira Inez. Obviamente Jeri não o fez por ter bom coração ou para fazer um favor a Jessica. Não. Jeri ficou bastante interessada no redesenho genético da IGH, uma terapia que, ela acredita, seja a sua melhor chance de evitar o destino que sua recém descoberta doença inevitavelmente lançará sobre ela.
O rumo de ação escolhido por Jeri é mais um sinal óbvio do desespero da advogada já que não é necessário ser um detetive particular pra perceber o tamanho do potencial de desastre que ele envolve, ainda assim, Carrie Anne-Moss segue como o grande destaque de uma temporada que se aproxima de sua metade cozinhando em fogo baixo e passos de lesma em direção a sabe-Odin-o-quê, já que, até aqui, o desenrolar da trama ainda não deixou claro quem é o inimigo a ser combatido.
Com cada um dos personagens seguindo suas próprias pistas em direções separadas, The Octopus provavelmente foi o pior episódio da temporada, e o que mais se ressentiu do péssimo ritmo narrativo e da falta de ação, já que não se aproveitou nem mesmo da boa dinâmica que os personagens têm entre si.
No final do capítulo, Jessica consegue rastrear a misteriosa super-poderosa e o "doutor Karl" (Callum Keith Rennie, de Warcraft), um dos idealizadores do projeto de redesenho genético do IGH, e encerra o episódio com Jessica "amadorismando" gravemente para uma detetive experiente, e um cliffhanger que promete, finalmente, colocar um pouco de ação no seriado e a trama pra andar.
Já não era sem tempo...
"A assassina é descuidada, age pela emoção. Temos isso em comum."
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segunda-feira, 19 de março de 2018
Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 4: God Help The Hobo
O quarto episódio da temporada de Jesica Jones voltou com força ao falatório.
Começando pelo sessão obrigatória de controle de raiva à qual Jessica foi sentenciada após agredir Cheng, passando pela demissão diária de Malcolm e a discussão e posterior sessão de amassos com Oscar (J.R. Ramirez) o síndico/latin lover do andar de cima e óbvio interesse romântico da temporada, sem contar todo o drama de Trish em sua relação conturbada com Griffin (Hal Ozsan), que parece um bom sujeito mas faz uns movimentos deveras suspeitos pelas costas da namorada, God Help The Hobo foi uma longa sessão de falatório expondo de maneira quase pornográfica a dinâmica emocional dos relacionamentos de cada um dos personagens.
A luta no corredor de Jessica Jones é travada na mente da protagonista e seus amigos, e, minha nossa, de vez em quando pode ser aborrecida pra danar.
Jessica continua sendo uma personagem difícil de se relacionar em sua chatice quase insuportável, mas nesses últimos quiatro capítulos ela deixou de ser a única. Trish está equilibrando as coisas nessa temporada indo pelo mesmo caminho.
Em sua obsessão por se tornar uma heroína a radialista e ex-estrela infantil não se furta de se tornar uma tremenda mala sem alça e nem de tomar todas as más decisões possíveis como, por exemplo, dar um teco esperto no inalador de Will Simpson.
Claro, certamente parece uma ótima ideia tomar um gole daquele suco de psicopata. Porque não? E daí que ela quase matou a única pista da dupla do paradeiro da mulher misteriosa que se passou pela doutora Hansen e deu uma coça em Jessica no bar no último capítulo.
No entanto, a despeito da falta de jeito de Trish, a enfermeira Inez Green (Leah Gibson), ex-funcionária da IGH, revela que a tal mulher não era funcionária do laboratório, mas uma paciente. Uma paciente perigosa, que durante uma fuga, matou uma colega de Inez e quase matou a própria.
A assassina misteriosa, por sinal, também se manteve ocupada nesse episódio, usando seus poderes (basicamente os mesmos de Jessica) para impedir que Pryce Cheng obtivesse a pesquisa de Jess a respeito do IGH.
Claro, ao fazê-lo ela colocou Jessica na mira da polícia, quando um investigador da firma rival da Codinome Investigações apareceu estraçalhado na soleira da porta da casa da detetive.
Mais uma vez, a linha narrativa que acompanha Jeri Hogarth segue sendo a mais interessante da série. A personagem transita por diferentes espectros do luto, indo de procurar por tratamentos alternativos e de ponta para sua doença, até considerar a possibilidade de suicídio assistido ao confrontar sua médica em busca de alternativas.
