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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Jihad


Eduarda estava deitada de bruços, nua, atravessada em diagonal na cama. Tinha o lençol rosa pálido amarfanhado, enrolado, quase uma trança, a cobrir-lhe logo acima da lombar, de modo que tanto suas costas suadas quanto suas nádegas estavam expostas. Os braços espichados sobre o travesseiro, as pernas esticadas e os pés suspensos no ar. Tinha o rosto apoiado na cama, e a face oposta ao colchão estava parcialmente coberta por seus cabelos castanho-escuros muito crespos. Não acreditava nas coisas que fizera, momentos antes, nem em como tais coisas haviam sido prazerosas. Ela ergueu o rosto num átimo, após cair no sono brevemente, olhando pro lado como se estivesse procurando algo.
Ele estava ao lado dela. Deitado, também nu, secando o suor com o ar fresco que entrava pela janela. Tinha as costas apoiadas num travesseiro colocado longitudinalmente junto à parede, e cobria a própria nudez com uma ponta do mesmo lençol que ela tinha emaranhado sobre as costas.
Ele a encarou, divertido, e perguntou:
-Que foi isso? Pesadelo?
Ela sorriu balançando a cabeça negativamente enquanto mudava de posição, também ficando de barriga pra cima.
-Achei que tu não estivesse aqui... Que eu tivesse sonhado... - Disse enquanto lutava para desenrolar o lençol com os pés.
Desemaranhou a coberta o suficiente para poder se cobrir, mas antes que ela o fizesse ele a deteve:
-Não... Fica assim. Não tá frio.
Puxou o lençol das mãos dela e a descobriu totalmente. Ela o encarou com um sorriso contido, e instintivamente uniu as pernas com força, e cruzou os braços finos sobre os seios. Ele se inclinou sobre ela, disse novamente:
-Não...
E desmanchou a postura dela, descruzando-lhe os braços, e os posicionando ao longo de seu corpo, e então, ajoelhando-se, separou-lhe as pernas. Não muito, apenas um pouco, e beijou-lhe o monte de Vênus, arrancando-lhe um risinho tímido.
Ele se endireitou onde estava antes, cobriu suas partes pudendas com o lençol, e esticou o braço alcançando sua calça que estava jogada junto ao criado-mudo. Remexeu um bolso, depois o outro, e encontrou o que procurava, o maço de cigarros Lucky Stryke, e o isqueiro Zippo, bateu o maço na mão duas vezes, sacou um cigarro, o suspendeu nos lábios e o acendeu. Fez tudo isso olhando pra ela, à vontade, toda nua a seu lado.
Ela o encarava. Ergueu o braço, hesitante, penteando os cabelos lisos e negros dele com os dedos finos. As unhas compridas e vermelhas correram pelo couro cabeludo dele. Ele deu uma tragada profunda no cigarro e tomou a mão dela, beijando-a de leve antes de expelir a fumaça. Então a conduziu até sob o lençol em direção a seu pênis.
Eduarda o acariciou de leve a princípio, mas logo o segurou com decisão, movimentando-o até que ele ficasse entumescido, então foi a vez de ela o descobrir, e se encurvar sobre ele, levando-o à sua boca.
Dali, se estenderam mais três horas de peripécias de alcova de fazer Valéria Messalina enrubescer. Adormeceram um sobre o corpo do outro. Os suores se misturando com os demais fluídos desprendidos por ambos nas horas anteriores.
Na manhã seguinte Eduarda despertou cedo, sentia dores musculares nas coxas, nos braços e nos pulsos. Também dera um jeito nas costas, embora não soubesse ao certo em que momento da noite, as dores, porém, nada significavam. As horas anteriores fizeram mais do que liberar-lhe endorfina pelo corpo inteiro. Fora mais do que os gozos intensos que experimentara.
Se saíra de casa para o jantar cheia de dúvidas e inseguranças, cheia de incertezas quanto à própria aparência, Eduarda acordara naquela manhã certa de que, embora não se enquadrasse em nenhum modelo de beleza estabelecido, havia de ser uma mulher com seus encantos, outrossim, como teria levado Viktor para a cama, não é?
Virou-se e lá estava ele, já de pé, parcialmente vestido ao lado da cama.
Ela sorriu, e ele sorriu de volta, piscando com seus grandes cílios.
Eduarda esticou a mão, como que clamando para que ele voltasse para a cama, gesto que ele correspondeu mandando um beijinho de onde estava.
Ela se espreguiçou com vontade, com tanta força que emitiu um grunhido. Ficou o observando abotoar a camisa e passar mão nos cabelos desalinhados. Ele sentou na cama para calçar as meias, e ela aproveitou a oportunidade para enlaçar-lhe o peito com os braços e beijar-lhe o pescoço.
-Adorei a noite... - Disse.
-Eu também gostei muito. - Ele respondeu, sorrindo.
Ela não resistiu... Ela sabia, mas precisava... Não... Não precisava. Queria. Queria um elogio logo cedo de manhã após uma noite de foda épica. Queria e sendo uma mulher segura, auto-suficiente, e dona de encantos recém descobertos, não se furtaria de recebê-los.
Perguntou, fingindo desinteresse:
-Por que foi que tu me convidou pra sair, hein?
Ele sorriu olhando pra ela:
-Ora, coração... - Ele respondeu, desvencilhando-se de seus braços e pondo-se de pé. -Porque mulher feia tá sempre disposta a fazer umas alegorias diferentes na cama, se for gorducha, então, é certeza de que aguenta o tranco...
Rumou até a porta sob o olhar de Eduarda, entre o incrédulo e o horrorizado:
-Eu te ligo uma hora dessas, beleza? Se falemo.
E saiu deixando atrás de si setenta e quatro quilos de ódio em estado puro, pronta para comprar um AK-47 na internet e iniciar uma jihad pessoal contra o gênero masculino.

Viktor de SanMartin, o desgraçadamente franco, atacara novamente.

Um comentário:

  1. "Olá"!
    Também sou um Literato Anônimo!
    http://wwwflkhamassutra.blogspot.com.br

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