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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Resenha Filme: Homem-Aranha



Agora que faltam apenas duas semanas pro lançamento de O Espetacular Homem-Aranha no cinema me pareceu que seria bacana relembrar o caminho percorrido pelo cabeça de teia de Homem-Aranha até este reinício. Bora lá, então, pro primeiro dos três reviews da trilogia aracnídea de Sam Raimi:
O ano era 2002, a Marvel parecia haver encontrado um caminho pra mostrar seus personagens ao grande público alguns anos antes com Blade e os X-Men em filmes que tinham feito carreiras decentes nas bilheterias e que tinham sido até bem recebidos pela crítica. A fórmula de emprestar os personagens à produtoras havia funcionado com a New Line do Caçador de Vampiros vivido por Wesley Snipes e com a Fox dos mutantes de Bryan Singer, a Marvel levava alguma grana pelos direitos, mostrava os heróis ao mundo, alavancando a venda de gibis e não corria riscos como o grupo Time-Warner, dono da DC que bancava eventuais fracassos de bilheteria por conta própria.
Em que se pese que Blade era uma aventura bacana e que Singer transformara os X-Men em uma ficção científica respeitada a Marvel ainda não mostrara, de fato, o que tinha de melhor. O personagem mais popular da Casa das Ideias já tinha tido inúmeras animações, uma tosca série de TV e havia estado muito perto de virar filme pelas mãos de James Cameron em meados de 1995, mas não saíra da ameaça. Finalmente, porém, os produtores Avi Arad e Laura Ziskin e a Columbia, braço ocidental da Sony, perceberam que havia uma mina de ouro trajando vermelho e azul nas páginas dos quadrinhos Marvel, e resolveram levar o Homem-Aranha ao cinema.
Resolver que o Aranha viraria filme, porém, seria apenas o começo da conversa. Era necessário encontrar um diretor capaz de capitanear a adaptação, um roteiro que traduzisse a emoção dos gibis do cabeça de teia às telonas e um elenco que convencesse a audiência.
O diretor escolhido pra brincadeira foi Sam Raimi, papa de filmes de horror de baixo orçamento, como a série Evil Dead, mas que tinha no currículo o ótimo Um Plano Simples e o meia boca Darkman - Vingança Sem Rosto, aventura estrelada por Liam Neeson que mesmo sendo outro filme de baixo orçamento e visto por quase ninguém, tinha uma tremenda cara de gibi. Raimi bateu diretores como David Fincher e Chris Columbus pra pegar a cadeira de diretor do longa e transformar em filme o roteiro escrito por David Koepp, autor dos scripts de Missão: Impossível e Jurassic Park.
No elenco, que na época de Cameron tinha Leonardo Di Caprio no papel principal surgiram nomes muito interessantes. O vilão Norman Osborn, o Duende Verde seria vivido por Willem Dafoe, Mary Jane Watson, interesse romântico do herói seria interpretada pela bonitinha Kirsten Dunst, e fechando os três papéis principais, entrou Tobey Maguire. O ator que havia estado em Tempestade de Gelo, A Vida em Preto e Branco, Cavalgada com o Diabo e matado a pau em Regras da Vida iria vestir o colante do herói superando Wes Bentley, Heath Ledger e James Franco, que acabou ganhando o papel de Harry Osborn. Com o tabuleiro montado, o lance era ver se o filme, depois de acabado, iria segurar as pontas.
E segurou.
Eu ainda sou capaz de me lembrar de como fugi mais cedo de uma aula noturna e corri pro shopping pra encontrar meu irmão e ver o filme. Me lembro de como fiquei fulo da vida por ele ter resolvido me esperar fora da fila, o que me obrigou a sentar na segunda fileira, oblíqua, pra assistir ao filme. Me lembro da pequena encenação de um assalto frustrado pelo Homem-Aranha que o cinema realizou antes da sessão começar, e me lembro de como tudo o que estava chato até aquele momento se desvaneceu já nos créditos de abertura ao som do tema de Danny Elfman.
Homem-Aranha contava a história de Peter Parker, um jovem e tímido estudante, órfão de pai e mãe criado pelos tios, e de como ele via sua vida mudar radicalmente após ser picado por uma aranha geneticamente alterada (não radioativa como nos quadrinhos), e ganhar super-poderes.
Como qualquer jovem pobre faria, Peter resolve tentar lucrar com suas novas habilidades, e pra isso, se envolve com luta livre. Após vencer uma luta que oferecia três mil dólares de bolsa e ser enganado pelo empresário, Peter vê o sujeito ser assaltado, mas mesmo podendo facilmente segurar o ladrão, prefere não se envolver por vingança. Ao sair do ginásio e encontrar seu tio Ben (Cliff Robertson) baleado, Peter sai em perseguição ao bandido, o encurrala e descobre, em choque, que se tratava do mesmo larápio que ele deixara escapar pouco antes.
Ali, Peter aprende que grandes poderes trazem grandes responsabilidades, e se torna o super-herói Homem-Aranha, ao mesmo tempo em que Norman Osborn, pai do melhor amigo de Peter, Harry, sofre um terrível acidente ao testar um soro de aprimoramento humano e desenvolve a personalidade psicótica do Duende Verde. Agora, Peter tem tanto que aprender a levar sua vida dividindo-se entre as obrigações de vigilante mascarado e de estudante enquanto trilha um caminho que inevitavelmente se cruzará com o de Norman.
Homem-Aranha, ao ser revisto hoje em dia tem lá seus defeitos, eu nunca gostei dos lançadores de teia orgânicos e nem do fato de Mary Jane ser o primeiro amor de Peter Parker, mas são poucos os defeitos naquele filme. Mesmo Tobey Maguire, que mais tarde já não me convenceria com sua interpretação de nerd/super-herói mandou bem no primeiro longa, cujo final acenava com um amadurecimento do personagem que acabou não se concretizando nas sequências. O roteiro desenvolvia bem Peter Parker e Norman Osborn sem negligenciar Mary Jane e Harry, criava uma relação de pai e filho entre herói e vilão, evidenciava um resquício de inveja entre Harry e seu melhor amigo, tratando todos os personagens egressos do gibi com respeito e carinho. O elenco, que ainda tinha Rosemary Harris como tia May, J. K. Simmons como um impagável J. Jonah Jameson, Bill Nunn como Joe Robertson e Elizabeth Banks como Betty Brant segurava bonito a peteca sob a direção de Sam Raimi, um fã declarado do Homem-Aranha, que talvez tenha realizado o maior trabalho de sua carreira ao fazer um filme de fã pra fãs. E quem não se arrepia na sequência final quando o tema do filme soa e o espetacular Homem-Aranha que todos os fãs de gibi sempre quiseram ver salta entre automóveis e edifícios provavelmente não teve infância.

"Grandes poderes trazem grandes responsabilidades. Essa é minha dádiva e minha maldição. Quem sou eu? Eu sou o Homem-Aranha."

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