Jeri não está disposta a ceder o controle de sua vida à doença, e a forma como Carrie Anne-Moss retrata a luta da advogada é, sob diversos aspectos, o ponto alto da série em seus primeiros capítulos.
Vejamos se na sequência da temporada a balança se equilibra, e Jessica consegue recuperar a ribalta. Até esse momento, a linha narrativa dela não é a mais inspirada, e muito disso se deve ao passo arrastado dos roteiristas para movimentar a trama.
"Verão em Nova York. É quente, úmido, e todo mundo fica um pouco mais irritado que o normal. Ou melhor. Muito mais."
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sexta-feira, 16 de março de 2018
Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 3: Sole Survivor
Demorou duas longas horas, mas finalmente a segunda temporada de Jessica Jones ganhou algum senso de direcionamento. Após dois episódios de sugestões de perigo mal fundamentadas, encontros e desencontros, a série finalmente ganhou um antagonista.
Jessica e Trish começam a desvelar o mistério por trás da IGH através de uma médica de pronto-socorro, Leslie Hansen, que, segundo a pesquisa das duas revela, era a responsável por suprir pacientes sem família para as experiências de Kozlov e seus asseclas no laboratório.
Mais do que isso, logo a boa doutora surge querendo conversar com Jessica, e explicar o seu lado da história, e o lado da IGH. A mulher em questão surge disposta a conversar, mas logo deixa claro que tem sérios problemas de raiva e uma dose de super-força, aparentemente um efeito colateral do tratamento de redesenho genético da IGH, e não necessariamente o objetivo dos experimentos.
Seja quem for a tal mulher (interpretada por Janet McTeer), ela aparentemente surge para assumir o posto de vilã da série, e, apesar de vilão-com-os-mesmos-poderes-do-herói ser um lugar mais do que comum no universo Marvel, não deixa de ser interessante a expectativa de ver Jessica trocar umas bordoadas além da tradicional tomada de Power Rangers de capangas sendo arremessados longe ou levantados pelo pescoço.
Apesar disso, devo admitir que não nutro esperanças de ver nada parecido com a luta do corredor (as de Demolidor, nominalmente, as outras são bem inferiores...) na série de Jessica, mas não faria mal ver umas cenas de ação bem coreografadas no mio de tanta lamúria.
Falando em lamúria, novamente Jeri Hogarth foi a responsável pelo ponto alto do episódio.
Em uma cena descobrimos que a advogada teve um diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica e que seus sócios na firma legal que leva seu nome exigem a sua aposentadoria imediata mediante uma polpuda rescisão de contrato.
Jeri, é claro, não está de acordo, e resolve que se for cair, o fará lutando, mas para isso precisa de munição, munição que, ela espera, possa ser fornecida por Jessica com seu faro apurado para podres pessoais alheios.
A cena, como um todo, é muito bem sacada. Da distância física entre as duas à ênfase que as atrizes em cena dão ao lado mais turrão e à fortaleza de ambas as personagens, quase como que reconhecendo, na mesma toada, a força uma da outra e simplesmente aceitando que, um abraço ou palavra de conforto simplesmente não são movimentos presentes no repertório de nenhuma das duas.
Em meio a alguns easter-eggs engraçadinhos como o filho do novo síndico do prédio perguntando à Jess se ela conhece o Capitão-América, à aparição do psicanalista Maynard Tiboldt (que dificilmente aparecerá de fraque e cartola como o Mestre do Picadeiro), a segunda temporada de Jessica Jones finalmente engata a primeira marcha em direção a algum senso de propósito ao fazer algumas revelações sobre o passado de Jessica ao mesmo tempo em que oferece novos mistérios. É torcer pra série dar uma acelerada daqui pra frente.
"-Salvamos vidas.
-Dando poderes às pessoas?
-Não, os poderes foram efeito colateral. Uma interação rara com certo DNA.
-Que sorte a minha..."
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Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 2: Freak Accident
Atenção! Pode haver spoilers.
O segundo capítulo da nova temporada de Jessica Jones seguiu com seu passo comedido que nos faz imaginar se os executivos da Netflix e da Marvel sabem que os episódios das suas séries podem durar menos de uma hora ou quase isso.
Freak Accident é mais um episódio lento da série, tão lento que soa inchado.
