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terça-feira, 4 de dezembro de 2018
Resenha Cinema: Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindenwald
Conforme prometi em 2016, não levei um mês para assistir a Animais Fantásticos 2, mas, cerca de duas semanas. Teria ido antes se não andasse de saco meio cheio do público dos cinemas, e disposto a perder estreias em nome de salas mais vazias, com menos celulares ligados e menos gente falando... Seja como for, ontem fui ao cinema mais perto de casa para ver a mais recente incursão cinematográfica no universo mágico criado por J. K. Rowling.
O longa, dirigido pelo veterano da franquia David Yates, se passa dois anos após o primeiro filme, em 1927, quando o famigerado bruxo Grindenwald (Johnny Depp) realiza uma audaciosa fuga durante a sua transferência de Nova York para a Europa.
Fugindo para Paris, o mago planeja dar sequência a seus planos de ter bruxos de sangue puro dominando todo o mundo enquanto é perseguido por aurores da Europa e dos Estados Unidos, um plano que depende de encontrar Credence Barebone (Ezra Miller), que sobreviveu aos eventos do primeiro longa e está refugiado na França, e usar seus poderes como arma.
Em meio ao caos que se instaura, Newt Scamander (Eddie Redmayne) precisa pausar suas tentativas de recuperar sua licença para viajar pra fora da Inglaterra quando seu ex-professor em Hogwarts, Albus Dumbledore (Jude Law) o procura pedindo ajuda. Dumbledore quer que Newt participe da caçada a Grindenwald, uma posição que o magizoologista acabara de negar.
Enquanto Newt pesa suas opções, ele recebe a visita de Jacob Kowalski (Dan Fogler) e Queenie (a gatinha Alison Sudol), que burlaram o feitiço de amnésia do final do filme anterior e estão na Europa para se casarem, e informam que Tina Goldstein (Katherine Waterston) está em Paris procurando por Credence, e isso faz Newt decidir se juntar à caçada.
O magizoologista e a auror vinham se correspondendo até que uma notícia em uma revista a levasse a crer que Newt estava noivo de Leta Lastrange (Zoë Kravitz), sua paixão dos tempos de colégio, na verdade noiva de seu irmão, Theseus (Callum Turner), e Newt quer aproveitar a chance de acabar com o mal-entendido.
Mal-entendidos, porém, não faltam no caminho de todos eles. Jacob e Queenie brigam, deixando o Trouxa novamente sob os cuidados de Scamander, e os dois juntos partem para Paris na clandestinidade para encontrar Tina e ajudá-la a encontrar Credence antes que Grindenwald o faça, mas esbarram nos planos de vingança de Yusuf Kama (William Nadylam), meio-irmão de Leta que deseja matar Credence, a quem acredita ser outro meio-irmão de Leta, e cumprir uma vingança em nome de seu pai.
Parece confuso?
Não se preocupe. É confuso, mesmo. Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindenwald é um longa terrivelmente rocambolesco, que se estende por duas horas e quatorze minutos de muitos e muitos personagens e muita, muita, muita, MUITA trama.
A impressão que temos assistindo ao filme é que seus cento e trinta e quatro minutos são quinhentos, e que Rowling resolveu apresentar em Os Crimes de Grindenwald (crimes que, no caso, se resumem a fugir de custódia e invasão de domicílio.) subtramas para os próximos três filmes resolverem, mas decidiu meio que resolver a maioria das subtramas por ali mesmo pra se concentrar em Grindenwald e Credence no próximo filme... Talvez...
Eu tinha gostado muito do primeiro Animais Fantásticos. É provavelmente meu filme favorito no "Potterverso".
Newt Scamander era um personagem com o qual eu era capaz de me identificar muito mais do que qualquer um dos protagonistas da série Harry Potter, provavelmente porque eu já era um adulto quando os longas e livros do menino bruxo começaram a ler lançados. Newt é um sujeito introspectivo e socialmente inadequado que murmura suas falas para os próprios sapatos e tem uma estranheza inerente que o torna quase que instantaneamente gostável ao mesmo empo em que conta com um conhecimento enciclopédico acerca daquilo que ama... Pra mim, é alguém mais fácil de seguir do que o órfão destinado à grandeza.
Parte dos problemas desse segundo filme é que Newt é soterrado por todos os planos, esquemas e tramoias que movem Os Crimes de Grindenwald. Outro problema são as soluções preguiçosas para reunir e separar novamente os quatro personagens centrais do longa anterior, o fato de que as Londres e Paris dos anos 20 não sejam ambientações tão atraentes quanto a Nova York do filme de 2016, e que os animais fantásticos sejam relegados à posição de alívio cômico e recurso de roteiro... São vários problemas.
Mas há, também, qualidades. A produção é obviamente esmerada, os efeitos visuais são bons, Newt, Jacob e Tina ainda são personagens interessantes (Queenie, por sua vez é meio sacaneada pelo script, tomando algumas das decisões mais estúpidas do filme...), Grindenwald tem potencial para ser um grande vilão, e Jude Law faz uma boa versão de Dumbledore, mas os excessos no script de Rowling enterram a magia que ela criou.
Ainda há três filmes de Animais Fantásticos por vir.
Esperemos que lições tenham sido aprendidas.
"-Está chegando o momento, Newt... Onde você terá que escolher um lado."
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