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sábado, 19 de outubro de 2019

Resenha Filme: MIB: Homens de Preto - Internacional


Lá se vão sete anos desde que a agência secreta que protege a Terra da escória do universo deu as caras pela última vez nos cinemas.
Em junho de 2012 J (Will Smith) voltou no tempo até 1969 para impedir que um alienígena rancoroso matasse K (Tommy Lee Jones/Josh Brolin), e após o final daquela missão não havíamos mais ouvido falar da Homens de Preto.
Quer dizer, exceto por ruído de estúdio, no caso a Sony, que matutava nos bastidores o que fazer com a franquia. Desde ideias para novas continuações, reboots, e até crossovers com os Anjos da Lei de Jonah Hill e Channing Tatum, o braço cinematográfico da gigante japonesa parecia não saber como ordenhar mais alguns milhões de dólares da marca MIB, que fora um estouro em 1997, mas jamais reencontrara o caminho.
Ao menos até fins de 2017.
Thor: Ragnarok, brilhante reinvenção do Deus do Trovão sob a batuta de Taika Waititi deu à Sony uma ideia: Reaproveitar a excelente química de Chris Hemsworth e Tessa Thompson na série dos Homens de Preto.
A trama abre em 2016, em Paris, quando os da MIB T (Liam Neeson) e H (Hemsworth) chegam à Torre Eiffel, na verdade um portal que usa buracos de minhoca para unir vários pontos do cosmos na Terra, para impedir a invasão de uma entidade alienígena conhecida como A Colmeia.
Corta para vinte anos antes (é, eu sei, essa linha de tempo não faz sentido), quando a pequena Molly (Mandeiya Flory) é acordada no meio da noite e não apenas tem um contato imediato de terceiro grau, mas presencia quando agentes da MIB surgem na porta de sua casa no Brooklyn e neuralizam seus pais após eles terem contato com um alienígena.
Obcecada com a revelação de vida fora da Terra e a existência de uma agência governamental que sabe e acoberta a presença desses seres em nosso planeta, Molly cresce tentando de todas as formas descobrir quem são esses homens de preto e se juntar a eles.
Eventualmente sua dedicação rende frutos e ela consegue chegar à sede da MIB em Nova York (aquela mesma que nós vimos nos outros filmes), e rapidamente convence a agente O (Emma Thompson) a lhe oferecer um estágio na agência (é. Rápido assim.) tornando-se a Agente M.
Imediatamente Molly é enviada em sua primeira missão na sede da MIB em Londres, onde conhece o Agente H, renomado herói que ao lado do, agora Grande T, salvou a Terra usando apenas astúcia e seu atomizador classe D...
Imediatamente M e H estão juntos em uma missão relativamente simples, servir de cicerones a um dignatário interplanetário passando um dia na Terra. Não demora, porém, para as coisas darem uma guinada para o pior, e M e H se verem envolvidos em uma conspiração que os torna alvo de dois assassinos alienígenas impiedosos (os gêmeos Larry e Laurent Bourgeois) lutando por uma arma poderosa o suficiente para devastar sistemas planetários inteiros, e que pode envolver até mesmo agentes da MIB...
MIB: Homens de Preto - Internacional é ruim.
Menos um filme do que uma desculpa para tentar faturar em cima da química entre dois atores que funcionou em outro lugar, o longa dirigido por F. Gary Grey (O mesmo de Straight Outta Compton: A História do N.W.A. e Velozes e Furiosos 8) jamais funciona, é sempre um produto desalmado e estéril.
Grande parte dos problemas do longa passam pelo roteiro, co-escrito por Matt Holloway e Art Markum, que é menos uma história e mais uma série de eventos convenientemente alinhados um após o outro para justificar sequências de ação mornas e piadinhas sem-graça. O script da dupla é tão raso que até mesmo para um blockbuster requentado sobre alienígenas ocultos na Terra ele consegue ser primário. Pra piorar, os dois não oferecem nada de novo à série. A dinâmica entre a agente novata e o agente experiente é exatamente a mesma do primeiro MIB, mas desprovida do carisma de Smith (na época do filme original um astro de marca maior), e da talentosa carranca de Jones, que era muito do que fazia o longa Homens de Preto funcionar.
E não é que Hemsworth e Thompson não sejam carismáticos ou talentosos, os dois têm ferramentas com que trabalhar dramaticamente, o roteiro do filme apenas não lhes dá material para fazê-lo.
As razões de Molly para se juntar à MIB são rasas. Ela viu um alienígena. Ela viu que há uma agência que os mantém em segredo. Ela quer entrar nessa. E lá se vão vinte anos de dedicação... H tem ainda menos estofo. Não sabemos nada dele além de que ele é bonito, festeiro e metido a engraçadinho...
Some-se a esses personagens coadjuvantes que simplesmente não funcionam, como Pawny, o minúsculo alienígena dublado por Kumail Nanjiani, ou a traficante de armas interplanetária Riza (a bela Rebecca Ferguson) e uma trama requentada com um plot twist que não surpreende ninguém, e explica-se por que MIB: Homens de Preto - Internacional foi um retumbante fracasso de público.
Falhando em todos os aspectos, da trama mal-ajambrada à trilha sonora requentada aos efeitos visuais que oscilam entre convincentes e meia-boca, MIB: Homens de Preto - Internacional é um desperdício do carisma de Thompson, Hemsworth e Neeson, de 110 milhões de dólares e de uma hora e cinquenta e quatro minutos da vida de quem assistir ao filme.

"-Você acha que um traje preto vai resolver todos os seus problemas?
-Não. Mas fica bem pra caramba em você."

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