Jessica e Trish saem em busca de pistas sobre a IGH, mas, claro, uma deixa a outra no escuro com relação a isso. Enquanto Jessica acaba esbarrando com o funeral do doutor Kozlov, responsável pelas drogas que tornaram Will Simpson um Capitão-América psicopata, Trish Walker visita um diretor de cinema escamoso que se aproveitou dela na infância em busca de novas pistas.
Trish, por sinal, já havia deixado claro que sonhava em ter poderes e ser uma heroína, e nesse episódio faz sua melhor imitação de Jessica Jones, tomando decisões completamente idiotas e colocando ela e as pessoas que a cercam em riscos desnecessários.
Mais do que isso, Trish se vê cara a cara com Simpson (Wil Traval) que a vem perseguindo descaradamente desde o episódio passado, claro, Trish está em modo mulher-maravilha, suplanta Will e ainda mete uma bala no pobre desgraçado que, surpresa, surpresa, não queria feri-la, mas protegê-la de outra cria do IGH, uma espécie de monstro nas palavras do ex-policial, que não pode ser detido.
Óbvio, conhecendo a série, fica fácil supôr que o tal "monstro", dificilmente será simplesmente uma criatura grotesca e muito forte, e, conhecendo o ritmo das séries Marvel/Netflix, fica fácil supôr que provavelmente só o veremos lá pela metade da temporada, mas enfim, parece algo pelo qual ansiar nos capítulos vindouros.
Um segmento surpreendentemente mais interessante foi o de Jeri Hogarth (Carrie Anne-Moss). A advogada durona que colocava todas as outras mentes legais da Marvel/Netflix no bolso resolve lidar com um diagnóstico misterioso ao melhor estilo Zack Galifianakis em Se Beber Não Case, usando prostitutas e cocaína. A despeito da bobagem, é uma boa cena, na verdade, uma ótima cena, com a personagem deixando dolorosamente claro que a sua "diversão" é mero escapismo, fazendo a audiência coçar a cabeça pra saber qual poderia ser a causa para uma mudança tão drástica de atitude da personagem que, em poucos minutos em cena, roubou o episódio.
O segundo capítulo da temporada manteve o ritmo vagaroso, mas acertadamente centrou seu foco na relação entre Trish e Jessica, um dos pontos altos da primeira temporada. Apesar do andar arrastado, a série se sustenta, e, ao menos, oferece uma sugestão de elevação no quesito perigo para a sequência da temporada.
"Com grandes poderes, vem grande doença mental..."
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Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 1: Start At The Beginning
Atenção! Pode haver spoilers.
A primeira temporada de Jessica Jones havia sido uma boa temporada. A série era OK, com picos de excelência que nos faziam pensar porque ela não podia ser toda mais parecida com seus pontos altos do que com seus pontos baixos.
Curiosamente, um dos pontos mais baixos da série era a protagonista.
Não Krysten Ritter, que faz um ótimo trabalho retratando a amargurada detetive particular com problemas com a bebida e dificuldades de relacionamento, mas Jessica Jones.
A amargurada detetive particular com problemas com a bebida e dificuldades de relacionamento, por vezes, era intragável. Por mais que haja a plausível justificativa de que alguém que passou pelos traumas e abusos de Jesica Jones não seria uma pessoa feliz por natureza (é verdade. Não seria.), não dava pra não encher o saco de vez em quando das caras amarradas e atitudes blasé da "não-heroína", especialmente quando isso outorgava-lhe a nada elogiosa posição de personagem mais chata da sua própria série.
Isso provavelmente acontecia porque, pra contrabalançar Jessica e seu mau-humor e sua má atitude e amargura, ela era cercada de personagens mais otimistas, divertidos ou apenas com mais dimensões. Do viciado Malcolm (Eka Darville) à radialista Trish Walker (Rachel Taylor), todos pareciam mais maneiros de acompanhar do que Jessica, especialmente o psicopata super-poderoso Kilgrave (David Tennant), que transbordava carisma e exercia uma atração quase magnética na audiência, tudo isso tornava Jessica a personagem menos interessante de seu próprio programa, algo que também acometeu, em menor escala, Luke Cage (que por vezes viu a série ser levada adiante por Simone Missick) e especialmente o Punho de Ferro (onde Jessica Henwick quase sempre merecia ser a protagonista da série).
Jessica voltava para sua segunda temporada deixando a audiência (ou ao menos eu) me perguntando como levá-la adiante agora que o personagem mais bacana do programa estava morto.
