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segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Resenha Série: Watchmen: Temporada 1, Episódio 2: Martial Feats of Comanche Horsemanship


Após um primeiro episódio que parecia vastamente interessado em apresentar seu mundo, seus personagens e acenar com mistérios antes de realmente nos contar uma história, o segundo episódio de Watchmen é consideravelmente mais focado em sua trama.
O capítulo novamente abre com um flashback da Primeira Guerra Mundial, quando soldados negros norte-americanos são "bombardeados" com propaganda racial do exército imperial alemão. Folhetos fazendo referência à segregação racial nos EUA e convidando combatentes negros a mudarem de lado durante o conflito.
Um desses folhetos acaba na mão do soldado que vimos lutando para salvar seu filho no episódio passado, e é no verso dessa folha que está o pedido desesperado de "Cuide desse menino" que foi colocado no bolso do garoto durante sua fuga de Tulsa, e que agora encontramos nas mãos de um homem centenário em uma cadeira de rodas (Louis Gossett Jr.) ao lado do cadáver enforcado do capitão Judd Crawford.
Angela, convocada ao local da morte de Judd pelo o sujeito, sabe que é impossível para um idoso ter dominado e matado Judd, e crente que ele tem cúmplices, resolve levá-lo até a padaria que serve de fachada à sua posição na polícia, e interrogá-lo.
O interrogatório, porém, não transcorre como a detetive esperava. Will certamente sabe muito mais coisas do que está disposto a contar e não é necessário dizer que Angela fica intrigada com as coisas que o estranho, chamado Will, lhe diz. Intrigada o suficiente para omitir dos colegas o fato de que foi a primeira pessoa na cena do crime, e que tem um suspeito que insistentemente confessa o crime sob sua custódia.
O relato de Will a respeito de Judd Crawford ter esqueletos em seu armário e a posterior descoberta de Angela de que a declaração era mais literal do que se poderia supôr numa revelação que fazem a detetive ficar mais do que intrigada, confusa.
Durante a batida policial em Nixonville, levada a cabo como uma represália pela morte de Crawford, a Sister Night já apareceu pensando duas vezes a respeito da abordagem de seus colegas ao caso todo. Talvez porque a presença de Will tirar dela qualquer certeza de que a Sétima Kavalaria fosse, de fato, responsável pela morte de seu amigo.
O envolvimento dela com o capitão, descobrimos, começou na Noite Branca mencionada no capítulo passado e contextualizada em um flashback quando Angela e Cal (Yahya Abdul Mateen II) foram atacados por membros da Kavalaria em casa na véspera de Natal num ataque do grupo terrorista orquestrado contra a polícia de Tulsa na época em que as identidades dos policiais eram públicas. Angela despertou após ser baleada para descobrir que inúmeros colegas haviam morrido, mas com Crawford a seu lado, ele próprio vítima de um ataque.
Ter esse relacionamento abalado pelas nebulosas revelações de Will e por sua posterior descoberta na casa de Judd tiram de Angela qualquer certeza sobre para onde dar seu próximo passo, ao menos até o final do capítulo quando Will deixa claro que, quando disse que tinha amigos em lugares elevados, ele não estava brincando.
Não foi apenas de Angela e da conspiração em Tulsa, porém que Martial Feats of Comanche Horsemanship foi feito.
Voltamos à Grã-Bretanha para reencontrar o "senhor da mansão" e ver a apresentação de sua peça em cinco atos Filho do Relojoeiro com a senhorita Croockshanks (Sarah Vickers) e senhor Phillips (Tom Mison).
A cena que acompanhamos é a origem do Doutor Manhattan, quando Jon Osterman é vaporizado na câmara de campo intrínseco diante de Janey Slater. A encenação acompanhada pelo misterioso fidalgo tem consequências trágicas, e confirma uma das suspeitas do capítulo anterior conforme as identidades dos demais membros da produção vão sendo reveladas.
É curioso que, oficialmente o personagem de Jeremy Irons não seja referido como Ozymandias (embora o seja na página da série no IMDB) ou Adrian Veydt, mas constantemente pistas nesse sentido sejam dadas. Ele chama seu cavalo de Bucéfalo, mesmo nome do cavalo de Alexandre da Macedônia, e seu texto para a tragédia de Osterman faz referências ao Nó Górdio, é difícil não ter uma sombra de dúvida no fundo da mente apitando que a insistência da série em nos levar a crer que o Senhor da Mansão é Ozymandias, de seu comportamento às cores que veste, não sejam um despiste dos mais óbvios especialmente em um programa que, até aqui, parece tremendamente interessado em criar mistérios.
Mais um é apresentado, inclusive.
Numa dupla referência ao material-fonte, nós temos um vislumbre de uma série dentro da série. American Hero Story é o programa que Cal e Topher sentam para assistir à noite, e que em seu primeiro episódio começa a contar a história de Justiça Encapuzada.
Justiça Encapuzada foi um dos membros dos Minute Man, grupo de heróis dos anos 30/40 que foi a principal inspirador do Coruja original, Hollis Manson, influenciando o jovem policial a abraçar o vigilantismo fantasiado, e o único dos heróis mascarados de Watchmen de quem jamais descobrimos a identidade secreta.
Além de um óbvio easter-egg aos quadrinhos, American Hero Story surge trazendo uma narrativa paralela à trama principal com a qual carregava uma temática ressonante. Enquanto Watchmen, o quadrinho, tinha o gibi d'Os Contos do Cargueiro Negro traçando um paralelo entre o pirata se tornando um monstro na tentativa de salvar sua esposa e Ozymandias tornando-se um monstro na tentativa de salvar a Terra, Wathcmen, a série televisiva, tem a série American Hero Story mostrando como o Justiça Encapuzada abraçou o vigilantismo para lidar com sua raiva, talvez da mesma forma que Angela eventualmente faça?
Veremos...
O segundo capítulo de Watchmen cresce a partir do primeiro. Muito do episódio se dedica a dar mais substância aos personagens da série nos mostrando como eles se relacionam com a política desse universo ao invés de continuar apostando na exposição pura de It's Summer and We're Running Out of Ice. Nós temos um vislumbre do tamanho dos segredos que o programa está guardando e resta saber se tais segredos serão revelados a contento (desculpe, eu continuo com problemas para confiar no cara de Lost).
Nesse momento o palco principal pertence a Angela Abar e a estranha herança com a qual ela é deixada ao fim desse segundo capítulo, mas a despeito da qualidade da atuação e da beleza de Regina King, os segredos do Senhor da Mansão e de Justiça Encapuzada são tão ou mais instigantes.
Vamos esperar pra ver como as coisas se desenvolvem nos capítulos vindouros.

"-Você é um filho da puta cínico, Glass.
-Então por que é que eu estou chorando por baixo disso?"

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