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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Uma Super-Mulher Pra Chamar De Sua



Estavam ela e ele, sentados no sofá, aninhados um no outro assistindo TV. Ao lado deles, no chão, copos d'Os Vingadores cheios de Coca-Cola e Fanta. Na TV passava um documentário sobre a Guerra do Vietnã que ele assistia atento, ela olhava um pouco pra tela, outro pouco pras unhas, e vez que outra bocejava. Finalmente se remexeu, inquieta, e ergueu a cabeça lançando-lhe um olhar de ponta cabeça:
-E se nós fôssemos super-heróis? Tu e eu? Como seriam nossos uniformes?- Ela perguntou, casualmente, aninhada entre as pernas dele e recostada no seu peito. Ele suspirou pensativo sem tirar os olhos da tela e repetiu:
-Super-heróis... De filme ou de gibi? - Inquiriu.
-De gibi - Ela respondeu após uma fração de segundo. -De gibi é mais maneiro.
-OK - ele disse fechando um olho. -O teu, obviamente teria que ter salto alto e as pernas de fora. As pernas de fora por razões estéticas, afinal de contas, as super-heroínas uniformizadas usam trajes provocantes e reveladores, e tuas pernas, meu amor, são mais do que de parar o trânsito, são de parar naves em hiperespaço, então, pernas de fora, claro. O salto alto seria tanto por razões estéticas quanto por razões práticas, tu fica bem de salto alto, e com a tua altura, sem aditivos, não ia meter medo em ninguém.
Ela ergueu o rosto e o encarou fazendo uma doce expressão de brabeza, e ganhou um beijo estalado nos lábios emulando Tobey Maguire e Kirsten Dunst. Ele continuou:
-Acho que tu deveria usar uma máscara ao estilo Mulher-Aranha, que deixasse os cabelos de fora. Já te disse que sempre que vejo a Mulher-Aranha me lembro de ti? Adoro o teu estilo Jessica Drew... Podia ser algo tipo um maiô, sabe? Mas com mangas. Acho estranho uma mulher pensar em como vai se vestir pra combater o mal e vestir um maiô, e depois colocar botas até a altura das coxas e luvas que vão até acima do cotovelo... Não faz sentido. Então o teu podia ser um maiô com mangas longas, e tuas botas não deviam ultrapassar a altura dos joelhos, uma máscara que parecesse fazer parte do uniforme mas deixando os cabelos de fora, não sei se dessas máscaras com lentes, tipo a do Homem-Aranha. Acho que preferiria com olhos vazados, que nem a do Capitão-América. Sem capa, tu é pequena, e podia acabar pisando na capa, ou se enrolar com ela, pois tu é meio estabanada e imagina que horror se tu acabasse morrendo que nem o Dollar Bill? Credo, não... Sem capa. Acho que seria assim. Eu acharia maneiro se fosse vermelho e branco. Com mais vermelho, alguns detalhes em branco, tipo a inicial do teu super-nome, as luvas e as botas... - Ele parou de falar, pois percebeu que ela havia pegado no sono ouvindo ele falar.
Sorriu e se moveu de leve, tirando o braço que a envolvia, e desligou a TV. Com muito cuidado, se ajeitou no sofá, de modo a deixar um dos pés tocar no chão, então, passou um braço por baixo das pernas dela, e o outro por trás de sua nuca, certificando-se de não puxar-lhe os cabelos, e se levantou de leve, carregando ela no colo. Quando deu o primeiro passo, desviando-se dos copos no chão, ela suspirou profundamente e, de olhos fechados, perguntou:
-E qual ia ser meu nome?
Ele riu e sussurrou:
-Sleepy Girl. Em inglês, mesmo, e teria uma letra "S" estilizada no teu peito, no formato daqueles "Z" que têm em gibis representando roncos.
Continuou andando pro quarto e a pousou delicadamente na cama, então a cobriu com um edredom que lhe dera de presente tempos antes. Enquanto a cobria, ela, ainda sem abrir os olhos cheios de rímel perguntou:
-E qual ia ser o meu poder?
Ele acariciou-lhe o rosto e lhe beijou os lábios enquanto dizia:
-Nunca desistir, Menina Sem Medo. Teu poder seria nunca desistir.

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