Quando a reencontramos, Jessica voltou ao serviço de detetive particular. Ela está seguindo maridos e namorados infiéis e se mantendo tão emocionalmente distante quanto possível dos casos, mas seu passado segue a perseguindo.
Seja nos clientes que a reconhecem como a vigilante super-poderosa que mata vilões, seja na insistência de Trish para que ela vá cavoucar a origem de seus poderes na IGH, Jessica simplesmente não consegue paz para seguir com sua vida, no caso, pegar uns trocados após tirar fotos comprometedoras e encher a cara até desmaiar, não importa o quanto Malcolm se disponha a acordá-la todos os dias de manhã e empurrá-la para algum trabalho até a sua demissão diária, ou o quanto o investigador particular Pryce Cheng (Terry Chen) esteja disposto a contratá-la para sua firma de investigação privada.
Jessica segue firme em sua convicção de não se relacionar com ninguém, e ficar sozinha e bêbada remoendo o passado.
A estréia da segunda temporada de Jessica se inicia vagarosa, sem um antagonista óbvio, mas com um mistério eleito como a mola propulsora dos capítulos vindouros na forma da IGH após duas visitas de um cliente em potencial deixar claro para Jessica que ela não é a única cria do laboratório, aliás, deixe-me dizer que o personagem em questão, Robert "Ciclone" Coleman (Jay Klaitz) é provavelmente uma das mais preguiçosas formas de fazer uma história andar que eu já vi em uma série.
O sujeito chega pedindo ajuda por ter super-poderes, a investigadora com super-poderes não acredita nele, ele vai embora e volta, Jessica acredita nele, mas agora que ele vai receber a ajuda que quer, muda de ideia, e foge, ele é super rápido para escapar de Jessica e descer escadas, mas não pra evitar destroços caindo do céu...
Veja, esse tipo de coadjuvante descartável foi um dos problemas da primeira temporada de Jessica Jones, nominalmente na vizinha maluca que era capaz de nocautear Jessica (ainda que Jessica seja capaz de trocar bordoadas com Luke Cage, vá entender...).
Enfim, Start At The Beginning se estendeu por pouco menos de 53 minutos cozinhando em fogo baixo sem empolgar. É muito cedo pra dizer se a temporada será mais Demolidor ou mais Punho de Ferro, mas o primeiro episódio não chegou a impressionar.
"Entregam qualquer coisa em Nova York. Ou qualquer um."
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O Segundo Trailer de Vingadores: Guerra Infinita
A Marvel liberou ainda há pouco o segundo trailer de Vingadores: Guerra Infinita.
A nova prévia mostra Gamora falando sobre os objetivos de Thanos, interações entre o Homem de Ferro e os Guardiões da Galáxia, e entre o Homem-Aranha e o Doutor Estranho.
Confira abaixo:
Dirigido pelos irmãos Russo de Capitão América: O Soldado Invernal e Capitão-América: Guerra Civil, o longa é estrelado por basicamente todos os super-heróis do Universo Cinemático Marvel e tem a estréia marcada para 27 de abril.
Haja unhas até lá.
A nova prévia mostra Gamora falando sobre os objetivos de Thanos, interações entre o Homem de Ferro e os Guardiões da Galáxia, e entre o Homem-Aranha e o Doutor Estranho.
Confira abaixo:
Dirigido pelos irmãos Russo de Capitão América: O Soldado Invernal e Capitão-América: Guerra Civil, o longa é estrelado por basicamente todos os super-heróis do Universo Cinemático Marvel e tem a estréia marcada para 27 de abril.
Haja unhas até lá.
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sábado, 3 de março de 2018
Resenha Cinema: Três Anúncios Para um Crime
O cinema... O mundo em geral, hoje em dia, é feito pra crianças e adolescentes, ou pessoas de qualquer idade que pensam como crianças e adolescentes. O cinemão de modo geral abraçou desavergonhadamente essa faceta graças aos bilhões arrecadados pela Marvel e sua fábrica de fazer dinheiro em bilheterias.
Eu sei, eu sei... Como é que esse nerd que corre pra pré-estréia de qualquer coisa da Marvel levanta os dedos pra se queixar de cinema de super-heróis?
Não estou me queixando. Já disse que adoro o cinema da fórmula Marvel. Acho descompromissado, bacana e divertido. Curto muito.
