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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
Resenha Filme: Venom
Não foi por mais senão curiosidade mórbida e pelo fato de ser um fã do trabalho de Tom Hardy que eu resolvi gastar uns pilas e alugar Venom no Google Play Video. Isso e o fato de que eu estava procurando qualquer pretexto para permanecer tão imóvel quanto possível na frente do ventilador durante a quase flamejante tarde de ontem, quando respirar fundo fazia a gente suar.
Não eram apenas as críticas negativas que me tornavam reticente para com Venom, mas o próprio conceito: Um filme de um inimigo do Homem-Aranha sem o Homem-Aranha? Era uma dessas ideias de Jerico que tinham chance de dar muito errado mesmo se o vilão escolhido para protagonizar seu próprio longa fosse muito interessante, o que não é, nem de longe, o caso de Venom.
Eu sempre achei Venom um personagem pobre. A despeito de ter surgido em uma boa série de histórias escritas por David Michelinie e ilustradas por Todd McFarlane em 1988 logo ficou claro que o personagem, largamente amparado em seu "visual cabuloso" de Homem-Aranha do mal era muita forma e pouquíssimo conteúdo, especialmente quando sua popularidade o levou a ter o próprio gibi e ir de vilão a anti-herói.
A vida do personagem no cinema também não era das mais inspiradas. Ele foi meio que socado goela abaixo de Sam Raimi e o resultado foi uma quase ponta em Homem-Aranha 3 interpretado por Topher Grace, uma encarnação que desagradou tanto fãs quanto não-fãs do personagem e deu fim à série de filme do teioso estrelada por Tobey Maguire.
Com a resistência dos Marvel Studios, que atualmente faz os filmes do Aranha para a Sony, em reutilizar vilões já vistos no cinema (ao menos até o momento...), eu francamente achava que Venom ficaria na geladeira por tempo indeterminado, mas aparentemente o estúdio japonês, detentor dos direitos de exploração do Homem-Aranha e de sua galeria de vilões e coadjuvantes nos cinemas não estava disposto a lucrar apenas com o cabeça-de-teia e resolveu criar seu próprio universo compartilhado usando todos os personagens do Homem-Aranha, exceto o Homem-Aranha. Com projetos envolvendo Silver Sable, Gata Negra, Morbius e, o primeiro a ver a luz do dia, esse Venom, protagonizado por Hardy, dirigido por Ruben Fleischer (do ótimo Zumbilândia) e roteirizado por Jeff Pinkner, Kelly Marcel, Scott Rosenberg e Will Beall.
O longa começa com uma espaçonave retornando à Terra.
O veículo da Fundação Vida, pilotado por John J. Jameson III (Rarááá!) faz uma aterrissagem brusca na Malásia carregando quatro espécimes alienígenas encontrados em um cometa, uma das criaturas escapa na chegada, misturando-se à população local, enquanto as outras três são levadas à sede da Fundação Vida em São Francisco.
São Francisco é a casa de Eddie Brock (Tom Hardy) e de sua noiva Annie Weying (Michelle Williams), Eddie é um jornalista investigativo hard core especializado em matérias de cunho social, e Annie é uma advogada trabalhando para uma grande firma que tem, entre seus clientes, a Fundação Vida, alvo de diversas acusações de práticas criminosas incluindo uso de indigentes como cobaias humanas em experiências farmacológicas.
Quando Eddie é designado para entrevistar o presidente da Fundação Vida, Carlton Drake (Riz Ahmed), ele fuça nos documentos de Annie, e resolve confrontar o bilionário sobre as acusações.
A tentativa de expor Drake na mídia sai pela culatra, e o resultado é que Eddie é demitido da emissora.
Como desgraça pouca é bobagem, Annie também é demitida por ter sido a fonte involuntária de Brock, e termina o noivado e o relacionamento com o jornalista.
Corta para seis meses depois. Brock, ainda desempregado é procurado pela doutora Dora Skirth (Jane Slate), chefe de pesquisa de Drake e que tem estudado os alienígenas desde sua chegada à Terra. Ela testemunhou as tentativas de Drake de unir as criaturas simbiontes a seres humanos e as trágicas consequências que essas experiências têm criado.
Skirth se dispõe a levar Eddie até os laboratórios da Fundação Vida para que ele veja com seus próprios olhos e documente o que está acontecendo, e exponha as maquinações de Drake ao público.
As coisas, porém, não saem como o planejado, e, Eddie se vê, ele próprio, unido à uma dessas criaturas, o simbionte chamado Venom.
Com Drake em seu encalço, ávido por recuperar seu espécime, Eddie precisa lidar com um grupo de operações especiais e drones explosivos em seus calcanhares, bem como aprender a conviver com o organismo alienígena que parece decidido a se unir a ele não importa o custo.
E, como isso não é o suficiente, Riot, o simbionte que escapara na Malásia chega a São Francisco disposto a iniciar uma invasão à Terra, tornando Eddie Brock e Venom as únicas esperanças do planeta.
Eu devo dizer que achava que Venom seria um filme bem pior do que de fato é.
Embora o longa tenha sérios problemas em seu script que não decide a que gênero quer pertencer, fluindo como um filme de horror, de ação, de aventura, e de comédia mudando a marcha a cada três passos, há que se dar o braço a torcer para Tom Hardy.
Embora todo o elenco de Venom seja excessivamente qualificado para o filme (sério... Michelle Williams como interesse romântico em filme de super-herói? É quase a mesma coisa que escalar Meryl Streep para ser a tia May), Tom Hardy realmente eleva a coisa toda, e é a performance e o comprometimento do britânico que garantem que Venom seja um programa menos descartável. Em especial quando Eddie começa a descobrir os poderes que o simbionte lhe garante e as duas contrapartes (o simbionte também é dublado por Hardy) discutem sua relação única, a coisa ganha uma atmosfera divertida. É quase Um Espírito Baixou em Mim com super-poderes, e é quando Venom é um filme mais agradável de se assistir com Ruben Fleischer exercitando os músculos que exibira em Zumbilândia e Hardy aparentemente se divertindo horrores.
Se em seus melhores momentos Venom é uma versão anabolizada de Um Estranho Casal, nos piores é uma maçaroca de clichês do que de pior os filmes de quadrinhos têm a oferecer. Vilões unidimensionais, sequências de ação pirotécnicas pouco inspiradas, massacres em modo censura livre e um duelo final que parece duas pessoas embrulhadas em sacos de lixo lutando à luz de velas com edição de Michael Bay.
A trilha sonora de Ludwig Göransson é absolutamente esquecível, a fotografia, um desperdício do talento de Matthew Libatique (que passa duas horas filmando um alienígena preto na noite), e a edição de Alan Baumgarten descamba na sequência final e os efeitos visuais são excelentes com Venom em repouso, não tanto quando ele precisa se movimentar.
A despeito de seus óbvios problemas de condução e desenvolvimento, porém, Venom não é tão ruim quanto parecia, mas está longe de ser um bom filme. Sem a comprometida atuação de Tom Hardy pouco teria para atrair uma audiência minimamente exigente, mas certamente ressoa entre seu público-alvo: Adolescentes descerebrados.
Assista se for um fã inveterado de Venom ou de Tom Hardy.
"-O que é que nós vamos fazer agora?
-Do meu ponto de vista, podemos fazer o que quisermos."
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