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quarta-feira, 11 de julho de 2018
Resenha Série: Luke Cage, Temporada 2, Episódio 11: The Creator
Atenção! Há spoilers abaixo!
Pode-se acusar as séries da Marvel/Netflix de tudo nessa vida, menos de não respeitarem o próprio formato. Mortes por volta do capítulo sete, flashback por volta do capítulo 10. Conforme aconteceu em todas as temporadas de todas as séries até aqui, The Creator foi o momento do flashback, e, apesar de ser um bom flashback, no geral, The Creator foi um episódio menor do que os anteriores por diversas razões.
Apesar de conhecer a origem dos poderes de Bushmaster ter sido bacana, ainda mais foi ter conhecido a origem de seu ódio pela família Stokes. Descobrir que o vilão tem todos os motivos do mundo para se tornar um facínora vil é a maneira mais segura e precisa de torná-lo mais humano e relacionável. A vida dura de John McIver na Jamaica e todas as coisas medonhas que os Stokes fizeram contra seu pai, mãe e contra ele próprio no passado são mostrados enquanto Tilda consegue reproduzir o coquetel à base de sombra-da-noite que, não dá, revela os poderes de Bushmaster, livrando-o da morte certa após a explosão da granada no camburão.
Enquanto Bushmaster luta pela vida, Luke Cage quer sangue.
Após tomar conhecimento do horrível massacre no Gwen's, o herói do Harlem só pensa em matar Mariah, ao menos até descobrir que há um sobrevivente do massacre que pode ajudar Misty a prender a vilã.
Enquanto a detetive começa a quebrar a cabeça tentando juntar as peças para grampear a herdeira de Mama Mabel, Cage começa a vagar pelas ruas tentando confirmar a culpa do povo do Harlem's Paradise na chacina, e encontrar a pessoa que escapou da morte, Ingrid (Heather Simms), tia de Bushmaster.
Nessa linha narrativa está um dos pontos mais fracos do capítulo. Luke começa sua caçada disposto a proteger Ingrid para garantir que ela colabore na investigação e seja capaz de apontar Mariah como a culpada pelo massacre, mas, à certa altura, ele simplesmente muda de ideia, dispondo-se a deixá-la partir porque, de repente, proteger o luto dela é mais importante do que grampear a assassina múltipla mais perigosa do Harlem. Por mais que eu simpatize com a ideia de Luke ser um herói íntegro e correto, mas colocar os sentimentos da testemunha acima da justiça força um pouco a amizade.
Falando em forçar a amizade, parece que a nova Mariah, muito mais semelhante à Mama Mabel, está forçando a amizade com Shades.
O gângster realmente ficou chocado com a ação de Mariah no Gwen's, algo que parece ter ido além de seu tênue código moral. Novamente, a sequência com Shades e Ingrid é um dos pontos baixos do capítulo, não por culpa de Theo Rossi, que segue sendo uma das melhores coisas da série, mas por conta de uma edição truncada e sem sentido, que mostra Ingrid alguns passos atrás de Luke num momento, e sob a mira da arma de Shades no seguinte. Simplesmente um trabalho porco na organização das cenas deixando a sensação de que alguma coisa importante ficou no chão da sala de edição.
Após desistir de matar Ingrid e pegar Mariah dando em cima de seu assessor, Shades parece ter tido o suficiente. A conversa do casal número 1 da bandidagem acaba com as mãos de Hernán em volta do pescoço de Black Mariah, e com a parceria dos dois aparentemente morta e enterrada já que ele vai ao encontro de Misty, disposto a ajudá-la a colocar a ex na prisão. Resta saber como isso funcionará para Shades na prática. Que tipo de acordo ele pode conseguir em troca de seu depoimento após ter participado do massacre e matado tanto em nome de Mariah desde a metade da temporada passada?
A despeito de ser um episódio fraco em comparação com seus predecessores, The Creator teve alguns bons momentos, além da origem de Bushmaster, ver o vilão deixando Tilda ir embora, encerrando o círculo de ódio contra os Stokes em Mariah, foi uma bela cena. Assim como a trégua entre ele e Luke enquanto Ingrid via o cadáver de Anansi no necrotério, um momento que poderia ter sido melhor se o roteiro não tivesse forçado McIver a dizer a Cage que eles eram iguais... Nós sabemos. Só ao longo desse episódio isso já havia sido dito, no mínimo, umas duas vezes...
De qualquer forma, considerando o quanto as demais séries Marvel Netflix escorregam em seus capítulos finais, The Creator não foi terrível, e aventou uma bem-vinda mudança no paradigma dos terceiros atos dos Defensores.
Vamos esperar pra ver.
"-O Harlem não precisa mais de um xerife...
-É. Precisa de um rei."
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