Meu ponto é que meus interesses no cinema vão além da fórmula Marvel. Eu gosto de outras coisas. E, em geral, me entristece ver todo o holofote recaindo sobre adaptações de quadrinhos, franquias e adaptações.
A sétima arte tem mais a oferecer do que isso.
E, de vez em quando, um filme surge pra nos lembrar que o cinema também pode ser feito pra adultos.
Martin McDonagh, diretor de Sete Psicopatas e um Shi-Tzu (um filme correto nas que não me impressionou particularmente, exceto pela companhia no cinema) e o ótimo Na Mira do Chefe é o responsável por Três Anúncios Para um Crime, não apenas um filme para adultos, mas um baita de um filme pra adultos.
No longa conhecemos Mildred Heyes (Frances McDormand), uma mãe divorciada que perdeu a filha em um crime hediondo sete meses atrás.
Após alguma celeuma seguida ao ocorrido, o caso começou a esfriar. O DNA colhido da cena do crime não encontrou correspondência no banco de dados da polícia e FBI e, sem suspeitos, não houveram prisões e a investigação empacou.
Mildred não está satisfeita com isso, e resolve alugar três outdoors na estrada que liga sua casa à cidade de Ebbing, no Missouri, para lembrar à opinião pública que sua filha continua sem justiça.
Ela coloca em letras garrafais uma mensagem constrangendo o chefe de polícia Bill Willoughby (Woody Harrelson) a se mexer na busca pelo homem que estuprou e matou sua filha.
Não demora para que toda a comunidade de Ebbing comece a ser afetada pela decisão de Mildred, além de Willoughby, que já tem um bocado em seu prato, os outdoors de Mildred afetam do policial Jason Dixon (Sam Rockwell), um sujeito preconceituoso e bruto que idolatra o chefe, ao responsável pelo aluguel das placas, Red Welby (Caleb Landry-Jones) passando por seu filho adolescente Robbie (Lucas Hendges), por sua colega de trabalho Denise (Amanda Warren) e seu ex-marido Charlie (John Hawkes).
Mildred está sendo consumida pela raiva, mas se recusa a ir sozinha, e não lhe importam as consequências pra ver os culpados serem pegos, ou ver o circo pegar fogo. O que vier primeiro.
Espetacular.
O roteiro de McDonagh é um trabalho de gênio. Redondo, equilibrado, minucioso, ele se dá ao luxo de não centrar todas as suas fichas em McDormand, que está simplesmente demolidora em sua performance.
A atriz faz seu melhor trabalho desde a oscarizada atuação em Fargo. A atriz mastiga com gosto cada uma das cenas em que aparece, reduzindo o texto inteiro à emoção em estado puro.
McDormand, porém, não está sozinha. Woody Harrelson rouba cada minuto em cena, carimbando com gosto sua participação no filme, e, junto com os dois, está Sam Rockwell. O ator aparece inchado e nocivo no papel do caipira burro e racista escondido atrás de um distintivo.
Os três encabeçam o elencaço que ainda conta com Peter Dinklage, Zeljko Ivanek, Samara Weaving, Abbie Cornish, Sandy Martin e Clarke Peters, todo mundo na ponta dos cascos e com espaço pra brilhar graças ao script impecável que oferece diálogos saborosos para todos os atores em um momento ou outro.
Maia do que isso, o texto de McDonagh subverte expectativas, tornando a solução do crime um acessório absolutamente dispensável em uma trama que, em outras mãos, descambaria facilmente para a investigação policial. Em Três Anúncios, o crime mal chega a ser um catalisador para o dominó de causa e efeito que se segue à decisão de Mildred de puxar as orelhas da polícia local.
O longa nem mesmo ousa demonizar ninguém. Em certos momentos a audiência tem razões para questionar a mãe obstinada. Em outros, podemos simpatizar com o policial cretino. A zona cinzenta é ampla. Humana. Verdadeira.
Três Anúncios Para um Crime não é apenas um ótimo filme, nem um dos melhores filmes desse ano. É o melhor filme de 2018, até aqui. E certamente vai estar encabeçando muitas listas de melhores do ano em dezembro.
Assista no cinema.
Não se prive de ser tratado como um adulto.
"-Eu não acho que esses oudoors sejam.uma coisa muito justa...
-No tempo que você está desperdiçando aqui, chorando feito uma puta Wiiloughby, provavelmente alguma outra menina está sendo retalhada por aí."
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